III Bimestre - 6 Ano: O SAGRADO FEMININO NAS RELIGIÕES


O SAGRADO FEMININO NAS RELIGIÕES



Resgatar o sagrado feminino é tornar possível o equilíbrio entre os aspectos masculino e feminino, é reconhecer a importância da mulher nos diversos âmbitos da vida social, política, cultural e religiosa. A mulher tem o direito de exercer junto com o homem o seu papel com respeito e dignidade.  Nas sociedades matriarcais, a Terra era reconhecida como um planeta de energia feminina, e a mulher era respeitada e reverenciada pelo mistério da vida que se alojava em seu ventre, ou seja, pelo poder que tinha de gestar um novo ser. Com o predomínio do patriarcado, a mulher foi sendo despojada do seu poder e foi-lhe negado o direito de participação efetiva da vida social, política, cultural e religiosa.
Por conta desse predomínio, o mundo foi pensado e organizado pelos homens de modo a tornar-se excessivamente competitivo, agressivo, e voltado para a materialidade e racionalidade em detrimento da espiritualidade e intuição. Em suma, o resgate do sagrado feminino tem o propósito de promover a integração de forma justa e saudável do papel da mulher e do homem na religião, política, ciência, arte, entre outras instâncias, visando a complementaridade dos opostos.

O resgate do sagrado feminino
A necessidade de tratar um tema como o resgate do sagrado feminino é devido a negação histórica do lugar da mulher na sociedade, sobretudo na esfera do religioso. As religiões são profundamente marcadas pelo selo do masculino possuidor do poder de decisão. A própria consideração de um Deus Pai todo poderoso, quando mal interpretada, pode legitimar uma cultura de opressão ao feminino.
Historicamente esse fato pode ser comprovado em quase todas as religiões. Essa constatação ressalta ainda mais a importância de tratarmos o tema do resgate do sagrado feminino. É inquestionável a força da presença feminina nas religiões, mas por outro lado essa presença quantitativa não é reconhecida nos espaços decisórios do âmbito religioso católico. Vale lembrar aqui a mensagem do Papa Bento XVI para Jornada da Paz, que denunciou a consideração insuficiente que se dá à condição feminina “nas concepções antropológicas que persistem em algumas culturas, que ainda destina à mulher um papel de grande submissão ao homem, com consequências que ofendem a dignidade de pessoa e impedem o exercício das liberdades fundamentais”.
Se pesquisarmos sobre o feminino primitivo e o divino veremos que as primeiras representações da divindade foram de mulheres. A Deusa era a grande mãe capaz de gerar e sustentar a vida. Trata-se de um mistério fascinante, um mistério sagrado. De acordo com Neumann (1996) “a cultura primitiva é em grau bastante elevado um produto do grupo das mulheres”. Seguindo numa perspectiva histórica, notamos uma racionalização dos mistérios em que as mulheres vão perdendo sua semelhança com o sagrado. As religiões vão construindo um Deus masculino e perdendo o aspecto da Deusa. Na Grécia e em Roma, por exemplo, as Deusas eram presentes e cultuadas, mas aos poucos a associação com o feminino foi sendo esquecida.
Numa perspectiva bíblica (BÍBLIA SAGRADA, 1987), a passagem mais significativa do Antigo Testamento sobre a mulher e sua condição (Gn 2-3) apresenta a mulher como auxiliar, “igual ao homem, ossos dos seus ossos, carne de sua carne, da sua mesma espécie” (Gn 2), e por isso o homem deixa seus pais para viver com ela. O relato demonstra a igualdade entre os dois sexos e a inferioridade da mulher é explicada em (Gn 3,16) como uma degradação do estado primitivo e original da humanidade. Já no Novo Testamento, a maneira como Jesus tratava as mulheres é reveladora (Mt, 13,13; Lc 15,8ss). Ele faz milagres a pedido das mulheres (Mt 8,14ss). Jesus quebrou preconceitos, conversou sem embaraço com a samaritana no poço de Jacó, o que para os discípulos pareceu contrário aos bons costumes (Jo 4,7ss.27). Nessa ótica, o comportamento de Jesus pode ser visto como revolucionário. No gnosticismo há pergaminhos (Nag Hammadi) que se referem a Deus como Pai e Mãe afirmando o elemento feminino como divindade. O Jardim do Éden gnóstico aponta para uma inversão de valores.
Eva é a mulher dotada de Espírito que instruída pela serpente traz a vida a Adão. Deus criador aparece com características humanas negativas, distante da concepção do Deus criador, sumo Bem. Ele amaldiçoa a mulher e a serpente. Na visão do espiritismo, homem e mulher são iguais perante Deus. O Livro dos Espíritos tem um item com o título “Igualdade dos direitos do homem e da mulher”. Qualquer discriminação contra o feminino é fruto do domínio injusto imposto pelo homem à mulher. “Os espíritos encarnam como homem ou mulheres porque não têm sexo”. (KARDEC, 1994, p. 105). No islamismo temos o pedido de Muhammad (Maomé) para que os homens sejam bons para com as mulheres. Como podemos notar, a imagem que se faz da divindade condiciona todo um contexto cultural e traz consequências para a vida social. No cristianismo, por exemplo, resgatar o sagrado feminino é resgatar a face materna de Deus que foi sendo escondida com o passar do tempo pela imposição de uma cultura masculinizada.

O sagrado feminino
A participação do feminino nas estruturas religiosas passou por diferentes transformações, da adoração ao princípio feminino para a negação deste; do respeito à mulher sacerdotisa ao medo dos poderes biológicos desta. A divinização do corpo feminino, do Eros e da Terra, cedeu lugar para a “diabolização”, a segregação e a exploração das mulheres, da sexualidade, da terra e de todos os seres que a habitam. A história da humanidade transcorre em um jogo de polaridades onde poderes femininos e masculinos se contrapõem, onde as tradições religiosas expressam este conflito através da divisão não igualitária de papéis. Este cenário de disparidades traçou no decorrer da história diferentes caminhos, que ao serem contemplados podem sugerir uma importante reflexão acerca de limitações vividas e estruturadas em nossa sociedade, no que concerne aos espaços da vida, enfatizando neste aspecto: o trabalho, a vivência religiosa e os relacionamentos interpessoais vividos nas mais diferentes instâncias.



Água: representação da feminilidade
Uma das metáforas veiculadas ao eterno feminino, são as águas. Este elemento arquetípico está todo coberto de significações atreladas ao universo feminino. Como veremos a seguir: Quem sabe a sopa cósmica, uma das teorias científicas da origem da vida, não seja um reflexo da própria experiência particular de cada ser mamífero, como nós humanos, que surgiu e se desenvolveu em meio ao chamado líquido amniótico. É certo falar que surgimos em meio às águas primordiais que habitavam o corpo da Grande Mãe, que por sua vez também surgiu destas águas primordiais do Eterno Feminino.
Como tão veementemente afirmou Bachelard (1997, p. 104) “Diante da virilidade do fogo, a feminilidade da água é irremediável”. A água é um dos elementos da natureza que mais carregou, e carrega, representações do sagrado feminino. Não são poucas as histórias sagradas, mitos, que narram o princípio feminino vinculado às águas. Como já dizia Manuel Bandeira em uma de suas poesias: dona Janaína é sereia do mar e ela tem muitos amores. O poeta reconhecendo o poder da rainha das águas pede licença para poder brincar em seu reinado. Na concepção religiosa e altamente poética dos povos afro-brasileiros Dona Janaína, Yemanjá, é a rainha das águas do profundo mar. Ela é mulher, mãe e, portanto, doadora de vida, alimenta a muitos com os filhos do seu corpo, os frutos do mar.
Ela é feminina e mutável, como as águas que por vezes estão tão mansas que se tornam espelhos para o céu e, em outros momentos, perturbam-se, contorcem seu corpo e deixam à deriva aquele que supostamente navegava seguro de si e de seu destino. Como diriam alguns psicanalistas, o feminino inquieta, perturba a solene paz do pretenso mundo conhecido do logos masculino.
O mito da sereia, em uma de suas versões, fala do canto destas mulheres meio humanas meio peixe, que seduziam com suas belas vozes os marinheiros e faziam com que estes perdessem o controle sobre si mesmos e se atirassem em seus braços, se atirassem no leito das águas dos mares. As águas possuem um certo efeito hipnótico, encantador e profundamente convidativo. Como não entrar em seu reinado? Como não se sentir purificado em seu abraço molhado? Na mitologia, as ondinas e sereias, elementais femininos que habitam as águas, podem ser consideradas energias femininas da natureza, que controlam os movimentos aquáticos e seus vapores.
Conforme o mito, estes espíritos femininos das águas vivem em lagos, cachoeiras, no orvalho, nos musgos e pântanos. Consideradas como seres emocionais, encantam-se com a beleza das flores e plantas e cuidam da vida de uma maneira envolvida e amorosa, como uma mãe cuida de seu bebê. As águas também são fonte de purificação espiritual para os hinduístas que se banham no famoso Rio Ganges, que conforme o mito é a forma como a Deusa Ganga veio do céu para a terra. As águas estão presentes nos rituais religiosos, nas abluções, nos batismos, nas aspersões, nos banhos místicos, e também sob a forma de chá, na cerimônia que faz da ingestão deste um profundo momento meditativo. As águas dos rios, dos mares, das charnecas, são líquidos que remetem ao berço uterino, ao leite nutritivo que brota do corpo da mãe, e que depois se tornam sangue e vinho. Sangue como líquido do corpo dos seres vivos e vinho como sangue do corpo da terra. A água é símbolo da vida e da morte, é sobre as águas do rio que Caronte deve conduzir sua barca contendo os mortos. No batismo de algumas comunidades cristãs a pessoa é totalmente imersa nas águas de um rio, o que simboliza sua morte, depois ela emerge destas águas o que simboliza seu renascimento espiritual.
Neste sentido, o feminino, as águas que o representam, são as próprias forças transformadoras e inconstantes da vida e da morte. São o fluir do passado, presente e futuro, num continuo líquido e eternamente fecundo.

A religião da grande mãe
Num passado bem distante a Grande Mãe, criadora do Universo, era divinizada. A mulher, na Terra, representava os poderes geradores desta Grande Mãe, pois partilhava com ela do mesmo poder: criar vida. Com o passar do tempo, as Deusas receberam diversos nomes: Gaia, a Mãe Terra; Afrodite, a Deusa do amor; Ganga, a Deusa representada no Rio Ganges (Índia); e Pele, na mitologia havaiana, que é a Deusa do Fogo e dos Vulcões.
Atualmente, encontramos alguns seguidores da antiga religião da Deusa, também chamada de Wicca. Os seguidores da religião da velha Mãe acreditam que as mulheres são portadoras de um princípio sagrado e que seus corpos são divinos. Também os homens são vistos portadores da centelha divina. E ambos, mulheres e homens, nesta concepção, participam da mística da totalidade da vida.

A mulher como criadora do Universo
 “A mulher é a criadora do universo, o universo é sua forma. Qualquer que seja a forma que ela assuma, seja a de homem ou de uma mulher, é a forma superior. Na mulher está a forma de todas as coisas, de tudo o que vive e se move no mundo. Não existe joia mais rara do que uma mulher, nenhuma condição superior àquela da de uma mulher”. (Texto tântrico.) Surgido na Índia, há cinco mil anos, o Tantra é uma filosofia matriarcal, onde o feminino é divinizado. Em sânscrito, Tantra significa “o que conduz ao conhecimento”. Deste modo, as filosofias tântricas têm grande respeito pelo princípio feminino, que é venerado.
No entanto, infelizmente, em muitos momentos históricos a mulher foi vista como um ser humano de menor valor que o homem. Este erro fez com que as mulheres fossem tratadas como objetos. Muitas vezes, na história, mulheres se vestiram como homens e os imitaram a fim de conquistar o espaço social que lhes era proibido. Mulheres disfarçadas de homens, no passado, já realizaram curas, combateram, escreveram textos de ciência, filosofia, poesia etc. Atualmente uma mulher não precisa mais esconder seu gênero para assumir publicamente o seu valor. As sociedades estão mudando, e cada vez mais os espaços da vida são igualmente distribuídos entre mulheres e homens. E quando não o são precisamos estar atentos para denunciar e combater qualquer tipo de discriminação e desigualdade.
Singer (1994) escreveu um artigo sobre o encontro do feminino perdido na tradição judaico-cristã. Vamos ler algumas de suas ideias?
·         O mito da Deusa fala do poder particular do feminino. Não o poder da força física, mas da criatividade.
·         O feriado de Páscoa no calendário cristão se relaciona com a ressurreição de Jesus. No entanto, em sua origem histórica anterior, este feriado se relaciona aos festejos de primavera dos povos do campo (pagãos). Havia uma Deusa babilônica chamada de Istar, Deusa da primavera e da fertilidade. Note a semelhança entre a palavra inglesa que significa Páscoa, Easter, e o nome Istar.
·         Certa escola espiritualista gnóstica de Valentino diz que antes da criação o feminino era representado pelo “pensamento de Deus”, e desde então recebeu o título de Sofia (Sophia), que vem da palavra grega que significa sabedoria.

Mito de Sophia
Sophia era a personificação do conhecimento, ela era a mãe celestial de tudo que era vivo e daquele que mais tarde viria a ser o regente de toda criação material. Quando ela o gerou ficou muito triste, se sentindo sozinha, cada vez menos iluminada. Percebeu que seu filho podia mudar de forma. Arrependida de o ter gerado, o chamou de Yaldabaoth, que significa “Ignorância Cega”. Ele, então, foi para o Caos e lá elaborou um sistema de criação organizado com doze autoridades, sete regentes do firmamento e cinco regentes do abismo. Assim ele e seus regentes mesclaram o mundo com luz e trevas. A intenção é que as trevas iludissem os olhos e a ignorância passasse a existir em tudo e todos.
Sua criação o fez sentir-se orgulhoso. Então ele declarou: “Eu sou Deus e não há outro Deus além de mim!”. Deste modo, mostrou-se ignorante sobre seu verdadeiro ser e negou sua própria mãe, que percebera que o filho estava a proferir inverdades. Ela exclamou: “Proferiste uma falsidade ó Samuel”. Assim, ela o rebatiza de Samuel, o senhor cego da morte.
Sophia decidiu ajudar a luz que estava no mundo, e desceu dos céus e veio para perto da terra. Ao mover-se de lá para cá sobre a terra ela espalhava um pouco de sabedoria e amor sobre o sistema que seu filho, “o tolo criador”, havia feito. Sophia inspirou o surgimento da imagem de um ser majestoso e glorioso que surgiu no céu em forma de homem e que fez tremerem as bases do abismo. Tão resplandecente era essa imagem inspirada por Sophia que ninguém conseguia contemplá-lo. Então, olhando para o chão, criaram uma imagem a sua semelhança, uma réplica desta imagem celestial. Mas o trabalho foi malfeito, tinha defeitos, faltava nele a força de Sophia que não participou desta criação. Assim, criou-se uma espécie de homem fraco, insensato que andava por sobre a terra.
Sophia fez com que vários mensageiros de luz secretamente penetrassem na mente de seu filho, e assim que ele respirou sobre o homem fraco e colocou nele vida. Assim, esse homem que antes apenas rastejava, começou a caminhar e foi circundado por uma luz celestial. Esse homem se chamou Adão, e era tão inteligente que encheu o filho de Sophia de inveja e raiva. Então, ele lançou o homem para uma região escura de matéria para que definhasse de tanta tristeza e privação. Mas Sophia enviou para Adão um auxiliar cheio de força e sabedoria espiritual. Esse auxiliar era uma mulher, chamada de Eva, mas cujo verdadeiro nome é Zoe, que significa vida (a filha de Pistis e Sophia).
Esse espírito feminino e sábio se escondeu dentro de Adão para que os regentes não a descobrissem. Os regentes tiveram uma ideia para Adão se dar mal, criaram um jardim cheio de belezas e delícias e colocaram Adão no meio dele. Disseram para ele saciar sua fome ali. O alimento que brotava daquele jardim era amargo e enganador, os frutos venenosos conduziam a promessa de morte e de ignorância. O plano era manter Adão cativo da tristeza.
Os regentes avisaram a Adão que ele não deveria comer do fruto de uma árvore no jardim. Enganaram-no dizendo que sua raiz era amarga e que seus ramos eram a morte, a sombra o ódio, e a folhagem o engano. Tudo mentira, pois essa árvore era inteligência e luz. Mas, enganado, Adão não se aproximava dela.
Então Sophia, utilizando sua magia, surge na forma de serpente e o instrui a comer o fruto daquela árvore. Neste momento a mulher nasceu de Adão. Saiu de dentro dele, onde se escondia. O chefe dos regentes cheio de ódio perseguiram Eva. Eles amaldiçoaram a mulher que viria a ser mãe da humanidade e continuaram a perseguir o homem com o desejo de mantê-lo infeliz. No  entanto, Sophia (a Sabedoria) nunca abandonou a humanidade que até hoje oscila entre a luz e a sombra, a ignorância e a sabedoria.
 (Fonte: ARTIGO 19. Mito de Sophia. 5 mar. 2012. Disponível em: <artigodezenove.blogspot.com/2010/03/mito-de-sophia.html> Acesso em: 23 abr. 2013.

Exercícios

Atividade 1
a) Pesquise o significado dos seguintes termos:

Gnosticismo:
Grande Mãe:
Pergaminho:
Veementemente:
Segregação:
Virilidade:
Cósmica:
Logos masculino:
Líquido amniótico:
Hipnótico:


b) Leia a poesia a seguir, intitulada “Mulher”, e depois reflita sobre o seu conteúdo.
Mulher (Borres Guilouski)

Mulher, o sagrado está em você
Está em seu sorriso
Em seu terno olhar
Em seu colo acolhedor
Em seu jeito de ser
E na força do seu amar
Mulher mãe, avó, irmã e amiga
Seja quem for
Negra, branca ou amarela
Você tem um grande valor
Você é beleza pura!
Ajuda a mudar o mundo
Com sua inteligência e ternura

Atividade 2
a) Crie e escreva em seu caderno uma poesia sobre a mulher.
b) Elabore uma lista de nomes de mulheres conhecidas na comunidade que realizam trabalhos significativos nas escolas, nos hospitais, no comércio, em casa, e em outros setores da sociedade. Apresentar aos colegas o resultado da pesquisa.
c) Pesquise a história da vida de mulheres que são destaque no contexto das diferentes religiões. Exemplo: a história de vida da Madre Paulina - primeira santa brasileira para os cristãos católicos; da Aimee Semple McPherson - fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular; da Mãe Menininha do Gantoi - Ialorixá muito conhecida entre os seguidores das religiões Afro-brasileiras.
d) Leia o texto a seguir e reflita com os colegas.
O Sagrado feminino (Diná Raquel Daudt da Costa)

A mulher não é melhor
Nem pior do que o homem
Sua missão neste mundo
É cuidar e harmonizar
Tendo em seu coração
O sonho e a força do amar
Então, o que aconteceu?
Por que o homem se julga maior?
Será que é certo achar
Que mulher é inferior?
Preste atenção amiguinho
Seja você menina ou menino
Juntos podemos resgatar
O sagrado feminino!
A mulher tem uma função
Em cada tradição religiosa
Seja pastora, freira, bispa ou xamã
É sempre uma missão grandiosa

.
Atividade 3
a) Você acha que as mulheres são importantes? Por quê?
b) Em muitas tradições religiosas as mulheres exercem papéis importantes, como pastora, bispa, freira, mãe de santo, xamã, diaconisa, benzedeira etc. Você conhece alguma mulher que exerça uma dessas funções? Quem é ela? Faça uma pesquisa ou entrevista para obter dados sobre a vida de uma dessas mulheres e elabore um álbum com imagens ou desenhos. Socialize seu álbum com colegas de outras turmas.
c) Crie uma melodia para o poema “A mulher, o que é?”. Depois socialize a canção cantando-a para os colegas da escola.

A mulher, o que é? (Diná Raquel Daudt da Costa)

Hoje nós vamos cantar
Uma canção de amor
Vamos reverenciar
A mulher e seu valor
Seja branca, amarela, vermelha ou negra
Seja alta, baixinha, gorda ou magrinha
Pra você mulher forte e garbosa
Pra você que é toda formosa
Meu abraço e esta flor mui cheirosa


d) Leia o texto e reflita sobre o seu conteúdo.
A mulher no mundo de hoje (Borres Guilouski)

A mulher está conquistando seu espaço no mundo de hoje
Está redescobrindo a força do sagrado feminino da qual é portadora
Está compreendendo que a sua grande tarefa é cuidar da vida
E que para isso precisa estar antenada com todos os detalhes
Está rompendo com as antigas barreiras do machismo e dos preconceitos
E demonstrando que é tão capaz quanto o homem na área política,
científica, esportiva, artística, religiosa, educativa, entre outras
A mulher de hoje saiu para o mundo
Está mostrando ao homem que o mundo mudou
Que a grosseria do machismo é crime que deve ser punido
Que a emancipação das mulheres
Significa igualdade de direitos, sem perder o respeito e a ternura
A mulher de hoje além de mãe, esposa, amiga e companheira
pode ser:
Vaidosa e simpática
Independente e informada
Apaixonada e carinhosa
Inteligente e dona de casa
Professora e médica
Enfermeira e doutora
Reverenda e advogada
Bispa e pastora
Presidenta e taxista
Vereadora e costureira
Artesã e vendedora
Rabina e freira
Juíza e agricultora
Governadora e faxineira
Ialorixá e bailarina
Psicóloga e caminhoneira
Acrescente à lista
O que mais pode ser a mulher de hoje?



Atividade 4
1) Complete as frases abaixo de acordo com o texto. A mulher de hoje está:
a) Conquistando o ______________________________________________
b) Redescobrindo a______________________________________________
c) Está compreendendo que sua tarefa é_____________________________
d) Ela precisa estar ____________________ com os detalhes da vida.
e) Está rompendo com o ____________________ e os _________________

2) O que significa a emancipação das mulheres?
3) Destaque do texto as cinco palavras que indicam o que a mulher de hoje pode ser na área religiosa. Depois faça uma pesquisa em dicionários ou, se possível, na internet, explicando o significado dessas cinco palavras.
4) Quais são as mulheres mais importantes em sua vida? Escreva uma redação sobre essa mulher, depois compartilhe, lendo-a para seus colegas de turma.

Atividade 5
a) Vamos conhecer mais sobre a mitologia grega que deu origem ao termo Gaia?
A Deusa Terra, conhecida por Gaia, Geia ou simplesmente Ge, era a própria Terra, uma potencialidade geradora das mais variadas formas de vida. Ela nasceu depois do Caos. Sozinha Gaia gerou Urano, as montanhas, os Titãs, os Cíclopes e muito mais. Envolvida em muitas histórias mitológicas emocionantes, por fim foi considerada uma Deusa Olímpica, junto a outros Deuses.
b) Para melhor compreender este mito, pesquise o significado de Caos, Urano, Titãs, Cíclopes e Olimpo. Depois represente os significados encontrados por meio de desenhos.

Atividade 6
Faça um texto utilizando dez das palavras do quadro a seguir
Sacerdotisa
Ialorixá
Missão
Pastora
Rabina
Sagrado
Amor
Mãe
Árvore
Terra
Diaconisa
Família
Vida
Educar
Igualdade
Direitos
Preconceito
Valorizar
Freira
Esperança
Benzedeira


SUGESTÃO DE FILME
O filme Mulan trata da história de um líder muito cruel que invadiu a China. O Imperador pede que cada família envie um homem para se alistar no exército chinês a fim de expulsar os invasores. Mulan, que é uma mocinha, resolve se vestir de homem e se alistar no exército para poupar seu pai que já está bem velhinho de ter que combater.
Para refletir
a) Na sua religião os homens e as mulheres são tratados com igualdade?
b) Quais os papéis que homens e mulheres desempenham no interior de sua instituição religiosa?
c) Os líderes religiosos que você conhece são homens ou mulheres?
d) O que você pensa sobre direitos e deveres iguais para mulheres e homens?
e) Em sua casa, as tarefas domésticas são realizadas por todos, ou as mulheres são as únicas incumbidas destas tarefas?
f) Na escola existem privilégios para meninos em relação às meninas, ou para as meninas em relação aos meninos?

Vocabulário
Caronte – figura da mitologia grega. É o barqueiro que transporta as pessoas que morreram através do rio, a fim de que cheguem ao seu destino.
Ondina – imagem de inspiração poética que se constitui em um espírito da natureza, um espírito feminino que habita as águas.

Referências
BACHELARD, G. A água e os sonhos. Ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BÍBLIA SAGRADA. 43. ed. São Paulo: Edições Paulina, 1987.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1994
NEUMANN, E. A grande mãe. São Paulo: Editora Cultrix, 1996.
SINGER, J. Encontrando o feminino perdido na tradição judaico-cristã. In: ZEIG, C. (Org.). Mulher: em busca da feminilidade perdida. São Paulo: Editora Gente, 1994. p.323-339.

Bibliografia recomendada
ARTIGO 19. Mito de Sophia. 5 mar. 2010. Disponível em: <artigodezenove.blogspot.com/2010/03/mito-desophia.html>. Acesso em: 23 abr. 2013.
LYSEBETH. A. V. Tantra: o culto a feminilidade. Outra visão da vida e do sexo. São Paulo: Summus, 1994.
MILES, R. A história do mundo pela mulher. Rio de Janeiro: LTC- Livros técnicos e Científicos Ltda, 1989.
MONTOURA, M. Mulheres que brilham. Revista das religiões, 5. ed., São Paulo, p. 47-53, 2004.
SCHLÖGL, E. Mito e espaço na representação de gênero. Revista Pistis & Praxis, Curitiba, Champagnat, 2012.
SCHLÖGL, E.; JUNQUEIRA, S. Água e espiritualiade. In: FERNANDES, C. R. Água: alma das paisagens. Curitiba: Edição do autor, 2010.

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