III Bimestre - 8 Ano: RITOS
RITOS
Ritos
são celebrações das tradições e manifestações religiosas que possibilitam um
encontro interpessoal. Essas celebrações são formadas por um conjunto de
rituais. Podem ser compreendidas como a recapitulação de um acontecimento
Sagrado anterior; servem à memória e à preservação da identidade de diferentes
tradições e manifestações religiosas, e podem remeter a possibilidades futuras
decorrentes de transformações contemporâneas.
Nesse
contexto, este capítulo está dividido em três unidades:
1.
Rituais nas tradições religiosas
2.
Vivenciando os ritos
3.
Os diferentes rituais
Os
objetivos propostos no desenvolvimento dessas unidades são:
•
compreender a importância dos ritos nas diversas tradições religiosas;
•
identificar as diversas formas de ritos existentes nas tradições religiosas: passagem,
purificação, mortuário, propiciatório, entre outros;
•
reconhecer a possibilidade do encontro com o Sagrado por meio das expressões
ritualísticas, que reatualizam os mitos.
RITUAIS NAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS
O
que torna um gesto, uma prática ou um hábito um rito religioso? Qual é a
importância dos rituais para as religiões?
O
cotidiano de qualquer sociedade humana é permeado de rituais não só os de
caráter religioso, como também os de caráter secular, ou seja, aqueles
desvinculados do sentido religioso, como os rituais cívicos, entre outros. Os
rituais cívicos são aqueles ligados ao culto da pátria, por exemplo: o canto do
Hino Nacional, o hasteamento da Bandeira, o desfile no Dia da Pátria. Já os
rituais religiosos são uma série de procedimentos, palavras e gestos sagrados
que constituem uma cerimônia de uma determinada tradição religiosa.
Por
meio da linguagem dos rituais religiosos, as pessoas buscam externar a fé e
seus anseios espirituais, bem como ressignificar e explicar o sentido da vida
ou das experiências com as quais se deparam no dia a dia. Os rituais possuem
propósitos distintos nas tradições religiosas, tais como: prestar culto a Deus,
pontuar mudanças de estado de ser, estabelecer a filiação, celebrar momentos da
vida e acontecimentos importantes. Algumas
tradições religiosas dispensam o uso das expressões ritualísticas e se centram
mais no discurso simbólico dos seus ensinamentos ou postulados da fé, para
outras, a linguagem ritualística tem importância fundamental.
Os rituais
Rituais
são cerimônias compostas de uma série de palavras e gestos simbólicos. Cada
religião possui rituais próprios para diferentes ocasiões. Existem os rituais
litúrgicos, de iniciação ou passagem, festivos ou celebrativos, mortuários,
divinatórios, entre outros.
O
ritual litúrgico são as cerimônias de culto que acontecem nas diferentes
tradições religiosas, carregados de sentido comunitário, devocional, adorativo,
identitário e doutrinário. Este ritual padroniza o estilo de culto de cada
tradição religiosa. Exemplos de rituais litúrgicos: o culto evangélico, a missa
católica, a divina liturgia ortodoxa, as reuniões de oração, a novena, o puja
na tradição hinduísta, etc.
O
puja é um ritual no qual são oferecidos flores, água, frutas e incenso à
divindade, enquanto são recitados mantras. Nos rituais de passagem as
pessoas celebram a mudança de uma fase da vida para outra, como, por exemplo, o
batismo, o casamento, a comemoração do nascimento de bebês entre os indígenas,
o Bar Mitzvah e Bat Mitzvah dos judeus e a feitura no Candomblé. As
diferentes tradições religiosas incluíram vários elementos simbólicos aos seus
rituais, tais como: água, fogo, erva, flor, incenso, óleo de oliva, entre
outros. Além destes elementos, a prece, a dança, o gesto simbólico, o canto, a
música, o vestuário, a recitação de orações ou palavras sagradas, são também
itens importantes presentes nos rituais religiosos.
Atividade 1
a) Numere a 1ª coluna de acordo com a 2ª:
(1) Rituais
|
( ) Alguns elementos que fazem parte dos
rituais religiosos.
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(2) Cerimônias ligadas ao culto
da pátria.
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( ) Cerimônias de culto que acontecem nas
diferentes comunidades religiosas.
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(3) Devemos conhecer para...
|
( )
Exemplos de rituais litúrgicos
|
(4) O que são rituais litúrgicos?
|
(
) Rituais cívicos.
|
(5) Água, fogo, incenso, canto,
vestuário, palavras sagradas.
|
( ) ...respeitar o diferente.
|
(6) Culto, missa, divina
liturgia, novena, puja.
|
( ) Rituais de passagem.
|
(7) As pessoas celebram a mudança
de uma fase da vida para outra.
|
(
) Cerimônias compostas de uma
série de objetos simbólicos, palavras e gestos sagrados.
|
b) Em equipes, faça pesquisa de rituais religiosos.
Depois, construam maquetes representando estes rituais ou elaborem um álbum com
imagens. Organizem uma exposição na escola.
Maracá: o objeto sagrado no ritual
indígena
Você
já reparou como existem objetos interessantes nas celebrações religiosas?
Na
igreja durante o culto, ou durante a missa, você pode observar muitos objetos
que as vezes são utilizados pelo padre ou pelo pastor ou, ainda, objetos que
ficam ali sem que ninguém os toque. Cada religião possui os seus próprios objetos
sagrados.
Os
indígenas em seus rituais também possuem muitos objetos sagrados, entre eles o
maracá. Maracá é um chocalho feito com uma cabaça ou porunga, que é a fruta de
uma planta. Mas também é feito de ovos de ema, coco, entre outros. Os indígenas
costumam pintar o maracá e no seu interior colocar sementes, pedrinhas, entre
outros.
E
assim, quando balançados produzem som muito agradável. Depois de pronto o
maracá é utilizado nas cerimônias religiosas, que incluem as danças, as festas,
as curas, etc. Os indígenas acreditam que o som do maracá produz uma magia
muito positiva, capaz de curar, de trazer alegria e proteção e por isso é um
objeto de poder. Aquele que o toca em um ritual, muitas vezes, é líder
religioso da comunidade, o pajé.
O
maracá com seu interior oco lembra o mundo todo, grande e arredondado, e as
sementes que existem dentro dele lembram os espíritos daqueles que deixaram
saudades e já faleceram, os ancestrais.
Atividade 2
a)
Desenhe em seu caderno o maracá e escreva o seu significado.
b)
Desenhe objetos religiosos simbólicos que fazem parte do ritual de alguma
tradição religiosa.
Depois
descreva o significado destes objetos e em que ritual são usados.
Palavras sagradas nos rituais
Ponte
que liga, que une
Ponte
que afasta, que separa
Palavra
pode levar
A
paz, o amor, a benção, a cura.
Palavras
boas, bem-ditas
Palavras
más, mal-ditas
Mborayu,
Om Shanti, Axé, Shalom
Palavras
boas, laços fraternos
Hosana,
aleluia, amém
Palavras
fortes, gestos sagrados.
SAIBA
MAIS...
|
Mborayu:
Espírito que nos une.
Om:
Om é o som primordial, o mais sagrado para os hindus.
Shanti:
significa “paz” para os hindus.
Axé:
Energia ou força vital, essa palavra é usada como saudação nas tradições
afro-brasileiras.
Shalom:
“paz” em hebraico.
|
FIQUE
POR DENTRO
|
· As pessoas são dotadas de um
bem precioso – palavra escrita e falada, cantada, gestualizada.
· As palavras têm poder de cura
de ferimentos emocionais, poder de criação, de aproximação, de afastamento.
· Muitas tradições religiosas
fazem uso de palavras repetitivas, usadas em seus rituais, cultos, celebrações,
as quais são denominadas palavras sagradas.
· É comum nas tradições cristãs o
uso de palavras como saudação: Maranata (ora vem, Senhor Jesus), Aleluia
(louvado seja o Senhor), Amém (assim seja), Paz esteja contigo, entre outras
tantas.
· Nas tradições religiosas
orientais, tais como o hinduísmo, o budismo, o taoísmo, os mantras são a entoação
de palavras ou frases sagradas e são repetidas ritmicamente várias vezes
durante as práticas meditativas. Os mantras podem ser recitados ou entoados
com intuito de mobilizarem ou canalizarem energias positivas para as pessoas.
|
Atividade 3
a)
Roda de conversa sobre palavras bem-ditas e palavras mal-ditas. Quais as
consequências dessas palavras. Como as palavras têm o poder de incentivar,
acalmar, mobilizar entre outras.
b)
Crie frases ou textos com as palavras religiosas: Amém, Aleluia, Axé, Hosana,
Om, Shalom e Shanti.
c)
Vamos conhecer o significado do texto da música “Um Índio”, do Caetano Veloso?
Leia
a letra da música disponível no site Vagalume (http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/umindio.
html), procure no dicionário o significado de palavras desconhecidas, converse
com seu professor sobre o significado do texto e, então, aprenda a cantar esta
música.
A música nas tradições religiosas
A
música toca o coração de diversas formas, trazendo alegria, tristeza,
melancolia, euforia. E essa força transformadora se amplifica por meio dos
instrumentos sagrados, presentes nos rituais religiosos desde tempos remotos.
A
música é um recurso eficiente para a elevação espiritual do ser humano,
permitindo que ele estabeleça uma sintonia com o sagrado. Praticamente todas as
tradições religiosas se utilizam deste meio em suas celebrações e práticas de
fé.
Além
da voz, instrumentos musicais são utilizados para este fim, como, por exemplo,
violão, guitarra, piano, órgão eletrônico, sinos, entre outros. Um dos
instrumentos mais antigos que se tem notícia são os tambores xamânicos, que
existem há pelo menos 40 mil anos em todas as culturas ancestrais do planeta.
O
tambor é um dos mais importantes instrumentos sonoros das culturas indígenas do
Brasil, por se relacionar com o lado prático, musical e religioso. Existem os
tambores de madeira, tambores de tábua, tambores de tronco escavado, feitos e
moldados a fogo. São usados em cerimônias, danças e canções.
Os
tambores também são típicos nos cultos afro-brasileiros, nas danças e nos
pontos cantados. O tambor e as danças eram utilizados em cerimônias festivas do
povo de Israel, porém seu uso foi proibido posteriormente nas cerimônias
religiosas, permanecendo apenas em outras celebrações. Algumas tradições
religiosas se utilizam de diversos instrumentos musicais em seus cultos, isso
torna mais rica a celebração. Como no Candomblé, utilizam de atabaques, agogôs,
cabaças e chocalhos. Os atabaques são considerados essenciais para invocação
das divindades.
Atividades 4
a)
Pesquisar sobre as diferentes músicas presentes nos ritos das diversas
tradições religiosas. Se possível trazer a música gravada para ouvir em sala.
b)
Retirar do texto as palavras mais difíceis e procurem em dicionários o
significado.
c)
Pesquisar sobre os diferentes modelos de instrumentos musicais como, por
exemplo, tambores e chocalhos, que são utilizados em cerimônias religiosas, e
montar cartazes com o resultado da pesquisa.
Alimentos sagrados nos rituais
Nas
diversas crenças e religiões dos povos são usados alimentos considerados
sagrados. É muito importante conhecer e compreender que os jeitos de crer devem
ser respeitados, entre os indígenas há bebidas e comidas sagradas, preparadas
principalmente de milho ou macaxeira. Milho e mandioca são alimentos nutritivos,
que fazem parte da culinária brasileira nos cultos das tradições religiosas de
origem africana. Há comidas tidas como sagradas, muito especiais, entre outras,
acarajé, caruru, abará e vatapá, que fazem parte de suas cerimônias ou rituais.
Em
algumas tradições religiosas do Oriente, como Xintoísmo, Hinduísmo, Budismo e
outras mais, o arroz, as frutas, os bolos e tantas guloseimas. Também são
indispensáveis em seus sagrados rituais, entre os seguidores do Judaísmo não
podia ser diferente. As festas religiosas são celebradas não com comida
qualquer, mas com alimentos puros preparados com muito esmero. Pães ázimos,
cordeiro assado e vinho, são os alimentos kosher, no Cristianismo desde a sua origem até aos dias de
hoje, o pão e o vinho estão presentes em seus cultos de comunhão. Depois de
consagrados na eucaristia ou ceia do Senhor são repartidos entre os fiéis com
muita fé e devoção.
Atividade 5
1.
Responda as questões
a)
Do que são preparadas algumas bebidas e comidas sagradas nas tradições
indígenas?
b)
Destaque do texto o nome das comidas sagradas das tradições religiosas de
origem africana. E faça uma pesquisa para conhecer melhor esta culinária.
c)
Que alimentos considerados sagrados são usados em algumas tradições religiosas
do oriente?
d)
Quais são os alimentos kosher usados no Judaísmo?
e)
Que alimentos estão presentes nos cultos de comunhão dos seguidores do
Cristianismo?
2.
Faça uma pesquisa para conhecer o mito da origem do milho e da mandioca nas
tradições indígenas.
Crie
histórias em quadrinhos a partir destes mitos e apresente-as aos colegas.
3.
Após pesquisar em livros, revistas, internet ou outras fontes disponíveis na
escola sobre alguns alimentos sagrados nas tradições religiosas Indígenas,
Afro-Brasileiras, Hinduísmo, Xintoísmo, Budismo, Judaísmo, Cristianismo e Fé
Bahá’í, construa um álbum com imagens e as informações obtidas na pesquisa.
4.
Confeccione criativamente um caderno de receitas de alimentos sagrados de
algumas tradições religiosas. Socialize estas receitas com colegas e
familiares.
Caracóis e rituais
Penso
que os caracóis são a imagem perfeita para representar os rituais. No ritual
tem o tempo, a repetição do tempo, a transformação do tempo. O caracol é a
história do próprio tempo e de como ele se enrola em si mesmo.
No
ritual cria-se um espaço sagrado, um espaço de proteção e de contato com o mais
íntimo, no caracol, no espaço sagrado, habita a vida, sensível, flexível e
indefesa quem habita o caracol também o constrói, ele é uma parte de si mesmo Quem
vivencia o ritual também o constrói e coloca nele algo de si mesmo.
O
ritual religioso é um encontro com a poética do corpo, da palavra e espaço
entrelaçados de modo sagrado. O simples, pequeno e belo caracol é a poética da
vida que rasteja sobre a terra unindo força e suavidade, movimento e
recolhimento, ritualizar também significa expressar os desejos, os temores, os
agradecimentos, é uma forma compartilhada de viver a fé, é um jeito todo
especial de estar junto, e de buscar na vida, o encantamento divino.
Caracol
dos sonhos, rituais iniciáticos, labirinto que conduz ao centro tempo de espera
e de recolhimento e também tempo de sair ao sol e caminhar, de viver a vida
heroicamente, mas com toda a proteção, de se saber frágil e forte ao mesmo
tempo, ritualizar as passagens e deixar rastros brilhantes na grama, ao sol e
sob a chuva o ritmo do tempo. Ritualiza conosco nascimentos, acontecimentos e
mortes em meio a tanta mudança, o imutável é repetido em cada rito, como uma
corrente que une o tempo. Como um círculo que se abre em espirais
Atividade 6
a)
Definindo ritual: conforme o dicionário eletrônico Michaelis, o ritual reúne as
pessoas, o tempo e o espaço. Ele precisa de objetivos, possui procedimentos,
técnicas, instrumentos, objetos. É importante lembrar que os rituais têm
propósitos variados, eles existem em quase todas as sociedades humanas.
Existem
os rituais de passagem, como os casamentos e os funerais; os rituais
propiciatórios, que propiciam algo, como uma boa pesca ou colheita no campo; e
temos os chamados rituais litúrgicos, como as missas, os cultos, as cerimônias
no terreiro, na mesquita etc. Agora que você possui uma breve conceituação do que
vem a ser ritual, procure no texto poético “Caracóis e rituais” quais são as
características apresentadas nele que caracterizam os rituais. Escreva em seu
caderno o que encontrar e compartilhe seu achado com os colegas.
VIVENCIANDO OS RITOS
O
que é, o que é?
Pode
ser muitas vezes, ou uma vez só!
Pode
ser sagrado,
Ou
corriqueiro de dar dó.
a)
Relate em seu caderno algumas atividades que você realiza toda manhã.
b)
Às vezes ouvimos a expressão: “Isto para mim é sagrado”, referindo-se a tomar a
um cafezinho depois do almoço. Faça uma lista do que você e sua família
costumam dizer que é sagrado.
Você
percebeu que no nosso dia a dia muitas das nossas ações são repetidas, fazemos
sempre do mesmo jeito e quando dizemos que realizar tal atividade é sagrado,
como o exemplo anterior, é porque sagrado seria aquilo que é prazeroso, gostoso
de realizar, significativo no nosso dia a dia. No entanto, existe outro tipo de
sagrado, que é aquilo que está ligado às coisas divinas, à religião, ao culto,
pois o que caracteriza religião é exatamente a presença do Sagrado (palavra que
vem do latim sacratu, que se refere a algo que merece veneração ou respeito
religioso por estar associado a coisas divinas). A religião organiza o espaço e
o tempo. Os adeptos das confissões religiosas precisam garantir que a ligação e
a organização se mantenham e sejam ideais. Para suprir essa necessidade, são
elaborados os ritos. Os ritos de certo modo revivem os mitos, traz à lembrança
algum episódio histórico, como, por exemplo, o ritual da missa, que rememora um
tempo passado e vivido na época de Jesus, o seu sacrifício na cruz.
O
rito vem da palavra latina ritus, que tem proximidade com rta (rita), palavra
sânscrito–védica. O rito não é somente uma ação humana ou inventada por uma
pessoa qualquer, é uma ação divina, uma imitação do que fizeram os Deuses. Um
rito religioso é repetitivo em dois sentidos: a cerimônia deve lembrar um
acontecimento essencial da história sagrada e lugar, atos, gestos, palavras,
objetos devem ser sempre os mesmos, porque foram, na primeira vez, consagrados
pelo próprio Deus. Segundo Marilena Chauí (2004), “o rito é a rememoração
perene (que não acaba) do que aconteceu na primeira vez e que volta a
acontecer, graças ao ritual que exclui a distância entre o passado e o
presente”. São exemplos de rituais: a Eucaristia no catolicismo, que repete a
Santa Ceia; o Kuarupe, que homenageia os mortos entre os povos indígenas.
Saiba
mais:
Sâncrito é uma das línguas da
Índia, e o sânscrito-védico é a forma mais antiga até agora conhecida do idioma.
Como uso religioso no Hinduísmo, significa a força da ordem cósmica cuidada
pelas divindades. Assim, o rito indica a ordem estabelecida.
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Atividade 2
Você
já participou de algum ritual religioso? Se já, relate em seu caderno como foi.
O que você sentiu?
Os tipos de ritos
Os
ritos são classificados pelas finalidades, sendo ações. Tem a intenção de
conseguir algo, um bem sagrado. Entre os ritos destacam-se os de passagem, os
mortuários e os propiciatórios.
Ritos
de passagem ou de iniciação:
existem em todas as religiões. Fazem referência a momentos decisivos que o
indivíduo não somente nasce, mas renasce ou se inicia em uma nova forma de ser
e de agir. “Iniciar-se é morrer para voltar a nascer”. De modo geral, os ritos
de iniciação tentam expressar a passagem a uma nova forma de vida, religiosa e
social. Os ritos de iniciação mais típicos são os ligados com a passagem à vida
adulta, que indicam a capacidade de realizar as tarefas de adultos. Ritos de
passagem são aqueles que marcam momentos especiais, onde mudanças significativas
ocorrem na vida das pessoas. Os mais comuns são os ligados a nascimentos, a
mortes, a casamentos e a formaturas.
Ritos
mortuários: são ações
simbólicas para significar a passagem desta vida para outro modo de ser. Os
ritos mortuários estão presentes em todas as sociedades e mesmo que
compreendidos de maneira diferente cumprem sua função nos diferentes grupos. A
função do rito fúnebre é sempre a mesma: facilitar a passagem para a outra
vida, pois todos os indivíduos sabem que a morte determina o fim da existência corporal.
Na África, os antepassados permanecem como tutores dos vivos, assim o culto aos
mortos é muito importante, pois é a reafirmação da imortalidade da Grande
Família (os que já morreram, os vivos e os que nascerão).
Ritos
propiciatórios: são aqueles
que tornam propício, que tem a função de atrair ou readquirir o favor ou a boa
vontade de um ser sobrenatural. É uma ação para agraciar essa divindade, para
aplacar a ira ou a justiça divina, para obter perdão da culpa entre outras. É a
expiação pelas faltas cometidas. Os ritos propiciatórios favorecem, propiciam
algo. Podem ser de oferendas e expiatórios; influenciam uma divindade no
sentido de se conseguir o que se pretende. O rito expiatório é um ato de
purificação das influências perniciosas, dos pecados, que pode ser de pessoas
ou de um lugar.
Rito
e magia: os rituais sempre
estão impregnados de certa qualidade mágica, mantida por meio da crença das
pessoas. A magia faz parte da religião e também faz parte de outros rituais que
mesmo desvinculados de uma instituição religiosa visam ao contato com poderes
sobrenaturais.
Ritualização: são formas de que se dispõe para chegar na
compreensão do mundo existente e para exercer sobre ele a sua dominação. Não
existe vida social que não seja permeada por simbolizações e por ritualizações.
A ritualização confere igualmente uma forma constante e reforçada do
funcionamento da vida social. Toda encenação está ligada a uma perpetuação dos
modos de fazer. Assim, o ritual religioso perpetua valores e crenças
religiosas.
Rito
e tabu: as religiões
tornam sagrado, além do espaço e do tempo, as pessoas e os seres, bem como
certos objetos que se tornam símbolos religiosos. Segundo a filósofa brasileira
Marilena Chauí (2005), quando objetos e seres simbólicos passam a ser sagrados
recai sobre eles a noção de tabu, que é uma palavra de origem polinésia que
significa intocável, assim o objeto ou o ser se torna intocável pelo povo de
modo geral e apenas a pessoa religiosamente autorizada para isto pode fazê-lo.
Por exemplo: a hóstia consagrada só pode ser consumida no ritual, certos
amuletos só podem ser tocados pelo seu dono, certos objetos de culto devem ser
manipulados de acordo com certas regras e por pessoas especiais.
Os ritos sagrado no Brasil
A
cultura brasileira é ampla e diversificada pela miscigenação, que revela
justamente a mistura das etnias e das culturas dos povos que constituem a nossa
identidade. A religiosidade fazendo parte desse processo contribui para
enriquecer nossa cultura por meio de seus rituais, danças e arte sagrada, entre
outras formas.
Os povos indígenas
No
Brasil, na época da chegada dos portugueses, em 1500, havia aproximadamente 5
milhões de indígenas. Hoje, segundo dados da Fundação Nacional de Saúde
(BRASIL, 2008), a população indígena é constituída de 215 povos, distribuídos
no território nacional, em mais de 3.000 aldeias, e são falantes de 180 línguas
diferentes. Ao longo da história do nosso país, esses povos passaram por uma
série de dificuldades, atrocidades e tentativas de extermínio.
Estas
populações indígenas vivem, hoje, um momento onde são muito mais conhecidos.
Aparecem na mídia e no nosso cotidiano. Encontra-se em uma situação histórica
de busca por maior reconhecimento de seus direitos e de seu modo de ser.
Atualmente há uma série de dificuldades que precisam ser enfrentadas, como por
exemplo, o preconceito que leva as pessoas a considerá-los, em geral, como selvagens,
atrasados, entre outros. Esse preconceito está enraizado em nossa sociedade
como fruto de um modo de pensar que se considera sempre como superior ao outro,
ao diferente.
Este
jeito de pensar é muito danoso, gerando guerras e violências de todos os tipos.
Os povos indígenas constituem uma parcela significativa da nossa sociedade.
Esses povos, como todos os outros, possuem seus ritos e seus rituais. Os
rituais indígenas são celebrações que marcam a socialização de um indivíduo ou
a passagem de um grupo de uma situação para outra. Como já vimos, os rituais
estabelecem ligações entre o passado e o presente e entre humanos e divindades.
Os indígenas em seus rituais usam pintar o corpo e o rosto e utilizam de
máscaras que representam Deuses e espíritos. O tambor é usado pelo curandeiro
(líder religioso) no ritual de cura e também serve para proteger o ambiente.
Alguns
rituais de iniciação indígenas que marcam o fim da infância e o começo da vida
adulta fazem os jovens passarem por duras provas que muitas vezes chegam a
sentir dor sem se queixar. Como no caso do Yanomame, perfura-se o lábio com um
enfeite que o jovenzinho exibirá dali por diante com muito orgulho. Qualquer
pessoa que o veja na aldeia saberá, imediatamente, que ele não é mais uma
criança. Além dos rituais de iniciação, as sociedades indígenas têm vários
outros tipos de cerimônias: ligadas ao nascimento, ao casamento ou à morte. Na
região Sul do Parque Nacional do Xingu, conhecida como Alto Xingu, pratica-se
um ritual funerário conhecido como Kuarup, palavra que significa “tronco de
árvore”. Os trocos distribuídos na aldeia no dia da festa representam os mortos.
O
ritual Kuarup é uma saudação ao morto realizado uma vez por ano, durante a
estação seca. Entre julho e setembro, neste ritual, ocorrem choros e
lamentações, ou seja, os indígenas choram seus mortos pela última vez e se
encerra o período de luto. No final da tarde, os troncos são retirados do
buraco e jogados no rio.
No
ritual do Kuarup as mulheres são obrigadas a ficar nas malocas, de portas
fechadas, enquanto os troncos são enfiados nos buracos. Os homens indígenas
dão um grande grito como sinal para as mulheres indígenas saírem, trazendo os
adornos dos seus mortos para iniciar o ritual. Os parentes vão colocando
plumas, colares e tudo o mais que o morto usava como se estivessem
vivos.
(Fonte: Povos Indígenas. O índio.
Disponível em: <http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJA63EBC0EITEMID643E1ECEA4A74113BAE2ADA936BB83B9PTBRIE.htm>
Acesso em: 18 mar. 2009.)
|
A
dança do bate-pau na etnia Terena:
é uma dança praticada pelos homens e meninos de 12 anos, eles se ornamentam com
cocares, braçadeiras, saias e tornozeleiras, tudo confeccionado com penas de emas;
dançam ao ritmo de uma flauta e de um tambor. Relembra o combate dos indígenas
durante a Guerra do Paraguai.
Atividade 4
a)
Como você viu as crianças indígenas passam por rituais. O que você entende por
ritual?
b)
Pesquise outro ritual indígena e escreva sobre ele e apresente aos seus
colegas.
c)
Consulte o site “Xamanismo”: http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1191198080It002 que traz informações da festa de Aruanã, uma
iniciação Carajá, que é uma das mais belas festas do calendário religioso.
Depois, elabore uma ilustração e uma frase inspirada no que você aprendeu.
Raízes africanas
Na
primeira metade do século XVI, com a produção de açúcar, os negros são
obrigados a trabalhar como escravos aqui no Brasil. Nesses anos os primeiros
navios vindos da África, chamados tumbeiros, trouxeram os africanos que
deveriam forçadamente trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar e nos engenhos.
Esses africanos eram vendidos como mercadoria, de uma maneira completamente
desumana. Vinham nos porões de navios, em condições horríveis. Além disso,
sofriam proibição quanto a seus cultos, divindades, festas e rituais de origem
africana. Eram obrigados a converter-se a religião católica e falar a língua
portuguesa etc. No entanto, mesmo com as imposições e proibições, não deixaram
sua cultura morrer, pois realizavam seus rituais escondidos e camuflavam suas
divindades com nomes de santos católicos a fim de enganar os seus cruéis
dominadores.
Os
negros escravizados reagiram a essa situação com revoltas nas fazendas. Muitos
grupos de escravos refugiavam-se nas florestas formando os quilombos. Assim,
“em precárias condições de vida, coube ao povo negro, em sua diversidade, criar
estratégias para reverenciar seus ancestrais, proteger seus valores, manter e
recriar vínculos com seu lastro histórico.” Se no início as manifestações
culturais afro-brasileiras foram desprezadas e perseguidas, pois não era parte
do universo cultural europeu, a partir do século XX, suas expressões culturais
começaram gradativamente a serem aceitas, admiradas e celebradas pelas elites
brasileiras, como é o exemplo do samba, uma forma de expressão artística
genuinamente nacional.
Com
o tempo outras formas de expressões foram surgindo, como os desfiles das
escolas de samba, a capoeira, a diminuição da perseguição às religiões de
matriz africana. Algumas religiões afro-brasileiras ainda mantêm quase que
totalmente as suas raízes africanas, como o Candomblé e Xangô no nordeste. Outras
religiões formaram-se por meio do sincretismo religioso, como o Batuque, Xambá
e Umbanda. Os africanos trazendo suas crenças trouxeram o culto aos orixás. Os
orixás são intermediários entre Oxalá (filho de Olorum e seu representante) e
as pessoas. Vamos conhecer alguns orixás, que são a personificação de forças da
natureza:
-
Xangô: orixá do trovão e do raio; suas cores são o vermelho e o branco.
-
Ogum: orixá dos metais; suas cores são o azul-escuro e o branco.
-
Iansã: é a divindade dos ventos e das tempestades; suas cores são o vermelho e
o branco.
-
Iemanjá: é a divindade das águas salgadas; suas cores são azul e branco.
O
ritual de iniciação no Candomblé é a feitura que representa o nascimento de uma
nova vida, sendo a iniciação da pessoa ao culto dos orixás. A feitura tem por
início o recolhimento. Nestes dias de reclusão são realizados banhos de
purificação, oferendas, rezas, dança, sendo o início do aprendizado da
religião. Também é realizada a raspagem dos cabelos, a pintura do corpo e a
pessoa recebe um novo nome. A reclusão termina com a festa pública do “Dia do
nome”, em que a pessoa aparece manifestada pelo seu orixá. Nos rituais do
Candomblé são usados atabaques, agogôs, cabaças e chocalhos. Os atabaques são considerados
essenciais para invocação dos orixás, seus ritmos levam o fiel para um tipo de
transe que tem como função a transformação e o retorno ao tempo em que tudo
teve origem. Cada orixá tem músicas e danças específicas. Os movimentos e o
ritmo narram e demonstram por meio de palavras e gestos as características de
cada orixá.
A
cerâmica também tem função no ritual do Candomblé, seu grau de valor é o poder
simbólico que a comunidade confere àquele que o produziu, que geralmente são os
pais e mães de santo. O modo como o concebe e executa é fundamental. A argila é
escolhida pela sua pureza, algumas vezes mesclada com outros elementos para
poder servir a determinados fins; as formas são concebidas pelos orixás e são confeccionadas
em circunstâncias controladas e como ação cerimonial. Tudo é feito com
reverência de ato sagrado.
Atividade 5
a)
O Candomblé, religião de matriz africana, cultua a natureza. Os ambientalistas
estão fornecendo orientações para que os rituais feitos na natureza utilizem
apenas material de fácil decomposição a fim de não poluir o meio ambiente.
Assista ao vídeo na internet sobre a religiosidade e conservação ambiental, disponível
em: <http://www.youtube.com/watch?v=44wDMZz3gaA>. Depois faça uma redação
sobre este tema. Nesta redação você vai descrever quais são as preocupações que
a religião tem em relação ao meio ambiente.
b)
Pesquise sobre objetos utilizados em rituais de algumas religiões e faça a
representação deles (desenhos ou colagem). Apresente as imagens e as
informações de seus significados à turma.
Os objetos
Os
objetos para uso ritualístico se impregnam da dimensão do sagrado; trazem a
força necessária ao exercício da corporificação das entidades sagradas; guardam
uma significação que psicologicamente dá respaldo à crença de que o que foi
pedido vai acontecer, é uma representação material do pedido. Entre esses
objetos citamos: velas, pontos riscados, roupas, imagens, utensílios (cálices,
bacias, entre outras). No catolicismo, o cálice é consagrado pelo sacerdote,
este ato destina-se a transformação do vinho no sangue de Jesus Cristo. Tem
três partes: a copa (que deve ser dourada ao menos interiormente), o nó (que
serve para segurá-lo) e o pé (para sustentá-lo). Os cristãos acreditam que
Jesus teria utilizado um cálice em sua última ceia. Ainda no catolicismo a
estola é o símbolo do poder sacerdotal. É uma faixa vertical que desce do pescoço,
acompanhando a cor litúrgica.
Atividade 6
a)
Reescreva as frases substituindo o sinal pelas palavras apresentadas:
cerâmica cálice atabaque
maracá imagens
tornozeleiras de penas
1.
O ???? pode ser usado pelo líder religioso no ritual de cura.
__________________________________________________________________________
2.
Para a dança, eles se ornamentam com cocares, saias e ?????.
__________________________________________________________________________
3.
As ???? são usadas tanto no catolicismo como no candomblé e na umbanda.
__________________________________________________________________________
4.
O ????? no Candomblé é tocado nos rituais.
__________________________________________________________________________
5.
O ?????? é consagrado pelo sacerdote e destina-se a receber o sangue de Jesus,
sob a forma de vinho.
__________________________________________________________________________
b)
Os rituais têm uma grande importância dentro das religiões e são muito
interessantes de conhecer.
Pesquise
sobre os rituais:
1.
Da festa de Iemanjá, na Umbanda e no Candomblé.
2.
A circuncisão, no Judaísmo.
3.
O porquê dos muçulmanos orarem descalços e voltados para Meca na mesquita.
OS DIFERENTES RITUAIS
Estamos
acostumados a ver em jornais, TV e novelas as festas e os rituais de religiões
como o Judaísmo, o Cristianismo, o Hinduísmo, o Islamismo, o Budismo, o
Candomblé, além de inúmeras festas nacionais e regionais que possuem em sua essência
a revitalização da fé e de crenças. Seus templos, suas cores, suas fantasias ou
características mais inusitadas, como os lugares onde ocorrem, permitem que
possamos iniciar nossa viagem ao mundo dos Ritos e suas relações com o Corpo.
Mas como surgiram os ritos?
Observando
nossos ancestrais, descobrimos que o ser humano muitas vezes buscou respostas
para suas perguntas sobre a existência e essa busca se reflete em sua cultura e
em sua religiosidade. Pode ser que alguns rituais sejam estranhos aos nossos
olhos, mas cabe a nós conhecer e aprender ao invés de criticar e julgar. Muitas
vezes criticamos aquilo que não compreendemos, não é mesmo?
Quando
observamos os ritos das religiões, devemos lembrar que alguns têm como
finalidade reviver, rememorar histórias sagradas e criar meios para o encontro
com o Sagrado. Os povos nativos não se utilizavam da escrita no processo de
transmissão de sua religiosidade, então, usavam a linguagem para transmitir
seus ensinamentos por meio dos ritos, dos mitos, dos cantos e das danças. Vamos
ver o que Küng (2004) nos apresenta sobre um ritual do povo Walpiri?
Segundo
o Totemismo do povo indígena Walpiri ao norte do Uluru, na Austrália, as
mulheres aborígines realizam o ritual da dança de iniciação para as meninas que
passam da infância para a adolescência Esse ritual tem a intenção de ensinar as
etapas da vida feminina, o amadurecimento do corpo e as relações afetivas,
entre elas: a menstruação, a gravidez e o parto. A escolha do lugar para esse
ritual tem relação com sua beleza e principalmente com as alterações de cores
da montanha em resposta as mudanças do tempo e relacionadas aos ciclos
femininos. Para essa dança de iniciação as meninas pintam o corpo com uma tinta
de cor ocre, barro e cinza. Acreditando que por meio dessa pintura cria-se uma
nova pele para a dança e outra personalidade: “Sem canto não existe pintura, e
sem pintura não se dança”.
Durante
o ritual de passagem da infância para a vida adulta, as meninas ficam separadas
dos homens. Nesse momento, elas cantam e pintam símbolos no corpo, que
representam a força vital trazida pelos espíritos dos ancestrais. Tais símbolos
e leis dizem respeito à cultura aprendida com seus ancestrais. Já os meninos,
no ritual de passagem para maior idade, afastam-se da mãe. São isolados da
tribo e ensinados por homens mais velhos sobre os mistérios dos espíritos
ancestrais, da terra, da caça, da tribo e da sexualidade. Precisam provar que
são corajosos e quanto maior o número de cicatrizes em seu corpo, maior será
sua beleza e força. Depois de iniciado ele volta para casa não mais como menino
e sim como homem adulto com direitos e também deveres.
Podemos
entender então que os ritos potencializam o sentimento de pertencimento ao
grupo. Como exemplo, podemos citar as cerimônias realizadas no Totemismo, onde
seus seguidores tentam relembrar o animal de seu totem ancestral em marcas que
são feitas por todo o corpo por meio de cortes profundos. O objetivo é de
marcar e lembrar a sua origem e delimitar algumas condutas sociais, entre elas
o casamento, que não pode acontecer entre pessoas que sejam do mesmo animal
totêmico. Para tanto, existem leis que proíbem os casamentos no mesmo clã ou
tribo bem como contratos entre tribos. Essa lei tenta evitar que ocorram
casamentos entre parentes ou situações de violência ou guerras, pois é proibido
matar os animais que são de sua raiz totêmica.
Segundo
sua cultura, o totem confere força mágica ao homem. Os feiticeiros que fazem as
cerimônias ou cultos são pessoas respeitadas dentro do clã, pois conservam e
reafirmam a cultura religiosa por meio das cerimônias e dos ritos de cura, de
passagem e de iniciação.
Outra
forma religiosa é o Animismo, que se baseia na tentativa de dominar as forças
da natureza e sua influência na vida dos homens. Para os estudiosos em
religião, o Animismo representa a crença de que todas as coisas têm alma,
portanto vida própria. A ideia principal do Animismo trata da existência da
alma imortal em homens, animais ou plantas. Suas divindades se relacionam aos
elementos da natureza como ar, água, fogo e terra. Por esse motivo os cultos
são realizados sempre ao ar livre.
Algumas
celebrações animistas as pessoas fazem preces cristãs e utilizam-se, ao mesmo
tempo, de elementos da “floresta dos espíritos”, escutados em lendas e
histórias contadas por pessoas mais velhas da comunidade, que são responsáveis
por manter viva sua cultura, suas crenças e sua tradição. Desta maneira, ocorre
o sincretismo religioso em que acontece a mistura de concepções religiosas diferentes
numa única prática. Segundo alguns estudiosos, a magia animista parece ter
estado na origem das artes, deixando, assim, um patrimônio por meio do desenho,
da pintura, da dança e da música.
Para
entender as características dos rituais precisamos conhecer as intenções e
objetivos. Nos registros em que o homem primitivo aparece no seu grupo, em
círculo ou roda, simboliza a união no trabalho, a concordância da religião e,
naquela época, a prática de exorcismos. Quando o círculo não é totalmente
fechado durante o ritual, a abertura deixada simboliza uma passagem para que os
bons espíritos entrem na roda, assim como uma porta de fuga para os maus
espíritos. Já as danças feitas em pares tinham como principal intenção a união
dos dançarinos para simbolizar a fertilidade e o crescimento da própria
comunidade. As danças em duplas, bem como as danças que têm suas formações em
círculos, são consideradas patrimônio cultural da humanidade e amplamente
utilizadas até nos dias de hoje. “[...]
é
através do movimento que ativamos a sensibilidade corporal e um conhecimento
profundo sobre nós mesmos. Um corpo que pensa com o corpo que fortalece e
incentiva a expressão inata e espontânea... “Dança”. (LABAN, 1978). Nas figuras
rupestres, notamos momentos importantes registrados, eternizando e mostrando o
cotidiano do grupo.
Atividade 1
a)
Você já observou como os homens mais antigos registravam suas ações religiosas,
seu dia a dia, suas danças e cerimoniais por meio de suas pinturas?
b)
Qual o rito especial de sua vida? Desenhe-o. Pode ser seu aniversário, uma
brincadeira ou a atividade que você gosta de fazer. Use como modelo as linhas e
formas das pinturas rupestres.
Hinduísmo
Para
observar um exemplo de forte relação entre dança e religião, vamos conhecer a
cultura hindu. Nesta cultura, a dança foi criada pelos Deuses. Segundo a
tradição hindu, a dança não foi criação humana, mas divina. Os Deuses eram
excelentes bailarinos e suas danças marcavam todos os momentos da sua existência
e de seus valores religiosos, compreendidos como Dharma, que podem ter muitos
significados, entre eles: a lei universal, a verdade suprema ou a vivência da
ética na sociedade. Uma versão contada sobre a origem da dança na Índia é a de
Krishna. Divindade que tem como principal tarefa proteger os seres humanos.
Para
a tradição, Krishna viveu em Blindavam (região norte da Índia), entre os
pastores. Ele dançava alegremente e tocava sua flauta. As pastoras abandonavam
suas tarefas e o seguiam pela floresta, acompanhando sua dança e música. Ele é
a divindade que tem como principal tarefa proteger os seres humanos. Já outra
versão mitológica atribui a origem da dança ao Deus Shiva, o mais antigo Deus
da Índia. Segundo a mitologia, foi na cidade de Chidambaram (sudoeste da Índia)
que Shiva colocou o universo em movimento por meio de sua dança. O senhor dos
dançarinos, como é chamado, utilizava instrumentos de percussão, criando o
primeiro som que gerou o mundo e do qual nasceu toda a linguagem. Esse som
primordial era o OM.
OM
(Sânscrito) – 1. Som universal, palavra divina
(shabda) da criação pronunciada por Brahman para fazer o mundo de Maya (ilusão).
2. A principal sílaba do alfabeto sânscrito dá caráter divino às palavras com
as quais se une. Glossário.
|
A
humanidade ficou com muito medo do terrível som e, por isso, Shiva quebrou o
instrumento em duas partes e colocou-as ao contrário, impossibilitando que o
som continuasse. Esse instrumento foi chamado de Mridangam (tambor). A dança de
Shiva representa as atividades de criação, preservação e destruição. Por este
motivo, cada movimento na dança hindu tem um significado e um propósito.
Xamanismo
Nas
cerimônias religiosas as danças e rituais são usados também para a cura. No
Xamanismo, por exemplo, os rituais mais frequentes são conduzidos pelo xamã,
que cumpre suas tarefas espirituais e organiza os rituais de iniciação,
passagem, renascimento e exorcismos. Entre todos estes rituais, os xamãs, assim
como inúmeras outras religiões, praticavam também um ritual de cura.
Roda
da cura: cerimônia
considerada medicinal, na qual a dança e a própria cerimônia são baseadas nos
movimentos da Terra e dos animais. Seus seguidores acreditam serem capazes de
curar não somente o corpo, mas também as doenças da alma. No ritual da roda da
cura, os praticantes entram num estado alterado de consciência e, com a ajuda
dos animais de poder, que sempre estão presentes segundo a tradição, liberta-os
das energias negativas, que para eles nós mesmos produzimos e desta maneira
recebem lições de vida que são ensinadas pelos animais. Os lugares realizados
são considerados de intensa energia da Terra e também de Cura.
A
sauna sagrada acontece em uma
cabana típica, com uma armação feita de ramos de salgueiro, coberta com uma
lona trabalhada para que retenha o calor. Pedras são aquecidas durante horas em
fogo alto e, no momento em que o ritual vai começar, elas são colocadas bem no
centro da cabana. Existe um modo especial para entrar e sair da sauna, bem como
canções e cantigas de pedidos, agradecimentos e afirmação da união entre todas
as coisas materiais e imateriais do universo. O calor é aumentado gradualmente,
jogando água sobre as pedras quentes. Ervas, como a sálvia e uma espécie de
erva-doce, podem ser queimadas por seu aroma especial e significado sagrado. Esse
calor aumenta os batimentos cardíacos, causando tonturas e náuseas, provocando
desidratação e alucinações em seu praticante, que acredita que desta maneira
alcança cura de suas doenças. (TERRA
mística).
Atividade 2
a)
Crie um acróstico a partir da palavra Xamanismo.
b)
Você conhece algum ritual de cura na sua comunidade? Cite os rituais que
conhece e comente sobre eles com os colegas. Lembre-se que temos que considerar
os benzimentos realizados por curandeiros, orações de cura, cirurgias
espirituais realizados no espiritismo, e as curas feitas por devoção e fé.
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