III Bimestre - UNIVERSO SIMBÓLICO RELIGIOSO: SÍMBOLOS RELIGIOSOS


UNIVERSO SIMBÓLICO RELIGIOSO: SÍMBOLOS RELIGIOSOS

Os símbolos são linguagens que expressam sentidos, comunicam e exercem papel relevante para a vida imaginativa e para a constituição das diferentes religiões no mundo. Neste contexto, o símbolo é definido como qualquer coisa que veicule uma concepção: pode ser uma palavra, um som, um gesto, um ritual, um sonho, uma obra de arte, uma notação matemática, cores, textos e outros.
Tendo em vista o conteúdo Símbolos Religiosos, este capítulo está dividido em:
1. Os símbolos comunicam
2. O fogo como símbolo sagrado
3. A água como símbolo sagrado
Os objetivos propostos no desenvolvimento destas unidades são:
• perceber a riqueza de sentidos dos símbolos diferenciando-os dos sinais.
• identificar os símbolos de diversas tradições religiosas do mundo, compreendendo alguns dos seus significados;
• identificar o papel do símbolo na estruturação e manutenção das religiões.

OS SÍMBOLOS COMUNICAM
Utilizamos em nosso dia a dia sinais, gestos e símbolos sem perceber.
Como seria o mundo se não houvesse a linguagem simbólica?
Você consegue conversar com alguém pessoalmente sem fazer uso de gestos ou palavras?
É divertido realizar comunicação usando símbolos! Decifre a carta enigmática a seguir.

Escreva a mensagem no seu caderno.


CARTA ENIGMÁTICA:

É uma “carta-jogo”, ou seja, uma carta com ilustrações no meio do texto verbal para que a leitura vire um suspense.
Só foi possível compreender a mensagem da carta enigmática porque você conhecia o significado das figuras. As figuras funcionam como um código de linguagem, onde quem escreve e quem lê reconhece os significados. Compreendemos, então, que a linguagem é feita de símbolos. A linguagem humana se aprimorou quando os primeiros homens e mulheres começaram a repetir sons da natureza (ruídos de animais, barulho de cachoeiras, ruído dos ventos, trovões etc.). Assim a música também começou. Pelas necessidades do corpo como a fome, a sede, o medo, a dor, o prazer etc., as pessoas se colocaram a produzir mensagens indicando o que sentiam, mensagens por sons, por gestos, por posturas, expressões do rosto, etc.
Como sempre convivemos em grupos, a comunicação é necessária, até mesmo como um modo de garantir a sobrevivência. Você já reparou como a linguagem não é uma exclusividade humana?
Os animais se comunicam por seus gestos corporais, modo de respirar, sons. Os insetos, plantas e animais são hábeis na comunicação por cores. O vermelho de um inseto pode servir como sinal de “Afastese, sou perigoso!” ou “Não me coma: sou venenoso!”
É impressionante observar como a vida se comunica pelos sons, cores, formas, tamanhos etc. Do mesmo modo as religiões comunicam suas mensagens desde a construção das formas e cores do templo, até os gestos utilizados nos rituais. Tudo é comunicação! É preciso ser um bom leitor e uma boa leitora do mundo para compreender a diversidade.

Atividades 1
a) Entreviste pessoas e pergunte quais são os símbolos religiosos que eles conhecem.


Os símbolos
Ao longo da vida as pessoas adquirem hábitos, comportamentos e objetos e vão atribuindo a eles significados especiais, o que os transforma em símbolos. As músicas que marcaram épocas, o início de namoro ou o uso de medalhas, santinhos, colares, escapulários ou fitas para se protegerem, são exemplos da utilização dos símbolos no cotidiano do ser humano.
Os símbolos também aparecem nas casas ou outro ambiente, com a presença de elementos da natureza (fontes de água, por exemplo) atraem boas energias, garantem harmonia e equilíbrio que influenciam positivamente o comportamento.
O escapulário ou o bentinho: consiste em duas imagens sagradas. Essas imagens são unidas por fita ou barbante e colocadas no pescoço, uma imagem fica sobre o peito e a outra nas costas.
O símbolo pode relacionar-se a acontecimentos marcantes. Para as pessoas religiosas os símbolos de sua religião se vinculam aquilo que é sagrado.
Preste atenção a esta ideia: Segundo a filósofa brasileira Marilena Chauí (2006), no mundo há muito para ser decifrado, ele é cheio de comunicados, tudo pode significar algo além de sua aparência, como certas posições, roupas, palavras etc.

Vamos entender melhor!
Cores, palavras, cantos, poesias, monumentos, vestes, mobílias, construções, elementos da natureza, pinturas na pele e outros elementos fazem parte do universo simbólico religioso. Há uma grande diversidade de manifestações religiosas, todas elas com seu próprio universo de símbolos. As cores apresentam diversos significados simbólicos, variando de acordo com cada cultura e olhar que o ser humano atribui a ela.
Para exemplificar:
A utilização da cor preta para os ocidentais é associado à morte e ao luto, já os orientais associam a morte a cor branca. O azul escuro pode significar para o ser humano o mistério e a profundidade da alma. O vermelho pode simbolizar para o homem a vida, o nascimento, a morte, a paixão e o amor. As vestes utilizadas pelos líderes religiosos também possuem um sentido simbólico. A batina é uma vestimenta utilizada por diáconos, presbíteros, bispos e seminaristas. Ela possui 33 botões para representar a idade de Cristo, e nos punhos mais cinco botões para representar as Chagas de Cristo. A cor mais usada por seminaristas, diáconos e presbíteros é o preto, com colarinho branco.
Normalmente, nos rituais da Umbanda, é utilizada as vestes brancas, significando pureza e tranquilidade. Durante os trabalhos nunca usam as mesmas roupas que vestem em casa. As roupas devem estar limpas, por isso eles só as vestem um pouco antes de iniciar os rituais. Além da diversidade de cores e de vestimentas que compõem o universo religioso, encontramos nas religiões imagens e objetos que são considerados símbolos sagrados.
Vamos refletir sobre isso agora?
Kipá: uma espécie de pequeno chapéu que os judeus costumam usar para cobrir a cabeça. Ele é símbolo de submissão a vontade de Deus, e coloca o homem em posição de humilde servidor de sua vontade.
Lótus: em diversas tradições religiosas orientais simboliza o princípio da reencarnação. É uma planta que na Índia, na Ásia Oriental e no Egito tem um papel simbólico relevante. Suas pétalas fecham à noite, recolhendo-se e desabrocham ao nascer do sol. A flor de lótus é um antigo símbolo da luz, ela nasce em águas lamacentas e se abre para a luz na superfície das águas onde desabrocha, por isso é um símbolo do desabrochar espiritual.
No Egito simbolizava o mundo de fertilidade que nasce da umidade, era ligada também ao Rio Nilo, o rio sagrado e nutriente. O perfume do Lótus azul era considerado rejuvenescedor. Muito utilizado nas cerimônias de enterro e ornamentação de templos. Também o Budismo e o Hinduísmo possuem um rico simbolismo relacionado ao Lótus. O botão da flor de Lótus na superfície das águas primordiais simboliza a totalidade de todas as possibilidades ainda não manifestadas antes da criação do mundo é também símbolo do coração do homem.
Anel: devido a sua forma sem começo nem fim, é o símbolo da eternidade, da união, da fidelidade, da integração em uma comunidade. Por isso aparece também como condecoração, distinção e honraria (aliança dos noivos e casados, dos médicos, dos formandos em geral e outros).
Chave: o simbolismo da chave está no fato de servir tanto para abrir como para fechar. Na Umbanda significa a abertura dos caminhos para a felicidade. No Budismo simboliza a felicidade, pois é utilizada para abrir o celeiro de arroz no Japão (no sentido espiritual simboliza os tesouros escondidos). Para o catolicismo refere-se ao poder concedido a apóstolo Pedro de ligar e desligar as pessoas ao reino dos céus.
Tambor: algumas comunidades africanas consideram o tambor tão ancestral como o próprio homem. Os primeiros tambores foram confeccionados na pré-história e também foram utilizados para cultuar Deuses.
Você sabia que muitos animais também são considerados sagrados ou especiais em diferentes tradições religiosas?
Vaca: é sagrada para o Hinduísmo, assim como toda a natureza. Ela simboliza a mãe da humanidade, pois com seu leite alimenta pessoas do mundo todo, que além de beber o leite consomem o queijo, a manteiga e outros derivados de leite.
Pomba: na Bíblia, Noé solta três pombas após o Dilúvio e uma delas volta com um ramo de oliveira no bico. A pomba branca simboliza a simplicidade, pureza, e, para o cristianismo, o Espírito Santo. No entanto, pode ser um símbolo do batismo do cristão, dos mártires ou da alma no estado de paz celestial. Um casal de pombas brancas é um símbolo popular do amor.

Atividade 2
Pesquise outros animais que são considerados símbolos religiosos. Escreva no seu caderno a qual religião pertencem e sua importância para a religião.
Sugestão: Observe a presença de animais em emblemas religiosos, pinturas, esculturas e sua aparição em textos sagrados.

Os símbolos relacionados a seguir identificam algumas religiões

A estrela de Davi, de seis pontas, ou selo de Salomão, é um dos símbolos do Judaísmo que representava a forma do acampamento usado como estratégia militar para proteger o tabernáculo durante a peregrinação do povo hebreu pelo deserto conduzido por Moisés. O tabernáculo do povo hebreu na passagem pelo deserto era montado no centro do acampamento. Ali ficava a arca da aliança, que simbolizava a presença de Deus. Em cada ponta ficava uma ou mais tribos com o propósito de proteger o tabernáculo de invasores.
Taoísmo, religião de origem chinesa. Yin e Yang representam as próprias polaridades da vida, tais como: alto e baixo; feminino e masculino; dia e noite; frio e calor; e assim por diante. Com este símbolo eles mostram que toda a vida no universo se constitui a partir da combinação destas duas forças.

Você sabia que há uma grande diversidade de tipos de cruz? Conheça algumas!

A cruz é um dos principais símbolos do Cristianismo. A cruz vazia representa a vitória e a ressurreição de Cristo, simboliza que Ele está vivo. Os cristãos creem que Jesus Cristo deu a sua vida por amor a todas as pessoas. O cristianismo tem como principal ensinamento o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Para algumas comunidades africanas a cruz pode significar encruzilhada, lugar onde os caminhos dos vivos (homens) e dos mortos, dos espíritos e dos Deuses se cruzam. A cruz também simboliza a união entre as energias do céu e da terra. É um símbolo do equilíbrio entre as quatro direções.
Cruz Suástica: Geralmente quando vemos uma suástica lembramos do nazismo, mas ela em sua origem não tem nada a ver com ele. Saiba que, na verdade, a suástica é um símbolo conhecido há mais de cinco mil anos. Este símbolo fazia e faz parte das cerimônias religiosas antigas no oriente, representando a paz, o amor e a fortuna.

Atividade 3
Agora faça uma pesquisa e desenhe em seu caderno os símbolos que identificam as seguintes religiões:
· Islamismo
· Candomblé
· Religiões Nativas (indígenas)




O FOGO COMO SÍMBOLO SAGRADO

Os primeiros humanos já cultuavam e temiam o poder do fogo No Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, os grupos humanos eram nômades e ainda não haviam desenvolvido a agricultura, alimentavam-se somente da caça, da pesca e da coleta de frutos. Com o passar do tempo, o planeta Terra sofreu diversas transformações climáticas, alterando o modo de vida dos grupos humanos, que passaram a utilizar a caverna para se proteger do frio, da chuva e dos animais.
Acredita-se que o fogo tenha sido controlado há 500 mil anos na África Oriental. Com o domínio do fogo, os primeiros humanos tornaram-se mais independentes da natureza, pois com ele passaram a aquecer suas cavernas e a cozinhar seus alimentos, tornando a carne da caça mais fácil de mastigar. Além disso, o fogo ajudava os grupos a se livrarem dos animais selvagens e a escuridão não era mais um obstáculo.

VOCÊ SABIA!
A produção do fogo provavelmente tenha sido realizada pelo atrito de duas pedras ou graveto sobre um pedaço de madeira seca, o que provocava fagulhas.

Desafio de dominar o fogo
Existem vários mitos sobre a origem do fogo. Em relatos na história da civilização, é dito que o fogo era um patrimônio dos Deuses e era mantido longe da humanidade. Mas no decorrer do tempo o homem desafiou a ordem divina através do roubo e da apropriação do fogo.
A seguir, conheça outros textos que relatam o mito do roubo do fogo.

Texto 1: Fogo, o presente divino
O ser humano não conhecia o fogo e vivia em
diversos lugares da natureza. Continuariam
assim se não fosse o titã Prometeu, que amava
muito os homens. Sua dedicação e seu objetivo
sagrado era ficar próximo aos mortais e ajudálos
a ter uma vida melhor.
Prometeu sabia que seu amor pela humanidade
traria algumas consequências graves, mas
nunca deixou se intimidar, porque, como sempre
falava: “Sem sacrifício, não se consegue nada
nobre ou belo”.
Sua primeira ação para a humanidade foi doar
o fogo. Ele o pegou da forja de Hefesto e,
segurando-o no alto, numa tocha acesa que
bania a escuridão, levou-o correndo para seus
amigos mortais.
Os mortais, ao receberem exclamaram: “Uma
dádiva dos Deuses”! Assim acenderam fogueiras
permanentes em vários lugares para ter luz e
calor, cozer o alimento e oferecer sacrifícios aos
Deuses.
Prometeu não fez só isso, ensinou também,
o homem a trabalhar com o fogo e logo eles
construíram seus primeiros fornos e começaram
a fundir minério.

Texto 2: A origem do fogo segundo os mbyá-guarani
No princípio, quem possuía o domínio do fogo
eram os abutres, não se sabe como haviam
conseguido, somente que o fogo não estava
destinado a ser deste mundo.
Os abutres sempre desciam para dançar e se
transformavam em Tups. Quando chegaram na
casa de danças, encontraram o dono morto.
Com a intenção de assá-lo para comê-lo, fizeram
o fogo.
No momento que depositaram o dono no fogo, o
morto saltou e sacudiu, dizendo ao sapo:
- Aposse-se do fogo!
Os Tups saem voando já transformados em
abutres e levam todo o fogo existente.
Mas o sapo tinha engolido alguns carvões
acesos. Ao cuspir, havia duas pequenas brasas.
Uma foi depositada na cápsula seca de pindoba
e a outra num ramo de chirca.
Foi o sapo que fez existir o fogo neste mundo.

Atividade 1
Leia os textos 1 e 2, que tratam do roubo do fogo, e, em seguida, responda às questões:
a) Quais foram as consequências do roubo do fogo? E o que significa ter o domínio do fogo?
b) Crie uma história em quadrinhos com as histórias: “Fogo, o presente divino” e “A origem do fogo segundo os mbyá-guarani.”

O que o fogo tem a ver com religião?
O homem primitivo acreditava que os acontecimentos da natureza eram forças divinas e superiores ao ser humano. Acreditavam, então, que o fogo era o elemento que separava o mundo visível do invisível. O homem promovia rituais que muitas vezes tinham uma aparência assustadora, por oferecerem aos Deuses aquilo que consideravam preciosos e queridos como alguns grupos que ofereciam seres humanos ou animais, queimando-os em fogueira. Por muito tempo a crença de queimar seres humanos e animais em oferenda aos Deuses existiu, um exemplo era a civilização Asteca, que vivia na região que atualmente é o México. Aos poucos esses rituais foram sendo substituídos por cerimônias simbólicas, como a fogueira, que passou a ser representada pela vela, tocha, lamparina, candelabro e até mesmo lâmpadas elétricas. As cerimônias simbólicas passaram a ter grande importância por representar e expressar conceito ou sentido, ligando o mundo visível com o invisível, além de contribuir para a imaginação.

Fogo: símbolo sagrado nas diversas religiões
O yajña é o ritual do fogo sagrado para os hindus, também chamado agnihotra, homa ou havana. O fogo é um símbolo muito poderoso para o Hinduísmo, pois acreditam que o seu calor transmite bênçãos de Deus e representa também a consciência material. Existe o samagri, que é uma mistura de ervas medicinais, doces e cereais que se oferece ao fogo. Além da função de purificar o ambiente, o ser humano também precisa estar disposto em queimar seu ego; ofertar ao fogo seus sentidos, suas emoções, seus pensamentos, não para destruí-los, mas sim para transformar e purificar.
Então, o que torna o fogo sagrado não é o ritual exterior, mas a atitude com que fazemos o ritual. Em algumas festas religiosas do Hinduísmo encontramos o fogo como representação simbólica, um exemplo é a festa Divali (significa fileira das luzes), considerada a festa da luz no mês de outubro. Nela são acesas lamparinas de óleo que são queimadas no beiral das janelas e das imagens dos Deuses, celebrando assim o dia do Ano Novo.
Outra comemoração dos hindus em que aparece o fogo como elemento símbolo é a Holi, também conhecida como festival das cores, que celebra a chegada da primavera numa grande festa com fogueira em honra à Kama, Deus do amor. O ritual do fogo também aparece nas celebrações de casamento dos hindus, pois através dele invocam os Deuses a fim de levarem uma vida religiosa gloriosa. Outro ato na celebração do casamento, em que temos como símbolo o fogo sagrado, é quando o casal oferece arroz e manteiga ao fogo, representando a igualdade de direitos e deveres.
Somente quando o casal dá as quatro voltas ao redor do fogo sagrado é que são considerados marido e mulher, pois esse momento é conhecido como mangal fera (ciclo da vida). Nessas voltas, o homem promete a sua futura mulher que a manterá com ele e a protegerá por toda a sua vida e, na última volta, a mulher adianta-se prometendo guiar seu futuro marido pelos caminhos da verdade. Para o hinduísmo esse ritual das quatro voltas ao redor do fogo sagrado é importante, pois representa: dharma (religião, dever e retidão), artha (prosperidade), kama (energia e paixão) e moksha (libertação).
Para os muçulmanos, a figura de Muhammad (Maomé), grande profeta, é tida como o símbolo de uma tocha viva. Uma ligação entre a Terra e o mundo de Alá. Nas comunidades das florestas é comum as pessoas se reunirem em torno da fogueira e ouvirem dos anciãos histórias sobre a criação do mundo e dos espíritos, neste local também dançam, cantam e fazem suas preces.
Para o Judaísmo o fogo é representado no candelabro de sete pontas, conhecido como Menorah. Sua representação rememora a criação do mundo por Deus em seis dias e o sétimo dia é chamado de Sabbath, o dia do descanso para os judeus. O candelabro é representado na festa de Hanucá ou Chanucá, no mês de dezembro, e representa a vitória dos judeus sobre os sírios no ano 165 antes de Cristo.

Sua celebração é anual e representa a sobrevivência espiritual dos judeus, pois o rei Antióquio IV declarou ilegais as práticas religiosas judaicas e forçou os judeus a adotarem rituais gregos. Diante da situação, os judeus lutaram contra essas imposições religiosas gregas e procuraram reconstituir os templos judaicos, dando origem à festa de Hanucá ou Chanucá, o milagre do óleo - em resistência às práticas religiosas gregas, os judeus não tinham óleo suficiente para manter o Memorah, ou candelabro aceso, mas, por um milagre, o óleo durou 8 dias.
No Judaísmo e no Cristianismo, além do candelabro, outra forma em que o fogo aparece como símbolo é na passagem bíblica em que Deus se manifesta a Moisés como fogo: “O anjo de Javé apareceu a Moisés numa chama de fogo do meio de uma sarça. Moisés prestou atenção: a sarça ardia no fogo, mas não se consumia. Então Moisés pensou: ‘Vou chegar mais perto e ver essa coisa estranha! Por que será que a sarça não se consome?’ Javé viu Moisés que se aproximava para olhar. E do meio da sarça Deus o chamou: ‘Moisés, Moisés!’ Ele respondeu: ‘Aqui estou’. Deus disse: ‘Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, porque o lugar onde você está pisando é um lugar sagrado’.” (Ex. 3, 2:5, BÍBLIA, 1987). Para os católicos o fogo pode ser encontrado em diversas comemorações, representando a luz de Cristo presente no coração das pessoas. Na Semana Santa, no Sábado de Aleluia, é realizada a bênção do fogo por meio da fogueira, sendo o fogo bento utilizado em outras celebrações, como no batizado, que, pela vela acesa, simboliza o sinal da fé entregue ao indivíduo.
Para os cristãos a comemoração do dia de Pentecostes que se dá após 50 dias depois da Páscoa, significa a descida do Espírito Santo, que vem com a intenção de transformar, purificar as pessoas, acendendo ou revivendo a sua fé. Este Espírito Santo que desceu na forma de línguas de fogo sob os seguidores de Jesus que estavam reunidos num mesmo lugar trouxe dons aos servos de Deus, como o de falar em outras línguas. No Zoroastrismo, religião encontrada principalmente na Índia, tem como símbolo o caldeirão do fogo, que representa pureza e eternidade, considerado o símbolo de veneração, purificador e sustentador na natureza do sol. O fogo para o Zoroastrismo é chamado de Arar Behram, que queima em todo o templo. Esse fogo sagrado jamais irá se acabar por ser imortal, sendo constantemente mantido, e representa Deus. As cinzas são aplicadas na testa em sinal de destruição das impurezas.

Atividade 2
a)      Cristão é todo aquele que professa e acredita em Jesus Cristo. Pesquise em jornais, revistas, internet, quais são as religiões históricas consideradas cristãs.


b)       Conforme o texto, percebemos que o fogo é um símbolo para diversas religiões. Relacione a primeira coluna com a segunda:


(1) Muçulmanos
(2) Cristãos
(3) Zoroastrismo
(4) Hindus
(5) Animismo
(6) Judaísmo
(7) Comunidade das florestas

(  ) Espírito Santo
(  ) Representa Deus
(  ) Tocha Viva
(  ) Calor que transmite benção de Deus
(  ) Candelabro de 7 pontas
(  ) Força divina
( ) Feito fogueira para os ensinamentos sobre a criação do mundo













c)       Encontre no caça-palavras alguns itens que são usados na Festa do Chanucá ou Hanucá: candelabro, vela e pião.
E  B  K  A  N  D  O  T  Y  E  U  V  E  A  L  E  T  W  A  K
D  Y  L  T  D  O  D  I  R  M  E  V  D  F  I  V  R  E   E    O
C  H  P   I   I  C  A  G  T  F  D  E  S  M  N  W  R  V  U   I
R  N  Ç  V  R  E  D  R  F  S  S  L  O  T  H  A  V  T  E    A
F  U  W  A  S  S  I   G  V  E  V  A  E  K  O  T  P  A  V  O
V  J  E  T  O  F   I   G  E  R  W  P  T  Y  F  K  Ç  P   M  O
C  A  N   D   E  L  A  B  R  O  K   I  R  O  R  E A  U L V
P  I  R  U  L  I  P  T  G  Y  L  Ã  D  L   I   I   F   L   I    I
A  R  F  I  G  P  E  W  A  T  W  O  D  S  T  U  E  I  N  N
T  S  O  P  Q  P U  O  T  T  R  V  R  R  O  T  F  N  D  H
W  T  D  G  T   Q  O  T  U  D  T  Q  F  G  S  R  I  I  P  U

Encontro entre líderes religiosos – Vela como símbolo
No dia 24 de janeiro de 2002 em Assis, na Itália, o papa João Paulo II organizou um encontro entre Cardeais católicos romanos, muçulmanos, rabinos, monges budistas, sikhs, bahis, hindus, jainistas, zoroastristas e membros de religiões tradicionais africanas com a intenção de reforçar a mensagem após os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos: “que a religião não deve ser um motivo para conflitos no século XXI” (PAPA JOÃO PAULO II).
Cada líder religioso assinou um “Compromisso Comum pela Paz” e, como símbolo desse compromisso, acenderam uma vela indicando que, mesmo tendo diferenças em suas crenças todas as religiões pregam a paz entre a humanidade e que todo ato de violência não tem relação com religião.
Nesse dia de oração pela paz, diversos líderes religiosos se reuniram com o mesmo objetivo, porém não significou sincretismo, pois cada líder rezou conforme suas crenças, em lugares diferentes. Segundo o Papa João Paulo II: “Não se dissipam as trevas com as armas, mas acendendo focos de luz”.

O fogo também é considerado um dos 4 Elementos Naturais
Empédocles, filósofo grego que viveu entre 492 a 434 a.C., foi o primeiro a estudar os quatro elementos da natureza: terra, ar, água e fogo, chamando tais elementos de raízes. Para ele, da mistura desses quatro elementos é que surgiam as coisas. Todas as ações da natureza seriam consequências da combinação e interação dos quatro elementos primordiais que se combinam e se separam, mas nunca nascem ou morrem.
As tradições religiosas também atribuem significados aos quatro elementos naturais. Como, por exemplo, podemos encontrar nas religiões de tradição africana relações desses elementos com divindades: Exu – elemento fogo; Oxum – elemento água; Nana – elemento terra; Oxalá – elemento ar.
Vejamos cada um desses quatro elementos:
Água: A água é essencial ao mundo inteiro e é ela que mantém a vida. Nas tradições religiosas, a água pode ser encontrada em diversos ritos por representar a fonte de vida. Ela apresenta também a função de desintegrar, extinguir as formas, “lavar o pecado”, purificar e regenerar ao mesmo tempo.
Terra: A terra é que dá forma e estrutura a tudo que existe. É o centro do universo. Lugar em que ocorre a transformação, valorizada por ter a capacidade infinita de produzir frutos. Nela está a simbologia da maternidade, além de ser a fonte de todas as formas vivas, de guardiã das crianças e de matriz, na qual se sepultam os mortos.
Ar:  O ar representa o meio onde acontece o início de todas as ações e realizações humanas. Estamos em constante união com esse elemento, pois é através do ar que respiramos e, se ficarmos alguns instantes sem ele, isso pode significar a morte.
Fogo: O fogo representa a mudança contínua, contraste e harmonia. O fogo pode estar relacionado com a vida e com a morte. A simbologia do fogo nas tradições religiosas está em libertar e purificar.

Atividade 3
As tradições afro-brasileiras relacionam os quatro elementos como divindades. Pesquise na internet os orixás e qual é o elemento da natureza de cada um deles.


A ÁGUA COMO SÍMBOLO SAGRADO
 “A água é a fonte de toda a vida.” (Alcorão)
“A água é a maior sustentadora, portanto é como uma mãe.” (Taittiriya Samhita)
“Enquanto o poço não seca, não sabemos dar valor à água.” (Thomas Fuller)
“Os desejos humanos são infindáveis. São como a sede de um homem que bebe água salgada, não se satisfaz e a sua sede apenas aumenta.” (Textos budistas)
“Nenhuma medida poderia contribuir mais para reduzir a incidência de doenças e salvar vidas o mundo em desenvolvimento do que fornecer água potável e saneamento adequado para todos.” (Kofi Annan)

Atividade 1
a) Escute as músicas Planeta água, de Guilherme Arantes, e Planeta Azul, de Chitãozinho e Xororó, e registre os sentimentos que as letras das músicas lhe transmitem.
b) As músicas apresentam algum significado religioso? Justifique.
c) As músicas discutem a preservação e a importância da água? Por quê?

Da água surgiu a vida, de um curso d’água nasce uma civilização
Na formação das cidades e das vilas, os rios foram fundamentais. Não é por acaso que os grupos humanos procuram, desde tempos remotos, a margem dos rios para se fixar. Nesses lugares desenvolveram se antigas cidades construídas pela humanidade. Exemplos dessas sociedades são a dos sumérios (nas proximidades dos rios Tigre e Eufrates), a dos egípcios (nas margens do Rio Nilo), a dos chineses (nos vales dos Rios Amarelo e Azul) e a dos indianos (nas margens do Rio Indo).


A ÁGUA COMO SÍMBOLO SAGRADO PARA AS RELIGIÕES
A água é fonte de vida e também aparece como um símbolo sagrado para as manifestações religiosas através dos rituais religiosos e da crença de purificação. Ela é considerada purificadora na maioria das religiões, dentre elas o Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo, Xintoísmo e Tradições Nas igrejas cristãs encontramos rituais como batizados e bênçãos que utilizam a água como símbolo sagrado.
No Judaísmo e no Islamismo destina-se aos mortos um banho de água purificada, simbolizando a passagem para a nova vida espiritual eterna. No Islamismo, os fiéis, antes de praticarem as orações diárias, devem lavar parte do corpo com água limpa. Nas cerimônias Xintoístas, a água é um elemento natural purificador que livra do mal e das impurezas.
Nos santuários, há uma pia com água corrente onde os fiéis fazem seus rituais de purificação. Na religião de Wicca (culto à divina Mãe), a água também tem por finalidade purificar, sendo usada na limpeza astral como meio de mandar para fora todas as negatividades e afugentar as energias estranhas. Por esta razão são elaborados banhos especiais: do amor, da paz e das oportunidades, nos quais são usadas plantas como alecrim, erva-doce, manjericão, tomilho, menta, entre outros.
Hinduísmo
Küng (2004) diz que para o Hinduísmo os rios são considerados sagrados, porém não existe nenhum rio mais importante nem mais sagrado do que o Ganges. Vamos conhecer um dos mitos relacionados a esse rio?
Um dos mitos sobre o surgimento do rio Ganges conta que o Rei dos Oceanos, muito forte e poderoso, conseguiu massacrar todos os demônios da Terra. Certa vez ele fazia um ritual de sacrifício de um cavalo para proclamar sua supremacia sobre outros Deuses. Então Indra, o Deus da Chuva, ficou com medo de perder seu poder e roubou o cavalo do Rei dos Oceanos e o amarrou ao lado de Kapil, um sábio que meditava. O Rei dos Oceanos mandou seus 60 mil filhos procurarem o cavalo. E eles assim o fizeram. Encontraram o cavalo ao lado do sábio que meditava. Pensaram ter encontrado o ladrão e conspiraram contra ele. Ao sair de sua meditação Kapil viu que iriam lhe fazer mal, então reduziu os 60 mil filhos do Rei dos Oceanos a cinzas.
O neto do Rei correu para contar ao avô o que aconteceu. Ele se chamava Anshuman, e foi ele quem trouxe o cavalo de volta. Bem, o único jeito para que os filhos do Rei chegassem até a abóbada celeste seria se Ganges descesse do céu até a terra, para que as águas pudessem purificar as cinzas de seus filhos. Mas Anshuman não conseguiu e então foi até o Himalaia e começou a meditar. Foi aí que Ganges (a Deusa Ganga) lhe apareceu em seu corpo físico e concordou em descer até a Terra desde que alguém pudesse amortecer o impacto de sua poderosa queda, pois ele era tão forte e imenso que toda a Terra poderia ser destruída pelo impacto. Então o neto do Rei dos Oceanos implorou para que Deus Shiva suavizasse o impacto da descida do Ganges usando seus próprios cabelos. Assim foi... e o Ganges desceu pelos cabelos de Shiva até o lugar onde estavam as cinzas dos 60 mil filhos. Deste modo purificou suas almas e abriu o caminho deles para chegarem aos céus. (BIODIVERSIDADE Ambiental, 2008.)
Para o Hinduísmo o rio Ganges é a continuação do céu e também a ponte sagrada para o divino. É comum ver hinduístas banhar-se no rio para obter a purificação dos pecados do espírito e do corpo; e os fiéis, nos rituais fúnebres, lançarem as cinzas dos mortos, seguindo o exemplo dos “filhos do rei Sagar”, a fim de conseguir efetuar a transição para os céus.
A crença hinduísta baseia-se na ideia de um ciclo sucessivo de nascimento, morte e renascimento. Para se libertar desse ciclo a cada reencarnação, é preciso levar uma vida voltada para o bem. Uma vida pacífica, dedicar-se a estudos, a meditações e as orações são maneiras de alcançar o seu ideal de vida, e, se possível, após a morte, é bom ter as cinzas lançadas no Ganges. “[...] Ao contrário do mar, que é “masculino”, para eles o Ganges é “feminino”, chamam-no Mãe Ganga [...]” (KÜNG, 2004, p. 58).
“[...] Desde tempos antiquíssimos, o banho (snana) serve para os indianos como um ato de purificação (sodhana). Quando corretamente realizado, ele alcança a pureza do corpo e, ao mesmo tempo, a santidade espiritual. Melhor do que em águas paradas, e melhor ainda do que no mar, onde se reúne toda impureza, o banho é feito na água corrente de uma fonte ou de um rio. E que rio haveria de ser mais adequado, que rio seria mais eficaz para isso do que o mais sagrado dos rios, Mãe Ganga? Seja qual for a água que se utilize, diz-se na Índia, ela deve ser considerada como água do Ganges, mesmo sem o ser. Nos degraus sagrados do banho – os ghats (ghatas), que pretendem facilitar aos fiéis o acesso à água – o banhista se une ao céu e à terra” (KÜNG, 2004, p. 59). A água do Ganges também é bebida e levada para casa, como água benta, para rituais domésticos ou no templo.
Islamismo
A ablução
Ó vós que sois crentes! Quando vos dispuserdes à Oração, lavai o rosto e as mãos até os cotovelos! Passai a mão pela cabeça e os pés até os tornozelos!
Se estais sujos, purificai-vos!... e, se não encontrardes água, recorrei a boa areia e passai-a sobre o rosto e as mãos! (Corão apud FREITAS, s.d.)
De acordo com os textos sagrados que fazem parte do Alcorão, os muçulmanos devem fazer uma oração conhecida como salat, cinco vezes por dia. Elas podem ser feitas em qualquer lugar, desde que a pessoa esteja com o corpo voltado em direção a Meca. Para tanto, devem estar ritualmente limpos. Por isso, nas mesquitas há áreas especiais, chamadas de áreas de lavagens ou abluções, onde os fiéis muitas vezes banham o corpo inteiro ou então lavam os pés, as mãos, a boca, o rosto e os antebraços. Se a pessoa estiver num local onde o uso da água não é aconselhável (porque pode causar uma doença), pode substituir as abluções pelo uso da areia ou terra. Para os muçulmanos, o Corão não deve ser tocado com as mãos sujas e espírito impuro, é necessário que se lavem as mãos com água ou areia. Pense bem: em desertos onde a água é escassa, a areia cumpre a função de limpar.

Atividade 2
Além de ser vital para a sobrevivência do ser humano, indique outras finalidades da água nas práticas religiosas e apresente para turma.

Candomblé
Iemanjá, orixá feminino, representada pela água, é cultuada no Candomblé. Também é considerada a mãe dos orixás e de todos os que acreditam. Seu nome vem do ioruba, no qual significa Yemojá: Yiye Omo, a mãe dos filhos-peixe. (REVISTA HORIZONTE, n. 68, p. 64-65). Seu culto vem da atual Nigéria, mas em Luanda, Angola, a divindade conhecida como Kiandra recebe homenagens de oferendas no mar iguais são feitas no Brasil. (LOPES, 2006, p.78). As homenagens para Iemanjá, no Brasil, acontecem em datas diferentes, dependendo da região. A mais conhecida é na passagem do dia 31 de dezembro para 1º de janeiro, onde milhares de pessoas reúnem-se à beira do mar para prestar homenagem à grande mãe de todos os mares e oceanos. Nesse dia, os que acreditam levam flores e perfumes, pulam sete ondas e tomam banho de champanhe. É o momento de se pedir por um ano melhor que o anterior e também tem como objetivo a purificação.
Os rituais das festas ocorrem de maneiras diferentes. Em Salvador, no dia 2 de fevereiro, se realiza a maior cerimônia do Candomblé para a grande mãe dos orixás. A celebração envolve milhares de adeptos que, trajados de branco, saem em procissão até o templo-mor, localizado próximo à foz do Rio Vermelho, onde depositam variedades de oferendas, tais como espelhos, comidas, joias, perfumes entre outros. Outra grande festa ocorre em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no dia 8 de dezembro, devido ao sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes. A festa católica acontece na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, enquanto os seguidores do Candomblé realizam suas celebrações na areia.

Atividade 3
a) Que sensações, sentimentos e pensamentos a música “Dona Janaína” lhe trouxe? Expresse isso por meio de uma pintura, escultura ou dança.
b) Recorte de revistas e/ou jornais figuras, entrevistas, reportagens que falem sobre as comemorações afro-brasileiras e organize uma colagem em seu caderno.


Umbanda
Para os adeptos da Umbanda, a água também é um elemento primordial. Ela está presente nos rituais de consagração bem como nos banhos ritualísticos, os quais, de maneira geral, têm por finalidade a troca energética entre o indivíduo e a natureza, restabelecendo o equilíbrio energético físico, mental e espiritual da pessoa. Esses banhos também são conhecidos como “banho de cheiro”, por serem empregadas ervas aromáticas.
A composição de cada banho varia consideravelmente, pois tem sua base em nossa flora tropical, tão rica em essências e ervas aromáticas. Há banhos especiais para determinados trabalhos ou durante o desenvolvimento mediúnico, como também para trazer sorte, saúde e felicidade. Os pretos velhos apreciam muito receitar tais banhos.

Atividade 4
a) Vamos fazer um desenho coletivo? Em grupo de cinco pessoas Em círculo, numa cartolina, o primeiro participante inicia um desenho sobre as religiões estudadas. Depois de um tempo determinado pelo professor, passa para o próximo colega, e assim consecutivamente, até que todos tenham participado. Na sequência, comentar com a turma o que foi desenhado e o que ainda poderia ser acrescentado.

Cristianismo
No cristianismo a água também faz parte de vários rituais sagrados. É usada para purificar as mãos do sacerdote, para ser misturada com o vinho, simbolizando a união da humanidade com a divindade de Jesus. Também é um dos elementos essenciais do batismo (do verbo grego baptízein: “imergir em água”), sacramento que simboliza o rito celebrado por João Batista e em obediência apostólica à ordem de “batizar em nome de Jesus Cristo”, indicando a purificação dos pecados pela fé cristã e consequente ingresso na comunidade dos fiéis. (MARTINI, 2002, p.54).
O batismo representa morte, sepultamento e ressurreição. Ao mergulhar na água, a pessoa é sepultada como Cristo foi sepultado e, ao sair dela, ressuscita-se como Jesus ressuscitou. “Simbolicamente, o homem morre através da imersão e renasce purificado, renovado, exatamente como Cristo ressuscitou do seu túmulo” (ELIADE, 1992, p.160).
Na Bíblia (1987), encontra-se o significado do batismo, nas seguintes passagens:
“Vós não sabeis que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Nós fomos, pois, sepultados com ele, a fim de morrer (para o pecado) pelo batismo, para que assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim nós vivamos uma vida nova. Porque, se nos tornamos uma só planta com Cristo, por uma morte semelhante a dele, o mesmo sucederá por uma ressurreição semelhante.” (Rm 6,3-5).
“Sepultados com ele no batismo, nele, também ressuscitaste pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos.” (Cl 2,12).
A água também é aspergida pelo sacerdote com uma trouxinha verde de alecrim, hortelã, erva cidreira e outras plantas cheirosas em vários momentos - abençoar os alimentos, as pessoas, as alianças.
Simbolismo do dilúvio
Muitas civilizações possuem em suas tradições religiosas histórias sobre uma grande enchente que arrasou a terra, conhecida como dilúvio, no qual quase toda a humanidade pereceu e poucos se salvaram. Elas apresentam claramente a instauração de uma nova época, ou seja, uma época é abolida pela catástrofe e uma nova era começa constituída por uma nova humanidade.
No Cristianismo
Segundo a Bíblia (1987, Gn 6:12) Deus, vendo o mau comportamento da humanidade, decide inundar a Terra e destruir toda vida. Porém, como Noé era um homem justo e íntegro entre os homens do seu tempo, segue as instruções divinas e constrói uma arca para ele e a esposa, seus filhos Sem, Cam e Jafét e suas esposas e também um casal de cada espécie animal.
Noé, sua família e os animais são abrigados na arca e então tem início a inundação, com uma chuva que caiu sobre a Terra por 40 dias e 40 noites. Após alguns meses, quando as águas começaram a baixar, Noé enviou uma pomba, que lhe trouxe um ramo de oliveira, com as folhas verdes. A partir daí, os descendentes de Noé teriam repovoado a Terra, dando origem a todos os povos conhecidos.
Nos Sumérios
Conta o mito que em uma cidade às margens do famoso rio Eufrates, onde viviam o Deus do Céu, seu Conselheiro e também o supremo Deus Ea, a população se multiplicava muito e fazia muito barulho. Então o Deus do Céu reclamou de todo aquele barulho na assembleia dos Deuses. Por ser tão barulhenta, a humanidade deveria acabar! Essa foi a decisão da assembleia dos Deuses: vamos enviar um dilúvio e acabar com tudo isso! Então o Deus Ea aparece num sonho para Utanapistim e contou a ele sobre a decisão dos Deuses. Assim, Utanapistim pôde reunir toda a sua família e construir uma embarcação, conforme lhe foi ordenado por Ea. O dilúvio aconteceu e todos ficaram sete dias embaixo da água, isso acabou com os humanos, menos esse homem e sua família no barco. Todos os outros haviam retornado ao barro. Ele chorou de tristeza ao ver tudo isso, procurou pela terra, mas não a encontrou. Somente avistou o Monte Nisir. Ali encalharam e ficaram por sete dias, então resolveu soltar nos céus uma pomba, que voou para longe e não tendo encontrado onde pousar retornou. Foi a vez de soltar um corvo, que voou para longe não encontrou alimento e nunca retornou.
Na Mitologia greco-romana
Também nessa civilização encontramos mito do dilúvio, desta vez imposto por Zeus a fim de exterminar a raça humana. Justamente pelos pecados das pessoas, por estarem se degenerando e se entregando a vícios e maldades, elas recebem esse castigo. No entanto, um homem fica sabendo das intenções de Zeus e orienta seu filho a construir um barco para ele e sua esposa. Depois do dilúvio apenas esse casal sobrevive e Zeus resolve perdoar os sobreviventes e lhes concede a realização de um desejo. O casal pede o repovoamento da Terra.
Refletindo, percebemos que o mito do dilúvio conta sempre que a humanidade desaparece como punição por seus “pecados”. Tudo é lavado com água, o dilúvio limpa e purifica e assim surge uma nova humanidade. No próprio batismo com água muitas vezes se encontra a representação do próprio renascimento como nova pessoa.

Atividade 5
a)      Crie uma história em quadrinhos para representar o dilúvio. Depois leia para seus colegas e organize um mural na sala.


Religiosidade e a água
A água também está presente na sabedoria popular, fazendo parte de rituais, benzeduras, dentre outros. Há orações que são feitas junto a um copo de água e, ao beber dessa água, acredita-se na melhora ou na cura. Em outros momentos, batizados são realizados em rios ou em determinados olhos d’água. Nos dias de chuva, com o intuito de que o tempo venha a clarear e que o sol apareça, há crença de que colocando ovo no telhado e fazendo uma oração para Santa Clara o pedido seja atendido.

Atividade 6
a) Formem grupos de quatro pessoas e elaborem um cartaz que tenha por finalidade apresentar a água como elemento sagrado de muitas religiões.
b) Criar maquetes que mostrem rituais religiosos com a utilização da água.

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