1° Ano do Ensino Médio: VER: CULTURA DA PAZ, DA RECONCILIAÇÃO E DA JUSTIÇA


VER: CULTURA DA PAZ, DA RECONCILIAÇÃO E DA JUSTIÇA
A CF 2018 tem como objetivo geral “Constituir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”. Juntam-se a este, sete objetivos específicos:
1.      Anunciar a Boa-nova da fraternidade e da paz, estimulando ações concretas que expressem a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal;
2.      Analisar as múltiplas formas de violência, especialmente as provocadas pelo tráfico de drogas considerando suas causas e consequências na sociedade brasileira;
3.      Identificar o alcance da violência, nas realidades urbana e rural de nosso país, propondo caminhos de superação, a partir do diálogo, da misericórdia e da justiça, em sintonia com o Ensino Social da Igreja;
4.      Valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão;
5.      Identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas para superação da desigualdade social e da violência;
6.      Estimular as comunidades cristãs, pastorais, associações religiosas e movimentos eclesiais ao compromisso com ações que levem à superação da violência; e
7.      Apoiar os centros de direitos humanos, comissões de justiça e paz, conselhos paritários de direitos e organizações da sociedade civil que trabalham para a superação da violência.
 
VER A REALIDADE
O Texto-base da CF 2018 apresenta uma metodologia para analisar a situação de violência no País, conhecida como “Ver, Julgar e Agir”.
O “Ver” é centrado no conhecimento do problema, por meio de informações, gráficos e pesquisas. Na Campanha deste ano, o “Ver” foi dividido em três eixos. O primeiro trata da violência na convivência humana, com a definição do conceito de violência e dados históricos e culturais. No segundo eixo é tratada a violência nas estruturas sociais, abordando economia, consumo, desigualdade, violação de direitos fundamentais e a violência promovida pela lógica do mercado. Em seguida são fornecidas informações sobre algumas manifestações da violência na sociedade. Neste eixo, o Texto-base faz “ver” a negligência do Estado em relação às políticas sociais, quem são as vítimas da violência (juventude pobre e negra, povos indígenas, mulheres etc.), o conflito pela terra, a intolerância (de raça, de religião e de gênero), a violência doméstica e a violência no trânsito, entre outras.
JULGAR COM FIDELIDADE AO EVANGELHO
A segunda parte do Texto-base é o “Julgar”, que propõe refletir sobre a realidade apresentada a partir dos ensinamentos do Evangelho. Essa parte do texto também foi dividida em eixos: Sagrada Escritura e Magistério.
O primeiro texto bíblico é justamente o que serve como lema da CF: “Vós sois todos irmãos! (Mt 23,8). Depois, outras passagens, especialmente do Novo Testamento, indicam o caminho da paz e a atitude de não-violência presentes na Bíblia. Compõem o segundo eixo de reflexão os documentos sobre o tema produzidos pela Igreja Católica, as mensagens para o Dia Mundial da Paz escritas pelos Papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI e mensagens do Papa Francisco.

AGIR COMO CRISTÃO
Por fim, o “Agir” indica ações concretas para a superação da violência, em suas várias esferas: pessoa e família, comunidade e sociedade. No eixo pessoal e familiar, a CF 2018 aponta para a conversão, para a cultura da não violência e para a fraternidade. Ao tratar sobre a vivência na Igreja, o Texto-base oferece exemplos de conquistas e experiências da comunidade eclesial, indica as obras sociais como caminho para a superação da violência, afirma a necessidade de promover uma espiritualidade que desperte para a paz e trata da superação da intolerância religiosa e da premência em incentivar o ecumenismo e o diálogo inter-religioso.
Ao falar sobre a superação da violência na sociedade, a CF 2018 indica áreas concretas que precisam de atenção, inclusive quanto à legislação e à implementação de políticas públicas, como o Estatuto da Criança e do Adolescente; a violência doméstica e a Lei Maria da Penha; os direitos humanos; a violência contra os jovens; o narcotráfico e a violência política, entre outras.
A Campanha da Fraternidade será encerrada dia 25 de março, Domingo de Ramos, com a Coleta Nacional da Solidariedade. O dinheiro arrecadado será destinado a obras sociais e entidades que desenvolvem ações pela superação da violência, tanto em âmbito nacional como diocesano.

ALGUMAS FUNÇÕES DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE (CF):
É uma campanha quaresmal, que une em si as exigências da conversão, da oração, do jejum e da doação. Convoca os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo como possibilidade de auxílio aos pobres
É um grande instrumento para desenvolver o espírito quaresmal: conversão, renovação interior e ação comunitária em preparação da Páscoa.
Meio para viver os três elementos fundamentais da espiritualidade quaresmal: Oração – Jejum – esmola
A CF é especialmente manifestada na evangelização libertadora, clama a renovar a vida da Igreja, a transformar a sociedade e a partir de temas específicos, tratados à luz do Projeto de Deus.

FRATERNIDADE E A SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA
O primeiro lugar onde o ser humano aprende a se relacionar é na família. Os comportamentos e estímulos de superação da violência exercitados na família balizam as atitudes a serem desenvolvidas na comunidade e na sociedade. Como bem afirma Humberto Maturana: Não vemos as coisas como são. Vemos as coisas como somos.
Mas antes de qualquer processo precisamos compreender o que é a violência:
A violência direta é que chama mais a atenção. Essa forma de violência acontece quando uma pessoa usa a força contra outra. Mais de um agressor e mais de uma vítima podem tomar parte em tal evento. Porém, vemos crescer sempre mais as formas coletivas e organizadas da prática de violência. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência se caracteriza pelo uso intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de pessoas. Essa violência pode resultar em dano físico, sexual, psicológico ou morte. VIOLÊNCIA – é uma construção social e pessoal e não faz parte da natureza do ser humano.

MOTIVAÇÕES AO TEMA
·                    Os índices da violência no Brasil superam significativamente os números de países que se encontram em guerra ou que são vítimas frequentes de atentados terroristas.
·                    Discípulos missionários, seguidores de Jesus Cristo! Arautos da fraternidade e da paz, pois em Cristo somos todos irmãos e irmãs!
·                    A experiência de estar exposto a situações de violência é relatada por um grande número de brasileiros. Não se trata de uma percepção isolada e meramente subjetiva.
·                    A Quaresma é um tempo forte de penitência e de mudança de vida.
·                    Os quarenta dias desse tempo precioso são de graça e de bênção.

OBJETIVO GERAL: Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Anunciar a Boa-Nova da fraternidade e da paz, estimulando ações concretas que expressem a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal;
2) Analisar as múltiplas formas de violência, especialmente as provocadas pelo tráfico de drogas considerando suas causas e consequências na sociedade brasileira;
3) Identificar o alcance da violência, nas realidades urbana e rural de nosso país, propondo caminhos de superação, a partir do diálogo, da misericórdia e da justiça, em sintonia com o Ensino Social da Igreja;
4) Valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão;
5) Identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas para superação da desigualdade social e da violência;
6) Estimular as comunidades cristãs, pastorais, associações religiosas e movimentos eclesiais ao compromisso com ações que levem à superação da violência;
7) Apoiar os centros de direitos humanos, comissões de justiça e paz, conselhos paritários de direitos e organizações da sociedade civil que trabalham para a superação da violência.

VER
Costuma-se dizer que o Brasil é um país abençoado. Ressaltam-se a diversidade e a fartura propiciadas pela natureza generosa. A amenidade do clima motiva a afirmação de que este é um território agraciado. Em uma nação descrita como ordeira e pacífica, a alegria e a festividade tornam esse povo ímpar no mundo. Nessa imagem que por vezes se faz do Brasil, afirma-se que este é um país acolhedor.
Encontramo-nos em um período da história no qual nos sentimos, às vezes, impotentes na busca de soluções para os problemas propostos. Em tempos que a paz está ameaçada, é preciso observar criticamente a realidade com olhar de quem acredita na superação por meio da fraternidade. A superação da violência se torna, assim, um sinal do amor que Deus nutre pelo ser humano criado para ser irmão e não rival. Como cristãos, somos chamados a construir o Reino da verdade e da graça, da justiça, do amor e da paz, pois somos todos irmãos. Apesar de possuir menos de 3% da população mundial, nosso país responde por quase 13% dos assassinatos no planeta. Em 2014, o Brasil chegou ao topo do ranking, considerado o número absoluto de homicídios. Foram 59.627 mortes, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

DESAFIOS
Entre os maiores desafios contemporâneos no campo da segurança pública, em uma perspectiva de promoção à cidadania, está o de garantir que as políticas públicas implementadas tenham em vista o aumento da solidariedade entre as pessoas, ao invés de enclausurá-las, criando-se empecilhos ou mesmo impedindo relações interpessoais humanizadas. A questão da violência e seu enfrentamento, tornou-se uma das principais realidades a serem discutidas. Ela tem inspirado diversas formas de políticas públicas. Entende-se que todas as instituições sociais devem estar aplicadas à observância dos deveres e direitos que assistem, de maneira equilibrada e justa, a todos os cidadãos. A violência não é apenas um problema de polícia ela diz respeito a todos os brasileiros e brasileiras. Não se resolve a questão da segurança sem ações claras e determinadas no campo da educação, da saúde, do esporte, da assistência social e da cultura, entre outros.

A EXPERIÊNCIA COTIDIANA DA VIOLÊNCIA
Os números apontados pelo Mapa da Violência 2016 mostram que, no Brasil, cinco pessoas são mortas por arma de fogo a cada hora. A cada dia, são 123 pessoas assassinadas dessa forma. No ano de 2014, houve mais de 40 mil mortes. Essas cifras revelam que, no Brasil, ocorrem mais mortes por arma de fogo do que nas chacinas e atentados que acontecem em todo o mundo. Nos tempos recentes, potencializadas pelas tecnologias digitais de comunicação e de informação, as redes sociais têm contribuído para dar visibilidade à violência expressa sob a forma de preconceito ou ódio de classe, de raça, de gênero, de política e até mesmo de intolerância religiosa.
A cordialidade parece ceder lugar à intolerância. Em razão de fenômenos como esses, é possível suspeitar que a sociedade brasileira possa estar consolidando modos de vida cuja referência é fazer justiça com as próprias forças. Três fatores são fundamentais para definir esses espaços de paz e de guerra. O primeiro deles é a ação (ou omissão) do poder público. O segundo ponto que demarca a ocorrência da paz ou da guerra está relacionado ao poder do dinheiro. Um terceiro ponto diz respeito ao tratamento seletivo dado pelos órgãos públicos, dos três poderes, em relação à garantia de direitos, como o acesso à Justiça.

A VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL
·                    A violência direta é a forma mais extrema de agressão, mas apenas aparentemente é a mais letal.
·                    Não se trata de um evento isolado, mas de um processo que acaba gerando dano a um segmento social, mesmo que, eventualmente, não se possa discernir explicitamente a intenção de produzir tal dano.
·                    O incremento da violência é determinado por múltiplos fatores, dificilmente reduzido a uma causalidade única.
·                    Entretanto, não se pode ignorar a influência do contexto socioeconômico na geração da violência.
·                    Os danos causados por esse tipo de violência só aparecem em longo prazo e se manifestam sobretudo na desigualdade de oportunidades que as pessoas encontram ao longo da vida.
·                    A escolaridade baixa ou insuficiente, por exemplo, tende a redundar em ocupações com pior remuneração e, consequentemente, em restrições econômicas.



A CULTURA DA VIOLÊNCIA
·                    Por “violência cultural” entendem-se as condições em razão das quais uma determinada sociedade não reconhece como violência atos ou situações em que determinadas pessoas são agredidas.
·                    A violência cultural não é, necessariamente, uma causa da violência direta, mas cria as condições em meio às quais chega a tornar-se difícil, para a sociedade, reconhecer um ato ou sistema como violento.
·                    Faz parte da cultura da violência dizer que jovens, negros e mulheres sofrem violência quando e porque fazem algo indevido. A estuprada, por vestir-se de forma “imoral” ou por não se dar o respeito. O adolescente, por ser drogado, delinquente ou marginal.
·                    Na forma como se constroem as relações sociais no Brasil, entende-se comumente que a desigualdade é algo natural. Sob esse ponto de vista, tende-se a tratar, sob argumentos diversos, alguns sujeitos sociais como se fossem naturalmente inferiores: mulheres, jovens, idosos, trabalhadores, negros, índios, população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros), imigrantes, migrantes.

A VIOLÊNCIA COMO SISTEMA NO BRASIL
·                    A violência no Brasil não é um fato pontual. Desde o período colonial, foi sendo imposto um arranjo social no qual certas categorias de pessoas recebiam um tratamento melhor do que outras.
·                    A ideia de que o colonizador branco era superior aos índios e negros foi adquirindo formas diferentes, à medida que mudanças importantes foram acontecendo nas estruturas social e política nacionais.
·                    O Brasil é um país perigoso para quem atua em favor da igualdade de direitos. O estudo intitulado Vidas em luta: criminalização e violência contra defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil,
·                    O documento atribui o crescimento desse tipo de violência, no país, ao cenário de instabilidade política, ameaça aos de direitos, criminalização, esvaziamento político e financeiro de órgãos como o Incra e a Funai”.

POLÍTICA E VIOLÊNCIA NO BRASIL
O modo violento de se viver em sociedade no Brasil se dá por causa da escolha de alguns grupos que, ao tentar manter a atual ordem estabelecida, acaba tornando alguns modelos fixos e sem alteração, nesse caso é complexo o enfrentamento da violência, pois prejudica as relações sociopolíticas.
O termo “política” pode ser entendido como as negociações que se estabelecem para que pessoas – com interesses tão numerosos e, por vezes, antagônicos – possam dividir pacificamente um mesmo espaço. Nesse sentido, pode-se dizer que não há solução para a violência fora das discussões que ocorrem no âmbito da política.

Existem hoje, no Congresso Nacional, parlamentares identificados com segmentos econômicos e sociais fortemente interessados em propostas potencialmente geradoras de violência.
Defendem o uso de armas de fogo pela população civil, sustentando tratar-se de um direito natural, o da autopreservação.
O Papa Francisco tem se posicionado firmemente contra essa cultura do descartável, “criada pelas potências que controlam as políticas econômicas e financeiras do mundo globalizado”.
Encorajado pelo contexto econômico, o governo brasileiro tem encaminhado várias “reformas”. Boa parte delas tem dado mais importância ao mercado do que às pessoas.
A indiferença frente ao sofrimento do povo contribui para a sensação hoje tão disseminada de que a política é uma atividade de corruptos, já que boa parte dos políticos aparece mais preocupada com seus objetivos egoístas.
Durante um tempo que se pode dizer excessivo, a principal (senão a única) forma de intervenção dos cidadãos na política foi feita por meio do voto. Para a imensa maioria, participar da política limitou-se ao ato de votar.
Outro fenômeno que caracteriza a política nos últimos anos é a criminalização dos movimentos sociais que têm pontos de vista diversos sobre as propostas que vêm sendo aprovadas e a consequente retração nos direitos dos cidadãos.

A VIOLÊNCIA RESULTANTE DA DESIGUALDADE ECONÔMICA
Nas tentativas de se compreender o fenômeno da violência, não parece razoável omitir o papel desempenhado pelo modo como se dão, hoje, as relações econômicas. Ao gerar exclusão e perpetuar desigualdades sociais, a economia produz violência e morte.
Estudos apontam que apenas 62 pessoas detêm o mesmo dinheiro que a metade mais pobre da humanidade. Essa desigualdade se torna ainda mais impressionante quando se considera que os mais ricos correspondem a 1% da humanidade, mas detêm 99% das riquezas.
A desigualdade gera violência.

AS VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
VIOLÊNCIA RACIAL
A violência racial no Brasil é uma situação que faz supor uma forte correlação entre as três formas de violência (direta, estrutural e cultural).
Nos últimos anos, têm se repetido os casos em que imigrantes – pessoas que vieram para o Brasil em busca de oportunidades de uma vida melhor do que aquelas que poderiam esperar em seu país de origem – vêm sendo tratados com desrespeito e ódio.
O Mapa da Violência 2016, ao comparar os anos de 2003 e 2014, constata que houve uma queda de 26,1% das pessoas brancas que foram vítimas de homicídio por arma de fogo. No entanto, o número de pessoas negras vitimadas por essa forma de homicídio cresceu 46,9%.
VIOLÊNCIA CONTRA OS JOVENS
Entre jovens de 15 a 24 anos, os homicídios são a principal causa de morte.
O número de homicídios por armas de fogo cresceu 592,8% entre 1980 e 2014. Quando se consideram apenas as vítimas jovens, constata-se um aumento de 699,5%.
Essa violação de direitos humanos causa um imenso sofrimento nas famílias que perdem seus filhos.
VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES E HOMENS
As vítimas de homicídio são, em maior parte, homens. Porém, entre 2001 e 2011, o aumento de assassinatos de homens foi de 8,1%, enquanto que os assassinatos de mulheres cresceram 17,2%.
Ao contrário do que acontece com os homicídios masculinos, destaca-se o domicílio da vítima como um local de agressão. Em 2013, das mulheres assassinadas, 27,1% estavam em casa
Os assassinatos de homens (48,2%) acontecem, sobretudo, na rua. Esse dado é utilizado para caracterizar a violência direta contra a mulher como um fenômeno muito ligado ao ambiente doméstico.
Uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que, em 2015, o país registrou 45.460 casos de estupro.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A violência contra a mulher ocorre, principalmente, dentro de casa. 71,8% das agressões registradas pelo SUS em 2011 aconteceram no domicílio da vítima.
Frequentemente, o agressor é o parceiro ou ex-parceiro da vítima (43,3%).
Em particular, a agressão contra a mulher é um dos casos em que parece explicitar-se o caráter cultural da violência.
Outro grupo que é vítima de violência dentro de casa é composto pelas crianças e adolescentes.
A pobreza é uma das piores formas de violência que uma criança pode enfrentar. Toda criança necessita de apoio incondicional na primeira infância
EXPLORAÇÃO SEXUAL E TRÁFICO HUMANO
O tráfico de pessoas é, atualmente, uma das formas mais violentas de exploração do ser humano no mundo inteiro.
Trata-se de uma modalidade de crime organizado transnacional, fortemente atrelada à exploração sexual, ao comércio de órgãos, à adoção ilegal, à pornografia infantil, cerca de 75% das vítimas de tráfico de pessoas são mulheres e meninas. A Organização das Nações Unidas considera o tráfico de pessoas como parte importante do crime organizado transnacional, sendo considerada uma das três atividades criminosas mais rentáveis, ao lado do tráfico de drogas e de armas.
VIOLÊNCIA CONTRA OS TRABALHADORES RURAIS E CONTRA OS POVOS TRADICIONAIS
No Brasil, a violência no campo tem suas raízes no passado colonial. Além do genocídio indígena e da tragédia homicida que foi a escravidão, essa violência e injustiça, que predominou por décadas, vem se intensificando em tempos recentes.
Tem se intensificado no campo também a disputa pela água. Permanece o quadro de omissão dos poderes públicos, que se negam a respeitar e cumprir a Constituição Federal no que tange à demarcação, proteção e fiscalização das terras indígenas.
A Constituição de 1988 reconhece os povos originários e seus diretos. Ao invés de se caminhar para uma solução que vise à construção da paz no campo pelo reconhecimento dos diversos povos e identidades que nele vivem, têm sido priorizadas medidas que beneficiam justamente aqueles que já são social e economicamente mais favorecidos. Permanece a realidade de agressões às pessoas que lutam por seus legítimos direitos, tais como assassinatos, espancamentos, ameaças de morte.
VIOLÊNCIA E NARCOTRÁFICO
O narcotráfico movimenta mais de 400 bilhões de dólares por ano, sendo um dos setores mais lucrativos da economia mundial. A guerra às drogas criminaliza o pequeno varejista e o usuário e favorece os grandes empresários de drogas e o sistema financeiro internacional.
A cada ano, cerca de 8 mil pessoas morrem em decorrência do uso de drogas lícitas e ilícitas no Brasil. A política de repressão às drogas está seletivamente direcionada aos usuários e microtraficantes.
INEFICIÊNCIA DO APARATO JUDICIAL
Frente à crescente sensação de insegurança, de percepção do medo e da ameaça real causados pela violência, os instrumentos estatais de controle e repressão social vem aumentando em todo o mundo. Com a crescente desconfiança na justiça e nas polícias, parte dos cidadãos reage violentamente em relação aos dilemas sociais recusando políticas públicas identificadas com a proteção dos direitos humanos.
É muito importante debater sobre o papel do sistema de justiça no enfrentamento, afastamento e controle da violência. A função judiciária é essencial para toda a organização política e, portanto, também para a manutenção de sociedade pacífica.
Um sistema judiciário moroso e seletivo certamente produz resultados negativos no sistema de segurança pública. O Brasil tem umas das maiores populações carcerárias do mundo. São mais de 650 mil presos, vivendo em condições degradantes. Como apresentado anteriormente, cerca de 40% desses presos estão confinados em prisões que mais se assemelham a masmorras sem uma sentença definitiva.
O papel do Judiciário é importante para as discussões acerca do problema da violência que assola nosso país, sendo ator político fundamental para a ampliação de um estado de garantia dos direitos ou de um estado penal.
POLÍTICA E VIOLÊNCA
A polícia é uma presença que deve ajudar na superação da violência. As frequentes denúncias de corrupção policial e de práticas ilegais, adotadas supostamente ao se imporem a lei e a ordem, geram um sentimento ambíguo na população. A desconfiança em relação às forças policiais se transfere também para o Governo, cuja instituição se encontra fortemente abalada pelo fato de não haver se mostrado, ao longo de décadas, capaz de garantir segurança e, ao mesmo tempo, de fortalecer a cidadania. Na busca de superação da violência, o papel das polícias seria uma perspectiva para o exercício da democracia e se converteriam em agências mediadoras de conflitos, responsáveis pela preservação da vida. A sociedade brasileira carece de uma cultura de participação e de protagonismo na elaboração de políticas públicas.
A letalidade das operações policiais (foram 3.320 vítimas apenas no ano de 2015) se faz acompanhar de um grande número de policiais mortos. Dos 358 policiais assassinados nesse mesmo ano, 103 morreram em serviço, ao passo que outros 290 policiais foram mortos fora de suas atividades profissionais. Em certa medida, os policiais se tornam vítimas da violência que combatem.
VIOLÊNCIA E DIREITO À INFORMAÇÃO
Há que se constatar a atuação militante que a mídia vem adquirindo na política contemporânea. Os diversos canais da grande mídia cumprem, entre outros, um papel simbólico na criação do pensamento único. Os meios de comunicação podem ocultar intencionalmente as contradições sociais ou impedir que os conflitos venham ao conhecimento geral. O caso mais extremo desse tipo de prática é representado pelos programas que fazem propaganda aberta em favor da justiça como vingança social. Programas sensacionalistas prestam um desserviço ao promoverem a espetacularização da miséria e da violência e ao disseminarem o punitivismo e a vingança. Transformar a pobreza em mercadoria exposta não significa, necessariamente, oferecer contribuição alguma para superá-la.
RELIGIÃO E VIOLÊNCIA
A religião é um elemento de coesão social, que otimiza o capital social das comunidades. Quando as pessoas se reúnem em comunidade e na identidade de suas crenças, elas reforçam os laços que as unem e reconhecem-se como irmãos, irmãs e semelhantes. As religiões têm em comum a promoção da vida, da liberdade, da justiça e da solidariedade – podem constituir fundamental instrumento para a promoção de uma cultura da paz e da vida. As religiões podem ser um contraponto positivo frente à onda de morte que toma conta da sociedade. Contudo, também é possível que a experiência religiosa também se converta em uma forma de violência. As religiões de matriz africana são as que mais sofrem perseguição e intolerância.
VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

Em 2012, quase 41 mil brasileiros perderam a vida nas estradas. As principais causas da violência no transito são evitáveis. (dirigir sob efeito de álcool ou de entorpecentes, trafegar em velocidade inadequada, inexperiência na direção, falta de atenção e de manutenção no veículo). Rodovias estão mal sinalizadas e muitos motoristas arriscam suas vidas. O Governo Federal tem como objetivo reduzir em 50% a taxa de mortalidade viária até 2020. A falta de efetivo, equipamentos e, principalmente, a impunidade fazem com que os números continuem elevados. Faz-se necessário uma educação persistente em vista da diminuição do número de acidentes, valendo-se da direção preventiva, respeito aos motoristas, aos pedestres e às leis de trânsito.

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