9° Ano: O QUE É A CAMPANHA DA FRATERNIDADE?
O QUE É A CAMPANHA DA FRATERNIDADE?
A
Campanha da Fraternidade surgiu durante o desenvolvimento do Concílio Vaticano
II (1962-1965). A cada ano, desde 1964, a Igreja no Brasil propõe a todos os
cristãos, a Campanha da Fraternidade (CF).
Essa campanha desenvolveu-se mais intensamente durante a Quaresma, mas
aos poucos, seu tema foi sendo refletido e engajado dentro da vida da Igreja
durante todo o ano. É sempre um tema bem concreto através do qual, somos
convidados a reconsiderar e, sobretudo, nossas atitudes para com o próximo,
dando dimensão concreta à nossa conversão pessoal e à de nossas comunidades de
Igreja.
A
Quaresma é o período de 40 dias entre a Quarta-feira de cinzas – logo após o
Carnaval - e a Semana Santa (que se inicia com o Domingo de Ramos). Durante a
Quaresma, a Igreja e todos os cristãos preparam-se para a Páscoa. A Páscoa
possui três interpretações: é a antiga festa de pastores para comemorar a
primavera; é a festa dos Hebreus, para relembrar sua saída do Egito, no tempo
de Moisés; é a festa anual dos Cristãos para celebrar a Ressurreição de Cristo.
É
nesse contexto que inicia a CF, a qual é um projeto que procura animar todas as
comunidades num compromisso pastoral concreto que marque a unidade da
Evangelização pelo empenho comum em prol da solidariedade e fraternidade que
nascem do amor de Cristo. Durante esse período, a liturgia trabalha
paralelamente com a Campanha. Os cantos litúrgicos da missa, as preces e outras
orações são voltados também para o tema que está sendo trabalhado. A CF atinge
cada ano, um problema determinado e urgente que precisa do esforço de ação
pastoral conjunta no país, desafios sociais, econômicos, políticos, culturais e
religiosos da realidade brasileira.
Inicialmente,
a igreja buscou rever sua parte interna, tanto que as primeiras campanhas
tinham por objetivo principal reaproximar os leigos das atividades comunitárias
e pastorais, além de reforçar a vivência na paróquia e na comunidade. Dessa
forma, os primeiros temas da Campanha da Fraternidade contemplaram mais a vida
interna da Igreja. A partir dos anos de 1970 essa postura muda e a Igreja passa
a Igreja preocupa-se com a realidade social da população, denunciando o pecado
social e promovendo a justiça.
ALGUMAS FUNÇÕES DA CAMPANHA DA
FRATERNIDADE (CF):
É
uma campanha quaresmal, que une em si as exigências da conversão, da oração, do
jejum e da doação. Convoca os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos
de Cristo como possibilidade de auxílio aos pobres
É
um grande instrumento para desenvolver o espírito quaresmal: conversão,
renovação interior e ação comunitária em preparação da Páscoa.
Meio
para viver os três elementos fundamentais da espiritualidade quaresmal: Oração
– Jejum – esmola
A
CF é especialmente manifestada na evangelização libertadora, clama a renovar a
vida da Igreja, a transformar a sociedade e a partir de temas específicos,
tratados à luz do Projeto de Deus.
FRATERNIDADE E A SUPERAÇÃO DA
VIOLÊNCIA
O
primeiro lugar onde o ser humano aprende a se relacionar é na família. Os comportamentos
e estímulos de superação da violência exercitados na família balizam as
atitudes a serem desenvolvidas na comunidade e na sociedade. Como bem afirma
Humberto Maturana: Não vemos as coisas como são. Vemos as coisas como somos.
Mas
antes de qualquer processo precisamos compreender o que é a violência:
A
violência direta é que chama mais a atenção. Essa forma de violência acontece
quando uma pessoa usa a força contra outra. Mais de um agressor e mais de uma
vítima podem tomar parte em tal evento. Porém, vemos crescer sempre mais as
formas coletivas e organizadas da prática de violência. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência se caracteriza pelo uso
intencional da força contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo de
pessoas. Essa violência pode resultar em dano físico, sexual, psicológico ou
morte. VIOLÊNCIA – é uma construção social e pessoal e não faz parte da
natureza do ser humano.
MOTIVAÇÕES AO TEMA
·
Os índices da violência no Brasil
superam significativamente os números de países que se encontram em guerra ou
que são vítimas frequentes de atentados terroristas.
·
Discípulos missionários, seguidores de
Jesus Cristo! Arautos da fraternidade e da paz, pois em Cristo somos todos
irmãos e irmãs!
·
A experiência de estar exposto a
situações de violência é relatada por um grande número de brasileiros. Não se
trata de uma percepção isolada e meramente subjetiva.
·
A Quaresma é um tempo forte de
penitência e de mudança de vida.
·
Os quarenta dias desse tempo precioso
são de graça e de bênção.
OBJETIVO GERAL: Construir
a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à
luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1)
Anunciar a Boa-Nova da fraternidade e da paz, estimulando ações concretas que
expressem a conversão e a reconciliação no espírito quaresmal;
2)
Analisar as múltiplas formas de violência, especialmente as provocadas pelo
tráfico de drogas considerando suas causas e consequências na sociedade
brasileira;
3)
Identificar o alcance da violência, nas realidades urbana e rural de nosso
país, propondo caminhos de superação, a partir do diálogo, da misericórdia e da
justiça, em sintonia com o Ensino Social da Igreja;
4)
Valorizar a família e a escola como espaços de convivência fraterna, de
educação para a paz e de testemunho do amor e do perdão;
5)
Identificar, acompanhar e reivindicar políticas públicas para superação da
desigualdade social e da violência;
6)
Estimular as comunidades cristãs, pastorais, associações religiosas e
movimentos eclesiais ao compromisso com ações que levem à superação da
violência;
7)
Apoiar os centros de direitos humanos, comissões de justiça e paz, conselhos
paritários de direitos e organizações da sociedade civil que trabalham para a
superação da violência.
AGIR
Pessoa Sociedade
Família Esperança
Amor Solidariedade
Politicas
Públicas Cultura
de Paz
“Todos
desejamos a paz; muitas pessoas a constroem todos os dias com pequenos gestos;
muitos sofrem e suportam pacientemente a dificuldade de tantas tentativas para
a construir” (Papa Francisco).
A
superação da violência pede comprometimento e ações que envolvam a sociedade
civil, os membros da Igreja e os poderes constituídos, a fim de que não somente
os direitos humanos, mas também a promoção da cultura da paz sejam asseguradas
pela formulação de políticas públicas emancipatórias.
PESSOAS, FAMILIA E A SUPERAÇÃO DA
VIOLÊNCIA
A
superação da violência nasce da relação com o outro. A cultura da paz acontece
em todas as realidades da vida e na relação com todos os seres. O primeiro
lugar onde o ser humano aprende a se relacionar é na família. Ninguém nasce
violento. Contudo, a pessoa pode vir a ser violenta. O comportamento violento
emerge como produto final.
Nosso
jeito de agir, perdoar, amar, viver e ouvir contribui para a prática a ser
desenvolvida pelo outro. A oração e a espiritualidade também são condicionantes
para superação da violência. É no processo de conversão social que somos
impulsionados a agir em benefício da humanidade. Sem ela, nossas ações se
voltam à perspectiva ou garantia do eu, onde ”vale tudo”, inclusive a
aniquilação do outro. Somos desafiados a agir nas realidades rurais e urbanas,
onde a convivência humana está sendo prejudicada pela violência. A sociedade,
com sua inércia diante de uma das maiores movimentações financeiras ocasionada
pelo tráfico de drogas, aponta para os sintomas da drogadição, legitimando o
usuário como responsável pelos altos índices da criminalidade em nosso país.
A
família não mais consegue cumprir sozinha seu papel, pois os valores humanos
como: amor, ética, integridade, honestidade, generosidade, respeito, entre
outros, estão se desintegrando da sociedade. O poder midiático influencia na
formação de opinião e no comportamento das pessoas, precisamos estimular a cultura
da tolerância, do respeito e da paz em nossa prática cotidiana e nas redes
sociais.
CULTURA DA FRATERNIDADE: NÃO SOMOS
ADVERSÁRIOS MAIS IRMÃOS!
Jesus
de Nazaré, com ternura e compaixão, anunciava, principalmente aos mais
empobrecidos, o Reino de Deus.
Jesus
propõe mudanças estruturais ao sistema de morte em que os mais pobres estavam
submetidos.
É
possível que muitas pessoas, inclusive as que estão sofrendo violência
psicológica com este modelo de gestão, não compreendam o anúncio da Campanha da
Fraternidade de 2018, três preocupações inerentes ao anúncio por uma cultura de
paz devem ser observadas: a fraternidade, a ternura e a compaixão.
PISTAS DE AÇÕES CONCRETAS:
1.
Ter como critério o Evangelho, que revela as palavras, as motivações e o agir de
Jesus;
2.
É necessária a superação do conceito de justiça que diz que todo mundo deve
pagar pelo que faz;
3.
A misericórdia, a solidariedade e o desejo de superação devem ser os elementos
que fundamentam a ação de todos diante da injustiça, da violência, do
sofrimento, do conflito e da insegurança;
4.
Ninguém deve pagar o mal com o mal, mas com o bem;
5.
Renunciar a qualquer forma de violência;
6.
Não se justifica colocar nas armas a solução para os conflitos humanos;
7.
Criar novos relacionamentos, tendo como princípio a fraternidade e a
necessidade de um projeto social comum, que seja causa de bens para todas as
pessoas;
8.
A solidariedade para com as vítimas da violência;
9.
O respeito pela dignidade das pessoas e o engajamento na luta para que esta
dignidade seja respeitada em todas as condições da vida humana;
10.
A luta pela conversão pessoal e pela conversão de todos;
11.
Promover uma cultura que respeite as diferenças, combatendo o preconceito e a
discriminação; 12. Refletir nas famílias sobre o que o contribui com a cultura
da reconciliação e da paz, e sobre estratégias de solução;
13.
Repensar a própria responsabilidade em relação à sociedade em temas como:
sustentabilidade, respeito aos direitos dos outros, liberdade religiosa,
educação para a solidariedade, cuidado com os bens públicos;
14.
Promover momentos para exercer o discernimento evangélico acerca do que ocorre
na comunidade, bairro, cidade, e identificar situações de violência (pontos de
vendas de entorpecentes, prostituição, tráfico de pessoas, pessoas em situação
de miséria, fatos ocorridos com pessoas, famílias e outros);
15.
Desenvolver a capacidade de diálogo com pessoas de outras denominações
religiosas e de posições diferentes da sua.
COMUNIDADE E A SUPERAÇÃO DA
VIOLÊNCIA
Muitas
pessoas não sabem que sofrem violência, principalmente nos casos de violência
psicológica contra mulheres e violência sexual contra crianças.
Pastoral
da Mulher Marginalizada.
O
cuidado e a justiça iluminam os trabalhos da Pastoral Carcerária, do Menor, da
Terra, Indigenista e o Grito dos Excluídos, onde os embates por políticas
públicas de prevenção e superação da violência são por elas assumidos.
Justiça
restaurativa.
OBRAS SOCIAIS DA COMUNIDADE
ECLESIAL E ESCOLAR COMO CAMINHO PARA A SUPOERAÇÃO DA VIOLÊNCIA
Muitas
iniciativas sociais e caritativas vinculadas à espiritualidade alimentaram a
esperança de homens e mulheres oprimidos e marginalizados que, assim como
Lázaro (Lc 16,21), “desejavam saciar-se do que caía da mesa do rico”.
O
olhar social da Igreja exigiu posicionamento do Estado em relação ao sofrimento
humano por ele negligenciado.
A
esperança é a principal característica dos trabalhos pastorais da Igreja.
PROMOÇÃO ECLESIAL DE UMA
ESPIRITUALIDADE QUE DESPERTE PARA A SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA
O
surgimento de uma grave crise na sociedade, como a violência, atinge a
espiritualidade e a ética.
Diante
de complexas realidades como a violência urbana e rural, o homem e a mulher
devem aprender a escolher.
Escolher
e posicionar-se é a primeira necessidade para a compreensão do sentido da vida,
v
Considerando que podemos distinguir a religião como “atividade” pessoal e
social e, por não estar presente nos outros seres vivos, torna-se uma
manifestação tipicamente humana, sendo parte, em todo os tempos, da história da
humanidade.
A
religião com a espiritualidade leva à paz, já a religião sem a espiritualidade,
leva ao fundamentalismo, ou seja, à guerra.
EXPERIENCIA DE SUPERÇÃO
A
terra para os povos indígenas, o tekohá (“lugar onde se pode ser”) é condição
para existir: vida, cultura, alimentação, saúde, educação, estão entrelaçados
com a mãe terra, com a mãe natureza, negar este direito é continuar assinando
os decretos de morte para as populações tradicionais.
(Missionária
Lídia Farias de Oliveira CIMI – Mato Grosso do Sul)
PISTAS DE AÇÃO CONCRETA
A
comunidade insira o tema da paz em sua liturgia e oração;
Articular
por meio do Ecumenismo e do Diálogo inter-religioso, momentos de oração pela
paz em lugares simbólicos;
Conhecer
as realidades próximas da comunidade que apresentem conflitos, para um
discernimento sobre as melhores soluções e contribuições possíveis;
Acompanhar
famílias, jovens, gangues, escolas com incidência de conflitos em vista de
superá-los;
Apoiar
as iniciativas da sociedade organizada e de organizações não governamentais,
que visem à cultura da paz;
As
comunidades precisam conhecer serviços mediante os quais a Igreja se faz
solidária às vítimas violência de nossa sociedade e empenha-se pela superação
das injustiças e pela construção de relações segundo o Evangelho;
Inscrever
a participação nos Conselhos Paritários no plano pastoral da diocese ou
paróquia, como uma das formas de participação da Igreja na edificação do bem
comum da sociedade;
Promover
a formação de leigos e leigas animando-os a organizarem-se para a construção de
uma sociedade que supere a violência;
Incluir
o tema da superação da violência nos programas de formação para a Iniciação
Cristã, Catequese e Pastoral da Juvenil;
Promover
uma Pastoral familiar capaz de ajudar cada família a superar os problemas de
violência doméstica;
Sugerir
pautas aos jornais, através do relacionamento com assessores de imprensa e
agentes da Pastoral da Comunicação, buscando seu envolvimento na causa da
superação da violência;
Resgatar
documentos do magistério da Igreja referentes ao valor e à dignidade da pessoa
humana através da formação de grupos de estudo nas paróquias, escolas,
comunidades e movimentos;
Utilizar
os meios de formação como homilia, catequese, encontros, cursos, escolas da fé,
para aprofundar temas relativos à superação da violência, a fim de atingir as
pessoas que participam da vida eclesial;
Aprofundar
o conhecimento sobre as questões da superação da violência através da promoção
de palestras e cursos destinados a bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e
religiosas, com especial atenção às pastorais da criança, do menor, da
juventude, da família, da saúde, da educação, carcerária e da sobriedade.
A SOCIEDADE E A SUPERAÇÃO DA
VIOLENCIA
Pensar
a superação da violência dentro do sistema capitalista, que mantém sua
centralidade no lucro econômico, e não no ser humano, exige um grande esforço
na identificação e compreensão das iniciativas que sinalizam possibilidades de
enfrentamento e superação da violência. A existência de situações e práticas
violentas é intrínseca às sociedades fragmentadas em classes sociais, nas quais
as desigualdades sociais criam subcategorias de seres humanos. da
espiritualidade humana, que impulsiona os empobrecidos e marginalizados a
gritar por justiça. A consolidação de políticas públicas em andamento, como a
do Sistema Único de Saúde (SUS), a do Sistema Único da Assistência Social
(SUAS) e o Controle Social exercitado pelos Conselhos Paritários de Direitos,
entre outras, são possibilidades para o enfrentamento da violência
O
tratamento e a prevenção da violência como política de saúde pública são
regulados pelo SUS. Portanto, devemos atuar sistematicamente em defesa desta
política junto aos conselhos municipais, estaduais e federal de saúde. Estar
conselheiro Em qualquer instância de controle social exige comportamento e
atitudes éticas, Nossas comunidades, paróquias e dioceses podem contribuir com
a sociedade no enfrentamento da violência, estimulado as famílias católicas
para o acolhimento temporário de crianças em situação de risco.
EXPERIÊNCIA
DE SUPERAÇÃO: Usando a arte como ferramenta de
ressocialização, o sistema prisional feminino do Piauí possibilita que 39
reeducandas, através da cultura, possam interagir com a sociedade. Experiência
de superação
PISTAS
DE AÇÃO CONCRETA
Denunciar
toda e qualquer forma de violência sexual contra crianças e adolescentes, seja
ela de exploração sexual, abuso sexual, turismo sexual, tráfico interno e
internacional para fins de exploração sexual, pornografia na internet,
pedofilia e assédio sexual;
Promover
ações em parcerias com os Conselhos Tutelares (CT), Conselho Municipal da
Criança e Adolescente (CMDCA), Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e Pastoral
do Menor;
Defender
o ECA como uma política pública que possibilita o enfrentamento e a superação
da violência;
A
partir da Doutrina Social da Igreja, promover debates, rodas de conversas
envolvendo as secretarias de inclusão, cidadania, direitos humanos e conselhos
de direitos para, juntos, buscar formas de superação da violência contra
crianças e adolescentes.
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E A LEI MARIA
DA PENHA
Incluir
o tema da superação da violência nos programas de formação para a Iniciação
Cristã, Catequese e Pastoral da Juvenil; Promover uma Pastoral familiar capaz
de ajudar cada família a superar os problemas de violência doméstica;
Impulsionar centros paroquiais e diocesanos com uma pastoral de atenção
integral à família, especialmente pessoas que sofrem violência doméstica;
Promover atos públicos em função de uma sociedade mais segura, chamando a
atenção da população sobre a violência doméstica e a Lei Maria da Penha.
O SOFRIMENTO E O AMOR SE
TRANSFORMAM EM AÇÃO
O
enfrentamento e a superação da violência observada no movimento Mães de Maio
demonstra que a dor pode ser superada pelo perdão e, consequentemente, pela
construção de um mundo pacífico à imagem do Reino anunciado por Jesus.
SETENTA ANOS DOS DIREITOS HUMANOS
Com
o objetivo de evitar guerras, promover a paz mundial e fortalecer os direitos
humanitários, em 1948, portanto, há 70 anos, a Organização das Nações Unidas
(ONU) proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
1)
Lutar contra toda forma de violência e discriminação e apoiar iniciativas
adequadas na defesa dos direitos humanos;
2)
Apoiar as pessoas de boa vontade que militam nos difíceis campos da política,
das comissões de direitos humanos, das relações internacionais;
3)
Fortalecer a ação educativa e evangelizadora, objetivando a construção da
cultura da paz, a conscientização sobre a negação de direitos como causa da
violência e o rompimento com as visões de guerra, as quais erigem a violência
como solução para a violência.
SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA GERADA PELA
EXPLORAÇÃO SEXUAL E PELO TRÁFICO HUMANO
Enquanto
cristãos, somos desafiados ao compromisso com o processo de erradicação do
tráfico humano em suas várias expressões. Para tanto, é preciso:
·
Exigir do Estado brasileiro que efetive
o que está proposto no III Plano Nacional dos Direitos Humanos: “Estruturar, a
partir de serviços existentes, sistema nacional de atendimento às vítimas do
tráfico de pessoas, de reintegração e diminuição da vulnerabilidade,
especialmente de crianças, adolescentes, mulheres, transexuais e travestis”.
·
Fortalecer e ou contribuir na
articulação nacional de uma rede de entidades e organizações da sociedade civil
que atuam ou venham a atuar na prevenção ao tráfico humano e na assistência às
vítimas, bem como na incidência por políticas públicas, de modo a integrar
iniciativas de caráter regional mais eficazes.
VIOLÊNCIA E JUVENTUDE
Cada
jovem faz um caminho e nele constrói a sua história. História de sonhos e
esperanças, constitutivos deste ciclo do desenvolvimento humano. (Onde não há
sonho, a utopia está morta). Para que a juventude brasileira não seja impedida
de sonhar, exigimos:
Erradicar
definitivamente o analfabetismo;
Esclarecer
a comunidade sobre a importância da participação nos Conselhos Municipais e
Estaduais da Juventude;
No
acompanhamento aos usuários de drogas, estar ao lado do dependente para
ajudá-lo a recuperar sua autoestima e vencer esta enfermidade;
Estabelecer
políticas públicas de inclusão social de milhares de excluídos principalmente
da juventude negra;
Promover
dinâmicas que levem ao perdão e à reconciliação, sobretudo nas famílias.
NEGROS E NEGRAS E A SUPERAÇÃO DA
VIOLÊNCIA
O
trabalho escravo se deu com base em tortura, abusos sexuais, proibição das
formas de manifestação cultural e religiosa e violência física.
Valorizar
as datas comemorativas dos povos indígenas e quilombolas, participando de suas
atividades ou realizando celebrações nas comunidades na perspectiva de uma
liturgia encarnada e que retrate esses povos e seus clamores;
Realizar
em nossas comunidades a Semana dos Povos Indígenas e a Semana da Consciência
Negra, com celebrações, cantos e danças;
Facilitar
o desenvolvimento da agricultura familiar, consumindo produtos artesanais das
comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.
SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO CAMPO
Para
compreender as causas e os significados da violência no campo e nas comunidades
indígenas, é preciso ter coragem e agir contra o gerenciamento político da
violência no campo, O enfrentamento da violência no campo exige de cada pessoa
e da sociedade comprometimento com:
A
demarcação das terras indígenas;
Estimular
a Reforma Agrária e a melhoria das condições do trabalho no campo;
Impedir
a depredação dos recursos naturais: floresta e solo, degradação do ambiente
urbano, poluição industrial e agrícola revertendo a tendência destrutiva dos
agentes causadores das mudanças climáticas, pois estes são uma violência contra
o meio ambiente.
A SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA FRUTO DO
NARCOTRAFICO
Por
ser a história humana dinâmica e contraditória, o enfrentamento da violência no
contexto da drogadição requer esforço e comprometimento pessoal, social e
eclesial, sobretudo, diante da “mudança de época” e das crises existenciais e
sociais, provocadas pelo desejo de consumo, que banalizam o ser humano e,
consequentemente, o desenvolvimento da vida;
CAMINHOS DE SUPERAÇÃO
No
acompanhamento aos usuários de drogas, estar ao lado do dependente para
ajudá-lo a recuperar sua autoestima e vencer esta enfermidade;
No
apoio à erradicação das drogas, denunciar a criminalidade sem nome dos
narcotraficantes que prejudicam tantas vidas humanas, com o objetivo do lucro e
a força em suas mais baixas expressões;
Incentivar
programas de governos e entidades civis que trabalham neste sentido;
Implementação
de políticas públicas desenvolvidas pelo Centro de Atendimento Psicossocial
Álcool e Drogas (CAPS AD) nos municípios;
Atuação
efetiva do Centro de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS),
bem como as práticas de Polícia Comunitária, normalmente desenvolvidas por
Guardas Municipais (GM);
Fortalecer
a Pastoral da Sobriedade nas Dioceses.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
·
O armamento é um dos instrumentos que
contribui para as manifestações de violência.
·
Somos favoráveis ao Estatuto do
Desarmamento como uma ferramenta para o enfrentamento da violência e sugerimos:
Realização,
pelo Estado e pela sociedade organizada, de campanhas educacionais de
conscientização em relação aos principais problemas que geram insegurança e
medo às pessoas, sejam locais, regionais ou nacionais.
É
também importante a formação e valorização de Comissões Diocesanas de Justiça e
Paz e Comissões de Defesa dos Direitos Humanos, que lutem e promovam a cultura
da paz sem o uso de armas de fogo.
DEFENSORIA PÚBLICA
Para
diminuir a desigualdade e possibilitar que todos tenham acesso a seus direitos,
devemos:
Exigir
a atuação sistemática das defensorias públicas locais;
Possibilitar
encontros com a finalidade de aproximação das pastorais sociais e Defensorias
Públicas;
Em
parcerias com os defensores públicos, promover uma cultura que respeite as
diferenças, combatendo o preconceito e a discriminação.
VIOLÊNCIA POLÍTICA
“A
Igreja é chamada para ser servidora de um diálogo difícil”. (Papa Francisco)
Diante
da ausência ou precariedade das políticas públicas, precisamos estabelecer uma
agenda mínima de diálogo político em nossas comunidades.
As
Escolas de Fé e Políticas ou Escolas de Cidadania presentes em nossas Dioceses
e Paróquias, Escolas Católicas, são de fundamental importância para o
enfrentamento da violência política.
VIOLÊNCIA RELIGIOSA
Em
nome da fé ou de um pressuposto absoluto de verdade, a violência manifestada
pela intolerância religiosa, além de provocar sofrimento e distanciamento da
cultura de paz, impõe sequelas à alma das pessoas empobrecidas e “calejadas”
por uma prática religiosa que, ao invés da liberdade, oprime a misericórdia de
Deus para com seus filhos e suas filhas.
Articular,
por meio do Ecumenismo e do Diálogo inter-religioso, momentos de oração pela
paz em lugares simbólicos;
Articular
parcerias e projetos comuns entre as igrejas e religiões que visem a superação
da violência.
SUPERAR A VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO
Fazem-se
necessárias medidas de superação da violência no trânsito, seja pela auto avaliação
dos próprios motoristas (não dirigindo alcoolizados, não se distraindo no uso
aparelhos eletrônicos, respeitando a sinalização, entre outros),
Instalar
uma rede permanente pela paz no trânsito com a participação das entidades da
sociedade civil e pública com o objetivo de definir ações emergenciais visando
reduzir a violência no trânsito.
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