“Fraternidade e Políticas Públicas de Segurança”.
Tema Eixo:
“Fraternidade e Políticas Públicas
de Segurança”.
Lema Eixo:
Em paz me deito e logo adormeço, pois só tu, Senhor, me fazes viver em
segurança. (Salmos 4,8)
Apesar
de ser o homem mais poderoso em Israel durante seu reinado de 40 anos, Davi
depositou a sua confiança em Deus, e não na sua própria força. Ele dependia da
justiça de Deus, acreditando que o Senhor faria a distinção entre os fiéis e os
ímpios. Salmo 4, escrito por Davi e encaminhado ao mestre de canto em
Jerusalém, é um excelente exemplo da certeza desse rei de que Deus julgaria
retamente. Como muitos dos Salmos também trazem mensagens messiânicas, podemos
ver nesse Salmo uma mensagem que prefigura as experiências de Jesus. Homens que
buscavam mentiras rejeitaram Jesus, mas ele achou conforto e vindicação da
parte do Pai.
“Responde-me
quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem
misericórdia de mim e ouve a minha oração” (verso 1). Davi abre esse Salmo com
uma súplica ao Senhor. Ele deseja ser ouvido pelo Deus da justiça, e demonstra
sua confiança baseada na fidelidade de Deus no passado. O Senhor já aliviou o
sofrimento de Davi. Ele confia numa resposta que parte da misericórdia divina.
“Ó
homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e buscareis
a mentira?” (verso 2). A linguagem desse verso se ajusta bem ao período da
rebelião de Absalão, pois ele e seus co-conspiradores tentaram tirar a glória
do rei legítimo. Os homens que apoiaram o filho rebelde compartilharam seu amor
da vaidade e depositaram confiança em suas mentiras.
Não
aparece em todas as versões, mas há uma anotação no texto original, depois do
verso 2, da palavra “Selah”, provavelmente indicando uma pausa no hino.
Serviria para os homens tomarem tempo para refletir sobre as palavras que
acabaram de ouvir antes de Davi continuar com orientações para eles voltarem ao
Senhor.
“Sabei,
porém, que o SENHOR distingue para si o piedoso; o SENHOR me ouve quando clamo
por ele” (verso 3). Homens injustos recusam escolher o bem sobre o mal, mas
Deus escolhe os bons sobre os maus! Os adversários de Davi não venceriam o
ungido do Senhor, mas ainda poderiam se submeter à vontade de Deus e receber o
benefício da sua proteção.
“Irai-vos
e não pequeis; consultai no travesseiro e sossegai” (verso 4). A palavra
traduzida “Irai-vos” aqui apresenta um desafio para os tradutores. Nos outros
lugares que a palavra ocorre nas Escrituras, refere-se ao efeito de ser agitado
ou provocado por uma força externa, não à ira que vem do próprio coração da
pessoa. Algumas traduções refletem o mesmo sentido aqui. Parece que Davi (e
Paulo, também, quando cita o mesmo verso em Efésios 4:26) está ensinando o
leitor a não ser perturbado e induzido ao pecado, pois pode confiar em Deus e
achar sossego. Com esse entendimento, faz perfeito sentido encontrar novamente
a palavra Selah no fim desse verso, sugerindo uma pausa para se acalmar e
refletir sobre essa instrução.
“Oferecei
sacrifícios de justiça e confiai no SENHOR” (verso 5). Para deixar a agitação
da vaidade e engano, é necessário renovar a relação com Deus. Sacrifícios, no
Antigo Testamento, foram uma maneira de buscar perdão e a restauração de
comunhão, permitindo que a pessoa arrependida encontrasse refúgio em Deus.
“Há
muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? SENHOR, levanta sobre nós a
luz do teu rosto. Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles,
quando lhes há fartura de cereal e de vinho” (versos 6 e 7). Na época de Davi,
como nos dias de hoje, muitos buscavam sinais visíveis do favor de Deus. Davi,
porém, achou mais prazer na confiança da sua comunhão com Deus –suas bênçãos
espirituais– do que na abundância de posses.
“Em
paz me deito e logo pego no sono, porque, SENHOR, só tu me fazes repousar
seguro” (verso 8). A tranquilidade de Davi não dependia das suas
circunstâncias. Mesmo se não tivesse nada, e ainda sendo perseguido pelos seus
inimigos, ele conseguiu dormir em sossego. Davi entendeu o que nós precisamos
crer: Deus é maior do que todos os problemas, provações e adversários que nos perturbam.
Paulo ensinou a mesma coisa (Filipenses 4:6-7). A paz do Senhor nos guardará
quando confiamos, de fato, em Deus.
Ultimamente,
algumas notícias têm me abalado. Não me refiro a catástrofes naturais, a crimes
terríveis reportados nos jornais ou ao rumo das eleições do nosso país. Estou
chocado com os rumos da igreja. Digo “igreja” de um modo genérico, pois muito
do que se apresenta com tal nome nenhuma semelhança guarda com a igreja de
Cristo descrita nas Escrituras. São, em vez disso, covis de malandros que, com
linguagem marcada por termos extraídos da Bíblia e com promessas de fazer
inveja aos políticos mais mentirosos, enganam pessoas desesperadas em busca de
soluções para o seu dia a dia, sem buscarem soluções para o pecado que as
separa de Deus.
Fora
a tristeza de ver ladrões fazerem comércio das pessoas enquanto se dizem servos
de Deus, cumprindo, assim, o que foi predito por Pedro (2Pe 2.1-3), os afazeres
cotidianos que se acumulam uns sobre os outros e a falta de efeito de diversos
investimentos também têm me cansado e me angustiado. Coisas de tirar o sono.
Nesses
momentos, eu me lembro do Salmo 4. Nele, Davi se dirige ao Senhor chamando-o de
“Deus da minha justiça” e lhe diz: “Na angústia, me tens aliviado; tem
misericórdia de mim e ouve a minha oração” (v.1). Sabendo que o contexto do
salmo nos leva a Davi em um momento de tristeza, preocupação e angústia, há
três verdades nesse texto que sempre me alentam.
A
primeira delas é que o Senhor trata os seus servos de modo especial (v.3). O
texto diz que Deus “distingue para si o piedoso” (ARA) ou que ele o “escolheu”
(NVI). A palavra hebraica palah (פָּלָה), na forma em que se encontra,
significa “separar” ou “tratar com preferência”. Assim, apesar de o mundo ser
até mesmo inóspito para os cristãos, o Senhor nos trata da maneira
característica que os pais tratam seus filhos.
A
segunda é que o Senhor é o alvo da nossa confiança (vv.4-6). Nesses versículos,
Davi diz que o servo de Deus não deve agir mal quando recebe o mal; antes, deve
refrear seus impulsos devido ao louvor que rende ao seu Deus. Diante de uma
instrução tão contrária aos impulsos humanos, ele imagina alguém se lamentando
e perguntando quem, então, poderia estabelecer a justiça onde ela foi
corrompida. A resposta vem na forma de uma oração em que o rei clama: “Senhor,
levanta sobre nós a luz do teu rosto”. É um pedido munido de esperança na
fidelidade, no poder e na capacidade de Deus de, um dia, trazer à luz a justiça
que agora nos parece natimorta.
A
terceira verdade é que o Senhor dá a alegria verdadeira (v.7). Davi relata,
aqui, seu próprio relacionamento com Deus e sua experiência pessoal, lembrando
ser ele alguém que passou por inúmeras tristezas e injustiças. Ele compara a
alegria que o Senhor lhe deu à alegria dos homens quando o Senhor “lhes dá
fartura de cereal e de vinho”. Uma tradução literal é: “Deste-me alegria mais
do que o trigo e o vinho deles ao se multiplicar”. Em resumo, a alegria gerada
pela prosperidade financeira não era superior à que Deus produzia em Davi ao se
relacionar com ele.
O
resultado da contemplação dessas verdades pelo salmista produzia nele o mesmo
que produz em mim: paz e segurança. Isso é revelado no v.8, quando Davi diz:
“Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar
seguro”. A insônia do rei – e a minha – são curadas ao lembrar do tratamento
que recebemos do nosso Pai celestial e do relacionamento que nutrimos com ele
por meio do Senhor Jesus Cristo.
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