“Fraternidade e Políticas Públicas de Promoção da Cultura”


Tema Eixo: “Fraternidade e Políticas Públicas de Promoção da Cultura”.
Lema Eixo: “No futuro, estrangeiros que não pertencem a teu povo, Israel, ouvirão falar de ti. Virão de terras distantes por causa do teu nome. (1Rs 8,41)
Cultura é a forma como uma comunidade vive, se expressa e se organiza. A cultura de um povo inclui: a língua, arte, roupa, hierarquias sociais, formas de pensar, regras morais... A Bíblia foi escrita no contexto de várias culturas diferentes e tem aplicação para pessoas de todas as culturas.
Em qualquer lugar onde pessoas vivem e interagem surge cultura. A cultura une as pessoas, criando regras, costumes e formas de comunicar que todos entendem e aplicam. Cada pessoa aprende a cultura de onde vive.
A cultura não é uma coisa parada, que é sempre igual. A cultura muda com o tempo. O contato com ideias e costumes diferentes muda a cultura de um povo. Mudança acontece em todas as culturas.
A Bíblia foi escrita ao longo de 1500 anos, em várias culturas diferentes: cultura nômade (Abraão), cultura egípcia (José), cultura judaica tribal (Josué), cultura judaica monárquica (Davi), cultura babilônica (Daniel), cultura Persa (Ester), cultura grega e romana (Paulo)...
As culturas que a Bíblia nos mostra podiam ser muito diferentes umas das outras, mas a Bíblia tem a mesma mensagem para todas. A Bíblia não é contra a cultura. Deus criou a diversidade. Mas existem regras universais, que devem ser aplicadas em todas as culturas.
Algumas regras na Bíblia estão relacionadas com a cultura da época mas o princípio por trás da regra é universal. Por exemplo, Deus mandou usar balanças bem equilibradas para pesar dinheiro nas trocas comerciais (Provérbios 11,1). Pessoas desonestas usavam balanças desequilibradas para cobrar mais por seus produtos. Hoje em dia não usamos mais balanças mas essa regra nos ensina que devemos ser honestos e cobrar o preço justo.
Quando não entendemos uma passagem da Bíblia, é importante procurar o contexto cultural dessa passagem. Quando entendemos o que significava nesse tempo, podemos encontrar a regra universal e aplicar a nossa situação.
O cristão e a cultura
Cada cultura tem coisas boas e coisas ruins. Enquanto estamos aqui na terra, não podemos nos desligar completamente da cultura. Por isso, precisamos da sabedoria de Deus para entender o que é bom e o que é ruim em nossa cultura (Efésios 5,10).
O cristão que está completamente desligado da cultura à sua volta não vai conseguir comunicar o evangelho aos descrentes de sua comunidade. O apóstolo Paulo citou filósofos gregos em seu sermão para pessoas gregas. Ele nunca comprometeu a verdade sobre Jesus mas ele usou o que era bom na cultura para transmitir a mensagem (1 Coríntios 9,21-23).
Cultura e beleza foram utilizadas por Deus no tabernáculo e no templo do Senhor

Em Êxodo 25.1-9, temos uma descrição dos diversos tipos de matérias-primas, trabalhos e artes utilizados sob o direcionamento e prescrição direta de Deus. Isso não somente legitima as diferentes profissões, mas também a arte e a cultura contidas em cada um dos artefatos descritos.
O artigo de uma autora cristã nos chama a atenção para o seguinte fato: “Deus permitiu que os israelitas recebessem jóias e roupas do povo do Egito e aceitou com agrado a contribuição voluntária de uma parte desses itens, que foram transformados em utensílios e enfeites para o tabernáculo, o lugar em que Ele [Deus] seria adorado”.
Moisés transmitiu a mensagem: “Tomai, do que tendes, uma oferta para o Senhor; cada um, de coração disposto, voluntariamente a trará por oferta ao Senhor: ouro, prata, bronze, estofo azul, púrpura, carmesim, linho fino, pêlos […] peles […] pedras de ônix e pedras de engaste” (Êx 35.5-9).
Êxodo, do capítulo 35 ao 39, descreve a beleza desse tabernáculo e os detalhes das vestes dos sacerdotes, tudo do melhor e do mais bonito.
Ouro, linho, pedras preciosas, anéis, argolas, coroa... Quando os israelitas tiraram o espólio do povo de Canaã, na medida em que Deus permitiu, o Senhor nunca deu ordens para que deixassem de lado as jóias e as roupas bonitas que estariam entre as riquezas que poderiam levar, e muito menos que as aproveitassem de outra maneira.
Portanto, nas diretrizes bíblicas sobre a construção do tabernáculo, vemos a aprovação divina de várias expressões de cultura e, o que é interessante, a apreciação de objetos de mérito procedentes de descrentes.
Em 1Reis 6.7, lemos sobre planejamento, arquitetura e engenharia. Em 1Reis 7.14, sobre metalurgia e trabalho específico em cobre. Sabemos que essas atividades não podiam ser executadas sem conhecimento e cultura. Academicamente falando, seria necessário conhecer certas ciências, como matemática, física, química, além de habilidades artísticas reconhecidamente superiores.
O templo, erguido como símbolo (1Rs 8.27) e testemunho (1Rs 8.41), é um selo de aprovação de Deus à apreciação daquilo que o homem pode produzir de belo e ao conhecimento básico das diversas profissões, quando essas coisas são encaminhadas à glória divina.
Já nos referimos à tendência de definir tão abrangentemente o conceito de cultura que todas as formas comportamentais são aceitas como valiosas. Essa mesma tendência se estende a outras áreas de realizações humanas, como, por exemplo, as artes plásticas e a música. Somos ensinados, por algumas pessoas, que tudo que provém espontaneamente de um povo deve ser aceitado e, até mesmo, trazido para a igreja. “É tudo uma questão de estilo”, nos dizem. Será que é mesmo assim (Fl 4,8-9)?
Até os descrentes estão começando a abrir os olhos para um julgamento mais adequado do que é considerado “arte” e “cultura”. O caderno regional de uma revista semanal de circulação nacional publicou um ensaio no qual o articulista descrevia a sua visita à Bienal de São Paulo 2 em companhia de um amigo, conhecedor de “arte”. Em frente a uma tela branca, o seu amigo conhecedor exclamava, entusiasmado: “É um marco!”. Intrigado com várias outras obras estranhas que recebiam a admiração do amigo, entre elas uma pedra cheia de chicletes pregados nela, ele indicou que não estava entendendo nada. O amigo entendido “explicou” ao apreciador perplexo:
“A arte não lida com a beleza, mas com a transgressão”. Ora, certamente esse não é o critério de Deus. Por mais difícil que seja discernirmos os critérios de julgamento, a nossa apreciação da cultura e das artes nunca pode desprezar a pergunta: “Isso possui realmente qualidade e mérito?”. Vimos que Deus, na criação, avaliou o que fez, passo a passo, e viu que era “bom”, ou seja, a criação possuía valor intrínseco. Semelhantemente, o Senhor Deus escolheu formas de artes que eram “belas” para os locais de adoração. Sejamos, portanto, apreciadores da cultura real (popular ou erudita), que tem mérito e qualidade.
Muitas perguntas pairam sobre nossas cabeças e deveríamos nos esforçar para responder, biblicamente, a cada uma delas:
Será que temos absorvido aspectos da nossa sociedade como “cultura”, sendo que esses aspectos, na realidade, contrariam preceitos da Palavra de Deus?
O que devemos dizer da “cultura de negócios” encontrada em nossa sociedade, aquela que leva vantagem em tudo, será que ela agrada a Deus?
Estamos nos destacando pelo nosso testemunho de contraste ou pelo nosso envolvimento inconsequente com as manifestações “culturais” de nossa sociedade?
Será que temos nos isolado indevidamente e falhado em reconhecer as bênçãos de Deus, providenciadas por sua graça comum, quando permite que o homem escreva, componha ou produza algo que é belo e agradável? E as igrejas?
Estão absorvendo aspectos de uma cultura que contraria a Palavra de Deus ou têm reagido, de forma extremada, proibindo o que Deus não proíbe?
E qual tem sido o impacto da cultura, ao longo da história, na liturgia da igreja?
Qual deve ser o papel da igreja na transformação da cultura de um povo?
Recentemente, temos visto muitos artistas que se declaram convertidos, mas que não discernem nenhuma maldade ou imoralidade na forma de expressão que marcou suas carreiras. Por exemplo, uma dançarina, meio cantora, famosa por suas músicas entremeadas de grunhidos e suspiros, pelas roupas sumárias que usa e por sua dança erótica de segundas implicações, continua se apresentando e divulgando essa forma de “cultura” ao mesmo tempo em que se identifica com a igreja evangélica.
Será que isso está certo e agrada a Deus? Oremos para que o Senhor possa nos conceder o discernimento necessário, para que tenhamos vidas cristãs autênticas que honrem o santo nome do Senhor em todos os aspectos de nossa vida.
Por outro lado, o cristão tem de marcar a diferença. Em cada cultura, existem coisas que são incompatíveis com a fé cristã. Por isso, precisamos conhecer a Bíblia para reconhecer o que é ruim e rejeitá-lo (1 Tessalonicenses 5,21-22).

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