1° Ano do Ensino Médio - II° Bimestre


O QUE SÃO TEXTOS SAGRADOS

Os povos fazem religião, cada um à sua maneira. Este jeito de fazer religião acaba sendo registrado, guardado e transmitido para as pessoas que virão no futuro, através de livros, histórias contadas, músicas, danças, poesias, pinturas, desenhos, esculturas...
Imagine se você se tornasse repentinamente um santo, as pessoas de sua religião iriam querer contar sobre você para todos os outros, para seus filhos e netos. Gostariam de passar para outras gerações o seu exemplo de vida e ensinamentos. Deste modo alguém poderia escrever em um livro a sua história, seus pensamentos, e este livro seria a memória viva do que você foi. Poderiam fazer peças de teatro, músicas cujas letras transmitissem seus ensinamentos. Nos templos, ou lugares sagrados poderiam pintar a sua experiência. Todas estas formas estariam buscando transmitir às pessoas a sua mensagem.
Bem, vamos cair na real. você não é um personagem religioso importante, pelo menos por enquanto. Mas, já pode compreender o que é um texto sagrado e qual a sua função.
As pessoas são diferentes e as religiões também. Sendo assim, cada religião tem os seus próprios textos sagrados. As diversas tribos indígenas, que não utilizavam a escrita, tinham a sua religião valorizada e transmitida para as futuras gerações por meio das histórias que eram contadas. Estes povos não só narravam seus textos sagrados, como os desenhavam, dançavam, teatralizavam, etc. Com esta forma eles conseguiram preservar suas tradições religiosas. Do mesmo modo, os povos africanos, trazidos à força para o trabalho escravo, assim o fizeram. Esses homens e mulheres negros buscaram manter viva a sua religião através da arte de seus costumes e de sua forma própria de cultuar.
Vamos conhecer agora alguns textos sagrados escritos:
A religião chamada Hinduísmo, a qual surgiu na Índia, país localizado no Oriente, possui muitos livros sagrados, muitos mesmo, chamados Vedas. Vedas significa “conhecimento” em sânscrito, uma das línguas dos indianos.
Os adeptos da religião chamada Islamismo, a qual originou-se na Arábia, seguem os preceitos contidos no livro sagrado Corão. Este livro, conforme o Islamismo é uma forma de louvar o Deus Único, chamado Alá. Por isso, certas vezes este livro é denominado de Alcorão. Este “Al” colocado no início é uma forma de prestar homenagem a Alá.
Para o Judaísmo, religião que surgiu no Oriente Médio, um dos textos sagrados é chamado de Torá. Torá significa “a Lei” para os judeus. Para os cristãos, o livro sagrado é a Bíblia. Nela estão contidos os principais ensinamentos para seus seguidores. O Cristianismo também surgiu no Oriente Médio.
Atualmente essas religiões têm seus representantes nos mais diferentes pontos do planeta. Cada tradição religiosa tem os seus próprios textos sagrados, os quais são considerados como fruto de inspiração divina.
ATIVIDADE DE PESQUISA

1.      Faça uma pesquisa sobre o livro sagrado de uma tradição religiosa:
Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo, etc.
2.      A que tradições religiosas pertencem estes Livros Sagrados:
Tanach
Bíblia
Pali Tripitaka
Vedas
Avesta
Alcorão
3.      A partir dos dados de sua pesquisa, escrava um texto sobre o livro sagrado.


Ética e tradições religiosas: Fundamentação dos limites éticos nas tradições religiosas.

As tradições religiosas são um pertencimento humano. Ou seja, elas fazem parte do contexto social e cultural de um povo. Uma das razões pelas quais vários indivíduos buscam algum tipo de religião é para "colocar ordem na vida". Por causa das intempéries do cotidiano, às pessoas buscam na fé religiosa, sentido para vida, espiritualidade, esperança para viver e também orientações para uma conduta correta.
A ética é um ramo da filosofia, e as religiões possuem em seu repertório doutrinário princípios éticos. Com isso podemos concluir que: religião e filosofia andam juntas. Geralmente quando uma pessoa procura uma religião, e adere a ela, consequentemente aceitará os princípios éticos e morais dessa religião.
O objetivo deste texto é ser mais uma fonte de apoio para auxiliar o trabalho dos professores do Ensino Religioso. O ethos é um dos eixos temáticos dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER).
"É a forma interior da moral humana em que se realiza o próprio sentido do ser. É formado na percepção interior dos valores, de que nasce o dever como expressão da consciência e como resposta do próprio "eu" pessoal. O valor moral tem ligação com um processo dinâmico da intimidade do ser humano e, para atingi-lo, não basta deter-se à superfície das ações humanas" (PCNER, 2009, p. 55-56).
São analisados, de forma resumida, os princípios éticos do hinduísmo, budismo, judaísmo, islã e cristianismo.
1.      Judaísmo.
"O judaísmo tem centenas de mandamentos, mas os judeus não veem sua fé como legalista. Como os ensinamentos da Torá e do Talmude são muito práticos e cobrem todos os aspectos da vida, os judeus estão conscientes de sua religião e de sua ligação com Deus em tudo o que fazem" (WILKINSON, 2011, p. 72).
A ética judaica não é dualista, ou seja, os judeus não fazem distinção entre ética e vida religiosa. Na Torá judaica existem ao todo 613 mandamentos, que regem vários aspectos da vida dos judeus.
"O judaísmo dá destaque a uma série de qualidades eticamente boas: generosidade, hospitalidade, boa vontade para ajudar, honestidade e respeito pelos pais. Um princípio fundamental é não fazer mal aos outros, ou, de maneira afirmativa: "Amará o teu próximo como a tio mesmo" (Levítico 19.18). [...] A Bíblia exige que sejam dados de presente aos pobres os frutos da terra. Desde os tempos antigos era hábito não colher o que desse nos cantos dos campos, para que os pobres pudessem ali entrar e colher para si. Do mesmo modo, parte das azeitonas e das uvas era deixada nas árvores e nos vinhedos para ser apanhada pelos pobres" (HELLERN; NOTAKER; GAARDER, 2000, p. 112).
Colocar esses preceitos em prática é uma forma do fiel judeu se aproximar do Eterno. À medida que os mandamentos da Torá são observados e praticados; a vida social e comunitária dentro do judaísmo se torna justa, no sentido de que os menos favorecidos sejam amparados e os mais abastados sejam solidários.

2.      Cristianismo
O principal fundamento da ética cristã é a vida e os ensinos de Jesus Cristo. O fiel cristão procurará conduzir a sua vida através do que Cristo ensinou. O sermão da montanha, registrado no Evangelho de São Mateus, é uma das bases para fundamentação da ética cristã.
"O chamado Sermão da Montanha (Mateus 5-7) é fundamental para as bases éticas do cristianismo. Jesus começa dizendo à multidão que não veio para revogar a lei judaica de Moisés, mas sim para cumpri-la. Ele prossegue estabelecendo um novo sistema ético que estende a lei mosaica de um modo que se tornou fundamental para a formulação de uma moralidade cristã distinta. Amplia o mandamento "Não matarás", fazendo-o incluir até o fato de alimentar raiva contra o outro; expande o mandamento contra o adultério para que abranja desejos lúbricos; e reforça a injunção contra a invocação em vão do nome do Senhor, nela inserido praguejar falando em céu, terra ou em si próprio" (GOOGAN, 2007, p. 75).
Por ser a religião com o maior número de adeptos; é comum que os princípios éticos do cristianismo acabem se espalhando para outras partes do planeta. Várias nações e países foram, durante sua história, moldados em princípios éticos cristãos. Trabalhos beneficentes, decisões jurídicas e a constituição de alguns países, foram direta ou indiretamente fundamentados em algum princípio ético cristão.

3.      Islamismo
"O Islã é uma religião prática. Oferece a seus seguidores um corpo de instruções sobre como viver suas vidas, e estabeleceu um sistema, chamado xariá, para orientar a tomada de decisões morais e legais. Enraizadas no Corão, essas instruções morais também acolhem a opinião de líderes religiosos" (WILKINSON, 2011, p. 134).
Todos princípio éticos islâmicos estão contidos na Xariá. É através dela que à vida do fiel muçulmano, como da sociedade são regidos. O Corão é o principal fundamento da Xariá e da ética muçulmana. No entanto, também existe a Suna que são os relatos da vida do Profeta Maomé. Quando uma passagem do Corão não é bem compreendida, a Suna (Hadith) do Profeta serve como auxilio interpretativo. Quanto mais o crente muçulmano conhece o Corão, mais aprenderá os princípios éticos do Islã.

4.      Hinduísmo.
"A ética do hinduísmo funda-se no carma, a lei moral de causa e efeito, e no darma, o conceito do caminho moral correto que cada pessoa deve seguir. Como o caráter e as circunstancias de uma pessoa variam, a fé lhe oferece maneiras de viver bem e seguir seu darma" (WILKINSON, 2011, p. 172).
"Aquilo que faço aqui e agora, terá consequências na próxima reencarnação". A ética hindu está completamente ligada a lei da "causa e efeito". O fiel hindu procura a partir do seus méritos e esforço próprio ter uma conduta moral que lhe garanta viver melhor em outra vida.
Mas qual a diferença entre carma e darma? O termo carma vem do sânscrito que significa "ação", "ato”, “trabalho", está ligado as consequências das ações feitas pelo homem, e que determinarão o que acontecerá com ele futuramente. O carma é um código de ética coletivo, ninguém foge dele. Já o darma é mais individual e está ligado a casta que a pessoa faz parte. Existe um darma para cada tipo de pessoa, e cabe a cada um viver conforme o seu darma.
"A sociedade hindu é dividida numa série de classes sociais, chamadas varnas ou castas. A vida e as ações de todos dependem da classe em que nasceram. Por tradição, o darma de uma pessoa tem relação direta com a varna em que nasceu. [...] A casta que um hindu nasce afeta sua escolha de trabalho, de cônjuge, e das pessoas com as quais pode comer ou de quem pode aceitar comida. A ética hindu se ajusta a esse sistema de classe, e a pessoa deve obedecer às regras de casta para permanecer ritualmente pura" (WILKINSON, 2011, p. 173).
Não podemos esquecer que dentro desse sistema de castas, existem castas superiores e inferiores. E é um sistema que não permite mudanças, ou seja, quem é de uma casta inferior não pode mudar para outra superior. Em suma, o indivíduo cresce e morre na casta que nasceu.
Mas apesar disso, independente da casta, os hindus acreditam que a vida é sagrada. A violência deve ser evitada. E é condenável matar animais para alimentação. Essa é a causa da vaca ser um animal sagrado para os hindus. Os hindus não comem carne de vaca, eles são essencialmente vegetarianos.

5.      Budismo.
O Budismo é uma divisão do hinduísmo, mas tomou emprestado alguns princípios éticos da antiga religião.
"Tal como outras religiões da Índia, como o hinduísmo e o jainismo, o budismo adere à lei da causalidade moral, ou carma, segundo a qual os seres humanos acumulam mérito ou demérito (carma bom ou mau) como resultado de seu comportamento. [...] Nesse ínterim, esperam acumular mérito seguindo os preceitos éticos estabelecidos quando o budismo surgiu" (WILKINSON, 2011, p. 194).
A ética budista está fundamentada no "caminho das oito vias", é através deste caminho em que o fiel budista se esforça para se livrar do sofrimento e do desejo. Semelhante ao hinduísmo, a ética budista é essencialmente meritória, ou seja, é pelos seu méritos que o budista alcança à libertação dos desejos e do ciclo de reencarnações.
"Com base em sua própria experiência, Buda acreditava que o homem deve evitar os extremos da vida. Não se deve viver nem no prazer extravagante, nem na autonegação exagerada. Ambos os extremos acorrentam o homem ao mundo e, assim, à "roda da vida". O caminho para dar fim ao sofrimento é o "caminho do meio", e Buda o descreveu em oito partes: (1) perfeita compreensão; (2) perfeita aspiração; (3) perfeita fala; (4) perfeita conduta; (5) perfeito meio de subsistência; (6) perfeito esforço; (7) perfeita atenção, e (8) perfeita contemplação" (HELLERN; NOTAKER; GAARDER, 2000, p. 57).
Os pontos 3, 4 e 5, estabelecem código moral no budismo. A perfeita fala significa que homem deve se abster de falar mentiras, calúnias e fofocas. O budista deve falar de forma verdadeira e amigável com o seu semelhante. A perfeita conduta está relacionada a não matar, não roubar, não ter uma vida promiscua, etc. A perfeita subsistência está relacionado à escolha de uma profissão. O budista não teve escolher um trabalho que entre em confronto com os ensinamentos budistas. Por exemplo, é incompatível um budista ser açougueiro, pois esse trabalho entra em desacordo com o princípio budista de não matar.

6.      Confucionismo
“Não faças aos outros aquilo que não desejas que te façam”. Anacleto, 15, 23. A teoria pressupõe igualdade entre os homens. O homem é bom, o mal se interioriza por meio dos sentidos.
       I.            Os princípios éticos confucionistas
    II.            Os cinco principais princípios confucionistas: a Educação - Ritual (Li), a Humanidade (Ren), o homem superior (Jun zi), o Poder (Te), as artes da paz (Wen)
 III.            O Justo Médio confuciano
 IV.            O homem de moralidade superior
    V.            As palavras certas
 VI.            A Regra de Ouro Confucionista
Confúcio lutou contra a ideia da uma sociedade feudal, busco uma maneira de organizar a sociedade de forma que os postos de responsabilidade fossem ocupados pelo “homem de moral superior”.
Um conceito sem dúvida revolucionário, tanto na sua época como em nossos tempos. No confucionismo, tanto o homem como a sociedade na que vive, são uma pequena parte do universo. O universo é imerso em uma ordem, em uma harmonia. Qualquer tentativa de romper esta harmonia gera problemas, neste ponto coincidem com o Taoísmo. De alguma forma, este conceito gera um sentimento de predestinação. A regra de ouro do confucionismo é citada nos Anacleto em três ocasiões:
Zigong disse: “O que não quero que os demais me façam a mim, também não lho faz eu a eles”.
Confúcio disse “Teu ainda não atingiste esta perfeição”. Confúcio “A benevolência... Consiste em não fazer a outros o que não quer que te façam a ti”. Os cinco princípios fundamentais do confucionismo (O conteúdo da tradição deliberada) como:
1. Educação, Ritual (Li): “Estuda como se nunca fosses a aprender bastante, como se temesse esquecer o aprendido”.
2. Humanidade (Ren): “O autodomínio e os ritos trazem a Benevolência (Ren)... A benevolência provem de um mesmo, não dos demais”. “Ren consiste em amar aos demais”.
3. Homem superior (Jun zi): “O homem superior é centrado na justiça, o vulgar no benefício”.
4. Poder (Te) “O poder pelo que se regem os homens”.
O bem não implanta-se na sociedade nem pela força nem pela lei, senão pela influência das pessoas admiradas e respeitadas. Se o líder é inepto, a sociedade não funcionará. Harmonia entre as religiões Negócios Ahimsa (Não-Violência). “Orientemos a vontade para o bom caminho, agarremos à virtude, harmonizemos com a benevolência, descansemos na arte.”

7.      Taoísmo
Outras religiões Taoísmo “Considera o lucro do teu vizinho como se fora o teu próprio e o prejuízo do teu vizinho como se fora teu próprio prejuízo”. T’ ai Shang Kan Ying P’ ien.  Misticismo contemplativo, guiado por uma ética de perfeição e dirigida aos homens “retirados do mundo”.
Do taoismo podem ser identificados uma série de princípios éticos baseados nos conceitos analisados anteriormente (Tao, Te, Yin-Yang...) e no princípio de não atuar ou Wu-Wei.
Estes princípios éticos taoísta são:
A paz / Não-Violência
O respeito pelo mundo
Autoconhecimento e sabedoria. Desaprender
Controlo dos sentidos. Desapego, austeridade, não cobiçar.
Negação da moralidade
Bondade, fidelidade, humildade, amor, caridade, justiça.
O Tao Te Ching é um manifesto da Não-Violência, ao igual que as religiões asiáticas, em muitos brocardos encontraram referências à não-violência. Para Lao Zi, a paz é o valor mais alto:
“Os exércitos não deixam depois de sim mais que silveiras e espinhas... Não tente conquistar pela força final, porque não fica mais remédio, prescindindo da violência”
Em muitas partes do Tao Te Ching encontramos várias referências ao importantíssimo conceito de Respeitar ao Mundo. A ideia central é que há que estar em harmonia com a natureza, não querer a dominar. “Quem estima e respeita ao mundo na própria pessoa, é digno que se lhe confie a humanidade”.
O caminho que indica o Tao, como as outras religiões, começa pelo conhecimento de um mesmo que nos conduzirá à sabedoria. Se ademais, somos capazes de vencer as nossas tentações, de controlar os sentidos e os desejos, de saber endereçar uma decisão errónea. Para Lao Zi o conhecimento gera imaginação, a imaginação o desejo, e o desejo enlouquece ao ser humano. O princípio máximo do taoísmo, o Wu Wei diz-nos que «desaprendamos o que sabemos» o que «não ensine-se ao povo: quiçá o sentido correto, seja que o conhecimento só pelo conhecimento não faz sentido, que quanto mais conhecimentos temos mais desejos teremos e que quantos mais desejos mais coisas precisaremos. Também há que o entender baixo o ponto de vista de que o conhecimento, sobretudo o técnico, também não faz sentido sem uma componente espiritual que o equilibre. “Quem pratica o Tao, o vê reduzir-se a cada dia, se vai reduzindo e reduzindo, até chegar ao não fazer”. Para seguir o Tao, devemos ser capazes de controlar nossos sentidos, os sentidos são as portas primeiramente do desejo, devemos olhar para nosso interior, não para o exterior.
O controlo dos sentidos deve-nos levar ao desapego, à austeridade, a evitar a cobiça. Um dos conceitos do Tao difícil de compreender é o da negação da moral como valor. “Quando perde-se o Tao, aparecem a moralidade e o dever”. Lao Zi explica-nos claramente as suas prioridades: Tao - Te - Amor - Justiça - Moral. Para ele a moral é o oposto ao Tao, é uma ilusão que nos afasta do verdadeiro Tao. Um dos deveres de um homem Taoísta, é praticar a filantropia. Lao Zi explica-nos que o Sábio que segue ao Tao, tem um espírito filantrópico, ao não ter posses, ao não discutir, ao não atuar, pode ser dedicado aos demais. Lao Zi também nos incide na necessidade de ser equânime e justo com os demais:
“Que o teu próprio mundo seja teu critério para julgar ao dos demais”.
Em muitas partes do Tao faz-se referência ao bom dirigente (Diretor de empresa), que em definitiva deve cumprir com o analisado anteriormente, sobretudo deve praticar o Wu Wei (Não atuar). Para Lao Zi, a liberdade e a independência são a base da ordem. “Quantas mais leis e regulações, mais ladrões”.

8.      Umbanda
É dever da pessoa que professa a religião Umbandista, seguir uma linha de conduta que revele em todas as circunstâncias de sua vida, ou seu grau de espiritualidade a sua possibilidade de ser merecedor de toda a confiança e apoio por parte daqueles que invariavelmente terão em seu exemplo e nas manifestações do seu Mentor Espiritual, a possibilidade de colocar-se de pé ante os atropelos do dia-a-dia e principalmente, escolheram nesta vida este caminho religioso para sua evolução espiritual. Por isso são fixados como linha de conduta ou deveres fundamentais, alguns procedimentos que todo o Irmão, integrante de uma corrente mediúnica deve procurar obedecer:
Art. 1º - Zelar pelo bom nome e engrandecimento da Umbanda, agindo sempre com corretismo, desprendimento e humildade, fazendo do exemplo o cartão de apresentação de sua religião.
Art. 2º - Ter sempre uma disciplina consciente em todos os momentos, principalmente nos trabalhos do seu templo.
Art. 3º - Comparecer pontualmente ao seu templo nos trabalhos normais e àqueles que forem designados, salvo por motivo de força maior.
Art. 4º - Nunca negar auxílio, nem material, nem mediúnico aos irmãos de corrente, independente de suas possibilidades, sendo sempre dedicado, fraterno e cultivando o espírito de união.
Art. 5º - Ter sempre em mente que o homem é aquilo que irradia, por isso quando for participar dos trabalhos, cuide de seu corpo segundo determina a lei de Umbanda, mantenha seu uniforme adequadamente composto e limpo.
Art. 6º - Praticar sempre o ato salutar de lavar as mãos antes de todos os trabalhos, considerando que nossas mãos são as varinhas mágicas por onde nossos mentores espirituais tentarão passar a mais pura energia cósmica.
Art. 7º - Procurar com o maior empenho possível o seu aperfeiçoamento moral e espiritual.
Art. 8º - Cultivar o espírito da autocrítica, para poder adquirir e sanar os seus conflitos e as suas barreiras interiores, promovendo cada vez mais seu crescimento espiritual, para que a Umbanda encontre em si um canal refletido de sua luz divina.
Art. 9º - Manter o recinto de seu templo unicamente conversa de fins espirituais e educativos, que visem o progresso moral e a maior propagação da doutrina umbandista.
Art. 10º - Respeitar, cultivar e preservar a liderança exercida pelo Guia-Chefe em todos os sentidos.
Art. 11º - No que lhe compete, dedicar-se inteiramente para que os trabalhos possam ocorrer de maneira disciplinada e harmoniosa.
Art. 12º - Por ocasião dos trabalhos, manterem silêncio, postura e concentração, evitando cruzar braços ou pernas etc.
Art. 13º - Aplicar-se intensamente para que os futuros médiuns e adeptos de sua religião possam ter confiança e segurança no seu desenvolvimento.
Art. 14º - Conhecer todos os pontos cantados e adotados no seu templo.
Art. 15º - Jamais afastar-se de uma corrente mediúnica ou de um templo sem devido conhecimento do Guia-Chefe e o consequente desligamento espiritual, para evitar futuros comprometimentos antiético.
Art. 16º - Sempre que não puder comparecer a um trabalho, procurar justificar-se com antecedência ou na primeira oportunidade.
Art. 17º - Apoiar, como não poderia deixar de serem, todas as decisões e eventos de seu templo e da federação a que for filiado.
Art. 18º - Respeitar as entidades espirituais, bem como os membros da Diretoria Administrativa do seu Templo ou da Federação a que for filiado, bem como as autoridades constituídas do País.
Art. 19º - Acatar as deliberações da Diretoria do templo que frequentar.
Art. 20º - Submeter-se as decisões transitadas em julgamento, quando for incriminado em alguma falta.
Art. 21º - Ocupar com responsabilidade e zelo os cargos a que for eleito ou designado cumprindo seu mandato até o final, exceto por motivo de força maior.
Art. 22º - Ter um comportamento ético e de respeito quando for visitar outro templo, pessoalmente ou em grupo, evitando demonstrações ou exibições de conhecimentos ou forças, que, aliás, comprovam um alto grau de ignorância.
Art. 23º - Respeitar todos os reinos da natureza, locais de onde provém a energia usada pela magia dos Orixás.
Art. 24º - Manter-se rigorosamente em dia com o pagamento de sua mensalidade, visto que o templo tem compromissos pecuniários a serem saldados.
Art. 25º - É vetado discutir política dentro das dependências do templo.
Art. 26º - Saber cantar o Hino Nacional, da Umbanda e da Federação a que for filiado, em postura cívica e de respeito.
Art. 27º - Cultivar a Lei do Perdão, que é “Só perdoando que se é perdoado”.
Art. 28º - Executando-se as decisões e restrições impostas pelo Guia-Chefe, é permitido praticar todos os atos legais, garantidos pela Constituição Federal.
Art. 29º - Qualquer transgressão deste código de ética deverá ser punida pelo Regimento Interno dos Templos.
Art. 30º - Os casos omissos no presente Código de Ética serão resolvidos pela Diretoria Administrativa, na falta de competência, pelo Guia-Chefe do Templo.
Art. 31º - Toda punição imposta pelo templo, por falta considerada “grave”, deverá ser informada a Federação ao qual seja filiado, para conhecimento e registro.
Art. 32º - Toda a vez que a direção de um templo se julgar incompetente para tomar qualquer medida punitiva, contra um seu filiado, poderá submeter o assunto à competência estatutária da Federação ao qual seja filiado, que auxiliará no cumprimento da decisão tomada.

9.      Candomblé
Os deuses africanos tiveram que ser escondidos e camuflados no culto aos santos cristãos e desde então começaram as opressões. Depois de tantas lutas, vitórias importantes e mais uma série de batalhas travadas, é importante também que cada um de nós busque uma postura ética com os demais religiosos de matrizes africanas.
Hoje, com tantas mudanças e evoluções tecnológicas, me vejo preocupada com um mecanismo muito forte que vem mudando a história do Candomblé, a internet. Alguns dos nossos religiosos têm tido posturas que nos enfraquece e nos separa ao lançar na rede muitas informações distorcidas que acabam maculando a religião do Candomblé, através da exposição de imagens e conhecimentos, que, muitas vezes, chegam a pessoas que ainda não estão preparadas para adquirir certas informações ou as obtém antes do tempo correto.
A tradição oral do candomblé, repassada pelos versos de Ifá, o adivinho, pode ser condensada em 16 odus, ou caminhos, a ser seguidos por todo aquele que cultua orixás. Ei-los:
Ifá nos aconselha:
1º - ÒKÀNRÀN: Não fazer mal a ninguém.
2º - ÉJÌ ÒkÒ: Não sentir ódio nem destratar o outro.
3º - ETÁ ÒGÚNDÁ: Não guardar sentimentos de vingança.
4º - ÌRÒSÙN: Não fazer armadilhas nem caluniar.
5º – ÒSÉ: Não invejar nada nem ninguém.
6º - ÒBÀRÀ: Não mentir.
7º - ÒDÍ: Não corromper nem se deixar corromper.
8º - ÈJÌ ONÍLÈ: Usar bem a cabeça neste mundo e respeitar os segredos alheios.
9º - ÒSÁ: Não ser falso com o próximo.
10º - ÒFÚN: Não roubar, não jurar em falso nem amaldiçoar.
11º - ÒWÓNRÍN: Não matar, não arruinar a vida de outros e ser grato ao bem que nos façam.
12º - ÈJÌLÁ SEBORÁ: Evitar os escândalos e as tragédias.
13º - ÈJÌ OLÓGBON: Respeitar os Ancestrais.
14º - ÌKÁ: Não espalhar doenças, a corrupção e a maldade sobre o mundo.
15º - ÒGBEGÚNDÁ: Respeitar aos mais velhos, as crianças, o pai e a mãe.
16º - ÀLÀÁFÍÀ: Ouvindo estes conselhos não sentirá vergonha no dia que tiver que se apresentar perante Olódùmarè!
A maioria das pessoas pensam que os valores mais elevados da humanidade - o amor, o respeito ao outro, a abdicação da agressividade, o desejo de estabelecer a paz na comunidade - estão depositados e resguardados na religião. Por esse motivo, qualquer crítica que se lhe faça é entendida como um ataque a esses valores fundamentais para a civilização. De forma simples e objetiva compreendemos que a Fundamentação dos limites éticos nas tradições religiosas, se resume basicamente na aceitação do outro, no respeito ao outro, mesmo que este outro nos seja diferente, no primeiro contato nos assuste, mas se não o conhecemos, nos calamos e buscamos resguardar o silencio respeitoso, seguindo princípio evangélico que nos diz: “Portanto, quem não é contra nós, está a nosso favor” (Marcos 9,40), uma vez que o princípio de todo ser criado é Deus, e tudo transcorre segundo a sua permissão. Amor e respeito, base de todo limite ético religioso, o julgamento cabe somente a Deus, pois Ele mesmo diz: “Eu sou amor, e todo aquele que ama permanece em mim e eu nele.” (1 Jo 4, 7-19).

10.  Considerações finais.
Ao analisar resumidamente os princípios éticos dessas cinco religiões podemos concluir que:
1. Cada religião tem uma forma diferente de entender o que é ética;
2. Por terem surgido em contextos sociais e culturais distintos, as religiões podem ter princípios de conduta que entrem em conflito com os de outra religião. Por exemplo, o Corão permite que o homem, se tiver condições econômicas, tenha até quatro mulheres (Alcorão 4.3). É o que chama-se de poligamia. Na ética cristã à poligamia não é permitida;
3. Os princípios éticos não são eternos, eles podem sofrer algum tipo de mudança com o passar do tempo;
4. As religiões procuram, cada uma ao seu modo, serem um canal de mediação entre o homem e o transcendente.

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