3° Ano do Ensino Médio - II° Bimestre


O SAGRADO FEMININO NAS RELIGIÕES

Resgatar o sagrado feminino é tornar possível o equilíbrio entre os aspectos masculino e feminino, é reconhecer a importância da mulher nos diversos âmbitos da vida social, política, cultural e religiosa.
A mulher tem o direito de exercer junto com o homem o seu papel com respeito e dignidade. Nas sociedades matriarcais, a Terra era reconhecida como um planeta de energia feminina, e a mulher era respeitada e reverenciada pelo mistério da vida que se alojava em seu ventre, ou seja, pelo poder que tinha de gestar um novo ser. Com o predomínio do patriarcado, a mulher foi sendo despojada do seu poder e foi-lhe negado o direito de participação efetiva da vida social, política, cultural e religiosa. Por conta desse predomínio, o mundo foi pensado e organizado pelos homens de modo a tornar-se excessivamente competitivo, agressivo, e voltado para a materialidade e racionalidade em detrimento da espiritualidade e intuição.
Em suma, o resgate do sagrado feminino tem o propósito de promover a integração de forma justa e saudável do papel da mulher e do homem na religião, política, ciência, arte, entre outras instâncias, visando a complementaridade dos opostos.

O resgate do sagrado feminino
A necessidade de tratar um tema como o resgate do sagrado feminino é devido a negação histórica do lugar da mulher na sociedade, sobretudo na esfera do religioso. As religiões são profundamente marcadas pelo selo do masculino possuidor do poder de decisão. A própria consideração de um Deus Pai todo poderoso, quando mal interpretada, pode legitimar uma cultura de opressão ao feminino.
Historicamente esse fato pode ser comprovado em quase todas as religiões. Essa constatação ressalta ainda mais a importância de tratarmos o tema do resgate do sagrado feminino. É inquestionável a força da presença feminina nas religiões, mas por outro lado essa presença quantitativa não é reconhecida nos espaços decisórios do âmbito religioso católico. Vale lembrar aqui a mensagem do Papa Bento XVI para Jornada da Paz, que denunciou a consideração insuficiente que se dá à condição feminina “nas concepções antropológicas que persistem em algumas culturas, que ainda destina à mulher um papel de grande submissão ao homem, com consequências que ofendem a dignidade de pessoa e impedem o exercício das liberdades fundamentais”.
Se pesquisarmos sobre o feminino primitivo e o divino veremos que as primeiras representações da divindade foram de mulheres. A Deusa era a grande mãe capaz de gerar e sustentar a vida. Trata-se de um mistério fascinante, um mistério sagrado. De acordo com Neumann (1996) “a cultura primitiva é em grau bastante elevado um produto do grupo das mulheres”. Seguindo numa perspectiva histórica, notamos uma racionalização dos mistérios em que as mulheres vão perdendo sua semelhança com o sagrado.
As religiões vão construindo um Deus masculino e perdendo o aspecto da Deusa. Na Grécia e em Roma, por exemplo, as Deusas eram presentes e cultuadas, mas aos poucos a associação com o feminino foi sendo esquecida.
Numa perspectiva bíblica (BÍBLIA SAGRADA, 1987), a passagem mais significativa do Antigo Testamento sobre a mulher e sua condição (Gn 2-3) apresenta a mulher como auxiliar, “igual ao homem, ossos dos seus ossos, carne de sua carne, da sua mesma espécie” (Gn 2), e por isso o homem deixa seus pais para viver com ela. O relato demonstra a igualdade entre os dois sexos e a inferioridade da mulher é explicada em (Gn 3,16) como uma degradação do estado primitivo e original da humanidade. Já no Novo Testamento, a maneira como Jesus tratava as mulheres é reveladora (Mt, 13,13; Lc 15,8ss). Ele faz milagres a pedido das mulheres (Mt 8,14ss). Jesus quebrou preconceitos, conversou sem embaraço com a samaritana no poço de Jacó, o que para os discípulos pareceu contrário aos bons costumes (Jo 4,7ss.27). Nessa ótica, o comportamento de Jesus pode ser visto como revolucionário. No gnosticismo há pergaminhos (Nag Hammadi) que se referem a Deus como Pai e Mãe afirmando o elemento feminino como divindade. O Jardim do Éden gnóstico aponta para uma inversão de valores.
Eva é a mulher dotada de Espírito que instruída pela serpente traz a vida a Adão. Deus criador aparece com características humanas negativas, distante da concepção do Deus criador, sumo Bem. Ele amaldiçoa a mulher e a serpente. Na visão do espiritismo, homem e mulher são iguais perante Deus. O Livro dos Espíritos tem um item com o título “Igualdade dos direitos do homem e da mulher”. Qualquer discriminação contra o feminino é fruto do domínio injusto imposto pelo homem à mulher. “Os espíritos encarnam como homem ou mulheres porque não têm sexo”. (KARDEC, 1994, p. 105). No islamismo temos o pedido de Muhammad (Maomé) para que os homens sejam bons para com as mulheres.
Como podemos notar, a imagem que se faz da divindade condiciona todo um contexto cultural e traz consequências para a vida social. No cristianismo, por exemplo, resgatar o sagrado feminino é resgatar a face materna de Deus que foi sendo escondida com o passar do tempo pela imposição de uma cultura masculinizada.

Atividade
1.      Pesquise na história da vida de mulheres que são destaque no contexto das diferentes religiões, qual a contribuição delas para a superação do preconceito social, contribuição para um mundo de cultura de paz e harmonia entre os povos. Exemplo: a história de vida da Madre Paulina - primeira santa brasileira para os cristãos católicos; da Aimee Semple McPherson - fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular; da Mãe Menininha do Gantoi - Ialorixá muito onhecida entre os seguidores das religiões Afro-brasileiras, Beata Dulce dos Pobres, fundadora da Congregação Filhas de Maria Servas dos Pobres, Madre Tereza de Calcuta, Fundadora das Servas da Caridade.



MITOS E NARRATIVAS SAGRADAS:
Mitos e Mitologia. Textos e Narrativas Sagradas


O QUE É MITO?
A palavra mito procede do grego mythos, que é uma palavra ligada ao verbo mythevo, que tem o seguinte sentido “crio uma história imaginária”. Mito, então, é uma criação imaginária, que se refere a uma crença, a uma tradição ou a um acontecimento.
Mito também é uma história imaginária ou alegórica, falada ou escrita em obra literária que encerra um fundo moral. Predominantemente, quando falamos de mitos, entendemos as lendas que se referem aos pensamentos profundos, aos desejos e às aspirações de um povo.
O termo grego mythos indica uma história fantástica, de origem anônima e coletiva, inventada para tentar explicar fenômenos naturais ou comportamentos humanos, anteriormente ao avanço da filosofia e das ciências. Os mitos geralmente expressam a mentalidade humana de cada época. O mito é sempre a narrativa de como uma realidade passou a existir.
"... o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do "princípio". Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre, portanto, a narrativa de uma criação: ele relata de que modo algo foi produzido e começou a ser. (Mircea Eliade, 1986, 2ª. Edição, p.11).
O mito é uma história imaginária, uma lenda que expressa o pensamento profundo, a concepção, o desejo, a consolação e a aspiração do homem em sua época e em seu espaço. Por isso, os mitos são expressões geniais do espírito humano sobre sua concepção a respeito dos fenômenos físicos e espirituais de seu ambiente e dentro de sua sociedade.
Ainda, o mito é um fenômeno da cultura humana e, portanto, está presente em todas as sociedades espalhadas pelo mundo: arcaicas, primitivas, tradicionais e aquelas cuja presença na história foi muito importante. O mito tem uma função religiosa e ao mesmo tempo poética. As duas combinam-se para permitir o acesso do homem ao divino e, ao mesmo tempo, do homem a si próprio, isto é, para refletir-se e contemplar-se. A forma poética não é alheia à carga ética que veicula. O mito atua eticamente sobre a existência humana pela sua força poética. O mito torna possível o humano, e o faz poeticamente. Contemplar formas belas é belo e bom para a vida. O humano alimenta-se de aparências e extrai delas um sentido ético. Tendo o mito uma função religioso o profissional de Ensino Religioso tem que estar atendo a sua importância a fim de não propiciar algum tipo proselitismo ou discriminação.
O mito, tal como é vivido pelas sociedades arcaicas, significa então: um corpo de narrativas que contam o que se passou nos tempos primordiais, sendo portanto, sagradas e verdadeiras; referem-se sempre a uma criação, isto é, à origem de algo (um fenômeno da natureza, uma instituição, um modo de fazer algo, etc.); é um tipo de saber vivenciado, isto é, efetuado ritualmente e que tem um efeito prático, operatório, tem uma eficácia social.
A partir da definição sobre mito de Eliade, torna-se mais compreensível o balizamento entre interpretação e decifração. A interpretação me parece ser propriedade de um discurso que supõe conhecimentos, a priori, supostamente encobertos pelo invólucro de um outro discurso. Voltamos, pois, à condição de que, sob o olhar metafísico, os mitos são alegorias que querem dizer uma outra coisa. De outro lado, o mito é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo. Mito é, por conseguinte, a parole, a palavra "revelada", o dito. E, desse modo, se o mito pode se exprimir ao nível da linguagem, "ele é, antes de tudo, uma palavra que circunscreve e fixa um acontecimento". "O mito é sentido e vivido antes de ser inteligido e formulado. Mito é a palavra, a imagem, o gesto, que circunscreve o acontecimento no coração do homem, emotivo como uma criança, antes de fixar-se como narrativa".
 O mito expressa o mundo e a realidade humana, mas cuja essência é efetivamente uma representação coletiva, que chegou até nós através de várias gerações. E, na medida em que pretende explicar o mundo e o homem, isto é, a complexidade do real, o mito não pode ser lógico: ao revés, é ilógico e irracional. Abre-se como uma janela a todos os ventos; presta-se a todas as interpretações. Decifrar o mito é, pois, decifrar-se. E, como afirma Roland Barthes, o mito não pode, conseqüentemente, "ser um objeto, um conceito ou uma idéia: ele é um modo de significação, uma forma". Assim, não se há de definir o mito "pelo objeto de sua mensagem, mas pelo modo como a profere". “O mito designa uma história verdadeira e, ademais, preciosa por seu caráter sagrado, exemplar e significativo”.(Eliade: 1988, 7).
Através do rito, o homem se incorpora ao mito, beneficiando-se de todas as forças e energias que jorraram nas origens. A ação ritual realiza no imediato uma transcendência vivida. O rito toma, nesse caso, "o sentido de uma ação essencial e primordial através da referência que se estabelece do profano ao sagrado". Em resumo: o rito é a práxis do mito.  É o mito em ação. O mito rememora, o rito comemora. O rito pode ser religioso ou não, sagrado ou profano, porem deve ser sempre respeitado, podemos começar esse respeito a diversidade a partir das aulas de Ensino Religioso.
 Rememorando os mitos, reatualizando-os, renovando-os por meio de certos rituais, o homem torna-se apto a repetir o que os deuses e os heróis fizeram "nas origens", porque conhecer os mitos é aprender o segredo da origem das coisas. "E o rito pelo qual se exprime (o mito) reatualiza aquilo que é ritualizado: re-criação, queda, redenção". E conhecer a origem das coisas - de um objeto, de um nome, de um animal ou planta - "equivale a adquirir sobre as mesmas um poder mágico, graças ao qual é possível dominá-las, multiplicá-las ou reproduzi-las à vontade". Esse retorno às origens, por meio do rito, é de suma importância, porque "voltar às origens é readquirir as forças que jorraram nessas mesmas origens". Não é em vão que na Idade Média muitos cronistas começavam suas histórias com a origem do mundo. A finalidade era recuperar o tempo forte, o tempo primordial e as bênçãos que jorraram illo tempore.
O rito, que é o aspecto litúrgico do mito, transforma a palavra em verbo, sem o que ela é apenas lenda, "legenda", o que deve ser lido e não mais proferido. Além do mais, o rito, reiterando o mito, aponta o caminho, oferece um modelo exemplar, colocando o homem na contemporaneidade do sagrado. É o que nos diz, com sua autoridade, Mircea Eliade: "Um objeto ou um ato não se tornam reais, a não ser na medida em que repetem um arquétipo. Assim a realidade se adquire exclusivamente pela repetição ou participação; tudo que não possui um modelo exemplar é vazio de sentido, isto é, carece de realidade". Percebemos diante da afirmação acima a importância de respeitarmos o mito tendo em vista o seu simbolismo religioso e cultural, assim o Ensino Religioso contribui nesta valorização.
 À ideia de reiteração prende-se a ideia de tempo. O mundo transcendente dos deuses e heróis é religiosamente acessível e reatualizado, exatamente porque o homem das culturas primitivas não aceita a irreversibilidade do tempo: o rito abole o tempo profano, cronológico, é linear e, por isso mesmo, irreversível (pode-se "comemorar" uma data histórica, mas não fazê-la voltar no tempo), o tempo mítico, ritualizado, é circular, voltando sempre sobre si mesmo. É precisamente essa reversibilidade que liberta o homem do peso do tempo morto, dando-lhe a segurança de que ele é capaz de abolir o passado, de recomeçar sua vida e recriar seu mundo. O profano é tempo da vida; o sagrado, o "tempo" da eternidade.
A "consciência mítica", embora rejeitada no mundo moderno, ainda está viva e atuante nas civilizações denominadas primitivas. O mito, quando estudado ao vivo, não é uma explicação destinada a satisfazer a uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade primeira, que satisfaz as profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a pressões e a imperativos de ordem social e mesmo a exigências práticas. Nas civilizações primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: ele exprime, exalta e codifica a crença; salvaguarda e impõe os princípios morais; garante a eficácia do ritual e oferece regras práticas para a orientação do homem. O mito é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é, ao contrário, uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente; não é, absolutamente, uma teoria abstrata ou uma fantasia artística, mas uma verdadeira codificação da religião primitiva e da sabedoria prática.
A certeza de um novo começo, esse recomeço pode ser entendido como a replica do começo absoluto, ou seja simbolicamente tal fato é a própria cosmogonia revivida. Também é apresentado a ideia de domínio sobre as coisas, a fim de que estas coisas reapareçam no futuro, ou seja há um sentimento de esperança do ser humano de que o mundo estará sempre vivo, apesar de ser aceito a sua degeneração e de ser consumido. Este seria o grande motivo pelo qual ele deve ser simbolicamente recriado todos os anos. Através do rito, o homem se incorpora ao mito, beneficiando-se de todas as forças e energias que jorraram nas origens. A ação ritual realiza no imediato uma transcendência vivida.
 O ser humano possui a grande capacidade de “voltar atrás” fato que se deve a compreensão do ser humano sobre o si mesmo e também para a sua cura. Tal fato somado com a esperança de renovação do mundo que é realizada mediante a repetição da cosmogonia fica fácil compreender o objetivo principal do “voltar atrás”, que é a possibilidade de renovar e regenerar a existência daquele que a empreende. Em outras palavras esta técnica seria como um segundo nascimento, um ritual que simbolizaria a regressão do universo ao estado “caótico”. Os mitos e ritos iniciatórios colocam em evidencia a ideia do retorno a origem, retorno ao embrião, objetivando um novo nascimento, um nascimento espiritual, tem portanto um objetivo terapêutico.
Para o pensamento Indiano, o sofrimento baseia-se e é indefinidamente prolongado no mundo pelo Karma, pela temporalidade, esse eterno retorno a existência, ou seja, ao sofrimento pode ser considerado como uma um modo de evoluir ou ate mesmo de voltar atrás e conhecer as próprias existências anteriores. Libertar-se desse ciclo Kármico equivale a cura segundo Buda e também equivale a transcender a própria condição humana.
 Segundo Eliade, para curar-se a obra do tempo, é preciso “voltar atrás” e chegar ao “principio do mundo”, retornando assim a origem, ou seja, observamos novamente a repetição do mito cosmogônico, que tinha como objetivo a abolição do tempo decorrido e o reinicio de uma nova existência.  A memória desempenha um papel fundamental, através da rememoração, da anamnesis, há uma libertação da obra do tempo. É essencial recordar os acontecimentos passados, a fim de conhecer a sua origem e a sua história para poder dominá-la, assim é necessário percorrer o tempo na direção contraria através da memória. É importante reviver continuamente as crises e as tragédias de seu passado mítico. Essa memorização dos acontecimentos do passado ajudara o ser humano a liberta-se dos condicionamentos Kármicos do presente herdados do seu passado.
 À idéia de reiteração prende-se a ideia de tempo. O mundo transcendente dos deuses e heróis é religiosamente acessível e reatualizado, o tempo mítico, ritualizado, é circular, voltando sempre sobre si mesmo. É precisamente essa reversibilidade que liberta o homem do peso do tempo morto, dando-lhe a segurança de que ele é capaz de abolir o passado, de recomeçar sua vida e recriar seu mundo.  Umas das funções dos mitos é a explicação ou a tentativa de explicar a questão da mortalidade do ser humano, tal como e por que ele foi constituído dessa maneira. Um dos mitos apresenta a ideia de que o ser humano é mortal devido a um Ancestral mítico ter perdido a imortalidade ou ainda porque um Ente Sobrenatural decidiu privá-lo da imortalidade. Mas o essencial não é a imortalidade, o essencial seria a sua alteridade, a religiosidade, a transcendência, em fim cada religião tem uma definição própria sobre a questão de essência.
 Acredita-se que esse Ente Supremo, Deus Otiosus foi quem criou o ser humano e o  mundo, mas este veio a habitar o Céu, quem esta no Céu é eterno, onisciente, todo poderoso. Este Deus vive isolado do ser humano, é indiferente as questões do mundo. Deus ai se encontra afastado do ser humano, esta em silencio. As preces a ele são dirigida em caso de enfermidade. Mas este Ente Supremo é relembrado constantemente, há uma receio, medo por parte dos povos. Existem ainda os deuses que desapareceram da superfície da terra, pois foram mortos pelos homens, porem esta morte é uma morte criadora, ou seja, algo importante surge em seguida para o ser humano que é posteriormente revivido através de rituais iniciatórios acabam reatualizado a morte, onde a lembrança principal é a própria morte do ser humano, o que o torna igual a esses deuses.
Os sacrifícios humanos ou de animais é tido como uma revivencia ou rememoração do assassino primordial. Estes sacrifícios não são tidos como crime e sim como parte necessária de um rito. As festas religiosas são festas rememorativas. Apresentam que a mortalidade é inseparável da procriação. Existe ainda a transposição ou transfiguração dos deuses para a natureza.
No aspecto estrutural todos os mitos são tidos como mitos de origem, nos revelam a origem da condição atual do ser humano, dos comportamentos humanos, da morte, da religiosidade e do universo num todo. Porem este aspecto estrutural tem duas ramificações, a histórica e a Ontológica. A existência pode ser vista e entendida como o mundo veio a existir, pela ontologia, mas também pode ser visto e entendido pelo ponto de vista histórico, tal como o mundo e o ser humano fizeram sua história junto aos seus Ancestrais, independente de surgido ou não dos Entes.
Enfim os mitos estão presentes em varias culturas e tradições Religiosas sendo necessário uma leitura histórica, antropológica, sociológica e filosófica, assim sendo só o senso comum não basta, é preciso analisar os mitos em sua conjuntura.


MITOS E NARRATIVAS SAGRADAS: MITOLOGIA GREGA
A mitologia grega é uma das heranças mais fantásticas da humanidade. A palavra mitologia designa o conjunto dos mitos que pertencem a um povo, a uma civilização, a uma comunidade, assim como o seu estudo. O vocábulo grego mythos (mito) significa “palavra”, “fala”, “conto” ou “história”. Aqui, nosso propósito é mostrar que tipo de relatos eram produzidos pela imaginação ativa dos povos que chamamos coletivamente de gregos.
Matéria de extremo fascínio, a mitologia grega é a mais rica, variada e, ao mesmo tempo, a mais clara e brilhante que conhecemos. Temas universais são constantes nos mitos dos deuses gregos, que apresentam imagens arquetípicas de aspectos humanos básicos — paixões, psicologia, costumes, relações familiares, vínculos sociais e aspirações políticas. Ponto importante a ser lembrado no caso dos mitos gregos é a maneira como refletem o caráter nacional. Os gregos eram sadios, joviais, lúcidos, amante da beleza, otimistas e nem um pouco inclinados às coisas do outro mundo.
Por isso suas lendas, quase sem exceção, mostram-se isentas dos traços nebulosos, grotescos e horripilantes. Elas contaminaram as tradições populares de povos menos dotados. Mesmo seus monstros não são muito feios e disformes; seus fantasmas e demônios quase não assustam.

Deuses e Heróis da Mitologia Grega
Os heróis da mitologia grega, via de regra, sofrem, mas não ficam de coração partido.  Eles podem ser golpeados pelo fado adverso, mas não abatidos. Metem-se em aventuras extraordinárias, que no entanto sempre têm algo de razoável. Quanto aos deuses e outros personagens sobrenaturais da mitologia grega, não passam de homens e mulheres glorificados, que permanecem humanos, muito humanos — e ao todo sensatos e justos.

Características dos Heróis Gregos
O herói, em geral, encarna elementos extraordinários, associados a seu nascimento e infância. Encontra sempre oposição, seja de que tipo for, desde o começo — consequentemente, tem de provar seu valor intrínseco superando desafios de toda espécie. Seu inimigo ou inimigos usualmente o instigam a realizar façanhas. E socorrido por pelo menos um aliado, divino ou humano. Enfrenta obstáculos aparentemente insuperáveis, muitas vezes trabalhos penosos ou buscas longínquas.
Depara-se com desafios espirituais, sexuais e físicos, por causa dos conflitos com adversários divinos, humanos ou monstruosos. Deve, não raro, observar tabus: não pode, por exemplo, olhar para trás, comer um fruto proibido ou perguntar demais. A morte é a conquista final, quase sempre obtida por uma viagem de ida e volta ao Mundo Subterrâneo. O êxito do herói costuma ser recompensado com o casamento, a segurança política, a riqueza ou o poder. A sabedoria alcançada graças ao sofrimento e a lucidez espiritual definitiva (literais ou simbólicas) fazem parte da conquista do herói, acarretando purificação, renascimento, redenção e até mesmo deificação.
Esses e outros motivos reaparecem com variações aparentemente infinitas, o que não deixará de ocorrer enquanto a natureza humana permanecer a mesma. Refinadas pela experiência artística, eles deleitam e informam, tocando as profundezas do espírito humano.

Humanização dos Heróis
Alguns heróis, no entanto, têm pés de barro e nem todos vivem felizes para sempre: muitos chegam a ser subjugados pelas mulheres com quem se relacionam. Também as heroínas ensejam motivos intrigantes e variados. São quase sempre de estirpe real ou divina, exibem uma beleza extraordinária e um imenso poder, e tornam-se mães de heróis. A vida das heroínas traz extraordinária complexidade, que não é fácil resumir. Na verdade, a generalização carece de sentido sem os exemplos específicos das lendas. Como amante ou esposa de um herói, a heroína pode empreender grandes façanhas em consequência de sua apaixonada devoção.

Mitos e Lendas da Mitologia
A mitologia grega é rica em personagens fantásticos e complexos. Existem diversos mitos que até hoje ainda servem de combustível para filmes, músicas e arte em geral. Podemos citar diversas histórias fantásticas, como a de Thanatos, surgindo como a representação da Morte na mitologia grega. Nesse mundo obscuro, apresentamos em nosso site a lenda de “Caronte, o barqueiro do inferno“.
Mas não é só de mitos e lendas obscuras e ligadas ao inferno que vive a mitologia, existindo diversas histórias de romance que até hoje servem de inspiração para muitas obras. Além disso, os seres mitológicos apresentamos nas obras, ainda reinam na imaginação das pessoas. É o caso do Centauro, do Minotauro e até mesmo das Sereias.

Gregos
Romanos
Deuses - simbologia
Zeus
Júpiter
Pai dos deuses, filho de Cronos e de Reia. A esposa de Zeus foi sua irmã Hera. É designado também por Padre, Tonante e Jove. Era representado como homem forte e barbado, de aspecto majestoso, com um raio na mão sobre uma águia.
Afrodite
Vénus
Filha de Zeus e Dione. É a deusa do amor e da beleza. Hefesto recebeu-a como esposa, mas esta, incapaz de lhe ser fiel, procurou o amor de Ares,  de quem teve Eros. Amou também Hermes, Dioniso, Anquises (de quem teve Eneias) e Adonis.
Ares
Marte
Deus da guerra, presente em todos os combates. Era representado como um guerreiro completamente armado, acompanhado por um galo. Fiel apaixonado de Vênus.
Apolo
Deus das Artes. O deus mais venerado depois de Zeus. Identifica-se com o Sol - daí ser chamado também Febo (brilhante) - e o ciclo das estações do ano..
Artemis
Diana
Filha de Zeus e da irmã de Apolo. Deusa da caça e da castidade é representada num coche, tirada por corças, armada de arco e flechas com setas e uma meia-lua sobre a cabeça.
Atena
Minerva
Deusa da Sabedoria e da guerra justa possuía uma disposição pacífica, representando a preponderância da razão e do espírito sobre o impulso irracional. Deusa protectora de Atenas e outras cidades da Ática. Acredita-se que ela era originalmente a deusa-serpente de Creta. Imagem guerreira, com capacete, lança, escudo e couraça.
Eolo
Deus dos ventos
Poseídon
Neptuno
Deus dos mares era filho de Cronos, deus do tempo, e Reia, deusa da fertilidade e irmão de Zeus e Hades. É representado como um homem forte, de barbas brancas, com um tridente na mão e acompanhado de golfinhos e outros animais marinhos.
Hefestos
Vulcano
Deus do fogo. Patrono dos ferreiros e dos artesãos em geral, é responsável, segundo a lenda, pela difusão da arte de usar o fogo e da metalurgia. Era geralmente representado como um homem de meia-idade, barbado, vestido com uma túnica sem mangas e com um gorro sobre o cabelo desgrenhado.


Heróis Gregos
Além dos vários deuses, a quem adoravam e veneravam, existem ainda muitas histórias sobre heróis gregos que realizavam as mais destemidas façanhas e se embrenhavam nas mais empolgantes aventuras.
Aquiles
Era o guerreiro mais forte dos gregos. Filho de um homem (Peleu) e da deusa Tétis. Quando nasceu sua mãe mergulhou-o nas águas de um rio que protegiam todas as partes do seu corpo banhadas pelas águas. Mas como a mãe lhe pegou pelo calcanhar foi só esta parte do corpo que era vulnerável. Morreu no assalto a Troia, trespassado por uma flecha que se cravou no seu calcanhar.
Hércules
Herói grego muito forte enfrentou doze dificuldades, conhecidas pelos doze trabalhos de Hércules.
Jasão
Chefiou a expedição dos argonautas em busca do “velo de ouro” tendo enfrentado imensos perigos e aventuras.
Perseu
Filho de Zeus, casou com Andrômeda. Na sua viagem de regresso da Etiópia transformou os seus companheiros em pedra ao mostrar-lhes a cabeça da Górgona.
Édipo
Rei de Tebas decifrou o enigma da esfinge. Sem o saber matou o pai e casou com a própria mãe. Mais tarde, quando soube o que fizera, cegou-se a si próprio para não contemplar o horror que cometera.
Teseu
Venceu o Minotauro que era o monstro que existia no labirinto de Creta, com a ajuda de Ariadne.
Ulisses
…..



Animais e monstros mitológicas
Centauro
Metade homem, metade cavalo.
Ciclopes
Criaturas gigantes com um olho no meio da testa
Minotauro
Metade touro, metade homem guardava o labirinto de Creta
Pégaso
Cavalo alado


Lendas mitológicas
Ariadne
Dédalo construiu o labirinto de Creta, onde vivia o Minotauro (metade monstro metade homem).Exigia sacrifícios humanos cujas vítimas eram raparigas atenienses. Teseu entrou no labirinto com a ajuda do fio de Ariadne, tendo morto o Minotauro.
Narciso
Ao beber água de uma fonte viu a sua imagem refletida e apaixonou-se por si próprio. Não podendo satisfazer a sua paixão morreu de desgosto e o seu corpo transformou-se na flor que ficou com o seu nome.
Sísifo
Foi condenado pelos deuses a transportar uma pedra às costas para cima de um monte. Quando chegava lá acima a pedra escorregava-lhe dos ombros e rolava até ao sopé do monte. Sísifo tinha de  ir buscar outra vez. Estava condenado a fazer isto eternamente.
Tântalo
Foi condenado pelos deuses a ficar eternamente com fome e sede. Estava acorrentado a uma árvore e os frutos desciam até estar ao seu alcance, mas quando estendia as mãos para apanhá-los, os frutos fugiam. Do mesmo modo, o lugar onde estava ficava inundado de água e quando tentava beber a água escapava-se do seu alcance.



MITOS X LENDAS

São narrativas utilizadas pelos povos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza que não eram compreendidos por eles. Os mitos utilizam muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram. Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não havia explicado.


CARACTERÍSTICAS DOS MITOS
·         Tem caráter explicativo ou simbólico e relaciona-se com uma data ou com uma religião.
·         Procura explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens sobrenaturais como deuses ou semi-deuses.
·         Explica a realidade através de suas histórias sagradas, que não possuem nenhum tipo de embasamento para serem aceitas como verdades.
·         Alguns fatos históricos podem se tornar mitos, desde que as pessoas de determinada cultura agreguem uma simbologia que tornem o fato relevante para as suas vidas.
·         Todas as culturas possuem seus mitos. Alguns assuntos, como a criação do mundo, são bases para vários mitos diferentes.
·         Mito não é o mesmo que fábula, conto de fadas ou lenda.


EXEMPLOS DE MITOS
O Minotauro é uma figura mitológica criada na Grécia Antiga. Com cabeça e cauda de touro num corpo de homem, este personagem povoou o imaginário dos gregos, levando medo e terror. De acordo com o mito, a criatura habitava um labirinto na Ilha de Creta que era governada pelo rei Minos.
Minos, antes de tornar-se rei de Creta, havia feito um pedido ao deus para que ele se tornasse o rei. Posseidon aceita o pedido, porém pede em troca que Minos sacrificasse, em sua homenagem, um lindo touro branco que sairia do mar. Ao receber o animal, o rei ficou tão impressionado com sua beleza que resolveu sacrificar um outro touro em seu lugar, esperando que o deus não percebesse. O Minotauro nasceu como castigo por esse desacato.

Medusa tinha poderes tão extraordinários que mesmo morta podia petrificar quem olhasse para seus olhos. Personagem da mitologia grega, Medusa era uma das três Górgonas. Temidas pelos homens e pelos deuses, as três tinham serpentes em vez de cabelos, presas pontiagudas, mãos de bronze e asas de ouro. Perseu foi encarregado de matar Medusa. Para isso, o herói muniu-se de objetos mágicos, como sandálias aladas, para pairar acima dos monstros, e o escudo de bronze, cujo reflexo permitiu neutralizar o olhar petrificante do monstro.

Segundo a mitologia grega, Pégaso, o cavalo alado, nasceu do sangue da Medusa após esta ter sido decapitada por Perseu. Ele era fruto de uma aventura amorosa de Posseidon, o deus das águas, com a monstruosa criatura - quando ela ainda era uma jovem e linda donzela - e serviu de montaria a Perseu em algumas de suas expedições, inclusive naquela em que o guerreiro libertou Andrômeda. Posteriormente a deusa Atena decidiu colaborar com o herói grego Belerofonte na captura do fantástico animal, para que este pudesse ajudar o guerreiro a destruir a Quimera.

Na mitologia grega, Ícaro era filho de Dédalo e de uma escrava de Minos, chamada Neucrata. Com seu pai, fugiu do labirinto onde Minos os havia aprisionado. Querendo fugir do Minotauro, seu pai lhe fez asas de penas e cera.
Dédalo recomendou-lhe que mantivesse em altitude média, nem muito alto, nem muito baixo. Entretanto, no entusiasmo de poder voar, o jovem esqueceu os conselhos do pai e elevou-se tanto nos ares que perdeu as asas, precipitando-se no mar.

Hércules era filho de Zeus e Alcmena, que era a esposa de Anfitrião. Para seduzi-la, Zeus assumiu a forma de Anfitrião enquanto este não estava em casa.
Nascido, o jovem Hércules rapidamente revelou seu potencial heróico. Enquanto ainda no berço, ele estrangulou duas serpentes que a ciumenta Hera tinha mandado para atacá-lo e ao seu meio-irmão Íflicles; ainda um menino, ele matou um leão selvagem no Monte Citéron. Na vida adulta, as aventuras de Hércules foram maiores e mais espetaculares do que as de qualquer outro herói.


LENDAS
São narrativas transmitidas oralmente pelas pessoas com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo. Ao se tornarem conhecidas, são registradas na linguagem escrita. Do latim legenda (aquilo que deve ser lido), as lendas inicialmente contavam histórias de santos, mas ao longo do tempo o conceito se transformou em histórias que falam sobre a tradição de um povo e que fazem parte de sua cultura.

CARACTERÍSTICAS DAS LENDAS
·         Se utiliza da fantasia ou ficção, misturando-as com a realidade dos fatos.
·         Faz parte da tradição oral, e vem sendo contada através dos tempos.
·         Usam fatos reais e históricos para dar suporte às histórias, mas junto com eles envolvem a imaginação para “aumentar um ponto” na realidade.
·         Fazem parte da realidade cultural de todos os povos.
·         Assim como os mitos, fornecem explicações aos fatos que não são explicáveis pela ciência ou pela lógica. Essas explicações, porém, são mais facilmente aceitas, pois apesar de serem fruto da imaginação não são necessariamente sobrenaturais ou fantásticas.
·         Sofrem alterações ao longo do tempo, por serem repassadas oralmente e receberem a impressão e interpretação daqueles que a propagam.

SACI: É um garoto negro, muito esperto e travesso. Ele aparece sempre às sextas- feiras, à noite, pulando com uma perna só e mostrando seus olhinhos brilhantes e os dentes pontiagudos. Usa uma carapuça vermelha na cabeça e traz em uma das mãos um cachimbinho de barro.

CURUPIRA: É um ser do tamanho de uma criança de seis a sete anos, é peludo, tem unhas compridas e afiadas, o calcanhar para frente e os pés para trás. Toma conta da mata e dos animais, mora nos buracos das árvores que têm raízes gigantescas, muito comuns da floresta Amazônica. Ele ajuda os caçadores e os pescadores que fazem o seu pedido e em troca oferecem-lhe cachaça, fósforo e fumo. Este ofertório é para que o indivíduo tenha fartura nas caçadas, pescarias e roçados.

IARA: Habita as águas dos rios, dos lagos e das cachoeiras. É conhecida como a dama das águas ou mãe d'água. Possui grande encanto e beleza, apresenta-se sob a forma de uma sereia, metade mulher e metade peixe. Com a sua formosura atrai o homem, deixando-o tonto de tanta paixão, e leva-o para o seu palácio encantado, que fica no fundo das águas e mata-o.

LOBISOMEN: A lenda do lobisomem (meio homem, meio lobo), diz que um homem se transforma em um lobo comum, de grande tamanho, e aparece sempre nos caminhos usados pelos habitantes da região, nos dias de lua cheia a partir da meia-noite, soltando uivos que apavoram as pessoas que ouvem. Ele ataca também animais domésticos como cachorros, gatos, vacas, cavalos.

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