2° Ano do Ensino Médio - II° Bimestre
LUGARES
SAGRADOS DE PEREGRINAÇÃO
Os lugares considerados
sagrados em diversas tradições religiosas podem ser rios, montanhas, cidades,
florestas, cavernas, grutas, entre outros.
Esses lugares, desde
sempre tiveram uma forte atração para muitas pessoas. As pessoas que viajam aos
lugares sagrados, motivadas geralmente pela fé e devoção são chamadas de
peregrinos ou romeiros.
Podem ser lugares de
encontros periódicos ou permanentes, aos quais afluem peregrinos da mesma
crença religiosa ou de crenças diferentes. A função dos lugares sagrados de
peregrinação é ser um espaço privilegiado de manifestação do sagrado
(hierofania).
Ali o devoto realiza
sua experiência de fé por meio de práticas devocionais que conferem à paisagem
desse lugar uma característica peculiar que tem no sagrado a sua maior
expressão, mas também pode ter outras funções, como o comércio e o turismo.
Religiões como o
Catolicismo, o Budismo, o Hinduísmo, o Islamismo e Fé Baha’í estimulam seus
adeptos a empreenderem peregrinações aos lugares sagrados, porque segundo essas
tradições, a pratica da peregrinação religiosa pode trazer resultados positivas
para a vida espiritual dos adeptos.
No Brasil existem
muitos centros de romaria, principalmente vinculados a Igreja Católica. Datam
do século XVI, outros mais recentes, tendo sua origem na religiosidade popular
católica.
Há também, no Brasil
lugares de peregrinação de outras manifestações religiosas. O Vale do Amanhecer
próximo a Brasília é um exemplo. Entre muitos outros lugares sagrados de
peregrinação espalhados pelo mundo, temos a cidade de Jerusalém na Palestina, Meca
no Oriente Médio, Roma na Itália, Santiago de Compostela na Espanha, Benares na
Índia, Lurdes na França, Fátima em Portugal, Guadalupe no México, Lhasa no
Tibete, Aparecida do Norte e Juazeiro no Brasil, entre muitos outros.
Algumas dessas cidades
são chamadas de cidades santuários por se constituírem permanentes centros de
peregrinação religiosa.
ATIVIDADES
1.
O que são os lugares sagrados?
2.
Quem são os romeiros?
3.
Qual é a função dos lugares sagrados?
4.
Porque os lugares de peregrinação são
importantes para muitas pessoas?
5.
Você conhece um lugar sagrado de
peregrinação? Descreva em breves palavras como é esse lugar e se desejar faça
um desenho ou pesquise uma imagem e cole.
VOCAÇÃO HUMANA & VOCAÇÃO
CRISTÃ.
1-VOCAÇÃO HUMANA.
"Fazei
tudo sem murmurações nem reclamações, para vos tornardes irreprováveis e puros,
filhos de Deus, sem defeito, no meio de uma geração má e pervertida, no seio da
qual brilhais como astros no mundo, mensageiros da Palavra de vida. Assim, no
Dia de Cristo eu terei a glória de não ter corrido nem ter-me esforçado em
vão" (Fl 2,14-16). O ser humano é chamado a desenvolver-se como pessoa em
todas as suas dimensões. Ao mundo, a si mesmo, o outro e a Deus.
EM RELAÇÃO AO MUNDO:
O homem é chamado a ser senhor do mundo,
transformando-o pela sua inteligência. A ciência e o progresso técnico
constituem hoje uma forma feliz com que o homem responde a este chamado de
Deus. Deus criou o mundo, mas o deixou inacabado, dando ao homem a missão de
continuar sua obra criadora. Não é destruindo a natureza, mas protegendo-a e
cuidando dela que o homem se realiza e encontra a felicidade. "Quando vejo
o céu, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, que é um homem,
para que dele te lembres, e um filho de Adão, que venhas visitá-lo? E o fizeste
pouco menor do que um Deus, coroando-o de glória e beleza. Para que domine as
obras de tuas mãos sob seus pés tudo colocaste" (Sl 8,4-7).
EM RELAÇÃO A SI MESMO:
Cada homem é chamado a desenvolver-se e
construir-se como pessoa, pois, como o universo, também ele é inacabado. Ele
deve conhecer-se e aceitar-se, cuidar da própria saúde, dominar os próprios
instintos e paixões e adquirir senso crítico (não ir na onda). Deve crescer na
verdade, na sinceridade, na lealdade, na honestidade e na responsabilidade.
EM RELAÇÃO AOS OUTROS: O homem é chamado a ser irmão do outro, a amá-lo e
a respeitar seus direitos, ajudando-o a ser mais. Nossa sociedade capitalista,
que só vê o lucro e a exploração do outro, contradiz radicalmente esta vocação
do homem. Os homens são todos iguais como pessoas e têm a mesma dignidade. Ninguém
deve oprimir nem aceitar ser oprimido. "Meus irmãos, a vossa fé em nosso
Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas. Mas se
fazeis acepção de pessoas, cometeis um pecado e incorreis na condenação da lei
como transgressores" (Tg 2,1.9).
EM RELAÇÃO A DEUS: O homem é chamado a ser filho de Deus, a viver em
amizade com Deus, relacionando-se com ele pela oração e seguindo a sua vontade.
Ninguém consegue ser plenamente feliz sem a amizade com Deus. As quatro
dimensões estão intimamente ligadas: Se o homem recusa ser filho de Deus, acaba
tornando-se opressor do irmão, escravo do mundo e de si mesmo. Na medida em que
o homem vive em bom relacionamento com Deus ele vai realizando o Reino de Deus
entre os homens. "O coração humano permanecerá sempre inquieto, enquanto
não se repousar em Deus" (Santo Agostinho).
2-VOCAÇÃO CRISTÃ
Pelo
Batismo, o cristão é chamado a seguir Jesus Cristo (imitar sua vida e seguir
seus ensinamentos), vivendo unido a Deus como filho e aos outros como irmão,
formando a família de Deus que é a Igreja. Esta é a vocação cristã fundamental,
que é válida para todos os cristãos indistintamente, quer sejam padres,
religiosos, leigos etc. "Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na
morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do
Pai, assim também nós vivamos vida nova" (Rm 6,4)
VOCAÇÃO FUNDAMENTAL E VOCAÇÃO
ESPECÍFICA:
Além dessa vocação
fundamental, os cristãos têm, cada um, uma vocação específica, isto é, um é
padre, outro é religioso ou religiosa, outro é leigo casado, solteiro,
catequista...Vocação específica é a forma própria de servir aos irmãos que cada
cristão consciente assume. Uma pessoa só vive sua vocação cristã fundamental
numa vocação específica (o João só pode ser cristão ou como casado ou como
solteiro ou como padre etc.). Por outro lado, pouco adianta alguém viver uma
vocação específica, se não vive a fundamental (seguimento de Jesus, de seu
evangelho, prática da justiça, da caridade...). Por exemplo: se ele se casa,
será um casado mais ou menos. Se fica padre: padre mais ou menos. Se fica
freira: freira mais ou menos. Se fica professor: professor mais ou menos... De
mais ou menos o mundo está cheio! Gente que namora porque se encontra e se casa
"porque todo mundo casa". "Maria vai-com-as-outras". São
objetos da História e da sociedade de consumo!
Se você vive sua vocação fundamental, pode estar certo de que acertará
na sua vocação específica! As principais vocações específicas são a vocação
leiga, a vocação sacerdotal e a vocação religiosa.
É
preciso deixar tudo para ganhar tudo" (Santo Afonso)
"Ide,
e fazei que todas as nações se tornem discípulas, batizando-as em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei.
E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt
28,19-20)
É
preciso deixar tudo para ganhar tudo" (Santo Afonso)
"Eis-me
aqui ó Deus para fazer a tua vontade" (Hb 10,7)
3- O CARÁTER COMUNITÁRIO DA VOCAÇÃO
HUMANA
O
ser humano nasce da história, no seio de uma comunidade de que tem necessidade
para viver, sob pena de nem alcançar o liminar da vida humana. Daí, porém, não
se pode deduzir que seus pais sejam considerados sua origem exclusiva, pois a
geração de um novo ser humano transcende o simples poder dos pais e é fruto de
fenômenos ligados à vida, que apelam para algo que transcende a esfera do
humano.
Mesmo
depois de gerado e antes de ser existencialmente pessoa, capaz de um ato
efetivo de liberdade, o ser humano recebe a vida numa comunidade parental e
fraternal, mesmo que reduzida a um só genitor, como muitas vezes hoje acontece.
A pessoa humana tem necessidade de vida social, que só pode considerar ser uma
exigência de sua natureza. Mediante o intercâmbio com os outros, a
reciprocidade de serviços e diálogo, o ser humano desenvolve as próprias
virtualidades e se vai tornando o que é chamado a ser.
O
ser humano está, pois, originariamente vinculado à comunidade em que nasce.
Desconhecer esse vínculo e arrancá-lo da comunidade, tão necessária pessoalmente
quanto o útero o fora biológica e fisiologicamente, seria agir contra a
humanidade. A pessoa cresce, afirma-se como pessoa e alcança a maturidade no
inter-relacionamento com as outras pessoas. Só se realiza como pessoa quando se
empenha em dar à sociedade o que dela recebeu. É o que chamamos de cidadania,
entendendo-se por cidadão a pessoa que valoriza, acima de tudo, o bem-estar
comum, empenha-se em resolver os problemas das sociedades e das comunidades em
que vive, coloca o bem comum acima de seus interesses ou suas vantagens.
Pedagogia comunitária
A
primeira grande consequência dessa visão antropológica da cidadania para o Ensino
Religioso é que não apela, em primeiro lugar, para a religião, nem mesmo para o
Evangelho, para despertar e sustentar o comportamento cidadão. Apesar da força
que podem ter tais apelos — confirmada pelo fato de que a religião tem sido, a
seu modo, nas inúmeras formas que assumiu através da história e das culturas,
um fator de cidadania, pelo menos expressão da busca dos seres humanos de
superar sua individualidade —, deve-se admitir que a raiz da cidadania vai mais
a fundo e haure uma força do próprio ser humano no que ele tem de humano. Pode-se dizer que o ser humano é um ser cidadão,
como se diz também que é corpóreo, espiritual, social e religioso. O recurso
prematuro à religião, como base e motivação da cidadania, corre sempre o risco,
infelizmente não ilusório, de ideologizar o empenho comunitário, tornando-o,
quando muito, uma característica aleatória de certos grupos, opção que precisa
ser feita em nome de uma fé, de um princípio abstrato ou de uma lei
pretendidamente natural ou divina, sem que seja visto na sua raiz, como
condição sine qua non[1] do
ser humano.
Há
um consenso cada vez mais generalizado, entre os educadores e as educadoras, de
que educação é aprendizado, tem por centro o autodesenvolvimento do educando e
sua plena auto realização como ser, para se tornar realmente, na liberdade, o
que é chamado a ser, dispondo progressivamente de todo o saber, de toda a
experiência, de todas as habilidades e de todos os recursos que vão sendo
conquistados pela comunidade humana em desenvolvimento.
Vocação e seus tipos
A
origem da palavra vocação
Ela
vem do verbo latino “vocare”, que quer dizer “chamar”. A vocação é, portanto,
um chamado. No âmbito religioso, a vocação é sempre um chamado de Deus para
alguma coisa.
A
pessoa chamada se sente impelida, atraída para aquilo a que justamente é
chamada. É comum ouvir alguém que fez essa experiência da vocação dizer que o
chamado é como se fosse uma voz que ressoa suave e insistentemente aos nossos
ouvidos. É como uma ideia que insiste em permanecer, mesmo quando queremos
descartá-la.
A
pessoa do vocacionado se sente atraída para aquilo que considera belo,
grandioso, importante e necessário que se faça. A vocação é sempre vista como
algo que se pode fazer de útil para os outros, e que é, portanto, um serviço
que se pode prestar aos outros. É importante dizer que a vocação tem sempre
essa dimensão da “alteridade”, é sempre “alter”, isto é, é sempre voltada para
o outro. É um serviço, uma doação. Para nós, cristãos, a vocação é enriquecida
de um sentido profundo, que nos é dado pelo próprio Cristo. Todo batizado é
chamado a ser sempre e em todo lugar – “sal da terra e luz do mundo”. Essa
incumbência de todo cristão já é, em si, uma vocação.
O
cristão é sempre chamado a praticar o bem e a promover a justiça, afastando-se
do mal. E tudo isso é uma vocação, é um chamado, é um imperativo ditado pela
nossa adesão a Cristo. O filósofo grego Aristóteles já dizia que o homem é, por
natureza, um animal político. Por natureza vive em “koinonìa”, isto é, em
comunidade. Vivendo em comunidade, nossas ações nunca são ações isoladas, elas
repercutem em toda a comunidade. Assim é também em relação à nossa atividade
profissional.
OS TIPOS DE VOCAÇÕES
Leigo
Leigos
são todos os cristãos, que como batizados têm a missão de anunciar Jesus
Cristo: caminho, verdade e vida. São pessoas não consagradas que trabalham na
construção do reino de Deus, isto é, de uma sociedade justa e mais fraterna,
conforme o desejo de Jesus. Exercem ministérios diversos na comunidade,
conforme os dons que Deus lhes deu. Esses serviços são: catequese, obras
sociais, animação da liturgia, etc. O leigo representa a Igreja no coração do
mundo, atuando assim nos mais diversos ambientes (escola, trabalho, família),
com o testemunho de sua vida, sua palavra oportuna, sua ação concreta. Por
outro lado, ele é o homem do mundo no coração da Igreja.
Religiosa
Os
religiosos, ou religiosas, são pessoas que foram chamadas para seguir a Jesus
dentro de uma congregação religiosa, consagrando-se a Ele através dos votos
religiosos de pobreza, castidade e obediência, além de outros específicos de
cada congregação. Através do voto o religioso faz uma oferenda de si mesmo a
Deus. O fundamento evangélico da vida consagrada está na relação que Jesus
estabeleceu com alguns de seus discípulos, convidando-os a colocarem sua
existência a serviço do Reino, deixando tudo e imitando mais de perto a sua
forma de vida. As congregações de religiosas ligadas à Ordem do Carmo têm como
carisma a procura contínua de Deus, por meio da oração e do apostolado, com uma
particular devoção a Maria, a Mãe de Deus.
Sacerdotal
O
sacerdócio é uma forma de seguir o chamado de Deus exclusivamente para os
homens. O padre é alguém tirado do meio do povo e consagrado por Deus para o
serviço deste mesmo povo nas coisas que se referem a Deus. Ele é o grande
mediador entre Deus e o povo. Seu papel é dar continuidade à missão de Jesus
Cristo, Cabeça da Igreja. Além de celebrar a missa e ministrar os sacramentos
(como o Batismo, a Confissão), cabe a ele fazer crescer o amor nas comunidades,
nas famílias, no coração das pessoas. Existem 2 tipos de padres: os religiosos,
que além de exercerem o ministério paroquial, assumem também o carisma de sua
congregação; e os diocesanos, que não pertencem a nenhuma congregação
religiosa, mas obedecem à diocese, na pessoa do Bispo.
Familiar
O
casamento é um chamado cheio de amor que Deus faz a um homem e uma mulher para
viverem juntos e constituírem família. São 2 filhos de Deus que Deus mesmo
entrega um para o outro, para que um seja do outro e para o outro. Quando a
família vive verdadeiramente o amor está correspondendo ao amor de Deus, está
educando os filhos nesse amor e está dando exemplo de fidelidade a Deus e a seu
projeto de amor. Essa fidelidade se dá através de uma vivência dos valores
cristãos. Assim a família se torna espaço e ambiente ideal para que os filhos
possam discernir o chamado de Jesus. O lar fica sendo um templo vivo de Deus e
uma Igreja em miniatura. Sendo a 1ª educadora, é na família que nascem e crescem
as vocações, e onde se forma a responsabilidade vocacional de todos.
A diferença entre profissão e
vocação
A
palavra “vocação” tem sua raiz latina em vox-vocis = voz chamado, chamamento.
Já a palavra “profissão” vem do latino profissione-professu=perito, ofício,
declaração pública… Que relação existe entre vocação e profissão? As pessoas
articulam estas duas realidades em suas opções de vida? Esta temática tem
significado atual?
Creio
que é de grande atualidade refletir sobre esta questão, principalmente numa
época em que, paradoxalmente, ampliam-se as perspectivas de escolhas
profissionais, enquanto aumenta o desemprego. Cresce o número de escolas,
cursinhos e de candidatos e as vagas nas universidades, principalmente as
públicas, se mantém inalteradas. E mais: numa situação em que muitos se
questionam a que eles são chamados, vocacionados.
O
primeiro problema a ser colocado é sobre a tendência a reduzir a vocação a
aptidão, facilidade, dom inato do indivíduo. Ela comporta este aspecto mas não
pode se limitar a ele, pois senão condenaria a grande maioria das pessoas à
frustração, ao perceberem que não foram contemplados com dons naturais,
claramente identificáveis. Para compreendermos mais plenamente o sentido de
vocação, é necessário buscar outra matriz, outro referencial que amplie o seu
significado, articulando-a com a realidade profissional.
O
homem é, primeiramente, chamado a ser feliz, felicidade que deve se expressar
na história, na vida concreta, no dia-a-dia. Mas o que é ser feliz? Será que toda
a busca de felicidade humana é esgotável na história? Será que o desejo humano
aceita o limite que a própria vida lhe impõe?
Aqui,
entra a dimensão do “SENTIDO DA VIDA”: Somos chamados a ter um sentido profundo
para a vida. Para alguns, este sentido se expressa como sendo a felicidade aqui
e agora, cujo objeto varia de pessoa a pessoa: o dinheiro, o prazer, torcer
para um time, namorar, transar, trabalhar, ser solidário, amar e etc. Outros
dizem que o sentido último, profundo da vida é Deus, que a vida não termina com
a morte e por isto construir um mundo transformado, justo e fraterno é
antecipar a transcendência da vida. Esta primeira dimensão da vocação, então,
poderia ser chamada de abertura ao “SENTIDO DA VIDA”. Creio ser a dimensão mais
fundamental.
A
segunda dimensão seria a abertura ao OUTRO, a dimensão solidária. Não vivemos
sozinhos. Somos fruto da dedicação de muitas pessoas. É na relação com o outro
que construímos a sociedade, o cuidado com a coisa pública (a política), a
amizade, o amor, a família… Esquecer esta dimensão é contribuir para a
desumanização de nossas relações, realidade que preocupa a todos que sonham e
lutam por uma sociedade fraterna. E ainda, não podemos deixar de dizer que,
para os têm uma visão religiosa da vida, é na relação com o outro que podemos
assumir a condição filhos de Deus, ou seja: somos chamados a ser IRMÃOS.
Há,
também, uma terceira dimensão. Ela se dá na relação do homem com o MUNDO. É no
mundo que o homem se faz e se transforma ao mesmo tempo em que o transforma,
pelo trabalho, em “mundo humano” – a cultura: somos convocados, então, a ser
GERENCIADORES DO MUNDO.
Dentro
desta perspectiva que apresentamos, a profissão, maneira pela qual o homem
exerce seu papel de transformador do mundo, assume um significado que pode se
articular perfeitamente com a vocação transcendental do homem, (ABERTURA AO
SENTIDO, AO OUTRO E AO MUNDO) superando a visão limitada de “conformação com as
tendências inatas, dons” e etc. De outro modo, boa parte das pessoas amargariam
o sofrimento de não se realizarem (NÃO DESCOBRIRAM SEUS DONS), ou então, não
encontrariam sentido para realizarem tarefas árduas e exigentes, porém
profundamente necessárias à qualidade de vida da sociedade. Nem todas as
pessoas conseguem encontrar total integração entre sua profissão e sua aptidão.
Seria desejável que todos pudessem fazer aquilo que gostam e que sonham, com
prazer e, ao mesmo tempo, alcançassem condições econômicas, para uma vida de
boa qualidade. Mas a realidade nem sempre possibilita a realização de tudo ao
mesmo tempo.
É
preciso, então, desvelar outro aspecto importante: não podemos deixar de
perceber que a vocação e a escolha profissional têm uma dimensão cultural e
histórica, fruto de grande contexto como o familiar, o social, o educacional, o
político, o religioso, o econômico, dentre outros. É neste contexto que nos
fazemos, somos gestados. A história, a história de vida de cada um nos coloca
desafios, situações em que somos provocados a responder. A ação da liberdade e
os condicionamentos das situações nos impõem a dura tarefa de escolher, optar.
Se o critério é apenas a “satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta”, ou
“fazer o que o seu mestre mandar”, ou ainda “quem quer dinheiro”, muitas
frustrações nos aguardam no mercado globalizado.
Há
algum tempo perdemos um cidadão brasileiro, que foi exemplo desta visão
integral da vocação que apresentamos: Betinho!. Ele sonhava ver “em vida…que o
Brasil começou a mudar”, sonhador que desde jovem sentiu-se desafiado, chamado
a construir sua vocação. Há muitos como ele: Francisco de Assis, Biraghi, Chico
Mendes… Que eles sejam inspiração e exemplo para nós daquilo que Frost ensina e
que a vida deles foi testemunho: “Duas estradas seguiam diferentes caminhos num
bosque. Peguei a menos movimentada. Isso fez toda a diferença.” Que nos
sintamos e nos façamos vocacionados, chamados a buscar SENTIDO, a nos abrir aos
OUTROS e a transformar o MUNDO. Aqui estaria o significado mais pleno da
articulação entre VOCAÇÃO E A PROFISSÃO.
O TESTEMUNHO DE FÉ DA SÃO FRANCISCO
NA VIDA DA BEATA TEREZA MANGANIELLO, MODELO DE VOCAÇÃO ESPECIFICA, RELIGIOSA,
VIDA CONSAGRADA
Para
conhecermos melhor a vida desta pequena gigante, vamos antes ver um resumo da
vida de Francisco, o irmão universal, seu pai espiritual que assim como a ela
inspirou a muitos desde sua época aos dias atuais.
São
Francisco de Assis nasceu no dia 5 de julho de 1182, na cidade de Assis
(Itália, com o nome de Giovanni di Pietro di Bernardone. Era filho de um
comerciante ilaliano de nome Pietro di Bernardone dei Moriconi e de sua esposa
Pica Bourlemont, e tinha origens francesas. A família fazia parte da rica
burguesia de Assis, e tinha prestígio no nome e nas posses financeiras. Era
chamado pela família de “Francesco” nome cuja origem ainda hoje não foi
determinada.
Francisco
cresceu e se tornou popular entre seus amigos devido à sua vida rebelde, às
extravagâncias, bebedeiras, pela suas roupas caras, por esbanjar dinheiro e ter
paixão por aventuras. Tinha o desejo de ser “herói” e por isso alistou-se, em
1202 como soldado na guerra de Assis contra a Peruggia. Foi capturado e passou
cerca de um ano preso, à espera de ser resgatado. Recebeu seu chamado em Assis,
durante uma farra com os amigos, onde foi tocado por Deus e desde então começou
a perder o interesse pelas farras, dinheiro, riquezas, posses, etc, passando a
se preocupar com os mais necessitados e em fazer a vontade de Deus, servindo-o
através da doação total e incondicional da sua vida.
Viveu
uma conversão brusca em sua juventude, passando de jovem rebelde e mundano, a
uma vida religiosa de completa pobreza. Abandonou sua família e sua antiga vida
e foi viver em cabanas e abrigos no meio do mato, juntamente com um amigo que
chamava de “irmão Leão”. Sua decisão e vivacidade atraiu a outros adeptos,
fazendo com que ele fundasse mais tarde a Ordem dos Frades Menores, hoje
conhecidos como Franciscanos.
Juntamente
com seus “filhos”, Francisco renovou a vivência do catolicismo na época,
conservando o hábito de viajar a pé pelas localidades, pregando e vivendo
completamente das doações que recebiam. Segundo São Francisco, o evangelho
deveria ser seguido à risca, com todo rigor, imitando a vida de Jesus.
Desenvolveu latentemente o dom da caridade, pregando o amor à Criação de Deus,
à natureza, aos animais, e sobretudo ao ser humano, e vivendo a total doação a
estes, e valorizando especialmente os mais pobres. Chamava a todas as criaturas
de Deus de irmãos, e se considerava a menor delas. Até hoje é um dos santos da
Igreja mais devotados, santidade esta que foi firmada desde que ainda estava em
vida, sendo conhecido por muitas pessoas e chamado de santo ainda em vida.
Faleceu
em 1226, no dia 3 de outubro, e foi canonizado em 1228, menos de dois anos
depois. É conhecido como o protetor dos pobres e doentes e também patrono dos
animais e da natureza.
Beata Teresa Manganiello
É
"a analfabeta sábia" de Montefusco na província de Avelino (Itália).
Teresa Manganiello nasceu perto de Montefusco no dia 1º de janeiro de 1849,
undécima de doze filhos de uma família de camponeses. Seus pais eram Romualdo
Manganiello e Rosária Lepore, “honestos concidadãos” cheios de fé e de profunda
piedade cristã. No dia seguinte ela recebeu o batismo na Igreja de São João del
Vaglio. Aos sete anos recebeu a Primeira Comunhão na igreja de Santo Egídio,
anexa ao convento Capuchinho do mesmo nome.
Como
muitas crianças camponesas do sul da Itália daquela época, não frequentou a
escola e sempre cresceu à sombra da casa colonial edificada nos campos daquela
zona do país. Adolescente, manifestou o desejo de consagrar sua vida a Deus. Em
contínua união com Deus, Teresa desde jovenzinha convidava com gentileza suas
companheiras a cultivar a pureza e o amor a Deus e ao próximo. Tinha predileção
pelas crianças, que cuidava como mãe dedicada.
Como
prova de sua particular devoção à Virgem Imaculada, bem jovem Teresa cortou sua
longa e farta cabeleira e fez dela um presente a Nossa Senhora. A vida da jovem
terceira franciscana era penetrada de orações marianas tão intensas, que
poderia parecer inacreditável se se considera que ela se dedicava aos afazeres
domésticos da manhã à noite. O Rosário preenchia toda a sua jornada. Teresa
concluiu sua existência terrena repetindo a sua bela invocação: “Ó minha
querida Mamãe! Só em vossa companhia serei digna de me apresentar ao vosso
Filho, ao meu belo Esposo, Jesus!”
A
"Farmácia" de Teresa, que ela criara em sua casa com medicamentos
extraídos das ervas cultivadas por ela, estava sempre aberta. Ali ela fazia o
papel de enfermeira: lavava com água morna as lesões, com delicadeza as
medicava com as poções preparadas por ela, curava micoses, eczema, sarna,
doenças que figuravam no século XIX entre “as mais asquerosas da espécie
humana”. Quando tinha 18 anos, o Padre Ludovico Acernese, homem sincero e
humilde, cheio de caridade, de grande talento e de piedade seráfica, mas também
determinado em suas ações, chegou ao convento de Santo Egídio. Este padre
instituiu em Montefusco a Ordem Terceira Franciscana.
Teresa
se sentiu atraída pelo ideal franciscano e correu registrar-se, tornando-se a
primeira terceira de Montefusco; elegeu o Padre Acernese como seu diretor e
confessor. Em 15 de maio de 1870, aos 21 anos, vestiu o hábito e no ano
seguinte fez a profissão dos votos, tomando o nome de Irmã Maria Luísa. O Padre
Ludovico Acernese soube reconhecer nela todas as qualidades mais profundas de
sua alma, o que o fez nomeá-la primeira conselheira e depois, pela perfeição do
seu ideal franciscano, mestra de noviças.
A
família nunca apoiou seu desejo de se tornar monja, principalmente para não
privar-se da grande ajuda que era ter Teresa vivendo em casa; ela levava um
estilo de vida monacal; foi chamada popularmente "monachella santa";
estava sempre presente na Missa diária na igreja de Santo Egídio, além disso,
vivia intensamente a oração que junto a ásperas mortificações corporais
oferecia pela reparação dos escândalos. Apesar disso, sempre e em toda parte
mostrava um sorriso que atraía a todos. Teresa se sentia chamada a um alto e
difícil apostolado: a reparação. Compreende que deve rezar e expiar os males
cometidos no mundo e desta forma se antecipou ao que foi pedido por Nossa
Senhora em Fátima aos três pastorinhos: “Muitos vão para o inferno porque não
há quem reze e se sacrifique por eles. Vós quereis vos oferecer?” Teresa havia
se oferecido pela conversão dos pecadores e sempre teve nos lábios a sua
jaculatória preferida: “Misericórdia, Senhor, misericórdia dos pecadores!”
Hoje
podemos admirar, expostos no “Memorial Teresa Manganiello”, preparado na Casa
Mãe das Irmãs Franciscanas Imaculatinas em Pietradefusi, os instrumentos de seu
suplício voluntário, diurno e noturno, realizado no silêncio, na alegria, na
ânsia apostólica de converter os pecadores e salvar as almas. Embora fosse
analfabeta, respondia com sabedoria inclusive a pessoas de vasta cultura; foi a
executora do Movimento Terciário Franciscano em Irpina e em Sannio, junto com o
Padre Acernese, que ante a insistência de Teresa Manganiello pelo seu ideal
religioso e falando dele com outras terceiras, planejou a fundação de uma
comunidade para elas.
Para
obter uma aprovação especial, ele a mandou em 1873 a uma audiência com o Papa
Pio IX, para lhe apresentar sua intenção. O beato pontífice a abençoou e a
animou a ir adiante; e quando Teresa já era considerada como a primeira
superiora da nascente Congregação de Religiosas Terceiras Franciscanas, sua
saúde começou a declinar. Em 14 de fevereiro de 1874, enquanto rezava na igreja
teve a primeira hemoptise acompanhada de uma grave artrite; naquela época foi
uma enfermidade que atacou pessoas de toda idade e condição social. Teresa
seguiu adiante entre os altos e baixos da enfermidade até que no verão de 1876
o mal a prostrou.
A
muitos sacerdotes e fieis que foram visitá-la presenteou sempre com seu
maravilhoso sorriso, totalmente entregue nas mãos de Deus, a quem rezava
fervorosamente. Do leite de dores Teresa deu os extremos ensinamentos com o
sangue, com a palavra e com o heroico sorriso. A quem se admirava com tanta
resignação ela dizia: “O Senhor me fez a graça de sofrer por Ele e eu devo me
lamentar? Ele já sabe que eu preciso de ajuda!”
Faleceu
no dia 4 de novembro de 1876 com apenas 27 anos e foi sepultada no cemitério de
Montefusco. Cinco anos após sua morte, o Padre Ludovico Acernese, confiando em
sua proteção espiritual, fundou em Pietradefusi a Congregação das Monjas
Franciscanas Imaculatinas, das quais Teresa é a "Pedra angular" e a
"Mãe espiritual". Em seu patrimônio espiritual cada monja encontra
ricos exemplos e ensinamentos para uma vida de total consagração ao serviço de
Deus e da Igreja. Em 1976, por ocasião dos cem anos de sua morte, as Monjas
Franciscanas Imaculatinas iniciaram a causa para sua beatificação, reconhecendo
nela o papel fundamental na fundação da Congregação. As atas do processo foram
aprovadas pela Santa Sé em 12 de dezembro de1992. Teresa Manganiello foi
beatificada em 22 de maio de 2010.
[1]
Sine qua non é uma locução
adjetiva, do latim, que significa “sem a qual não”. É uma expressão frequentemente usada no nosso
vocabulário e faz referência a uma ação ou condição que é indispensável, que é
imprescindível ou que é essencial.
"Sine qua non" é uma locução com que se
qualifica uma cláusula ou condição sem a qual não se conseguirá atingir o
objetivo planejado, sem a qual determinado fato não acontece.
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