2° Ano do Ensino Médio - II° Bimestre


LUGARES SAGRADOS DE PEREGRINAÇÃO


Os lugares considerados sagrados em diversas tradições religiosas podem ser rios, montanhas, cidades, florestas, cavernas, grutas, entre outros.
Esses lugares, desde sempre tiveram uma forte atração para muitas pessoas. As pessoas que viajam aos lugares sagrados, motivadas geralmente pela fé e devoção são chamadas de peregrinos ou romeiros.
Podem ser lugares de encontros periódicos ou permanentes, aos quais afluem peregrinos da mesma crença religiosa ou de crenças diferentes. A função dos lugares sagrados de peregrinação é ser um espaço privilegiado de manifestação do sagrado (hierofania).
Ali o devoto realiza sua experiência de fé por meio de práticas devocionais que conferem à paisagem desse lugar uma característica peculiar que tem no sagrado a sua maior expressão, mas também pode ter outras funções, como o comércio e o turismo.
Religiões como o Catolicismo, o Budismo, o Hinduísmo, o Islamismo e Fé Baha’í estimulam seus adeptos a empreenderem peregrinações aos lugares sagrados, porque segundo essas tradições, a pratica da peregrinação religiosa pode trazer resultados positivas para a vida espiritual dos adeptos.
No Brasil existem muitos centros de romaria, principalmente vinculados a Igreja Católica. Datam do século XVI, outros mais recentes, tendo sua origem na religiosidade popular católica.
Há também, no Brasil lugares de peregrinação de outras manifestações religiosas. O Vale do Amanhecer próximo a Brasília é um exemplo. Entre muitos outros lugares sagrados de peregrinação espalhados pelo mundo, temos a cidade de Jerusalém na Palestina, Meca no Oriente Médio, Roma na Itália, Santiago de Compostela na Espanha, Benares na Índia, Lurdes na França, Fátima em Portugal, Guadalupe no México, Lhasa no Tibete, Aparecida do Norte e Juazeiro no Brasil, entre muitos outros.
Algumas dessas cidades são chamadas de cidades santuários por se constituírem permanentes centros de peregrinação religiosa.

ATIVIDADES
1.      O que são os lugares sagrados?
2.      Quem são os romeiros?
3.      Qual é a função dos lugares sagrados?
4.      Porque os lugares de peregrinação são importantes para muitas pessoas?
5.      Você conhece um lugar sagrado de peregrinação? Descreva em breves palavras como é esse lugar e se desejar faça um desenho ou pesquise uma imagem e cole.


VOCAÇÃO HUMANA & VOCAÇÃO CRISTÃ.

1-VOCAÇÃO HUMANA.
"Fazei tudo sem murmurações nem reclamações, para vos tornardes irreprováveis e puros, filhos de Deus, sem defeito, no meio de uma geração má e pervertida, no seio da qual brilhais como astros no mundo, mensageiros da Palavra de vida. Assim, no Dia de Cristo eu terei a glória de não ter corrido nem ter-me esforçado em vão" (Fl 2,14-16). O ser humano é chamado a desenvolver-se como pessoa em todas as suas dimensões. Ao mundo, a si mesmo, o outro e a Deus.

EM RELAÇÃO AO MUNDO
O homem é chamado a ser senhor do mundo, transformando-o pela sua inteligência. A ciência e o progresso técnico constituem hoje uma forma feliz com que o homem responde a este chamado de Deus. Deus criou o mundo, mas o deixou inacabado, dando ao homem a missão de continuar sua obra criadora. Não é destruindo a natureza, mas protegendo-a e cuidando dela que o homem se realiza e encontra a felicidade. "Quando vejo o céu, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, que é um homem, para que dele te lembres, e um filho de Adão, que venhas visitá-lo? E o fizeste pouco menor do que um Deus, coroando-o de glória e beleza. Para que domine as obras de tuas mãos sob seus pés tudo colocaste" (Sl 8,4-7).

EM RELAÇÃO A SI MESMO
Cada homem é chamado a desenvolver-se e construir-se como pessoa, pois, como o universo, também ele é inacabado. Ele deve conhecer-se e aceitar-se, cuidar da própria saúde, dominar os próprios instintos e paixões e adquirir senso crítico (não ir na onda). Deve crescer na verdade, na sinceridade, na lealdade, na honestidade e na responsabilidade.

EM RELAÇÃO AOS OUTROS: O homem é chamado a ser irmão do outro, a amá-lo e a respeitar seus direitos, ajudando-o a ser mais. Nossa sociedade capitalista, que só vê o lucro e a exploração do outro, contradiz radicalmente esta vocação do homem. Os homens são todos iguais como pessoas e têm a mesma dignidade. Ninguém deve oprimir nem aceitar ser oprimido. "Meus irmãos, a vossa fé em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas. Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis um pecado e incorreis na condenação da lei como transgressores" (Tg 2,1.9).
EM RELAÇÃO A DEUS: O homem é chamado a ser filho de Deus, a viver em amizade com Deus, relacionando-se com ele pela oração e seguindo a sua vontade. Ninguém consegue ser plenamente feliz sem a amizade com Deus. As quatro dimensões estão intimamente ligadas: Se o homem recusa ser filho de Deus, acaba tornando-se opressor do irmão, escravo do mundo e de si mesmo. Na medida em que o homem vive em bom relacionamento com Deus ele vai realizando o Reino de Deus entre os homens. "O coração humano permanecerá sempre inquieto, enquanto não se repousar em Deus" (Santo Agostinho).

2-VOCAÇÃO CRISTÃ
Pelo Batismo, o cristão é chamado a seguir Jesus Cristo (imitar sua vida e seguir seus ensinamentos), vivendo unido a Deus como filho e aos outros como irmão, formando a família de Deus que é a Igreja. Esta é a vocação cristã fundamental, que é válida para todos os cristãos indistintamente, quer sejam padres, religiosos, leigos etc. "Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova" (Rm 6,4)

VOCAÇÃO FUNDAMENTAL E VOCAÇÃO ESPECÍFICA
Além dessa vocação fundamental, os cristãos têm, cada um, uma vocação específica, isto é, um é padre, outro é religioso ou religiosa, outro é leigo casado, solteiro, catequista...Vocação específica é a forma própria de servir aos irmãos que cada cristão consciente assume. Uma pessoa só vive sua vocação cristã fundamental numa vocação específica (o João só pode ser cristão ou como casado ou como solteiro ou como padre etc.). Por outro lado, pouco adianta alguém viver uma vocação específica, se não vive a fundamental (seguimento de Jesus, de seu evangelho, prática da justiça, da caridade...). Por exemplo: se ele se casa, será um casado mais ou menos. Se fica padre: padre mais ou menos. Se fica freira: freira mais ou menos. Se fica professor: professor mais ou menos... De mais ou menos o mundo está cheio! Gente que namora porque se encontra e se casa "porque todo mundo casa". "Maria vai-com-as-outras". São objetos da História e da sociedade de consumo!  Se você vive sua vocação fundamental, pode estar certo de que acertará na sua vocação específica! As principais vocações específicas são a vocação leiga, a vocação sacerdotal e a vocação religiosa.
É preciso deixar tudo para ganhar tudo" (Santo Afonso)
"Ide, e fazei que todas as nações se tornem discípulas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt 28,19-20)
É preciso deixar tudo para ganhar tudo" (Santo Afonso)
"Eis-me aqui ó Deus para fazer a tua vontade" (Hb 10,7)

3- O CARÁTER COMUNITÁRIO DA VOCAÇÃO HUMANA
O ser humano nasce da história, no seio de uma comunidade de que tem necessidade para viver, sob pena de nem alcançar o liminar da vida humana. Daí, porém, não se pode deduzir que seus pais sejam considerados sua origem exclusiva, pois a geração de um novo ser humano transcende o simples poder dos pais e é fruto de fenômenos ligados à vida, que apelam para algo que transcende a esfera do humano.
Mesmo depois de gerado e antes de ser existencialmente pessoa, capaz de um ato efetivo de liberdade, o ser humano recebe a vida numa comunidade parental e fraternal, mesmo que reduzida a um só genitor, como muitas vezes hoje acontece. A pessoa humana tem necessidade de vida social, que só pode considerar ser uma exigência de sua natureza. Mediante o intercâmbio com os outros, a reciprocidade de serviços e diálogo, o ser humano desenvolve as próprias virtualidades e se vai tornando o que é chamado a ser.
O ser humano está, pois, originariamente vinculado à comunidade em que nasce. Desconhecer esse vínculo e arrancá-lo da comunidade, tão necessária pessoalmente quanto o útero o fora biológica e fisiologicamente, seria agir contra a humanidade. A pessoa cresce, afirma-se como pessoa e alcança a maturidade no inter-relacionamento com as outras pessoas. Só se realiza como pessoa quando se empenha em dar à sociedade o que dela recebeu. É o que chamamos de cidadania, entendendo-se por cidadão a pessoa que valoriza, acima de tudo, o bem-estar comum, empenha-se em resolver os problemas das sociedades e das comunidades em que vive, coloca o bem comum acima de seus interesses ou suas vantagens.

Pedagogia comunitária
A primeira grande consequência dessa visão antropológica da cidadania para o Ensino Religioso é que não apela, em primeiro lugar, para a religião, nem mesmo para o Evangelho, para despertar e sustentar o comportamento cidadão. Apesar da força que podem ter tais apelos — confirmada pelo fato de que a religião tem sido, a seu modo, nas inúmeras formas que assumiu através da história e das culturas, um fator de cidadania, pelo menos expressão da busca dos seres humanos de superar sua individualidade —, deve-se admitir que a raiz da cidadania vai mais a fundo e haure uma força do próprio ser humano no que ele tem de humano.  Pode-se dizer que o ser humano é um ser cidadão, como se diz também que é corpóreo, espiritual, social e religioso. O recurso prematuro à religião, como base e motivação da cidadania, corre sempre o risco, infelizmente não ilusório, de ideologizar o empenho comunitário, tornando-o, quando muito, uma característica aleatória de certos grupos, opção que precisa ser feita em nome de uma fé, de um princípio abstrato ou de uma lei pretendidamente natural ou divina, sem que seja visto na sua raiz, como condição sine qua non[1] do ser humano.
Há um consenso cada vez mais generalizado, entre os educadores e as educadoras, de que educação é aprendizado, tem por centro o autodesenvolvimento do educando e sua plena auto realização como ser, para se tornar realmente, na liberdade, o que é chamado a ser, dispondo progressivamente de todo o saber, de toda a experiência, de todas as habilidades e de todos os recursos que vão sendo conquistados pela comunidade humana em desenvolvimento.


Vocação e seus tipos
A origem da palavra vocação
Ela vem do verbo latino “vocare”, que quer dizer “chamar”. A vocação é, portanto, um chamado. No âmbito religioso, a vocação é sempre um chamado de Deus para alguma coisa.
A pessoa chamada se sente impelida, atraída para aquilo a que justamente é chamada. É comum ouvir alguém que fez essa experiência da vocação dizer que o chamado é como se fosse uma voz que ressoa suave e insistentemente aos nossos ouvidos. É como uma ideia que insiste em permanecer, mesmo quando queremos descartá-la.
A pessoa do vocacionado se sente atraída para aquilo que considera belo, grandioso, importante e necessário que se faça. A vocação é sempre vista como algo que se pode fazer de útil para os outros, e que é, portanto, um serviço que se pode prestar aos outros. É importante dizer que a vocação tem sempre essa dimensão da “alteridade”, é sempre “alter”, isto é, é sempre voltada para o outro. É um serviço, uma doação. Para nós, cristãos, a vocação é enriquecida de um sentido profundo, que nos é dado pelo próprio Cristo. Todo batizado é chamado a ser sempre e em todo lugar – “sal da terra e luz do mundo”. Essa incumbência de todo cristão já é, em si, uma vocação.
O cristão é sempre chamado a praticar o bem e a promover a justiça, afastando-se do mal. E tudo isso é uma vocação, é um chamado, é um imperativo ditado pela nossa adesão a Cristo. O filósofo grego Aristóteles já dizia que o homem é, por natureza, um animal político. Por natureza vive em “koinonìa”, isto é, em comunidade. Vivendo em comunidade, nossas ações nunca são ações isoladas, elas repercutem em toda a comunidade. Assim é também em relação à nossa atividade profissional.

OS TIPOS DE VOCAÇÕES
Leigo
Leigos são todos os cristãos, que como batizados têm a missão de anunciar Jesus Cristo: caminho, verdade e vida. São pessoas não consagradas que trabalham na construção do reino de Deus, isto é, de uma sociedade justa e mais fraterna, conforme o desejo de Jesus. Exercem ministérios diversos na comunidade, conforme os dons que Deus lhes deu. Esses serviços são: catequese, obras sociais, animação da liturgia, etc. O leigo representa a Igreja no coração do mundo, atuando assim nos mais diversos ambientes (escola, trabalho, família), com o testemunho de sua vida, sua palavra oportuna, sua ação concreta. Por outro lado, ele é o homem do mundo no coração da Igreja.
Religiosa
Os religiosos, ou religiosas, são pessoas que foram chamadas para seguir a Jesus dentro de uma congregação religiosa, consagrando-se a Ele através dos votos religiosos de pobreza, castidade e obediência, além de outros específicos de cada congregação. Através do voto o religioso faz uma oferenda de si mesmo a Deus. O fundamento evangélico da vida consagrada está na relação que Jesus estabeleceu com alguns de seus discípulos, convidando-os a colocarem sua existência a serviço do Reino, deixando tudo e imitando mais de perto a sua forma de vida. As congregações de religiosas ligadas à Ordem do Carmo têm como carisma a procura contínua de Deus, por meio da oração e do apostolado, com uma particular devoção a Maria, a Mãe de Deus.

Sacerdotal
O sacerdócio é uma forma de seguir o chamado de Deus exclusivamente para os homens. O padre é alguém tirado do meio do povo e consagrado por Deus para o serviço deste mesmo povo nas coisas que se referem a Deus. Ele é o grande mediador entre Deus e o povo. Seu papel é dar continuidade à missão de Jesus Cristo, Cabeça da Igreja. Além de celebrar a missa e ministrar os sacramentos (como o Batismo, a Confissão), cabe a ele fazer crescer o amor nas comunidades, nas famílias, no coração das pessoas. Existem 2 tipos de padres: os religiosos, que além de exercerem o ministério paroquial, assumem também o carisma de sua congregação; e os diocesanos, que não pertencem a nenhuma congregação religiosa, mas obedecem à diocese, na pessoa do Bispo.

Familiar
O casamento é um chamado cheio de amor que Deus faz a um homem e uma mulher para viverem juntos e constituírem família. São 2 filhos de Deus que Deus mesmo entrega um para o outro, para que um seja do outro e para o outro. Quando a família vive verdadeiramente o amor está correspondendo ao amor de Deus, está educando os filhos nesse amor e está dando exemplo de fidelidade a Deus e a seu projeto de amor. Essa fidelidade se dá através de uma vivência dos valores cristãos. Assim a família se torna espaço e ambiente ideal para que os filhos possam discernir o chamado de Jesus. O lar fica sendo um templo vivo de Deus e uma Igreja em miniatura. Sendo a 1ª educadora, é na família que nascem e crescem as vocações, e onde se forma a responsabilidade vocacional de todos.

A diferença entre profissão e vocação
A palavra “vocação” tem sua raiz latina em vox-vocis = voz chamado, chamamento. Já a palavra “profissão” vem do latino profissione-professu=perito, ofício, declaração pública… Que relação existe entre vocação e profissão? As pessoas articulam estas duas realidades em suas opções de vida? Esta temática tem significado atual?
Creio que é de grande atualidade refletir sobre esta questão, principalmente numa época em que, paradoxalmente, ampliam-se as perspectivas de escolhas profissionais, enquanto aumenta o desemprego. Cresce o número de escolas, cursinhos e de candidatos e as vagas nas universidades, principalmente as públicas, se mantém inalteradas. E mais: numa situação em que muitos se questionam a que eles são chamados, vocacionados.
O primeiro problema a ser colocado é sobre a tendência a reduzir a vocação a aptidão, facilidade, dom inato do indivíduo. Ela comporta este aspecto mas não pode se limitar a ele, pois senão condenaria a grande maioria das pessoas à frustração, ao perceberem que não foram contemplados com dons naturais, claramente identificáveis. Para compreendermos mais plenamente o sentido de vocação, é necessário buscar outra matriz, outro referencial que amplie o seu significado, articulando-a com a realidade profissional.
O homem é, primeiramente, chamado a ser feliz, felicidade que deve se expressar na história, na vida concreta, no dia-a-dia. Mas o que é ser feliz? Será que toda a busca de felicidade humana é esgotável na história? Será que o desejo humano aceita o limite que a própria vida lhe impõe?
Aqui, entra a dimensão do “SENTIDO DA VIDA”: Somos chamados a ter um sentido profundo para a vida. Para alguns, este sentido se expressa como sendo a felicidade aqui e agora, cujo objeto varia de pessoa a pessoa: o dinheiro, o prazer, torcer para um time, namorar, transar, trabalhar, ser solidário, amar e etc. Outros dizem que o sentido último, profundo da vida é Deus, que a vida não termina com a morte e por isto construir um mundo transformado, justo e fraterno é antecipar a transcendência da vida. Esta primeira dimensão da vocação, então, poderia ser chamada de abertura ao “SENTIDO DA VIDA”. Creio ser a dimensão mais fundamental.
A segunda dimensão seria a abertura ao OUTRO, a dimensão solidária. Não vivemos sozinhos. Somos fruto da dedicação de muitas pessoas. É na relação com o outro que construímos a sociedade, o cuidado com a coisa pública (a política), a amizade, o amor, a família… Esquecer esta dimensão é contribuir para a desumanização de nossas relações, realidade que preocupa a todos que sonham e lutam por uma sociedade fraterna. E ainda, não podemos deixar de dizer que, para os têm uma visão religiosa da vida, é na relação com o outro que podemos assumir a condição filhos de Deus, ou seja: somos chamados a ser IRMÃOS.
Há, também, uma terceira dimensão. Ela se dá na relação do homem com o MUNDO. É no mundo que o homem se faz e se transforma ao mesmo tempo em que o transforma, pelo trabalho, em “mundo humano” – a cultura: somos convocados, então, a ser GERENCIADORES DO MUNDO.
Dentro desta perspectiva que apresentamos, a profissão, maneira pela qual o homem exerce seu papel de transformador do mundo, assume um significado que pode se articular perfeitamente com a vocação transcendental do homem, (ABERTURA AO SENTIDO, AO OUTRO E AO MUNDO) superando a visão limitada de “conformação com as tendências inatas, dons” e etc. De outro modo, boa parte das pessoas amargariam o sofrimento de não se realizarem (NÃO DESCOBRIRAM SEUS DONS), ou então, não encontrariam sentido para realizarem tarefas árduas e exigentes, porém profundamente necessárias à qualidade de vida da sociedade. Nem todas as pessoas conseguem encontrar total integração entre sua profissão e sua aptidão. Seria desejável que todos pudessem fazer aquilo que gostam e que sonham, com prazer e, ao mesmo tempo, alcançassem condições econômicas, para uma vida de boa qualidade. Mas a realidade nem sempre possibilita a realização de tudo ao mesmo tempo.
É preciso, então, desvelar outro aspecto importante: não podemos deixar de perceber que a vocação e a escolha profissional têm uma dimensão cultural e histórica, fruto de grande contexto como o familiar, o social, o educacional, o político, o religioso, o econômico, dentre outros. É neste contexto que nos fazemos, somos gestados. A história, a história de vida de cada um nos coloca desafios, situações em que somos provocados a responder. A ação da liberdade e os condicionamentos das situações nos impõem a dura tarefa de escolher, optar. Se o critério é apenas a “satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta”, ou “fazer o que o seu mestre mandar”, ou ainda “quem quer dinheiro”, muitas frustrações nos aguardam no mercado globalizado.
Há algum tempo perdemos um cidadão brasileiro, que foi exemplo desta visão integral da vocação que apresentamos: Betinho!. Ele sonhava ver “em vida…que o Brasil começou a mudar”, sonhador que desde jovem sentiu-se desafiado, chamado a construir sua vocação. Há muitos como ele: Francisco de Assis, Biraghi, Chico Mendes… Que eles sejam inspiração e exemplo para nós daquilo que Frost ensina e que a vida deles foi testemunho: “Duas estradas seguiam diferentes caminhos num bosque. Peguei a menos movimentada. Isso fez toda a diferença.” Que nos sintamos e nos façamos vocacionados, chamados a buscar SENTIDO, a nos abrir aos OUTROS e a transformar o MUNDO. Aqui estaria o significado mais pleno da articulação entre VOCAÇÃO E A PROFISSÃO.

O TESTEMUNHO DE FÉ DA SÃO FRANCISCO NA VIDA DA BEATA TEREZA MANGANIELLO, MODELO DE VOCAÇÃO ESPECIFICA, RELIGIOSA, VIDA CONSAGRADA

Para conhecermos melhor a vida desta pequena gigante, vamos antes ver um resumo da vida de Francisco, o irmão universal, seu pai espiritual que assim como a ela inspirou a muitos desde sua época aos dias atuais.
São Francisco de Assis nasceu no dia 5 de julho de 1182, na cidade de Assis (Itália, com o nome de Giovanni di Pietro di Bernardone. Era filho de um comerciante ilaliano de nome Pietro di Bernardone dei Moriconi e de sua esposa Pica Bourlemont, e tinha origens francesas. A família fazia parte da rica burguesia de Assis, e tinha prestígio no nome e nas posses financeiras. Era chamado pela família de “Francesco” nome cuja origem ainda hoje não foi determinada.
Francisco cresceu e se tornou popular entre seus amigos devido à sua vida rebelde, às extravagâncias, bebedeiras, pela suas roupas caras, por esbanjar dinheiro e ter paixão por aventuras. Tinha o desejo de ser “herói” e por isso alistou-se, em 1202 como soldado na guerra de Assis contra a Peruggia. Foi capturado e passou cerca de um ano preso, à espera de ser resgatado. Recebeu seu chamado em Assis, durante uma farra com os amigos, onde foi tocado por Deus e desde então começou a perder o interesse pelas farras, dinheiro, riquezas, posses, etc, passando a se preocupar com os mais necessitados e em fazer a vontade de Deus, servindo-o através da doação total e incondicional da sua vida.
Viveu uma conversão brusca em sua juventude, passando de jovem rebelde e mundano, a uma vida religiosa de completa pobreza. Abandonou sua família e sua antiga vida e foi viver em cabanas e abrigos no meio do mato, juntamente com um amigo que chamava de “irmão Leão”. Sua decisão e vivacidade atraiu a outros adeptos, fazendo com que ele fundasse mais tarde a Ordem dos Frades Menores, hoje conhecidos como Franciscanos.
Juntamente com seus “filhos”, Francisco renovou a vivência do catolicismo na época, conservando o hábito de viajar a pé pelas localidades, pregando e vivendo completamente das doações que recebiam. Segundo São Francisco, o evangelho deveria ser seguido à risca, com todo rigor, imitando a vida de Jesus. Desenvolveu latentemente o dom da caridade, pregando o amor à Criação de Deus, à natureza, aos animais, e sobretudo ao ser humano, e vivendo a total doação a estes, e valorizando especialmente os mais pobres. Chamava a todas as criaturas de Deus de irmãos, e se considerava a menor delas. Até hoje é um dos santos da Igreja mais devotados, santidade esta que foi firmada desde que ainda estava em vida, sendo conhecido por muitas pessoas e chamado de santo ainda em vida.
Faleceu em 1226, no dia 3 de outubro, e foi canonizado em 1228, menos de dois anos depois. É conhecido como o protetor dos pobres e doentes e também patrono dos animais e da natureza.

Beata Teresa Manganiello
   
É "a analfabeta sábia" de Montefusco na província de Avelino (Itália). Teresa Manganiello nasceu perto de Montefusco no dia 1º de janeiro de 1849, undécima de doze filhos de uma família de camponeses. Seus pais eram Romualdo Manganiello e Rosária Lepore, “honestos concidadãos” cheios de fé e de profunda piedade cristã. No dia seguinte ela recebeu o batismo na Igreja de São João del Vaglio. Aos sete anos recebeu a Primeira Comunhão na igreja de Santo Egídio, anexa ao convento Capuchinho do mesmo nome.
Como muitas crianças camponesas do sul da Itália daquela época, não frequentou a escola e sempre cresceu à sombra da casa colonial edificada nos campos daquela zona do país. Adolescente, manifestou o desejo de consagrar sua vida a Deus. Em contínua união com Deus, Teresa desde jovenzinha convidava com gentileza suas companheiras a cultivar a pureza e o amor a Deus e ao próximo. Tinha predileção pelas crianças, que cuidava como mãe dedicada.
Como prova de sua particular devoção à Virgem Imaculada, bem jovem Teresa cortou sua longa e farta cabeleira e fez dela um presente a Nossa Senhora. A vida da jovem terceira franciscana era penetrada de orações marianas tão intensas, que poderia parecer inacreditável se se considera que ela se dedicava aos afazeres domésticos da manhã à noite. O Rosário preenchia toda a sua jornada. Teresa concluiu sua existência terrena repetindo a sua bela invocação: “Ó minha querida Mamãe! Só em vossa companhia serei digna de me apresentar ao vosso Filho, ao meu belo Esposo, Jesus!”
A "Farmácia" de Teresa, que ela criara em sua casa com medicamentos extraídos das ervas cultivadas por ela, estava sempre aberta. Ali ela fazia o papel de enfermeira: lavava com água morna as lesões, com delicadeza as medicava com as poções preparadas por ela, curava micoses, eczema, sarna, doenças que figuravam no século XIX entre “as mais asquerosas da espécie humana”. Quando tinha 18 anos, o Padre Ludovico Acernese, homem sincero e humilde, cheio de caridade, de grande talento e de piedade seráfica, mas também determinado em suas ações, chegou ao convento de Santo Egídio. Este padre instituiu em Montefusco a Ordem Terceira Franciscana.
Teresa se sentiu atraída pelo ideal franciscano e correu registrar-se, tornando-se a primeira terceira de Montefusco; elegeu o Padre Acernese como seu diretor e confessor. Em 15 de maio de 1870, aos 21 anos, vestiu o hábito e no ano seguinte fez a profissão dos votos, tomando o nome de Irmã Maria Luísa. O Padre Ludovico Acernese soube reconhecer nela todas as qualidades mais profundas de sua alma, o que o fez nomeá-la primeira conselheira e depois, pela perfeição do seu ideal franciscano, mestra de noviças.
A família nunca apoiou seu desejo de se tornar monja, principalmente para não privar-se da grande ajuda que era ter Teresa vivendo em casa; ela levava um estilo de vida monacal; foi chamada popularmente "monachella santa"; estava sempre presente na Missa diária na igreja de Santo Egídio, além disso, vivia intensamente a oração que junto a ásperas mortificações corporais oferecia pela reparação dos escândalos. Apesar disso, sempre e em toda parte mostrava um sorriso que atraía a todos. Teresa se sentia chamada a um alto e difícil apostolado: a reparação. Compreende que deve rezar e expiar os males cometidos no mundo e desta forma se antecipou ao que foi pedido por Nossa Senhora em Fátima aos três pastorinhos: “Muitos vão para o inferno porque não há quem reze e se sacrifique por eles. Vós quereis vos oferecer?” Teresa havia se oferecido pela conversão dos pecadores e sempre teve nos lábios a sua jaculatória preferida: “Misericórdia, Senhor, misericórdia dos pecadores!”
Hoje podemos admirar, expostos no “Memorial Teresa Manganiello”, preparado na Casa Mãe das Irmãs Franciscanas Imaculatinas em Pietradefusi, os instrumentos de seu suplício voluntário, diurno e noturno, realizado no silêncio, na alegria, na ânsia apostólica de converter os pecadores e salvar as almas. Embora fosse analfabeta, respondia com sabedoria inclusive a pessoas de vasta cultura; foi a executora do Movimento Terciário Franciscano em Irpina e em Sannio, junto com o Padre Acernese, que ante a insistência de Teresa Manganiello pelo seu ideal religioso e falando dele com outras terceiras, planejou a fundação de uma comunidade para elas.
Para obter uma aprovação especial, ele a mandou em 1873 a uma audiência com o Papa Pio IX, para lhe apresentar sua intenção. O beato pontífice a abençoou e a animou a ir adiante; e quando Teresa já era considerada como a primeira superiora da nascente Congregação de Religiosas Terceiras Franciscanas, sua saúde começou a declinar. Em 14 de fevereiro de 1874, enquanto rezava na igreja teve a primeira hemoptise acompanhada de uma grave artrite; naquela época foi uma enfermidade que atacou pessoas de toda idade e condição social. Teresa seguiu adiante entre os altos e baixos da enfermidade até que no verão de 1876 o mal a prostrou.
A muitos sacerdotes e fieis que foram visitá-la presenteou sempre com seu maravilhoso sorriso, totalmente entregue nas mãos de Deus, a quem rezava fervorosamente. Do leite de dores Teresa deu os extremos ensinamentos com o sangue, com a palavra e com o heroico sorriso. A quem se admirava com tanta resignação ela dizia: “O Senhor me fez a graça de sofrer por Ele e eu devo me lamentar? Ele já sabe que eu preciso de ajuda!”
Faleceu no dia 4 de novembro de 1876 com apenas 27 anos e foi sepultada no cemitério de Montefusco. Cinco anos após sua morte, o Padre Ludovico Acernese, confiando em sua proteção espiritual, fundou em Pietradefusi a Congregação das Monjas Franciscanas Imaculatinas, das quais Teresa é a "Pedra angular" e a "Mãe espiritual". Em seu patrimônio espiritual cada monja encontra ricos exemplos e ensinamentos para uma vida de total consagração ao serviço de Deus e da Igreja. Em 1976, por ocasião dos cem anos de sua morte, as Monjas Franciscanas Imaculatinas iniciaram a causa para sua beatificação, reconhecendo nela o papel fundamental na fundação da Congregação. As atas do processo foram aprovadas pela Santa Sé em 12 de dezembro de1992. Teresa Manganiello foi beatificada em 22 de maio de 2010.




[1] Sine qua non é uma locução adjetiva, do latim, que significa “sem a qual não”.  É uma expressão frequentemente usada no nosso vocabulário e faz referência a uma ação ou condição que é indispensável, que é imprescindível ou que é essencial.
"Sine qua non" é uma locução com que se qualifica uma cláusula ou condição sem a qual não se conseguirá atingir o objetivo planejado, sem a qual determinado fato não acontece.

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