8° Ano - II° Bimestre


DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL

Quando os portugueses aportaram na costa brasileira em 1500, encontraram os povos indígenas que aqui viviam há milhares de anos. Cada nação indígena tinha a sua cultura, religião e língua.
Os colonizadores europeus não respeitaram a cultura e a religião dos povos indígenas, tentaram a todo custo impor com violência o Cristianismo Católico e escraviza-los. Muitos índios resistiram a essa imposição, por isso, foram expulsos de suas terras. Foram perseguidos e mortos em combates com os portugueses, invasores de suas terras.
Os que sobreviveram, continuam preservando a sua cultura com dificuldade até aos dias de hoje. Um interessante exemplo de preservação da cultura indígena ocorre na reserva do Alto Xingu, com a tribo Yanomâmi, onde os índios podem viver conforme suas tradições milenares.
Na época da escravidão, alguns povos da África, foram trazidos como escravizados pelos colonizadores para trabalharem nos engenhos, no cultivo da cana-de-açúcar, nas minas de extração de minerais e nos serviços domésticos. Mesmo em meio aos horrores da escravidão, eles achavam um jeito de celebrar a vida e alimentar a esperança da liberdade. Por isso, se unirem por meio da cerimônia religiosa que incluía a música, a dança e as oferendas de veneração aos Orixás, assim eles construíram uma cultura de resistência à escravidão.
Os povos negros trouxeram ao Brasil sua rica tradição religiosa e cultural. O Candomblé, o Tambor de Mina, o Xambá, o Batuque, a Umbanda são alguns exemplos de grupos que fazem parte das tradições religiosas chamadas Afro-Brasileiras, os quais se originaram no Brasil a partir da cultura dos povos africanos. No decorrer do tempo, imigrantes vindos de diversas partes do mundo, tais como: espanhóis, holandeses, franceses, alemães, italianos, japoneses, chineses, coreanos, poloneses, ucranianos, russos, sírio-libaneses entre muitos outros, também trouxeram os costumes e tradições de suas culturas e religiões, as quais enriqueceram ainda mais a religiosidade do povo brasileiro.
O Brasil é um país de vasta diversidade religiosa, aqui temos muitas religiões e igrejas:  Religiões Indígenas, Afro-Brasileiras, Igrejas Católicas, Igrejas Ortodoxas, Igrejas Evangélicas Tradicionais e Pentecostais, Espiritismo, Tradições Religiosas Orientais como o Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, SeichoNo-Ie, Igreja Messiânica Mundial entre muitos grupos e movimentos religiosos e místico-filosófico.
A diversidade religiosa e cultural é uma grande riqueza da humanidade que deve ser reconhecida e valorizada por todos os cidadãos. Todo cidadão e cidadã consciente dos seus direitos e deveres deve evitar o fanatismo religioso, o preconceito e a discriminação para com as outras pessoas, cuja opção religiosa ou filosófica é diferente da sua. É dever de todo cidadão e cidadã saber conviver de modo respeitoso com as diferenças religiosas, culturais e filosóficas, evitando e denunciando qualquer forma de preconceito. A diversidade religiosa do povo brasileiro deve ser motivo de apreciação e valorização e jamais de discórdia ou discriminação.

ATIVIDADES
1.      Destaque do texto:
a) Três dados sobre os povos Indígenas.
b) Três dados sobre os povos vindos da África.
2.      Cite o nome de algumas Tradições Religiosas presentes no Brasil.
3.      Qual é o dever de todo cidadão em relação às diferenças religiosas?
4.      Qual é a sua opinião sobre as diversas religiões e igrejas?
5.      Crie um cartaz numa folha de oficio representando a diversidade religiosa do Brasil.
6.      Procure no dicionário o significado das palavras abaixo e depois dialogue com seus companheiros de turma o que estes conceitos: cidadão, fanatismo, preconceito, discriminação, discórdia, apreciação, diversidade.

O mundo dos primeiros cristãos - A Palestina no tempo de Jesus

É comum nos dias de hoje saber que não é possível entender a história de Jesus fora do contexto histórico em que ele viveu. Sua atuação se deu em um tempo e lugar determinados dentro de circunstâncias bem concretas. Conhecer esse contexto é um fator primordial para entender o que significa a vida, as palavras e suas ações, principalmente para a vida das primeiras comunidades cristãs e para nós hoje.
A sociedade palestinense sob a tutela do império romano é bastante complexa em sua rede de relações políticas, econômicas, religiosa e ideológicas. Havia uma insatisfação e uma instabilidade política que por força ideológica assombrava o povo; havia uma população bastante heterogênea e grupos opostos; bem como, excessiva exploração do povo por meios de impostos; divisões administrativas do império em regiões e locais estratégicos; havia também as divergências teológicas entre grupos religiosos judeus, bem como divergência e confrontos ideológicos dos grupos e partidos políticos tanto romano, como judaico.
Do ponto de vista econômico, o modo de vida e consumo da sociedade era marcado pelos desmandos do comercio principalmente religioso; como da produção da cerâmica artesanal, da agricultura, da pecuária, da pesca e dos pequenos trabalhos braçais (carpintaria, consertos de redes, etc).
Dentro da sociedade, os pobres eram uma categoria que se apresentava sob variados estereótipos: assalariados, escravos, artesãos de aldeia e pescadores. Eram os marginalizados e discriminados sociais. Não ficavam atrás, as viúvas, as mulheres, as crianças, os doentes, os leprosos, os possessos, os estrangeiros. Sobretudo essa marginalização adivinha de razões não só sociológicas, mas de razões religiosas mesmo, onde havia as prescrições levíticas sobre a pureza e impureza legal, o que tornava as muitas situações dessa gente via de regra, irreversíveis.
A família tinha uma imensa importância na vida social e religiosa, pois era guardiã das tradições. Sua constituição era patriarcal, ai a mulher casada tem força administrativa dos afazeres domésticos tão somente, mas o poder de decisão compete ao homem.
Socialmente, os grupos tanto religiosos, como político, ideológico, têm grandes influencia, mas não tem força de decisão na política dominadora romana.
Eis algumas de suas características.
Havia o grupo dos Saduceus: formado pelos grandes proprietários de terras e membros da elite sacerdotal. Rejeitavam as doutrinas dos fariseus, negavam a ressurreição e o juízo final. São os maiores colaboradores do império romano, conservadores em assuntos religiosos e políticos. Foram os principais responsáveis pela morte de Jesus;
Havia o grupo dos Fariseus: religiosos leigos, tradicionais, tinham fama de acumularem méritos perante a lei e a religião, gostava de serem bem vistos pelo povo. Acreditava na imortalidade da alma, na ressurreição, na existência de anjos e espíritos, a intervenção de Deus nos destinos humano, e por isso mesmo acreditavam que havia os justos e os pecadores. Seu conceito e práticas religiosas levavam o povo a afastar-se e ter uma concepção de Deus e da religião bastante alheia a pratica da misericórdia. Sua influência era extraordinariamente grande na religião e na sociedade.
Os Essênios eram uma seita de monges que se consideravam eleitos de Deus. Eles não participavam do culto e nem valorizavam a instituição religiosa. Consideravam-se o único povo de Deus legitimo prontos para a batalha do dia da Javé contra os inimigos. Viviam em pequenas comunidades e mantinham uma regra de vida comum. Tinham rituais próprios (banhos, refeições, batismos, abluções) e eram contra os romanos.
Os Zelotes eram os zelosos ou fanáticos, representavam a ala mais radical dos fariseus. Utilizava-se de armas e formavam grupos revoltosos para combates contra os romanos. São os zelotas que se empenham na campanha contra os romanos em 66 d.C e levaram o povo à ruína em Massada.
Também havia os Herodianos que eram colaboradores do rei Herodes. Funcionários da máquina do Estado, muitos dentre eles eram judeus e se beneficiavam com o regime. Verdadeiros bajuladores eram olhos e mãos do rei.
Por fim, temos ai os Samaritanos – que eram habitantes da região as Samaria, considerados pelos judeus como hereges e pagãos e não tinham relações amigáveis com essa gente. Para os judeus, os samaritanos eram uma mistura de povos pagãos com sangue judeus e por isso mesmo eram tidos como gente pecadora.
Jesus viveu nesse contexto. Sua pratica evangelizadora vai mostrar o “rosto materno” e humano de Deus, o Pai. Ele vai ao encontro do doente, do pobre, do pecador, do pescador, da mulher. Acolhe a criança, o leproso, o cego, o possesso, e lhes mostra a todos o quanto Deus é Presença Libertadora, Salvadora, agindo no meio do povo. Sua ação é motivada por amor e obediência ao Pai. Jesus acredita que o Reino de Deus já está instaurando no meio do povo, ele age e prega essa boa nova e pede de seus ouvintes a conversão, abertura de mente e coração, atitude de vida – a metanóia.
A pratica de Jesus será levada adiante pelos seus discípulos, com a chegada do Espírito Santo, após a morte e ressurreição do mestre. Eles, como Jesus, acolhe o povo, anunciam-lhe boas novas, propõe uma nova história de vida com as/nas comunidades cristãs.
A palestina no tempo de Jesus é um aspecto importante da reflexão bíblica atual. Ela é imediatamente necessária para uma compreensão mais ampla e abrangente do contexto em que o Jesus histórico estava situado, consequentemente as diversas referências bíblicas a lugares, animais, dinheiro e distancias no novo testamento. Muito dos aspectos geográficos foram-se desenvolvendo ao longo de anos e a expensas de muitas revoltas – embora não tenhamos explorado sob esse angulo. Os aspectos econômicos estão diretamente localizados no âmbito da pecuária, da agricultura, da exportação e importação. Embora não mencionado diretamente, vale lembra que toda economia, da época de Jesus, estava vinculada a situação política que esse país vivia, que embora independente em muitos aspectos estava vinculada ao grande império Romano.

A VIDA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS SEGUNDO O ATOS DOS APÓSTOLOS
O livro de Atos não é um livro doutrinário, como já vimos, mas é um livro repleto de informações doutrinárias. As ênfases sobre a doutrina da Igreja são feitas a partir da história, e consequentemente pela prática. Lucas não intenciona em seu relato julgar se a prática da Igreja de Deus é correta ou não, mas a coloca a prática da igreja primitiva como padrão a ser seguido. Portanto, o que vemos em Atos não é um guia para a doutrina da Igreja, mas para o exercício efetivo da vontade de Deus por meio da igreja. Isso está em acordo com Ef. 3.10 que o objetivo da Igreja é fazer a multiforme sabedoria de Deus conhecida em todos os lugares segundo o eterno propósito de Deus que estabeleceu em Cristo Jesus.
Para não cometermos erro na prática da Igreja, precisamos entender a forma como Lucas escreve o Livro de Atos, pois para ele a história é narrada a partir de personagens e eventos que são utilizados com padrão para a redação. Por isso encontramos em Atos situações semelhantes entre a vida de Paulo e Pedro, entre a Igreja em Jerusalém e a Igreja gentílica, no derramamento do Espírito Santo. Isso não significa que os fatos são alterados por Lucas, mas arranjados em conformidade com seu estilo literário. Da mesma foram, não significa que são irreais as informações, mas trata-se de um recurso literário, de enfatizar o que considera importante, da mesma maneira que é superficial com acontecimentos considerados menos importantes.
No fim do segundo capítulo de Atos vemos que existe um arranjo literário muito interessante, pois trata-se de um resumo informativo sobre a vida da Igreja. “Uma das características de Lucas é separar os vários incidentes da primeira parte de Atos por meio de pequenos parágrafos ou versículos que dão resumos da situação da igreja nas várias etapas do seu progresso”. Esse fato ressaltado por Howard Marshall acontece claramente aqui, e é a primeira vez que acontece em referência ao livro de Atos, mas é um recurso literário de Lucas já conhecido e evidenciado no prólogo, quando se referiu ao Evangelho (At.1,1-3).
O grande valor desse resumo de Lucas é que podemos observar como a Igreja Primitiva mantinha-se fiel a exigências de Cristo ante a propagação da mensagem do evangelho e do crescimento numérico que a acompanhava.  Diante da história da Igreja do primeiro século, podemos retirar as seguintes princípios para hoje:

1. A Igreja precisa manter-se Simples
Tal princípio não tem sido absorvido como deveria na maior parte das Igreja. A simplicidade da igreja diz respeito a vida de sua essência. Atos nos ensina que não existe um forma absoluta e engessada para a vitalidade da igreja. Contudo, nos mostra exatamente quais são os elementos essenciais para seu funcionamento. Neste ponto vemos sua vitalidade.
Observe que os discípulos são apresentados por Lucas como aqueles que ensinavam e pregavam. Tal colocação diz respeito a função exercida pelos apóstolos de Cristo. Contudo, diversas pregações e ensinos são apresentados em Atos, e muitas diferenças são vistas os ensinos de Paulo e Pedro. Com isso não estamos afirmando que um está certo e o outro errado, mas observando um princípio vital para a Igreja: O Exercício efetivo da função é necessário, da mesma forma que a liberdade para a sua execução. Existe apenas uma restrição necessária nesse processo: A forma nunca pode manipular a função, mas, antes, viabilizar.
Para facilitar a absorção deste princípio, vamos resumir da seguinte maneira:
Atos nos mostra funções e princípio a serem seguidos;
Atos, às vezes, nos mostra a forma que devem ser executados, mas é parcial e incompleta;
Em Atos, normalmente, a forma varia de acordo com o contexto;
Portanto, a Essência é Vital, a Forma secundária.
Seguindo essas colocações só podemos concluir que a Essência da Igreja restringe-se a execução de suas funções vitais. Como isso vai acontecer, cada líder deve avaliar a partir do contexto em que vive. Não existe um manual absoluto de crescimento e expansão da Igreja pronto para ser utilizado em todas as culturas. Por isso, cada líder deve avaliar a forma de executar as funções vitais do Corpo de Cristo, sem ferir, manipular, destruir, desconsiderar, sua essência. Por esta razão afirmamos que a Igreja deve manter-se simples!
Entretanto, ao afirmarmos que a Igreja mantinha-se simples não estamos dizendo que a igreja primitiva era uma igreja pobre, ou uma igreja não sofisticada, mas uma igreja que vivia em conformidade com a essência da fé cristã. Note que existem seis declarações nesses versículos que expressam as atividades da Igreja Primitiva:
A. Doutrina dos Apóstolos
O primeiro ponto a ser ressaltado é a Doutrina dos Apóstolos. O que Lucas quer dizer com “perseveravam na doutrina dos apóstolos” é que a Igreja Primitiva mantinha-se firmada na instrução dos apóstolos. A ideia expressa pelo verbete “perseverar” é dar constante atenção a alguma coisa. Ou seja, a Igreja Primitiva mantinha-se constantemente alicerçada pelo ensino apostólico. É importante ressaltar que até este ponto da história a doutrina da igreja primitiva podia ser resumida pelo v.36 do mesmo capítulo: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo “. Em favor desta ideia vamos nos lembrar daquilo que Paulo nos informa em 1Co15.3-4: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras “. A intenção de Paulo era de deixar aos Coríntios aquilo que é essencial para sua vida. Essa é a doutrina deixada que deve ser ensinada na Igreja hoje. Tudo o que não é concernente a doutrina dos apóstolos deve ser deixada de lado.
Contudo, é digno de nota que todos os apóstolos tinham sido instruídos por Cristo, e por certo podiam repassar aquilo que haviam aprendido. Aliás, a expressão grega referente a “doutrina dos apóstolos” sugere que tal instrução seja procedente dos apóstolos. Ou seja,
O ensino da igreja é mantido por aqueles que tem autoridade e capacidade para tal tarefa
 Dois requisitos básico devem ter os que transmitem o ensino dos apóstolos: Autoridade e Capacidade. Sobre capacidade, podemos dizer que tal princípio não é um critério exigido pela Instituição da Igreja, nem mesmo pela liderança local de cada núcleo da Igreja. Mas é um requisito das Escrituras. Observe que duas passagem exigem isso de maneira irrevogável: 1Tm.3.2 e 2Tm.2,24.
Qual é o papel da liderança da Igreja hoje? Certamente o mesmo desempenhado pelos apóstolos no início da História. Sobre eles estava a responsabilidade de instruir e governar a igreja de Cristo, não como senhores, mas como servos. O serviço do líder deve estar em conformidade com o serviço de seu Senhor. Cristo, como exemplo de liderança, foi o discipulador dos apóstolos, mas manteve-se sempre humilde diante deles. O Serviço do líder deve ser o Serviço a Seu Senhor, nos moldes ensinados por ele.

De acordo com tal conclusão, podemos dizer que o líder deve promover a Instrução dos membros do Corpo de Cristo. Mas qual deve ser o conteúdo do seu ensino? Certamente o mesmo conteúdo exposto pelos apóstolos. Tudo o que os apóstolos ensinaram que merece ser lembrado historicamente, foi preservado pelo Espírito Santo até os dias de hoje, e todo esse material encontra-se nas Escrituras. Diante desse fato, o papel do líder da Igreja é promover o governo da comunidade cristã que dirige, nos moldes da Liderança de Cristo, da mesma forma que promove o ensino nos moldes do ministério dos apóstolos.
B. Comunhão
Lucas não poderia estar equivocado quando utilizou o vocábulo “comunhão” quando se referiu à Igreja Primitiva. A descrição subsequente, esplanada no tópico sobre unidade da igreja, expõe de forma muito clara as considerações dessa igreja. Assim, deve-se ressaltar que os primeiros cristãos “eram perseverantes (…) na comunhão “. E como foi anteriormente ressaltado, isso implica em dizer que eles eram fundamentados na experiência comum do corpo. Assim, como os outros pontos ressaltados por Lucas, a comunhão era essência da vitalidade da Igreja.
Contudo, antes de prosseguirmos para outros tópicos, devemos compreender a ideia de “Comunhão “. O termo grego utilizado é “koinonia “. Em suas diversas formas o termo não é usado mais que 19 vezes no Novo Testamento. Contudo, sua ideia é visível em várias de suas partes. Um exemplo disso é At.20,36-38:
“Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles. Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam, entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera: que não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até ao navio”
Nenhuma vez neste texto nós encontramos o termo Comunhão, mas não podemos negá-la aqui. É evidente que a intimidade e comunhão entre Paulo e os cristãos de Éfeso, que por razão da partida de Paulo, houve choro e tristeza. A vida de mutualidade entre Paulo e os cristãos de Éfeso demonstra a Comunhão que existia entre eles. Em At.4,32-35 vemos outro exemplo fantástico e marcante:
“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum “
Embora vamos comentar com mais detalhes esse versículo pouco adiante, vale a pena observar que a vida da Igreja primitiva estava alicerçada na Comunhão, também. Os cristãos estavam tão próximos uns dos outros que não ousavam considerar seu o que possuía, mas estava pronto a dividir com seus irmãos conforme havia necessidade. Isto é a demonstração da Comunhão que a Igreja deveria ter hoje.
Diante desses fatos, qual é o papel da liderança nesse ponto? A liderança da Igreja deve promover a Comunhão da Igreja. Suas atividades devem viabilizar a Comunhão do Corpo de Cristo. Isso deve ser estudado e planejado de acordo com as reais disponibilidades da Igreja e de seus participantes.
De fato, a comunhão na Igreja primitiva era espontânea, por causa da experiência que cada um dos membros tinham com Cristo. Mesmo correndo o risco de ser redundante, digo:
“A comunhão da Igreja depende da vida de Comunhão com Deus que cada membro do corpo de Cristo desfruta”
Tal verdade é bem colocada por João em sua primeira epístola, observe: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros” (1Jo.1,7a). Aqui está o segredo da Comunhão entre os participantes da Igreja de Cristo. Não há separação entre os que estão na Luz, como Deus é: “Deus é luz e nele não existe trevas nenhuma” (1Jo.1,5). Tudo o que participa de uma vida de intimidade com Deus, desfruta da intimidade dos que procuram intimidade com Deus. Quanto mais perto de Deus os participantes da igreja estão, mas próximos uns dos outros.
Portanto, se o papel do líder da igreja é promover a Comunhão entre os irmãos, e tal comunhão só é possível quando eles estão desfrutando de intimidade com Deus, o líder deve auxiliá-los a buscar intimidade com Deus. O papel do líder não é ser um “dono-da-igreja”, mas ser um “servo-facilitador” da busca das virtudes bíblicas por parte dos seus liderados. Portanto, o líder deve dar sua vida pela santificação da Igreja que dirige. Se isto é buscado e efetivamente executado, a Comunhão é o resultado. Tal ideia é muito semelhante a colocação de Paulo em 2Co.11.2: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo “.
C. Partir do Pão
A expressão “partir do pão” não diz respeito a uma refeição típica da época, e que os cristãos mantinham-se comendo apenas pão, mas a expressão diz respeito à prática da Ceia do Senhor. O termo grego equivalente a “partir” em português é apenas utilizado no NT em referência à ceia. Aliás, é digno de nota que o termo (te klasei tou artou) é apenas utilizado duas vezes no NT, ambas feitas por Lucas, e é de uso restrito à ceia. O uso da expressão é quase que um pleonasmo, visto que klasei (partir) só é aplicado a artou (pão). Segue-se que, com absoluta certeza, a igreja primitiva mantinha-se firmada constantemente no memorial da morte de Cristo.
A Ceia do Senhor foi estabelecida pelo próprio Senhor Jesus, pouco antes de dar Sua Vida em nosso favor:
Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados (Mt.26,26-28)
Naquela ocasião Jesus estava estabelecendo o que seria considerado posteriormente, o memorial mais significante do cristianismo. A “Ceia do Senhor” não é uma prática institucional da Igreja, mas a recordação vívida do Sacrifício de Cristo em nosso favor, para redenção dos nossos pecados. É a memória da efetivação da Nova Aliança. Por ser tão grande importância para a Vitalidade do Corpo de Cristo, Paulo faz a seguinte colocação:
“Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co.11,23-26).
Aqui está claro e evidente que a “Ceia do Senhor” trata-se e um memorial. O pão continua a ser pão, e o vinho continua a ser vinho, mas ambos simbolizam e representam o corpo e o sangue de Cristo, entregue para nossa redenção. E uma advertência deve ser feita: A CEIA É O ANUNCIO DA MORTE DE CRISTO, e deve ser realizado até que o Cristo volte. Não existe um cronograma para sua execução, mas deve ser executado. Pode ser uma vez por mês, por semana, a cada dois meses. A frequência não é o importante. O importante é que seja frequente.
Contudo, devemos evitar o erro de considerar a “Ceia do Senhor” como uma mera lembrança, ou cerimonial, como alguém que, com saudades, observa fotos de seus entes queridos. Não é esse o sentido da Ceia. Trata-se, sim, de um memorial, mas não é esta sua razão exclusiva. Vamos observar outro texto importante:
“Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1Co.10,16-17)

Aqui nós vemos que a Ceia é vista como a “participação” do sangue e do corpo de Cristo. Ou seja, o cristão quando participa do memorial da morte de Cristo é também participante de sua morte. Isso não significa que o cristão morra, mas que participa das bênçãos oferecidas por essa morte. A conclusão disto, é que os cristãos são feitos um só corpo. A conclusão do argumento de Paulo sobre a ceia é que ela é a união espiritual entre Cristo e os cristãos. Isso é visto em 1Cor 10,21: “Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios “. Se realizarmos a ceia deste modo estaremos suscitando o Senhor a Ira contra nós, como se pudéssemos contender com Ele (1Cor 10,22).
Por esta razão é que Paulo faz sérias advertências sobre participação indevida da “Ceia do Senhor “:
“Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem” (1Cor 11,29-30)
Note que a participação indevida da Ceia torna o participante desatento passível da disciplina de Deus. Tal disciplina pode ser uma doença física, ou até mesmo a morte. Portanto, nota-se a seriedade deste memorial participativo. Portanto, não podemos deixar de observar esse mandamento, com cautela e perseverança. Do contrário seremos negligentes e passíveis da disciplina de Deus, sem contar que deixaremos de lado mais um ponto importante para a Vitalidade da igreja de Cristo.
D. Orações
A Igreja Primitiva viva em constante oração, quer comunitária como individual. As orações tinham um papel fundamental na vida da Igreja Primitiva. Isso pode ser claramente percebido pelo relado deixado por Lucas, que diversas vezes considera as orações dos primeiros cristãos.  Em Atos podemos ver que a oração foi:
A atitude dos cristãos diante das decisões a serem tomadas (1,14);
A atitude da liderança da igreja em situação de crescimento (6,4);
A prática da igreja quando os apóstolos foram libertos da prisão (4,24-30);
A prática da igreja quando estava em situação de perigo e perseguição (12,5);
Como podemos notar, a Igreja orava junto diante de situações positivas e negativas. Lucas nos mostra que em situações diferentes das habituais, “havia incessante” oração por parte da Igreja. A prática do Corpo de Cristo exige a Oração, ela é a respiração de sua fé. A oração deve ser a genuína expressão do nosso coração e reflexo de nossa autêntica fé. A comunidade que isenta-se dessa prática pública pode deixar de participar efetivamente. Apenas um ponto merece nosso destaque aqui: “quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (At.6,5). Embora o texto seja trabalhado pouco mais a frente, aqui fica a nota de que o ministério do líder da Igreja deve ser cheio de oração. Sua vida deve ser uma vida de oração (cf. O exemplo de Paulo nos seguinte versos: Rm.1,10; Ef.1,16; Cl.4,12; 1Ts.1,2; Fm.14), e nas tribulações, sua oração deve ser perseverante (Rm.12,12; Cl.4,2).

2. A Igreja precisa manter-se Unida
Na introdução deste estudo foi utilizado uma frase que expressa um pouco daquilo que encontramos neste trecho, pois aqui vemos o aspecto mais forte, ou o mais enfatizado por Lucas em suas descrições da Igreja Primitiva: A Unidade, que destrói ideias contrárias, a preferência, o egoísmo e principalmente o fermento que toma conta das igrejas atuais, o partidarismo. Provavelmente isto se deve à necessidade bíblica da Unidade que é muito bem exposta por Cristo antes de se morrer e ser elevado às alturas. Note algumas considerações de Cristo sobre a unidade na Igreja: “Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós” (Jo.17,11). Jesus em sua oração pede a Deus que aqueles que são seus mantenham-se unidos, ou melhor que seja “um” como Ele o é com Deus Pai (cf. 17,22); “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim, a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo.17,20-21). Note que a unidade do Corpo de Cristo é a Vontade de Cristo para sua Igreja e um pré-requisito para o testemunho na comunidade, portanto não deve estar em falta na comunidade cristã. Assim, é importante compreender o que é Unidade na Igreja Primitiva.
3. A Igreja precisa ter Maturidade
Um detalhe que parece antagônico é que a Jovem Igreja Primitiva era Madura e procedia em Maturidade. Maturidade esta que apaga a infante ideia de agradar o público, mas, ao contrário disto, busca agradar somente aquele que é digno de Glória. Essa ideia é importante ser ressaltada pois está em falta em boa parte das comunidades cristãs hoje. Isso pode ser percebido em três pequenos detalhes:
A.                Temor
Na vida de cada cristão havia temor: “Em cada alma havia temor” (v.43). O temor é um ponto primordial para a vida da igreja e parece ser uma exigência em Hb. 12,28-29. O sentido expresso pelo termo “temor” está além de medo, embora o inclua. O termo sugere devota reverencia em relação a Deus. Na Igreja Primitiva, tal medo reverente existia em cada um dos cristãos (cf. At.5,1-11).
B. Reconhecimento da Atuação de Deus
O reconhecimento do crescimento como obra divina (v.47 “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos “) A Igreja Primitiva tinha o conceito correto de que crescimento é competência divina.

O GRUPO DOS SEGUIDORES DE JESUS
No começo do seu ministério Jesus escolheu doze homens que o acompanhassem em suas viagens. Teriam esses homens uma importante responsabilidade: Continuariam a representá-lo depois de haver ele voltado para o céu. A reputação deles continuaria a influenciar a igreja muito depois de haverem morrido. Por conseguinte, a seleção dos Doze foi de grande responsabilidade.  “Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolo” (Lc 6.12-13). A maioria dos apóstolos era da região de Cafarnaum, desprezada pela sociedade judaica refinada por ser o centro de uma parte do estado judaico e conhecida, em realidade, como “Galileia dos gentios”. O próprio Jesus disse: “Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno” (Mt 11.23). Não obstante, Jesus fez desses doze homens líderes vigorosos e porta-vozes capaz de transmitir com clareza a fé cristã. O sucesso que eles alcançaram dá testemunho do poder transformador do Senhorio de Jesus. Nenhum dos escritores dos Evangelhos deixou-nos traços físicos dos doze. Dão-nos, contudo, minúsculas pistas que nos ajudam a fazer “conjeturas razoáveis” sobre como pareciam e atuavam. Um fato importante que tem sido tradicionalmente menosprezado em incontáveis representações artísticas dos apóstolos é sua juventude. Se levarmos em conta que a maioria chegou a viver até ao terceiro e quarto quartéis do século e que João adentrou o segundo século, então eles devem ter sido não mais do que jovens quando aceitaram o chamado de Cristo.

Os doze apóstolos foram:
1) André – No dia seguinte àquele em que João Batista viu o ES descer sobre Jesus, ele o apontou para dois de seus discípulos, e disse: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1.36). Movidos de curiosidade, os dois deixaram João e começaram a seguir a Jesus. Jesus notou a presença deles e perguntou-lhes o que buscavam. Responderam: “Rabi, onde assistes?” Jesus levou-os à casa onde ele se hospedava e passaram a noite com ele. Um desses homens chamava-se André (Jo 1.38-40).  André foi logo à procura de seu irmão, Simão Pedro, a quem disse: “Achamos o Messias…” (Jo 1.41). Por seu testemunho, ele ganhou Pedro para o Senhor. André é tradução do grego Andreas, que significa “varonil”. Outras pistas do Evangelhos indicam que André era fisicamente forte, e homem devoto e fiel. Ele e Pedro eram donos de uma casa (Mc 1.29) Eram filhos de um homem chamado Jonas ou João, um próspero pescador. Ambos os jovens haviam seguido o pai no negócio da pesca. Eram Pescadores. André nasceu em Betsaida, nas praias do norte do mar da Galileia. Embora o Evangelho de João descreva o primeiro encontro dele com Jesus, não o menciona como discípulo até muito mais tarde (Jo 6.8). O Evangelho de Mateus diz que quando Jesus caminha junto ao mar da Galileia, ele saudou a André e a Pedro e os convidou para se tornarem discípulos (Mt 4.18,19). Isto não contradiz a narrativa de João; simplesmente acrescenta um aspecto novo. Uma leitura atenta de João 1.35-40 mostra-nos que Jesus não chamou André e a Pedro para segui-lo quando se encontraram pela primeira vez. André e outro discípulo chamado Filipe apresentaram a Jesus um grupo de gregos (Jo 12.20-22). Por este motivo podemos dizer que eles foram os primeiros missionários estrangeiros da fé cristã. Diz a tradição que André viveu seus últimos dias na Círia, ao norte do mar negro. Mas um livreto intitulado: Atos de André (provavelmente escrito por volta do ano 260 d.C) diz que ele pregou primariamente na Macedônia e foi martirizado em Patras. Diz ainda, que ele foi crucificado numa cruz em forma de “X”, símbolo religioso conhecido como Cruz de Sto. André.

2) Bartolomeu (Natanael) – Falta-nos informação sobre a identidade do Apóstolo chamado Bartolomeu. Ele só é mencionado na lista dos apóstolos. Além do mais, enquanto os Evangelhos sinóticos concordam em que seu nome era Bartolomeu, João o dá como Natanael (Jo 1.45). Creem alguns estudiosos que Bartolomeu era o sobrenome de Natanael. A palavra aramaica bar significa “filho”, por isso o nome Bartolomeu significa literalmente, “filho de Talmai”. A Bíblia não identifica quem foi Talmai. Supondo que Bartolomeu e Natanael sejam a mesma pessoa, o Evangelho de João nos proporciona várias informações acerca de sua personalidade. Jesus chamou Natanael de “israelita em quem não há dolo” (Jo 1.47). Diz a tradição que ele serviu como missionário na Índia e que foi crucificado de cabeça para baixo.

3) Tiago – Filho de Alfeu Os Evangelhos fazem apenas referências passageiras a Tiago, filho de Alfeu (Mt 10.3; Lc 6.15). Muitos estudiosos creem que Tiago era irmão de Mateus, visto a Bíblia dizer que o pai de Mateus também se chamava Alfeu (Mc 2.14).  Outros creem que este Tiago se identificava como “Tiago, o Menor”, mas não temos prova alguma de que esses dois nomes se referiam ao mesmo homem (Mc 15.40). Se o filho de Alfeu era, deveras, o mesmo homem Tiago, o Menor, talvez ele tenha sido primo de Jesus (Mt 27.56; Jo 19.25). Alguns comentaristas da Bíblia teorizam que este discípulo trazia uma estreita semelhança física com Jesus, o que poderia explicar por que Judas Iscariotes teve de identificar Jesus na noite em que foi traído.  (Mc 14.43-45; Lc 22.47-48).  Diz as lendas que ele pregou na Pérsia e aí foi crucificado. Mas não há informações concretas sobre sua vida, ministério posterior e morte.

4) Tiago – Filho de Zebedeu Depois que Jesus convocou a Simão Pedro e a seu irmão André, ele caminhou um pouco mais ao longo da praia da Galileia e convidou a “Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes” (Mc 1.19). Tiago e seu irmão responderam imediatamente ao chamado de Cristo. Ele foi o primeiro dos doze a sofrer a morte de mártir. O rei Herodes Agripa I ordenou que ele fosse executado ao fio da espada (At 12.2). A tradição diz que isto ocorreu no ano 44 d.C, quando ele seria ainda bem moço. Os Evangelhos nunca mencionam Tiago sozinho; sempre falam de “Tiago e João”. Até no registro de sua morte, o livro de Atos refere-se a ele como “Tiago, irmão de João” (At 12.2) Eles começaram a seguir a Jesus no mesmo dia, e ambos estiveram presentes na Transfiguração (Mc 9.2-13). Jesus chamou a ambos de “filhos do trovão” (Mc 3.17). A perseguição que tirou a vida de Tiago infundiu novo fervor entre os cristãos (At 12.5-25). Herodes Agripa esperava sufocar o movimentos cristão executando líderes como Tiago. “Entretanto a Palavra do Senhor crescia e se multiplicava” (At 12.24). As tradições afirmam que ele foi o primeiro missionário cristão na Espanha.

5) João – Felizmente, temos considerável informação acerca do discípulo chamado João. Marcos diz-nos que ele era irmão de Tiago, filho de Zebedeu (Mc 1.19). Diz também que Tiago e João trabalhavam com “os empregados” de seu pai (Mc 1.20). Alguns eruditos especulam que a mãe de João era Salomé, que assistiu a crucificação de Jesus (Mc 15.40). Se Salomé era irmã da mãe de Jesus, como sugere o Evangelho de João (Jo 19.25), João pode ter sido primo de Jesus. Jesus encontrou a João e a seu irmão Tiago consertando as redes junto ao mar da Galileia. Ordenou-lhes que se fizessem ao largo e lançassem as redes. Arrastaram um enorme quantidade de peixes – milagre que os convenceram do poder de Jesus. “E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram” (Lc 5.11) Simão Pedro foi com eles. João parece ter sido um jovem impulsivo. Logo depois que ele e Tiago entraram para o círculo íntimo dos discípulos de Jesus, o Mestre os apelidou de “filhos do trovão” (Mc 3.17).

Os discípulos pareciam relegar João a um lugar secundário em seu grupo. Todos os Evangelhos mencionavam a João depois de seu irmão Tiago; na maioria das vezes, parece, Tiago era o porta-voz dos dois irmãos. Paulo menciona a João entre os apóstolos em Jerusalém, mas o faz colocando o seu nome no fim da lista (Gl 2.9). Muitas vezes João deixou transparecer suas emoções nas conversas com Jesus. Certa ocasião ele ficou transtornado porque alguém mais estava servindo em nome de Jesus. “E nós lho proibimos”, disse ele a Jesus, “porque não seguia conosco” (Mc 9.38). Jesus replicou: “Não lho proibais… pois quem não é contra a nós, é por nós” (Mc 9.39,40). Noutra ocasião, ambiciosos, Tiago e João sugeriram que lhes fosse permitido assentar-se à esquerda e à direita de Jesus na sua glória. Esta ideia os indispôs com os outros
Discípulos (Mc 10.35-41). Mas a ousadia de João foi-lhe vantajosa na hora da morte e da ressurreição de Jesus. Jo 18.15 diz que João era” conhecido do sumo sacerdote”.  Isto o tornaria facilmente vulnerável à prisão quando os aguardas do sumo sacerdote prenderam a Jesus. Não obstante, João foi o único apóstolo que se atreveu a permanecer ao pé da cruz, e Jesus entregou-lhe sua mãe aos seus cuidados (Jo 19.26-27). Ao ouvirem os discípulos que o corpo de Jesus já não estava no túmulo, João correu na frente dos outros e chegou primeiro ao sepulcro. Contudo, ele deixou que Pedro entrasse antes dele na câmara de sepultamento (Jo 20.1-4,8). Se João escreveu, deveras, o quarto Evangelhos, as cartas de João e o Apocalipse, ele escreveu mais texto do NT do que qualquer dos demais apóstolos. Não temos motivo para duvidar de que esses livros não são de sua autoria. Diz a tradição que ele cuidou da mãe de Jesus enquanto pastoreou a congregação em Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi levado a Roma e exilado na Ilha de Patmos. Acredita-se que ele viveu até avançada idade, e seu corpo foi devolvido a Éfeso para sepultamento

6) Judas – Não o Iscariotes João refere-se a um dos discípulos como “Judas, não o Iscariotes” (Jo 14.22). Não é fácil determinar a identidade desse homem.  O NT refere-se a diversos homens com o nome de Judas – Judas Iscariotes; Judas, irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3); Judas, o galileu (At 5.37) e Judas, não o Iscariotes. Evidentemente, João desejava evitar confusão quando se referia a esse homem, especialmente porque o outro discípulo chamado Judas não gozava de boa fama. Mateus e Marcos referem-se a esse homem como Tadeu (Mt 10.3; Mc 3.18). Lucas o menciona como “Judas, filho de Tiago” (Lc 6.16; At 1.13). Não sabemos ao certo quem era o pai de Tadeu. O Historiador Eusébio diz que Jesus uma vez enviou esse discípulo ao rei Abgar da Mesopotâmia a fim de orar pela sua cura. Segundo essa história, Judas foi a Abgar depois da ascensão de Jesus, e permaneceu para pregar em várias cidades da Mesopotâmia.  Diz outra tradição que esse discípulo foi assassinado por mágicos na cidade de Suanir, na Pérsia. O mataram a pauladas e pedradas.

7) Judas Iscariotes – Todos os Evangelhos colocam Judas Iscariotes no fim da lista dos discípulos de Jesus. Sem dúvida alguma isso reflete a má fama de Judas como traidor de Jesus. A Palavra aramaica Iscariotes literalmente significa “homem de Queriote”. Queriote era uma cidade próxima a Hebrom (Js 15.25). Contudo, João diz-nos que Judas era filho de Simão (Jo 6.71). Se Judas era, de fato, natural desta cidade, dentre os discípulos, ele era o único procedente da Judéia. Os habitantes da Judéia desprezavam o povo da Galileia como rudes colonizadores de fronteira. Essa atitude pode ter alienado Judas Iscariotes dos demais discípulos. Os Evangelhos não nos dizem exatamente quando Jesus chamou Judas pra juntar-se ao grupo de seus seguidores. Talvez tenha sido nos primeiros dias, quando Jesus chamou tantos outros (Mt 4.18-22). Judas funcionava como tesoureiro dos discípulos, e pelo menos em uma ocasião ele manifestou uma atitude sovina para com o trabalho. Foi quando uma mulher por nome Maria derramou unguento precioso sobre os pés de Jesus. Judas reclamou: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres?” (Jo 12.5). No versículo seguinte João comenta que Judas disse isto “não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão.”

Enquanto os discípulos participavam de sua última refeição com Jesus, o Senhor revelou saber que estava prestes a ser traído e indicou Judas como o criminoso. Disse ele a Judas: “O que pretendes fazer, faze-o depressa” (Jo 13.27). Todavia, os demais discípulos não suspeitavam do que Judas estava prestes a fazer. João relata que “como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa da Páscoa…” (Jo13.28-29). Judas traiu o Senhor Jesus, influenciado ou inspirado pelo maligno (Lc 22.3; Jo 13.27). Tocado pelo remorso, Judas procurou devolver o dinheiro aos captores de Jesus e enforcou-se. (Mt 27.5).




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