Ética e tradições religiosas: Fundamentação dos limites éticos nas tradições religiosas.
As tradições religiosas são um pertencimento humano.
Ou seja, elas fazem parte do contexto social e cultural de um povo. Uma das
razões pelas quais vários indivíduos buscam algum tipo de religião é para
"colocar ordem na vida". Por causa das intempéries do cotidiano, às
pessoas buscam na fé religiosa, sentido para vida, espiritualidade, esperança
para viver e também orientações para uma conduta correta.
A ética é um ramo da filosofia, e as religiões
possuem em seu repertório doutrinário princípios éticos. Com isso podemos
concluir que: religião e filosofia andam juntas. Geralmente quando uma pessoa
procura uma religião, e adere a ela, consequentemente aceitará os princípios
éticos e morais dessa religião.
O objetivo deste texto é ser mais uma fonte de apoio
para auxiliar o trabalho dos professores do Ensino Religioso. O ethos é um dos
eixos temáticos dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso
(PCNER).
"É a forma interior da moral humana em que se
realiza o próprio sentido do ser. É formado na percepção interior dos valores,
de que nasce o dever como expressão da consciência e como resposta do próprio
"eu" pessoal. O valor moral tem ligação com um processo dinâmico da
intimidade do ser humano e, para atingi-lo, não basta deter-se à superfície das
ações humanas" (PCNER, 2009, p. 55-56).
São analisados, de forma resumida, os princípios
éticos do hinduísmo, budismo, judaísmo, islã e cristianismo.
1.
Judaísmo.
"O judaísmo tem centenas de mandamentos, mas os
judeus não veem sua fé como legalista. Como os ensinamentos da Torá e do
Talmude são muito práticos e cobrem todos os aspectos da vida, os judeus estão
conscientes de sua religião e de sua ligação com Deus em tudo o que fazem"
(WILKINSON, 2011, p. 72).
A ética judaica não é dualista, ou seja, os judeus
não fazem distinção entre ética e vida religiosa. Na Torá judaica existem ao
todo 613 mandamentos, que regem vários aspectos da vida dos judeus.
"O judaísmo dá destaque a uma série de
qualidades eticamente boas: generosidade, hospitalidade, boa vontade para
ajudar, honestidade e respeito pelos pais. Um princípio fundamental é não fazer
mal aos outros, ou, de maneira afirmativa: "Amará o teu próximo como a tio
mesmo" (Levítico 19.18). [...] A Bíblia exige que sejam dados de presente
aos pobres os frutos da terra. Desde os tempos antigos era hábito não colher o
que desse nos cantos dos campos, para que os pobres pudessem ali entrar e
colher para si. Do mesmo modo, parte das azeitonas e das uvas era deixada nas
árvores e nos vinhedos para ser apanhada pelos pobres" (HELLERN; NOTAKER;
GAARDER, 2000, p. 112).
Colocar esses preceitos em prática é uma forma do
fiel judeu se aproximar do Eterno. À medida que os mandamentos da Torá são
observados e praticados; a vida social e comunitária dentro do judaísmo se torna
justa, no sentido de que os menos favorecidos sejam amparados e os mais
abastados sejam solidários.
2.
Cristianismo
O principal fundamento da ética cristã é a vida e os
ensinos de Jesus Cristo. O fiel cristão procurará conduzir a sua vida através
do que Cristo ensinou. O sermão da montanha, registrado no Evangelho de São
Mateus, é uma das bases para fundamentação da ética cristã.
"O chamado Sermão da Montanha (Mateus 5-7) é
fundamental para as bases éticas do cristianismo. Jesus começa dizendo à
multidão que não veio para revogar a lei judaica de Moisés, mas sim para
cumpri-la. Ele prossegue estabelecendo um novo sistema ético que estende a lei
mosaica de um modo que se tornou fundamental para a formulação de uma
moralidade cristã distinta. Amplia o mandamento "Não matarás",
fazendo-o incluir até o fato de alimentar raiva contra o outro; expande o
mandamento contra o adultério para que abranja desejos lúbricos; e reforça a
injunção contra a invocação em vão do nome do Senhor, nela inserido praguejar
falando em céu, terra ou em si próprio" (GOOGAN, 2007, p. 75).
Por ser a religião com o maior número de adeptos; é
comum que os princípios éticos do cristianismo acabem se espalhando para outras
partes do planeta. Várias nações e países foram, durante sua história, moldados
em princípios éticos cristãos. Trabalhos beneficentes, decisões jurídicas e a
constituição de alguns países, foram direta ou indiretamente fundamentados em
algum principio ético cristão.
3.
Islamismo
"O Islã é uma religião prática. Oferece a seus
seguidores um corpo de instruções sobre como viver suas vidas, e estabeleceu um
sistema, chamado xariá, para orientar a tomada de decisões morais e legais.
Enraizadas no Corão, essas instruções morais também acolhem a opinião de
líderes religiosos" (WILKINSON, 2011, p. 134).
Todos princípio éticos islâmicos estão contidos na
Xariá. É através dela que à vida do fiel muçulmano, como da sociedade são
regidos. O Corão é o principal fundamento da Xariá e da ética muçulmana. No
entanto, também existe a Suna que são os relatos da vida do Profeta Maomé.
Quando uma passagem do Corão não é bem compreendida, a Suna (Hadith) do Profeta
serve como auxilio interpretativo. Quanto mais o crente muçulmano conhece o
Corão, mais aprenderá os princípios éticos do Islã.
4.
Hinduísmo.
"A ética do hinduísmo funda-se no carma, a lei
moral de causa e efeito, e no darma, o conceito do caminho moral correto que
cada pessoa deve seguir. Como o caráter e as circunstancias de uma pessoa
variam, a fé lhe oferece maneiras de viver bem e seguir seu darma"
(WILKINSON, 2011, p. 172).
"Aquilo que faço aqui e agora, terá
consequências na próxima reencarnação". A ética hindu está completamente
ligada a lei da "causa e efeito". O fiel hindu procura a partir do
seus méritos e esforço próprio ter uma conduta moral que lhe garanta viver
melhor em outra vida.
Mas qual a diferença entre carma e darma? O termo
carma vem do sânscrito que significa "ação",
"ato","trabalho", está ligado as consequências das ações
feitas pelo homem, e que determinarão o que acontecerá com ele futuramente. O
carma é um código de ética coletivo, ninguém foge dele. Já o darma é mais
individual e está ligado a casta que a pessoa faz parte. Existe um darma para
cada tipo de pessoa, e cabe a cada um viver conforme o seu darma.
"A sociedade hindu é dividida numa série de
classes sociais, chamadas varnas ou castas. A vida e as ações de todos dependem
da classe em que nasceram. Por tradição, o darma de uma pessoa tem relação
direta com a varna em que nasceu. [...] A casta que um hindu nasce afeta sua
escolha de trabalho, de cônjuge, e das pessoas com as quais pode comer ou de
quem pode aceitar comida. A ética hindu se ajusta a esse sistema de classe, e a
pessoa deve obedecer às regras de casta para permanecer ritualmente pura"
(WILKINSON, 2011, p. 173).
Não podemos esquecer que dentro desse sistema de
castas, existem castas superiores e inferiores. E é um sistema que não permite
mudanças, ou seja, quem é de uma casta inferior não pode mudar para outra
superior. Em suma, o individuo cresce e morre na casta que nasceu.
Mas apesar disso, independente da casta, os hindus
acreditam que a vida é sagrada. A violência deve ser evitada. E é condenável
matar animais para alimentação. Essa é a causa da vaca ser um animal sagrado
para os hindus. Os hindus não comem carne de vaca, eles são essencialmente
vegetarianos.
5.
Budismo.
O Budismo é uma divisão do hinduísmo, mas tomou
emprestado alguns princípios éticos da antiga religião.
"Tal como outras religiões da Índia, como o
hinduísmo e o jainismo, o budismo adere à lei da causalidade moral, ou carma,
segundo a qual os seres humanos acumulam mérito ou demérito (carma bom ou mau)
como resultado de seu comportamento.[...] Nesse ínterim, esperam acumular
mérito seguindo os preceitos éticos estabelecidos quando o budismo surgiu"
(WILKINSON, 2011, p. 194).
A ética budista está fundamentada no "caminho
das oito vias", é através deste caminho em que o fiel budista se esforça
para se livrar do sofrimento e do desejo. Semelhante ao hinduísmo, a ética
budista é essencialmente meritória, ou seja, é pelos seu méritos que o budista
alcança à libertação dos desejos e do ciclo de reencarnações.
"Com base em sua própria experiência, Buda
acreditava que o homem deve evitar os extremos da vida. Não se deve viver nem
no prazer extravagante, nem na autonegação exagerada. Ambos os extremos
acorrentam o homem ao mundo e, assim, à "roda da vida". O caminho
para dar fim ao sofrimento é o "caminho do meio", e Buda o descreveu
em oito partes: (1) perfeita compreensão; (2) perfeita aspiração; (3) perfeita
fala; (4) perfeita conduta; (5) perfeito meio de subsistência; (6) perfeito
esforço; (7) perfeita atenção, e (8) perfeita contemplação" (HELLERN;
NOTAKER; GAARDER, 2000, p. 57).
Os pontos 3, 4 e 5, estabelecem código moral no
budismo. A perfeita fala significa que homem deve se abster de falar mentiras,
calúnias e fofocas. O budista deve falar de forma verdadeira e amigável com o
seu semelhante. A perfeita conduta está relacionada a não matar, não roubar,
não ter uma vida promiscua, etc. A perfeita subsistência está relacionado à
escolha de uma profissão. O budista não teve escolher um trabalho que entre em
confronto com os ensinamentos budistas. Por exemplo, é incompatível um budista
ser açougueiro, pois esse trabalho entra em desacordo com o princípio budista
de não matar.
6.
Confucionismo
“Não faças aos outros aquilo que não
desejas que te façam”. Analecto, 15, 23. A teoria pressupõe igualdade entre os
homens. O homem é bom, o mal se interioriza por meio dos sentidos.
I.
Os princípios
éticos confucionistas
II.
Os cinco
principais princípios confucionistas: a Educação - Ritual (Li), a Humanidade
(Ren), o homem superior (Jun zi), o Poder (Te), as artes da paz (Wen)
III.
O Justo Médio
confuciano
IV.
O homem de
moralidade superior
V.
As palavras certas
VI.
A Regra de Ouro
Confucionista
Confúcio lutou contra a ideia da uma sociedade
feudal, busco uma maneira de organizar a sociedade de forma que os postos de
responsabilidade fossem ocupados pelo “homem de moral superior”.
Um conceito sem dúvida revolucionário, tanto na sua
época como em nossos tempos. No confucionismo, tanto o homem como a sociedade
na que vive, são uma pequena parte do universo. O universo é imerso em uma
ordem, em uma harmonia. Qualquer tentativa de romper esta harmonia gera problemas,
neste ponto coincidem com o Taoísmo. De alguma forma, este conceito gera um
sentimento de predestinação. A regra de ouro do confucionismo é citada nos
Analectos em três ocasiões:
Zigong disse: “O que não quero que os demais me
façam a mim, também não lho faz eu a eles”.
Confúcio disse “Teu ainda não atingiste esta
perfeição”. Confúcio “A benevolência... Consiste em não fazer a outros o que
não quer que te façam a ti”. Os cinco princípios fundamentais do confucionismo
(O conteúdo da tradição deliberada) como:
1. Educação, Ritual (Li): “Estuda como se nunca
fosses a aprender bastante, como se temesse esquecer o aprendido”.
2. Humanidade (Ren): “O autodomínio e os ritos
trazem a Benevolência (Ren)... A benevolência provem de um mesmo, não dos
demais”. “Ren consiste em amar aos demais”.
3. Homem superior (Jun zi): “O homem superior é
centrado na justiça, o vulgar no benefício”.
4. Poder (Te) “O poder pelo que se regem os homens”.
O bem não implanta-se na sociedade nem pela força
nem pela lei, senão pela influência das pessoas admiradas e respeitadas. Se o
líder é inepto, a sociedade não funcionará. Harmonia entre as religiões
Negócios Ahimsa (Não-Violência). “Orientemos a vontade para o bom caminho,
agarremos à virtude, harmonizemos com a benevolência, descansemos na arte.”
7.
Taoísmo
Outras religiões Taoísmo “Considera o lucro do teu
vizinho como se fora o teu próprio e o prejuízo do teu vizinho como se fora teu
próprio prejuízo”. T’ ai Shang Kan Ying P’ ien. Misticismo contemplativo, guiado por uma ética
de perfeição e dirigida aos homens “retirados do mundo”.
Do taoismo podem ser identificados uma série de
princípios éticos baseados nos conceitos analisados anteriormente (Tao, Te,
Yin-Yang...) e no princípio de não atuar ou Wu-Wei.
Estes princípios éticos taoistas são:
A paz / Não-Violência
O respeito pelo mundo
Auto conhecimento e sabedoria. Desaprender
Controlo dos sentidos. Desapego, austeridade, não
cobiçar.
Negação da moralidade
Bondade, fidelidade, humildade, amor, caridade,
justiça.
O Tao Te Ching é um manifesto da Não-Violência, ao
igual que as religiões asiáticas, em muitos brocardos encontraram referências à
não-violência. Para Lao Zi, a paz é o valor mais alto:
“Os exércitos não deixam depois de sim mais que
silveiras e espinhas... Não tente conquistar pela força final, porque não fica
mais remédio, prescindindo da violência”
Em muitas partes do Tao Te Ching encontramos várias
referências ao importantíssimo conceito de Respeitar ao Mundo. A ideia central
é que há que estar em harmonia com a natureza, não querer a dominar. “Quem
estima e respeita ao mundo na própria pessoa, é digno que se lhe confie a
humanidade”.
O caminho que indica o Tao, como as outras
religiões, começa pelo conhecimento de um mesmo que nos conduzirá à sabedoria.
Se ademais, somos capazes de vencer as nossas tentações, de controlar os
sentidos e os desejos, de saber endereçar uma decisão errónea. Para Lao Zi o
conhecimento gera imaginação, a imaginação o desejo, e o desejo enlouquece ao
ser humano. O princípio máximo do taoísmo, o Wu Wei diz-nos que «desaprendamos
o que sabemos» o que «não ensine-se ao povo: quiçá o sentido correto, seja que
o conhecimento só pelo conhecimento não faz sentido, que quanto mais
conhecimentos temos mais desejos teremos e que quantos mais desejos mais coisas
precisaremos. Também há que o entender baixo o ponto de vista de que o
conhecimento, sobretudo o técnico, também não faz sentido sem uma componente
espiritual que o equilibre. “Quem pratica o Tao, o vê reduzir-se a cada dia, se
vai reduzindo e reduzindo, até chegar ao não fazer”. Para seguir o Tao, devemos
ser capazes de controlar nossos sentidos, os sentidos são as portas
primeiramente do desejo, devemos olhar para nosso interior, não para o
exterior.
O controlo dos sentidos deve-nos levar ao desapego,
à austeridade, a evitar a cobiça. Um dos conceitos do Tao difícil de
compreender é o da negação da moral como valor. “Quando perde-se o Tao,
aparecem a moralidade e o dever”. Lao Zi explica-nos claramente as suas
prioridades: Tao - Te - Amor - Justiça - Moral. Para ele a moral é o oposto ao
Tao, é uma ilusão que nos afasta do verdadeiro Tao. Um dos deveres de um homem
Taoista, é praticar a filantropia. Lao Zi explica-nos que o Sábio que segue ao
Tao, tem um espírito filantrópico, ao não ter posses, ao não discutir, ao não
atuar, pode ser dedicado aos demais. Lao Zi também nos incide na necessidade de
ser equânime e justo com os demais:
“Que o teu próprio mundo seja teu critério para
julgar ao dos demais”.
Em muitas partes do Tao faz-se referência ao bom
dirigente (Diretor de empresa), que em definitiva deve cumprir com o analisado
anteriormente, sobretudo deve praticar o Wu Wei (Não atuar). Para Lao Zi, a
liberdade e a independência são a base da ordem. “Quantas mais leis e
regulações, mais ladrões”.
8.
Umbanda
É dever da pessoa que professa a religião
Umbandista, seguir uma linha de conduta que revele em todas as circunstâncias
de sua vida, ou seu grau de espiritualidade a sua possibilidade de ser
merecedor de toda a confiança e apoio por parte daqueles que invariavelmente
terão em seu exemplo e nas manifestações do seu Mentor Espiritual, a
possibilidade de colocar-se de pé ante os atropelos do dia-a-dia e
principalmente, escolheram nesta vida este caminho religioso para sua evolução
espiritual. Por isso são fixados como linha de conduta ou deveres fundamentais,
alguns procedimentos que todo o Irmão, integrante de uma corrente mediúnica
deve procurar obedecer:
Art. 1º - Zelar pelo bom nome e engrandecimento da
Umbanda, agindo sempre com corretismo, desprendimento e humildade, fazendo do
exemplo o cartão de apresentação de sua religião.
Art. 2º - Ter sempre uma disciplina consciente em
todos os momentos, principalmente nos trabalhos do seu templo.
Art. 3º - Comparecer pontualmente ao seu templo nos
trabalhos normais e àqueles que forem designados, salvo por motivo de força
maior.
Art. 4º - Nunca negar auxílio, nem material, nem
mediúnico aos irmãos de corrente, independente de suas possibilidades, sendo
sempre dedicado, fraterno e cultivando o espírito de união.
Art. 5º - Ter sempre em mente que o homem é aquilo
que irradia, por isso quando for participar dos trabalhos, cuide de seu corpo
segundo determina a lei de Umbanda, mantenha seu uniforme adequadamente
composto e limpo.
Art. 6º - Praticar sempre o ato salutar de lavar as
mãos antes de todos os trabalhos, considerando que nossas mãos são as varinhas
mágicas por onde nossos mentores espirituais tentarão passar a mais pura
energia cósmica.
Art. 7º - Procurar com o maior empenho possível o
seu aperfeiçoamento moral e espiritual.
Art. 8º - Cultivar o espírito da autocrítica, para
poder adquirir e sanar os seus conflitos e as suas barreiras interiores,
promovendo cada vez mais seu crescimento espiritual, para que a Umbanda
encontre em si um canal refletido de sua luz divina.
Art. 9º - Manter o recinto de seu templo unicamente
conversa de fins espirituais e educativos, que visem o progresso moral e a
maior propagação da doutrina umbandista.
Art. 10º - Respeitar, cultivar e preservar a
liderança exercida pelo Guia-Chefe em todos os sentidos.
Art. 11º - No que lhe compete, dedicar-se
inteiramente para que os trabalhos possam ocorrer de maneira disciplinada e
harmoniosa.
Art. 12º - Por ocasião dos trabalhos, manterem
silêncio, postura e concentração, evitando cruzar braços ou pernas etc.
Art. 13º - Aplicar-se intensamente para que os
futuros médiuns e adeptos de sua religião possam ter confiança e segurança no
seu desenvolvimento.
Art. 14º - Conhecer todos os pontos cantados e
adotados no seu templo.
Art. 15º - Jamais afastar-se de uma corrente
mediúnica ou de um templo sem devido conhecimento do Guia-Chefe e o consequente
desligamento espiritual, para evitar futuros comprometimentos antiético.
Art. 16º - Sempre que não puder comparecer a um
trabalho, procurar justificar-se com antecedência ou na primeira oportunidade.
Art. 17º - Apoiar, como não poderia deixar de serem,
todas as decisões e eventos de seu templo e da federação a que for filiado.
Art. 18º - Respeitar as entidades espirituais, bem
como os membros da Diretoria Administrativa do seu Templo ou da Federação a que
for filiado, bem como as autoridades constituídas do País.
Art. 19º - Acatar as deliberações da Diretoria do
templo que frequentar.
Art. 20º - Submeter-se as decisões transitadas em
julgamento, quando for incriminado em alguma falta.
Art. 21º - Ocupar com responsabilidade e zelo os
cargos a que for eleito ou designado cumprindo seu mandato até o final, exceto
por motivo de força maior.
Art. 22º - Ter um comportamento ético e de respeito
quando for visitar outro templo, pessoalmente ou em grupo, evitando
demonstrações ou exibições de conhecimentos ou forças, que, aliás, comprovam um
alto grau de ignorância.
Art. 23º - Respeitar todos os reinos da natureza,
locais de onde provém a energia usada pela magia dos Orixás.
Art. 24º - Manter-se rigorosamente em dia com o
pagamento de sua mensalidade, visto que o templo tem compromissos pecuniários a
serem saldados.
Art. 25º - É vetado discutir política dentro das
dependências do templo.
Art. 26º - Saber cantar o Hino Nacional, da Umbanda
e da Federação a que for filiado, em postura cívica e de respeito.
Art. 27º - Cultivar a Lei do Perdão, que é “Só
perdoando que se é perdoado”.
Art. 28º - Executando-se as decisões e restrições
impostas pelo Guia-Chefe, é permitido praticar todos os atos legais, garantidos
pela Constituição Federal.
Art. 29º - Qualquer transgressão deste código de
ética deverá ser punida pelo Regimento Interno dos Templos.
Art. 30º - Os casos omissos no presente Código de
Ética serão resolvidos pela Diretoria Administrativa, na falta de competência,
pelo Guia-Chefe do Templo.
Art. 31º - Toda punição imposta pelo templo, por
falta considerada “grave”, deverá ser informada a Federação ao qual seja
filiado, para conhecimento e registro.
Art. 32º - Toda a vez que a direção de um templo se
julgar incompetente para tomar qualquer medida punitiva, contra um seu filiado,
poderá submeter o assunto à competência estatutária da Federação ao qual seja
filiado, que auxiliará no cumprimento da decisão tomada.
9.
Candomblé
Os deuses africanos tiveram que ser escondidos e
camuflados no culto aos santos cristãos e desde então começaram as opressões.
Depois de tantas lutas, vitórias importantes e mais uma série de batalhas
travadas, é importante também que cada um de nós busque uma postura ética com
os demais religiosos de matrizes africanas.
Hoje, com tantas mudanças e evoluções tecnológicas,
me vejo preocupada com um mecanismo muito forte que vem mudando a história do
Candomblé, a internet. Alguns dos nossos religiosos têm tido posturas que nos
enfraquece e nos separa ao lançar na rede muitas informações distorcidas que
acabam maculando a religião do Candomblé, através da exposição de imagens e
conhecimentos, que, muitas vezes, chegam a pessoas que ainda não estão
preparadas para adquirir certas informações ou as obtém antes do tempo correto.
A tradição oral do candomblé, repassada pelos versos
de Ifá, o adivinho, pode ser condensada em 16 odus, ou caminhos, a ser seguidos
por todo aquele que cultua orixás. Ei-los:
Ifá nos aconselha:
1º - ÒKÀNRÀN: Não fazer mal a ninguém.
2º - ÉJÌ ÒkÒ: Não sentir ódio nem destratar o outro.
3º - ETÁ ÒGÚNDÁ: Não guardar sentimentos de
vingança.
4º - ÌRÒSÙN: Não fazer armadilhas nem caluniar.
5º – ÒSÉ: Não invejar nada nem ninguém.
6º - ÒBÀRÀ: Não mentir.
7º - ÒDÍ: Não corromper nem se deixar corromper.
8º - ÈJÌ ONÍLÈ: Usar bem a cabeça neste mundo e
respeitar os segredos alheios.
9º - ÒSÁ: Não ser falso com o próximo.
10º - ÒFÚN: Não roubar, não jurar em falso nem
amaldiçoar.
11º - ÒWÓNRÍN: Não matar, não arruinar a vida de
outros e ser grato ao bem que nos façam.
12º - ÈJÌLÁ SEBORÁ: Evitar os escândalos e as
tragédias.
13º - ÈJÌ OLÓGBON: Respeitar os Ancestrais.
14º - ÌKÁ: Não espalhar doenças, a corrupção e a
maldade sobre o mundo.
15º - ÒGBEGÚNDÁ: Respeitar aos mais velhos, as
crianças, o pai e a mãe.
16º - ÀLÀÁFÍÀ: Ouvindo estes conselhos não sentirá
vergonha no dia que tiver que se apresentar perante Olódùmarè!
A maioria das pessoas pensa que os valores mais
elevados da humanidade - o amor, o respeito ao outro, a abdicação da
agressividade, o desejo de estabelecer a paz na comunidade - estão depositados
e resguardados na religião. Por esse motivo, qualquer crítica que se lhe faça é
entendida como um ataque a esses valores fundamentais para a civilização. De forma
simples e objetiva compreendemos que a Fundamentação dos limites éticos nas
tradições religiosas, se resume basicamente na aceitação do outro, no respeito
ao outro, mesmo que este outro nos seja diferente, no primeiro contato nos
assuste, mas se não o conhecemos, nos calamos e buscamos resguardar o silencio
respeitoso, seguindo principio evangélico que nos diz: “Portanto, quem não é
contra nós, está a nosso favor” (Marcos 9,40), uma vez que o principio de todo
ser criado é Deus, e tudo transcorre segundo a sua permissão. Amor e respeito,
base de todo limite ético religioso, o julgamento cabe somente a Deus, pois Ele
mesmo diz: “Eu sou amor, e todo aquele que ama permanece em mim e eu nele.” (1
Jo 4, 7-19).
110.
Considerações finais.
Ao analisar resumidamente os princípios éticos
dessas cinco religiões podemos concluir que:
1. Cada religião tem uma forma diferente de entender
o que é ética;
2. Por terem surgido em contextos sociais e
culturais distintos, as religiões podem ter princípios de conduta que entrem em
conflito com os de outra religião. Por exemplo, o Corão permite que o homem, se
tiver condições econômicas, tenha até quatro mulheres (Alcorão 4.3) . É o que
chama-se de poligamia. Na ética cristã à poligamia não é permitida;
3. Os princípios éticos não são eternos, eles podem
sofrer algum tipo de mudança com o passar do tempo;
4. As religiões procuram, cada uma ao seu modo,
serem um canal de mediação entre o homem e o transcendente.
Quase morri copiando, mas muito bom!
ResponderExcluireu tambem
ExcluirUma parte desse artigo foi "copiado" do meu blog AS FACES DO SAGRADO. Citar a fonte é uma atitude de honestidade intelectual.
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ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirpika
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