O TESTEMUNHO DE FÉ DA SÃO FRANCISCO NA VIDA DA BEATA TEREZA MANGANIELLO, MODELO DE VOCAÇÃO ESPECIFICA, RELIGIOSA, VIDA CONSAGRADA
Para conhecermos melhor a vida desta pequena
gigante, vamos antes ver um resumo da vida de Francisco, o irmão universal, seu
pai espiritual que assim como a ela inspirou a muitos desde sua época aos dias
atuais.
São Francisco de Assis nasceu no dia 5 de julho de
1182, na cidade de Assis (Itália, com o nome de Giovanni di Pietro di
Bernardone. Era filho de um comerciante ilaliano de nome Pietro di Bernardone
dei Moriconi e de sua esposa Pica Bourlemont, e tinha origens francesas. A
família fazia parte da rica burguesia de Assis, e tinha prestígio no nome e nas
posses financeiras. Era chamado pela família de “Francesco” nome cuja origem
ainda hoje não foi determinada.
Francisco cresceu e se tornou popular entre seus
amigos devido à sua vida rebelde, às extravagâncias, bebedeiras, pela suas
roupas caras, por esbanjar dinheiro e ter paixão por aventuras. Tinha o desejo
de ser “herói” e por isso alistou-se, em 1202 como soldado na guerra de Assis
contra a Peruggia. Foi capturado e passou cerca de um ano preso, à espera de
ser resgatado. Recebeu seu chamado em Assis, durante uma farra com os amigos,
onde foi tocado por Deus e desde então começou a perder o interesse pelas
farras, dinheiro, riquezas, posses, etc, passando a se preocupar com os mais
necessitados e em fazer a vontade de Deus, servindo-o através da doação total e
incondicional da sua vida.
Viveu uma conversão brusca em sua juventude,
passando de jovem rebelde e mundano, a uma vida religiosa de completa pobreza.
Abandonou sua família e sua antiga vida e foi viver em cabanas e abrigos no
meio do mato, juntamente com um amigo que chamava de “irmão Leão”. Sua decisão
e vivacidade atraiu a outros adeptos, fazendo com que ele fundasse mais tarde a
Ordem dos Frades Menores, hoje conhecidos como Franciscanos.
Juntamente com seus “filhos”, Francisco renovou a
vivência do catolicismo na época, conservando o hábito de viajar a pé pelas
localidades, pregando e vivendo completamente das doações que recebiam. Segundo
São Francisco, o evangelho deveria ser seguido à risca, com todo rigor,
imitando a vida de Jesus. Desenvolveu latentemente o dom da caridade, pregando
o amor à Criação de Deus, à natureza, aos animais, e sobretudo ao ser humano, e
vivendo a total doação a estes, e valorizando especialmente os mais pobres. Chamava
a todas as criaturas de Deus de irmãos, e se considerava a menor delas. Até
hoje é um dos santos da Igreja mais devotados, santidade esta que foi firmada
desde que ainda estava em vida, sendo conhecido por muitas pessoas e chamado de
santo ainda em vida.
Faleceu em 1226, no dia 3 de outubro, e foi
canonizado em 1228, menos de dois anos depois. É conhecido como o protetor dos
pobres e doentes e também patrono dos animais e da natureza.
Beata Teresa
Manganiello
É "a analfabeta sábia" de Montefusco na
província de Avelino (Itália). Teresa Manganiello nasceu perto de Montefusco no
dia 1º de janeiro de 1849, undécima de doze filhos de uma família de
camponeses. Seus pais eram Romualdo Manganiello e Rosária Lepore, “honestos
concidadãos” cheios de fé e de profunda piedade cristã. No dia seguinte ela
recebeu o batismo na Igreja de São João del Vaglio. Aos sete anos recebeu a
Primeira Comunhão na igreja de Santo Egídio, anexa ao convento Capuchinho do
mesmo nome.
Como muitas crianças camponesas do sul da Itália
daquela época, não frequentou a escola e sempre cresceu à sombra da casa
colonial edificada nos campos daquela zona do país. Adolescente, manifestou o
desejo de consagrar sua vida a Deus. Em contínua união com Deus, Teresa desde
jovenzinha convidava com gentileza suas companheiras a cultivar a pureza e o
amor a Deus e ao próximo. Tinha predileção pelas crianças, que cuidava como mãe
dedicada.
Como prova de sua particular devoção à Virgem
Imaculada, bem jovem Teresa cortou sua longa e farta cabeleira e fez dela um
presente a Nossa Senhora. A vida da jovem terceira franciscana era penetrada de
orações marianas tão intensas, que poderia parecer inacreditável se se
considera que ela se dedicava aos afazeres domésticos da manhã à noite. O
Rosário preenchia toda a sua jornada. Teresa concluiu sua existência terrena
repetindo a sua bela invocação: “Ó minha querida Mamãe! Só em vossa companhia
serei digna de me apresentar ao vosso Filho, ao meu belo Esposo, Jesus!”
A "Farmácia" de Teresa, que ela criara em
sua casa com medicamentos extraídos das ervas cultivadas por ela, estava sempre
aberta. Ali ela fazia o papel de enfermeira: lavava com água morna as lesões,
com delicadeza as medicava com as poções preparadas por ela, curava micoses,
eczema, sarna, doenças que figuravam no século XIX entre “as mais asquerosas da
espécie humana”. Quando tinha 18 anos, o Padre Ludovico Acernese, homem sincero
e humilde, cheio de caridade, de grande talento e de piedade seráfica, mas
também determinado em suas ações, chegou ao convento de Santo Egídio. Este
padre instituiu em Montefusco a Ordem Terceira Franciscana.
Teresa se sentiu atraída pelo ideal franciscano e
correu registrar-se, tornando-se a primeira terceira de Montefusco; elegeu o
Padre Acernese como seu diretor e confessor. Em 15 de maio de 1870, aos 21
anos, vestiu o hábito e no ano seguinte fez a profissão dos votos, tomando o
nome de Irmã Maria Luísa. O Padre Ludovico Acernese soube reconhecer nela todas
as qualidades mais profundas de sua alma, o que o fez nomeá-la primeira
conselheira e depois, pela perfeição do seu ideal franciscano, mestra de
noviças.
A família nunca apoiou seu desejo de se tornar
monja, principalmente para não privar-se da grande ajuda que era ter Teresa
vivendo em casa; ela levava um estilo de vida monacal; foi chamada popularmente
"monachella santa"; estava sempre presente na Missa diária na igreja
de Santo Egídio, além disso, vivia intensamente a oração que junto a ásperas
mortificações corporais oferecia pela reparação dos escândalos. Apesar disso,
sempre e em toda parte mostrava um sorriso que atraía a todos. Teresa se sentia
chamada a um alto e difícil apostolado: a reparação. Compreende que deve rezar
e expiar os males cometidos no mundo e desta forma se antecipou ao que foi
pedido por Nossa Senhora em Fátima aos três pastorinhos: “Muitos vão para o
inferno porque não há quem reze e se sacrifique por eles. Vós quereis vos
oferecer?” Teresa havia se oferecido pela conversão dos pecadores e sempre teve
nos lábios a sua jaculatória preferida: “Misericórdia, Senhor, misericórdia dos
pecadores!”
Hoje podemos admirar, expostos no “Memorial Teresa
Manganiello”, preparado na Casa Mãe das Irmãs Franciscanas Imaculatinas em
Pietradefusi, os instrumentos de seu suplício voluntário, diurno e noturno,
realizado no silêncio, na alegria, na ânsia apostólica de converter os
pecadores e salvar as almas. Embora fosse analfabeta, respondia com sabedoria
inclusive a pessoas de vasta cultura; foi a executora do Movimento Terciário
Franciscano em Irpina e em Sannio, junto com o Padre Acernese, que ante a
insistência de Teresa Manganiello pelo seu ideal religioso e falando dele com
outras terceiras, planejou a fundação de uma comunidade para elas.
Para obter uma aprovação especial, ele a mandou em
1873 a uma audiência com o Papa Pio IX, para lhe apresentar sua intenção. O
beato pontífice a abençoou e a animou a ir adiante; e quando Teresa já era
considerada como a primeira superiora da nascente Congregação de Religiosas
Terceiras Franciscanas, sua saúde começou a declinar. Em 14 de fevereiro de
1874, enquanto rezava na igreja teve a primeira hemoptise acompanhada de uma
grave artrite; naquela época foi uma enfermidade que atacou pessoas de toda
idade e condição social. Teresa seguiu adiante entre os altos e baixos da
enfermidade até que no verão de 1876 o mal a prostrou.
A muitos sacerdotes e fieis que foram visitá-la
presenteou sempre com seu maravilhoso sorriso, totalmente entregue nas mãos de
Deus, a quem rezava fervorosamente. Do leite de dores Teresa deu os extremos
ensinamentos com o sangue, com a palavra e com o heroico sorriso. A quem se
admirava com tanta resignação ela dizia: “O Senhor me fez a graça de sofrer por
Ele e eu devo me lamentar? Ele já sabe que eu preciso de ajuda!”
Faleceu no dia 4 de novembro de 1876 com apenas 27
anos e foi sepultada no cemitério de Montefusco. Cinco anos após sua morte, o
Padre Ludovico Acernese, confiando em sua proteção espiritual, fundou em
Pietradefusi a Congregação das Monjas Franciscanas Imaculatinas, das quais
Teresa é a "Pedra angular" e a "Mãe espiritual". Em seu
patrimônio espiritual cada monja encontra ricos exemplos e ensinamentos para
uma vida de total consagração ao serviço de Deus e da Igreja. Em 1976, por
ocasião dos cem anos de sua morte, as Monjas Franciscanas Imaculatinas
iniciaram a causa para sua beatificação, reconhecendo nela o papel fundamental
na fundação da Congregação. As atas do processo foram aprovadas pela Santa Sé
em 12 de dezembro de1992. Teresa Manganiello foi beatificada em 22 de maio de
2010.
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