CONCEPÇÕES DE SEXUALIDADE NAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS.
CONCEPÇÕES DE
SEXUALIDADE NAS
TRADIÇÕES RELIGIOSAS.
Interessa-nos
verificar como diferentes religiões lidam com o tema da sexualidade na
sociedade. Entendemos que quando a religião se posiciona em um determinado tema
(a sexualidade é um deles) explicita uma visão de mundo. Perspectivas
doutrinárias e cosmológicas estão em jogo além de suas tradições religiosas.
Tudo isso trás consequências sociais e políticas. O desafio que aqui se coloca
diz respeito ao impasse referente a conciliar diferentes convicções com as
responsabilidades sociais atuais. Expomos aqui um panorama geral de posições
religiosas sobre a sexualidade.
A
sexóloga e psicóloga Kelly Cristine Barbosa Cherulli faz um quadro comparativo
da posição de algumas religiões sobre a sexualidade. “Para os protestantes
evangélicos é aceitável o uso de métodos contraceptivos em relação ao
planejamento familiar; são contrários ao sexo antes do casamento; condenam o
adultério, o aborto e o homossexualismo (sendo considerado pecado); há
liberdade quanto ás variações sexuais, mas sexo anal é condenado; sobre as disfunções
sexuais, são inaceitáveis pela crença religiosa problemas desse tipo. Para os
protestantes pentecostais prevalecem os mesmos postulados. No entanto, aqui as variações
sexuais não são admitidas, somente o sexo vaginal; a masturbação não é rotulada
com pecado, mas é desaconselhada. Em relação às disfunções sexuais, a rotina é
se aconselhar com o pastor que costuma encaminhar o casal”.
Em geral as religiões cristãs têm posições
bastante semelhantes. Já as religiões não-cristãs chamam a atenção em alguns
pontos tais como: no Kardecismo, por exemplo, “é livre a escolha dos métodos
contraceptivos, desde que não lesem o plano físico. Em relação a sexo antes do
casamento existe o consenso de que a união de duas pessoas tem de ocorrer sem
formalidades, o homossexualismo é aceito”.
A
Umbanda que é uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que
sincretiza elementos vários, inclusive de outras religiões, não possui
restrições quanto ao sexo antes do casamento e suas variações, embora a
penetração seja proibida aos médiuns em dias de ritual; são radicalmente contra
o adultério e ao aborto; não há restrições a masturbação ou a métodos anticoncepcionais.
O Judaísmo é a mais antiga das três
principais religiões monoteístas (as outras duas são o cristianismo e o
islamismo). É neutro quanto ao sexo antes do casamento; é condenado o casamento
com adeptos de outras religiões; há condenação do adultério; a prática
masturbatória e as variações sexuais são liberadas, exceto o sexo anal, que é
proibido; em relação aos contraceptivos, são aconselhados os métodos naturais
(tabelinha), não sendo aceitos os artificiais; em relação a disfunções sexuais,
deve-se procurar primeiro o rabino, que poderá sugerir uma terapia.
A
religião islâmica tem crescido nos últimos anos (atualmente é a segunda maior
do mundo) e está presente em todos os continentes. Porém, a maior parte de
seguidores do islamismo encontra-se nos países árabes do Oriente Médio e do
norte da África. Para os muçulmanos “sexo antes do casamento é proibido; existe
uma valorização da virgindade masculina e feminina; (...); são contra o aborto;
são contra qualquer método contraceptivo; é proibido o adultério; é proibida a
masturbação; vínculo sexo-reprodução é notoriedade”.
No
Budismo a prática de sexo em geral tem que ser bem regrada, baseada em respeito
e confiança mútuos, tudo é permitido, desde que não haja prejuízo físico. O sexo não pode
ser exclusivamente para a procriação. “Nós temos inúmeras zonas erógenas,
diferente de muitos animais, que apresentam um período de cio para se acasalarem.
Além disso, somos capazes de ser sexualmente ativos por toda a existência, como
por exemplo, após a menopausa feminina.”
A
Igreja Católica tem tido uma postura dita retrógrada por muitos em relação à
sexualidade, porém para outros esta postura seria necessária nos tempos atuais
em virtude de uma liberação sexual. Mas tem sido pouco clara em relação aos
crimes de pedofilia, no entanto mantém a sua firme negação do casamento civil
entre pessoas do mesmo sexo e a reafirma o sexo como objetivo apenas de
reprodução. “O novo secretário-geral e porta-voz da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, poucas horas antes da chegada
do Papa Bento XVI ao Brasil, afirmou que a sociedade atual cultiva o 'senso do
descartável' e condenou a prática do 'ficar', comum entre adolescentes e
jovens. O senso do descartável do 'ficar', que era próprio das garotas de programa,
é hoje vivenciado pelas adolescentes. Os meninos apostam entre eles para saber
quem fica com mais garotas numa noite. No dia seguinte, eles não sabem nem o
nome delas, o que significa que essa pessoa, com quem 'ficou', não vale
absolutamente nada. O problema é grave e atinge adolescentes e pré-adolescentes
- afirmou Dom Dimas”.
O
papa Bento XVI rejeita e o uso de métodos contraceptivos artificiais, é contrário
à ordenação de mulheres e defende a necessidade de moralidade sexual, estando
perfeitamente de acordo com a tradição católica. Para ele, "a única forma
clinicamente segura de prevenir a AIDS é se comportar de acordo com a lei de
Deus". Defende a castidade, é contra o sexo antes do casamento, contra o
aborto e as pesquisas com células-tronco. É contra a balada dos jovens e a
boemia dos veteranos.
“Tommazo
Besozzi avalia que a proibição do uso de preservativos em tempo de Aids é
coerente com a concepção da Igreja Católica quanto à morte: “O objetivo da
religião é salvar almas, não corpos. Nesta perspectiva, morrer de Aids não
importa, o que importa é se o indivíduo chegou em um patamar espiritual mais
elevado. Do ponto de vista religioso, a morte é uma libertação dessa vida
terrena. Para o Vaticano, se você não quer morrer de Aids, não faça sexo, ou se
for casado, seja fiel”. Por isso, nada sugere que o Vaticano venha alterar suas
posições ultraconservadoras em relação ao casamento, à orientação sexual, ao
uso de preservativos e à AIDS.
Em
relação ao celibato o papa mantém firme a posição, sendo necessário para uma dedicação
exclusiva à vida religiosa.
ATIVIDADE:
1- Em
seu caderno, destaque as posições apresentadas pela diversas religiões sobre a
sexualidade.
Comentários
Postar um comentário