Resumo: Concepções de corpo, gênero e sexualidade nas tradições religiosas
Corpo
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O corpo é algo
produzido na e pela cultura. Mais do que um dado natural cuja materialidade nos
presentifica no mundo, o corpo é uma construção sobre a qual são conferidas
diferentes marcas em diferentes tempos, espaços, conjunturas econômicas, grupos
sociais, étnicos, etc.
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Não é portanto
algo dado à priori nem mesmo é universal.
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O corpo humano
não é um dado puramente biológico sobre o qual a cultura impinge
especificidades. O corpo é fruto da interação natureza/cultura.
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Uma pessoa sente
fome/sede por determinados alimentos e não por outros;
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A sensação de
dor é biológica mas o limite suportável da dor varia entre culturas;
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O choro/riso é
uma capacidade biológica mas o motivo que o determinam podem ser os mesmos que
fazem rir/chorar numa outra sociedade;
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A excitação
sexual é biológica mas o que excita numa cultura pode causar repulsa noutra;
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A capacidade de
sentir cheiros é biológica mas a avaliação entre o que é agradável ou
desagradável é cultural.
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Os corpos são
construções sociais:
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Assim como a arquitetura, o urbanismo, o
vestuário, os objetos, os corpos são lugares de inscrição da cultura. Cada
gesto aprendido e internalizado revela trechos da história da sociedade a que
pertence (Cf.SOARES, 2001)
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Os corpos são
educados por toda a realidade que os circunda (com o que convivem, pelas
relações que se estabelecem, por atos de conhecimento).
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O corpo foi
estudado no contexto médico-científico com o objetivo de controlar, dominar,
dirigir suas potencialidades.
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O corpo educado
é o retrato da sociedade.
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Para controlar
era preciso normalizar estabelecendo o que era anormal ou desviante
em oposição ao correto/sadio.
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Ex: A maioria
dos preconceitos, mitos e tabus relacionam-se à concepção de um “tipo ideal”
(jovem, do gênero masculino, branco, cristão, heterossexual, belo, produtivo,
física e mentalmente perfeito)
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“Mais do que um
conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos e sensações, o corpo é também a
roupa e os acessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a
imagem que dele se produz, as máquinas que nele se acoplam, os sentidos que
nele se incorporam, os silêncios que por ele falam, os vestígios que nele se
exibem, a educação de seus gestos... enfim, é um sem limite de possibilidades
sempre reinventadas, sempre à descoberta e a serem descobertas. Não são,
portanto, as semelhanças biológicas que o definem mas, fundamentalmente, os
significados culturais e sociais que a ele se atribuem” (GOELLNER, 2008, p.28).
Gênero
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Construção
cultural do sexo. Condição social pela qual somos identificados como masculinos
e femininas
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Engloba
diferentes processos de produção de masculinidades e feminilidades como, por
exemplo, processos históricos, sociais, culturais, entre outros.
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Jogo das
dicotomias (razão x emoção; natureza x cultura)
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Masculinidades e
feminilidades no plural • Estereótipos e papéis sexuais fixam identidades
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Gênero é
cultural e histórico • Práticas sociais generificam os corpos, inclusive o
esporte.
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Aprende-se a ser
homem ou mulher na cultura
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Politizar o
determinismo biológico
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Questionar porque as diferenças biológicas são
tomadas para justificar determinadas ações, comportamentos, inclusões e
exclusões, inclusive no campo das práticas corporais e esportivas;
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Desnaturalizar o
que parece ser “natural”
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Ninguém nasce
com um corpo neutro. O corpo tem uma história e, portanto, nada tem de neutro.
É no corpo que o social investe símbolos e os materializa.
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Nascemos com
corpos diferenciados sexualmente e nossas identidades são criadas, mantidas ou
transformadas através de instituições, práticas e discursos.
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Antes mesmo do
nascimento e até nos planos dos futuros pais só existem duas possibilidades
culturais de compreensão do ser que será gerado: menino ou menina?
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É no processo de
formação educacional mais amplo (incluindo-se a dimensão sexual) que as
crianças vão apreendendo os significados de ser mulher e homem em nossa
sociedade.
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O gênero é “um
elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas
entre os sexos e é uma forma primária de dar significado as relações de poder”.
(SCOTT, 1995, p. 86)
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Gênero é a
construção social dos sujeitos masculinos ou femininos.
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“Não se nasce
mulher, torna-se mulher”
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(Simone de
Beauvoir).
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As relações de
gênero são as relações entre o homem e a mulher, no que envolve ser feminino e
masculino.
Sexualidade
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A sexualidade é
entendida como uma construção histórica e social. Envolve uma série de crenças,
comportamentos, relações e práticas que permitem a homens e mulheres viverem,
de determinados modos, seus desejos e seus prazeres corporais.
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Cada cultura
elege que é considerado “normal” ou não quando relacionado às praticas sexuais.
Exemplo: Pedofilia, por exemplo, hoje é considerado indesejado mas há algum
tempo atrás, uma menina de 13 anos casar com um homem de 40 ou 50 era
considerado normal.
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Identidade sexual
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Trata-se de uma
construção através das quais os sujeitos experienciam os afetos, desejos e
prazeres corporais, com parceiros/as do mesmo sexo, do sexo oposto, de ambos os
sexos ou solitárias. A identidade sexual também não é fixa nem imutável: uma
mesma pessoa, ao longo de sua vida, pode apresentar mais de uma identidade
sexual, ou seja, ser heterossexual, homossexual ou bissexual.
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Identidade de
gênero
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Trata-se de uma
construção histórica, cultural e social, que se faz acerca dos sujeitos e que
está relacionada com as distinções que se baseiam no sexo. Refere-se a como os
sujeitos se identificam como masculinos e femininos. Essa identificação de
gênero pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento. Por exemplo,
uma pessoa pode nascer homem e apresentar uma identidade de gênero feminina.
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Gênero e
sexualidade são duas dimensões que estão muito próximas. São, também
atravessadas por outros marcadores sociais como raça/etnia, religião, classe
social, capacidade física e geração.
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Sexo
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Termo usado para
referir as diferenças anatômicas, internas e externas ao corpo, que tem sido
usadas como forma de diferenciar fisicamente mulheres de homens.
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Diferenças de
sexo são aquelas diferenças biológicas que se apresentam desde o nascimento.
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Para Moreno
(1999) a sociedade que vivemos é androcêntrica. O androcentismo
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“consiste em
considerar o ser humano do sexo masculino como o centro do universo, como a
medida de todas as coisas, como o único observador válido de tudo o que ocorre
em nosso mundo, como o único capaz de ditar as leis de impor a justiça, de
governar o mundo” (MORENO,1999, p.23) .
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Uma sociedade
androcêntrica supervaloriza o homem (poder) e desvaloriza a mulher.
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A escola tem
consolidado o sexismo, e, portanto as relações de poder baseadas nas distinções
de sexo.
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O sexismo é um
preconceito baseado nas diferenças de sexo, que tem nas mulheres seu objeto
preferencial.
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No corpo,
portanto:
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A sexualidade se manifesta refletindo o
contexto histórico e social em que está inserida.
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É atravessado pelas concepções de ser masculino
e feminino de cada sociedade e,
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Ao estabelecer
relações entre os gêneros, pode basear-se na dominação ou na igualdade.
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