A VIDA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS SEGUNDO O ATOS DOS APÓSTOLOS
O
livro de Atos não é um livro doutrinário, como já vimos, mas é um livro repleto
de informações doutrinárias. As ênfases sobre a doutrina da Igreja são feitas a
partir da história, e consequentemente pela prática. Lucas não intenciona em
seu relato julgar se a prática da Igreja de Deus é correta ou não, mas a coloca
a prática da igreja primitiva como padrão a ser seguido. Portanto, o que vemos
em Atos não é um guia para a doutrina da Igreja, mas para o exercício efetivo
da vontade de Deus por meio da igreja. Isso está em acordo com Ef.3.10 que o
objetivo da Igreja é fazer a multiforme sabedoria de Deus conhecida em todos os
lugares segundo o eterno propósito de Deus
que estabeleceu em Cristo Jesus.
Para
não cometermos erro na prática da Igreja, precisamos entender a forma como
Lucas escreve o Livro de Atos, pois para ele a história é narrada a partir de personagens
e eventos que são utilizados com padrão para a redação. Por isso encontramos em
Atos situações semelhantes entre a vida de Paulo e Pedro, entre a Igreja em
Jerusalém e a Igreja gentílica, no derramamento do Espírito Santo. Isso não
significa que os fatos são aterados por Lucas, mas arranjados em conformidade
com seu estilo literário. Da mesma foram, não significa que são irrerais as
informações, mas trata-se de um recurso literário, de enfatizar o que considera
importante, da mesma maneira que é superficial com acontecimentos considerados
menos importantes.
No
fim do segundo capítulo de Atos vemos que existe um arranjo literário muito
interessante, pois trata-se de um resumo informativo sobre a vida da Igreja. “Uma
das características de Lucas é separar os vários incidentes da primeira parte
de Atos por meio de pequenos parágrafos ou versículos que dão resumos da
situação da igreja nas várias etapas do seu progresso”. Esse fato ressaltado
por Howard Marshall acontece claramente aqui, e é a primeira vez que acontece
em referência ao livro de Atos, mas é um recurso literário de Lucas já
conhecido e evidenciado no prólogo, quando se referiu ao Evangelho (At.1,1-3).
O
grande valor desse resumo de Lucas é que podemos observar como a Igreja
Primitiva mantinha-se fiel a exigências de Cristo ante a propagação da mensagem
do evangelho e do crescimento numérico que a acompanhava. Diante da história da Igreja do primeiro
século, podemos retirar as seguintes princípios para hoje:
1. A Igreja precisa manter-se
Simples
Tal
princípio não tem sido absorvido como deveria na maior parte das Igreja. A
simplicidade da igreja diz respeito a vida de sua essência. Atos nos ensina que
não existe um forma absoluta e engessada para a vitalidade da igreja. Contudo,
nos mostra exatamente quais são os elementos essenciais para seu funcionamento.
Neste ponto vemos sua vitalidade.
Observe
que os discípulos são apresentados por Lucas como aqueles que ensinavam e
pregavam. Tal colocação diz respeito a função exercida pelos apóstolos de
Cristo. Contudo, diversas pregações e ensinos são apresentados em Atos, e
muitas diferenças são vistas os ensinos de Paulo e Pedro. Com isso não estamos
afirmando que um está certo e o outro errado, mas observando um princípio vital
para a Igreja: O Exercício efetivo da função é necessário, da mesma forma que a
liberdade para a sua execução. Existe apenas uma restrição necessária nesse
processo: A forma nunca pode manipular a função, mas, antes, viabilizar.
Para
facilitar a absorção deste princípio, vamos resumir da seguinte maneira:
Atos
nos mostra funções e princípio a serem seguidos;
Atos,
às vezes, nos mostra a forma que devem ser executados, mas é parcial e
incompleta;
Em
Atos, normalmente, a forma varia de acordo com o contexto;
Portanto,
a Essência é Vital, a Forma secundária.
Seguindo
essas colocações só podemos concluir que a Essência da Igreja restringe-se a
execução de suas funções vitais. Como isso vai acontecer, cada líder deve
avaliar a partir do contexto em que vive. Não existe um manual absoluto de
crescimento e expansão da Igreja pronto para ser utilizado em todas as
culturas. Por isso, cada líder deve avaliar a forma de executar as funções
vitais do Corpo de Cristo, sem ferir, manipular, destruir, desconsiderar, sua
essência. Por esta razão afirmamos que a Igreja deve manter-se simples!
Entretanto,
ao afirmarmos que a Igreja mantinha-se simples não estamos dizendo que a igreja
primitiva era uma igreja pobre, ou uma igreja não sofisticada, mas uma igreja
que vivia em conformidade com a essência da fé cristã. Note que existem seis
declarações nesses versículos que expressam as atividades da Igreja Primitiva:
A. Doutrina dos Apóstolos
O
primeiro ponto a ser ressaltado é a Doutrina dos Apóstolos. O que Lucas quer
dizer com “perseveravam na doutrina dos apóstolos” é que a Igreja Primitiva
mantinha-se firmada na instrução dos apóstolos. A ideia expressa pelo verbete
“perseverar” é dar constante atenção a alguma coisa. Ou seja, a Igreja
Primitiva mantinha-se constantemente alicerçada pelo ensino apostólico. É
importante ressaltar que até este ponto da história a doutrina da igreja
primitiva podia ser resumida pelo v.36 do mesmo capítulo: “Esteja absolutamente
certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes,
Deus o fez Senhor e Cristo“. Em favor desta ideia vamos nos lembrar daquilo que
Paulo nos informa em 1Co15.3-4: “Antes de tudo, vos entreguei o que também
recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que
foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras“. A intenção
de Paulo era de deixar aos Coríntios aquilo que é essencial para sua vida. Essa
é a doutrina deixada que deve ser ensinada na Igreja hoje. Tudo o que não é
concernente a doutrina dos apóstolos deve ser deixada de lado.
Contudo,
é digno de nota que todos os apóstolos tinham sido instruídos por Cristo, e por
certo podiam repassar aquilo que haviam aprendido. Aliás, a expressão grega
referente a “doutrina dos apóstolos” sugere que tal instrução seja procedente
dos apóstolos. Ou seja,
O
ensino da igreja é mantido por aqueles que tem autoridade e capacidade para tal
tarefa
Dois requisitos básico devem ter os que
transmitem o ensino dos apóstolos: Autoridade e Capacidade. Sobre capacidade,
podemos dizer que tal princípio não é um critério exigido pela Instituição da
Igreja, nem mesmo pela liderança local de cada núcleo da Igreja. Mas é um
requisito das Escrituras. Observe que duas passagem exigem isso de maneira
irrevogável: 1Tm.3.2 e 2Tm.2,24.
Qual
é o papel da liderança da Igreja hoje? Certamente o mesmo desempenhado pelos
apóstolos no início da História. Sobre eles estava a responsabilidade de
instruir e governar a igreja de Cristo, não como senhores, mas como servos. O
serviço do líder deve estar em conformidade com o serviço de seu Senhor.
Cristo, como exemplo de liderança, foi o discipulador dos apóstolos, mas
manteve-se sempre humilde diante deles. O Serviço do líder deve ser o Serviço a
Seu Senhor, nos moldes ensinados por ele.
De
acordo com tal conclusão, podemos dizer que o líder deve promover a Instrução
dos membros do Corpo de Cristo. Mas qual deve ser o conteúdo do seu ensino?
Certamente o mesmo conteúdo exposto pelos apóstolos. Tudo o que os apóstolos
ensinaram que merece ser lembrado historicamente, foi preservado pelo Espírito
Santo até os dias de hoje, e todo esse material encontra-se nas Escrituras.
Diante desse fato, o papel do líder da Igreja é promover o governo da
comunidade cristã que dirige, nos moldes da Liderança de Cristo, da mesma forma
que promove o ensino nos moldes do ministério dos apóstolos.
B. Comunhão
Lucas
não poderia estar equivocado quando utilizou o vocábulo “comunhão” quando se
referiu à Igreja Primitiva. A descrição subsequente, esplanada no tópico sobre
unidade da igreja, expõe de forma muito clara as considerações dessa igreja.
Assim, deve-se ressaltar que os primeiros cristãos “eram perseverantes (…) na
comunhão“. E como foi anteriormente ressaltado, isso implica em dizer que eles
eram fundamentados na experiência comum do corpo. Assim, como os outros pontos
ressaltados por Lucas, a comunhão era essência da vitalidade da Igreja.
Contudo,
antes de prosseguirmos para outros tópicos, devemos compreender a ideia de
“Comunhão“. O termo grego utilizado é “koinonia“. Em suas diversas formas o
termo não é usado mais que 19 vezes no Novo Testamento. Contudo, sua ideia é
visível em várias de suas partes. Um exemplo disso é At.20,36-38:
“Tendo
dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles. Então, houve grande
pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam,
entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera: que não mais veriam o
seu rosto. E acompanharam-no até ao navio”
Nenhuma
vez neste texto nós encontramos o termo Comunhão, mas não podemos negá-la aqui.
É evidente que a intimidade e comunhão entre Paulo e os cristãos de Éfeso, que
por razão da partida de Paulo, houve choro e tristeza. A vida de mutualidade
entre Paulo e os cristãos de Éfeso demonstra a Comunhão que existia entre eles.
Em At.4,32-35 vemos outro exemplo fantástico e marcante:
“Da
multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava
exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum“
Embora
vamos comentar com mais detalhes esse versículo pouco adiante, vale a pena
observar que a vida da Igreja primitiva estava alicerçada na Comunhão, também.
Os cristãos estavam tão próximos uns dos outros que não ousavam considerar seu
o que possuía, mas estava pronto a dividir com seus irmãos conforme havia
necessidade. Isto é a demonstração da Comunhão que a Igreja deveria ter hoje.
Diante
desses fatos, qual é o papel da liderança nesse ponto? A liderança da Igreja
deve promover a Comunhão da Igreja. Suas atividades devem viabilizar a Comunhão
do Corpo de Cristo. Isso deve ser estudado e planejado de acordo com as reais
disponibilidades da Igreja e de seus participantes.
De
fato, a comunhão na Igreja primitiva era espontânea, por causa da experiência
que cada um dos membros tinham com Cristo. Mesmo correndo o risco de ser
redundante, digo:
“A
comunhão da Igreja depende da vida de Comunhão com Deus que cada membro do
corpo de Cristo desfruta”
Tal
verdade é bem colocada por João em sua primeira epístola, observe: “Se, porém,
andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros”
(1Jo.1,7a). Aqui está o segredo da Comunhão entre os participantes da Igreja de
Cristo. Não há separação entre os que estão na Luz, como Deus é: “Deus é luz e
nele não existe trevas nenhuma” (1Jo.1,5). Todo o que participa de uma vida de
intimidade com Deus, desfruta da intimidade dos que procuram intimidade com
Deus. Quanto mais perto de Deus os participantes da igreja estão, mas próximos
uns dos outros.
Portanto,
se o papel do líder da igreja é promover a Comunhão entre os irmãos, e tal
comunhão só é possível quando eles estão desfrutando de intimidade com Deus, o
líder deve auxiliá-los a buscar intimidade com Deus. O papel do líder não é ser
um “dono-da-igreja”, mas ser um “servo-facilitador” da busca das virtudes
bíblicas por parte dos seus liderados. Portanto, o líder deve dar sua vida pela
santificação da Igreja que dirige. Se isto é buscado e efetivamente executado,
a Comunhão é o resultado. Tal ideia é muito semelhante a colocação de Paulo em
2Co.11.2: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado
para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo“.
C. Partir do Pão
A
expressão “partir do pão” não diz respeito a uma refeição típica da época, e
que os cristãos mantinham-se comendo apenas pão, mas a expressão diz respeito à
prática da Ceia do Senhor. O termo grego equivalente a “partir” em português é
apenas utilizado no NT em referência à ceia. Alias, é digno de nota que o termo
(te klasei tou artou) é apenas utilizado duas vezes no NT, ambas feitas por
Lucas, e é de uso restrito à ceia. O uso da expressão é quase que um pleonasmo,
visto que klasei (partir) só é aplicado a artou (pão). Segue-se que, com
absoluta certeza, a igreja primitiva mantinha-se firmada constantemente no
memorial da morte de Cristo.
A
Ceia do Senhor foi estabelecida pelo próprio Senhor Jesus, pouco antes de dar
Sua Vida em nosso favor:
Enquanto
comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos,
dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo
dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o
meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para
remissão de pecados (Mt.26,26-28)
Naquela
ocasião Jesus estava estabelecendo o que seria considerado posteriormente, o
memorial mais significante do cristianismo. A “Ceia do Senhor” não é uma
prática institucional da Igreja, mas a
recordação vívida do Sacrifício de Cristo em nosso favor, para redenção dos
nossos pecados. É a memória da efetivação da Nova Aliança. Por ser tão grande
importância para a Vitalidade do Corpo de Cristo, Paulo faz a seguinte
colocação:
“Porque
eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em
que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o
meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante
modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a
nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em
memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o
cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co.11,23-26).
Aqui
está claro e evidente que a “Ceia do Senhor”
trata-se e um memorial. O pão continua a ser pão, e o vinho continua a
ser vinho, mas ambos simbolizam e representam o corpo e o sangue de Cristo,
entregue para nossa redenção. E uma advertência deve ser feita: A CEIA É O
ANUNCIO DA MORTE DE CRISTO, e deve ser realizado até que o Cristo volte. Não
existe um cronograma para sua execução, mas deve ser executado. Pode ser uma
vez por mês, por semana, a cada dois meses. A frequência não é o importante. O
importante é que seja frequente.
Contudo,
devemos evitar o erro de considerar a “Ceia do Senhor” como uma mera lembrança,
ou cerimonial, como alguém que, com saudades, observa fotos de seus entes
queridos. Não é esse o sentido da Ceia. Trata-se, sim, de um memorial, mas não é esta sua razão
exclusiva. Vamos observar outro texto importante:
“Porventura,
o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão
que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos,
somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”
(1Co.10,16-17)
Aqui
nós vemos que a Ceia é vista como a “participação” do sangue e do corpo de
Cristo. Ou seja, o cristão quando participa do memorial da morte de Cristo é
também participante de sua morte. Isso não significa que o cristão morra, mas
que participa das bênçãos oferecidas por essa morte. A conclusão disto, é que
os cristãos são feitos um só corpo. A conclusão do argumento de Paulo sobre a
ceia é que ela é a união espiritual entre Cristo e os cristãos. Isso é visto em
1Cor 10,21: “Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não
podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios“. Se
realizarmos a ceia deste modo estaremos suscitando o Senhor a Ira contra nós,
como se pudéssemos contender com Ele (1Cor 10,22).
Por
esta razão é que Paulo faz sérias advertências sobre participação indevida da
“Ceia do Senhor“:
“Porque
o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não
discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e
doentes e muitos que dormem” (1Cor 11,29-30)
Note
que a participação indevida da Ceia torna o participante desatento passível da
disciplina de Deus. Tal disciplina pode ser uma doença física, ou até mesmo a
morte. Portanto, nota-se a seriedade deste memorial participativo. Portanto,
não podemos deixar de observar esse mandamento, com cautela e perseverança. Do
contrário seremos negligentes e passíveis da disciplina de Deus, sem contar que
deixaremos de lado mais um ponto importante para a Vitalidade da igreja de
Cristo.
D. Orações
A
Igreja Primitiva viva em constante oração, quer comunitária como individual. As
orações tinham um papel fundamental na vida da Igreja Primitiva. Isso pode ser
claramente percebido pelo relado deixado por Lucas, que diversas vezes
considera as orações dos primeiros cristãos.
Em Atos podemos ver que a oração foi:
a
atitude dos cristãos diante das decisões a serem tomadas (1,14);
a
atitude da liderança da igreja em situação de crescimento (6,4);
a
prática da igreja quando os apóstolos foram libertos da prisão (4,24-30);
a
prática da igreja quando estava em situação de perigo e perseguição (12,5);
Como
podemos notar, a Igreja orava junto diante de situações positivas e negativas.
Lucas nos mostra que em situações diferentes das habituais, “havia incessante”
oração por parte da Igreja. A prática do Corpo de Cristo exige a Oração, ela é
a respiração de sua fé. A oração deve ser a genuína expressão do nosso coração
e reflexo de nossa autêntica fé. A comunidade que isenta-se dessa prática
pública pode deixar de participar efetivamente. Apenas um ponto merece nosso
destaque aqui: “quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da
palavra” (At.6,5). Embora o texto seja trabalhado pouco mais a frente, aqui
fica a nota de que o ministério do líder da Igreja deve ser cheio de oração.
Sua vida deve ser uma vida de oração (cf. O exemplo de Paulo nos seguinte versos:
Rm.1,10; Ef.1,16; Cl.4,12; 1Ts.1,2; Fm.14), e nas tribulações, sua oração deve
ser perseverante (Rm.12,12; Cl.4,2).
2. A Igreja precisa manter-se Unida
Na
introdução deste estudo foi utilizado uma frase que expressa um pouco daquilo
que encontramos neste trecho, pois aqui vemos o aspecto mais forte, ou o mais
enfatizado por Lucas em suas descrições da Igreja Primitiva: A Unidade, que
destrói ideias contrárias, a preferência, o egoísmo e principalmente o fermento
que toma conta das igrejas atuais, o partidarismo. Provavelmente isto se deve à
necessidade bíblica da Unidade que é muito bem exposta por Cristo antes de se
morrer e ser elevado às alturas. Note algumas considerações de Cristo sobre a
unidade na Igreja: “Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao
passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me
deste, para que eles sejam um, assim como nós” (Jo.17,11). Jesus em sua oração
pede a Deus que aqueles que são seus mantenham-se unidos, ou melhor que seja
“um” como Ele o é com Deus Pai (cf. 17,22); “Não rogo somente por estes, mas
também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim, a fim de que
todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em
nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo.17,20-21). Note que a
unidade do Corpo de Cristo é a Vontade de Cristo para sua Igreja e um
pré-requisito para o testemunho na comunidade, portanto não deve estar em falta
na comunidade cristã. Assim, é importante compreender o que é Unidade na Igreja
Primitiva.
3. A Igreja precisa ter Maturidade
Um
detalhe que parece antagônico é que a Jovem Igreja Primitiva era Madura e
procedia em Maturidade. Maturidade esta que apaga a infante ideia de agradar o
público, mas, ao contrário disto, busca agradar somente aquele que é digno de
Glória. Essa ideia é importante ser ressaltada pois está em falta em boa parte
das comunidades cristãs hoje. Isso pode ser percebido em três pequenos
detalhes:
A.
Temor
Na
vida de cada cristão havia temor: “Em cada alma havia temor” (v.43). O temor é
um ponto primordial para a vida da igreja e parece ser uma exigência em Hb. 12,28-29.
O sentido expresso pelo termo “temor” está além de medo, embora o inclua. O
termo sugere devota reverencia em relação a Deus. Na Igreja Primitiva, tal medo
reverente existia em cada um dos cristãos (cf. At.5,1-11).
B. Reconhecimento da Atuação de
Deus
O reconhecimento do
crescimento como obra divina (v.47 “Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor,
dia a dia, os que iam sendo salvos“) A Igreja Primitiva tinha o conceito
correto de que crescimento é competência divin
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